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Escrito por Angelo Fonseca Nogueira Junior   
Qua, 18 de Agosto de 2004 21:00

O Ministro da Educação, Tarso Genro, afirmou, durante o Fórum Mundial de Educação em São Paulo, no início de abril, que a reserva de 20% das vagas das universidades públicas e privadas para a política de cotas aos estudantes de baixa renda, principalmente aos negros, será uma retribuição aos menos favorecidos historicamente. Mais uma evasiva demagógica do governo para disfarçar a falta de projetos consistentes.

As principais barreiras ao ensino superior, no Brasil, são a baixa renda da maior parte da população e a má qualidade do ensino público fundamental e médio. Apenas 9% dos jovens brasileiros entre 18 e 24 anos estão matriculados no ensino superior - na Bolívia o índice é de 20% e na Argentina, quase 40%.

A cada ano aumenta a demanda, principalmente das classes C, D e E, por vagas no ensino superior. Como as universidades públicas só oferecem 30% das vagas, seus vestibulares são altamente elitistas, selecionando apenas a nata do alunado advindo das escolas particulares. Historicamente os alunos menos favorecidos vão parar nas instituições privadas de ensino superior e estas já têm estabelecido um sistema de cotas com bolsas integrais ou parciais.

Com o programa Universidade para Todos, que pretende estatizar cerca de 75 mil vagas nas instituições particulares, o governo garante às classes menos favorecidas maior acesso ao ensino superior. Em tempos de eleição promessas valem muito! Mas, se as barreiras que se impõem a esses alunos é a baixa renda e a escolaridade precária, quem garante a permanência e a aprovação deles nos cursos escolhidos?

O problema maior das políticas demagógicas é que, ao prometerem uma miragem, sensibilizam os incautos com facilidades sem consistência e acabam não oferecendo nada.

Ao impor às universidades o sistema de cotas, o governo se utiliza de uma solução simplista para desfocar a complexidade do problema. Em nome da justiça, discrima e, de forma velada, rotula os beneficiados de mal preparados ou intelectualmente inaptos.

Talvez seja uma questão de estilo de governo. No lugar de desenvolver políticas para gerar empregos, distribuição de cestas básicas; no lugar de buscar soluções para os problemas do país, "herança maldita"; no lugar de investigar a corrupção nas entranhas do governo, fechamento dos bingos; no lugar de assumir a responsabilidade de oferecer ensino de qualidade a todos e em todos os níveis, política de cotas; ...

Fica patente a retomada da lógica dos senhores de engenho, distribuidores de graças e desgraças. A truculência dos donos do poder aliada à prática da caridade.
A esmola que só é dada para aliviar a própria consciência e afastar a visão da miséria.

 

Autor deste artigo: Angelo Fonseca Nogueira Junior - participante desde Qua, 07 de Julho de 2004.

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