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Projeto Político-Pedagógico e sua Importância no Planejamento Estratégico PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Walter Moreira   
Qua, 22 de Setembro de 2004 21:00

O PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO
Cada vez mais as instituições de ensino superior (IES) se preocupam em legitimar-se perante a sociedade. Não poderia ser outro o caminho, a universidade só pode existir se possuir função social. Para tanto torna-se cada vez mais importante investir em ações que visem a identificar a especificidade da instituição e buscar o diferencial que justifique sua permanência.

O projeto político-pedagógico vem se tornando o instrumento preferencial para a explicitação das propostas educacionais que as IES defendem e tem servido como instrumento para verificar em que medida estas propostas estão em consonância com aquelas demandadas pela sociedade.

Para De Luca (2002) "os avanços tecnológicos e a realidade sócio-econômica são desafios da modernidade que exigem mudanças capazes de suportar as pressões internas e externas que atingem a escola no seu fazer pedagógico e administrativo". Este fazer pedagógico e administrativo não pode, portanto, ser alienado ou alienante, antes precisa orientar-se pelo conhecimento da realidade.

Além de posicionar a IES quanto ao alcance de sua ação social, internamente o Projeto Político-Pedagógico serve como plano diretivo que orienta, sem determinar, os rumos que a instituição deve tomar. Aqui começa sua interface com o Planejamento Estratégico, caracterizado por Motta (1982) como um conjunto de ações cuja preocupação central é antecipar-se, num processo contínuo, às mudanças futuras por meio da identificação destas e de um conhecimento profundo da instituição. Inerente ao processo está a preocupação com a construção do futuro em longo prazo, o que é, aliás, uma das grandes preocupações da educação.

A relutância em enxergar a escola como uma empresa provocou a extinção de muitas delas, a crença de que basta uma orientação pedagógica adequada para a sobrevivência da escola provou-se infundada pela própria prática. Neste sentido é que segue a advertência de De Luca (2002), para quem a escola deve ser dimensionada em vários aspectos: "Para que a escola possa viabilizar uma prática coerente com sua função social, é necessário que estabeleça metas que integrem aspectos pedagógicos, administrativos e financeiros para a realização de seu Projeto Educativo".

O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
Impossível pensar um Projeto Político-Pedagógico que não esteja contemplado num documento maior: o Planejamento Estratégico. Impossível também delinear um Plano Estratégico sem o conhecimento da missão da instituição. Vê-se que a questão recai novamente sobre a construção da identidade, o que, é bom lembrar, é condição sine qua non, para a implantação do Planejamento Estratégico.

Na definição/compreensão do IPAE (2002, p. 2), entendido numa perspectiva mais abrangente o Plano Estratégico "é um conceito multidimensional que abrange todas as atividades críticas de uma instituição, dotando-as de senso de unidade, direção e propósito, assim como facilitando as mudanças necessárias induzidas por seu ambiente". Implícita na noção de senso de unidade está a compreensão de que o Planejamento Estratégico é um processo que deve começar em ordem decrescente de hierarquia, ou seja, é preciso que o pessoal de nível estratégico convença o pessoal de nível tático e estes o pessoal de nível operacional.

O planejamento estratégico é uma ferramenta gerencial relativamente nova - como o é, aliás, toda a teoria da administração -, surgida nos Estados Unidos na década de sessenta. Como novidade contributiva apresenta a proposta de inverter o modo como as instituições se relacionam com o meio: deixar a postura re-ativa para assumir uma postura pró-ativa. Em outras palavras, em vez de esperar acontecer e tomar providências as instituições devem antecipar-se a essas mudanças e tomar as medidas necessárias para que possa reverter todas as ameaças possíveis em benefícios, em crescimento (MOREIRA, 1999).

Invariavelmente um livro de auto-ajuda, desses que pululam nas livrarias em tempos de crise, tem como ponto principal o conhecimento de si e o conhecimento do outro, ou do ambiente. Em muitos casos a sabedoria dessas publicações fica aqui. A instituição que opta pela adoção do planejamento estratégico está em busca desse mesmo equilíbrio, quer "alcançar um desempenho que seja bom e, ao mesmo tempo, auto-sustentável no longo prazo, em relação aos competidores ou aos parceiros-chave da instituição, em todos os negócios dos quais ela participa" (IPAE, 2002, p. 4).

Consegue-se isto identificando-se quais as oportunidades e as ameaças (atuais ou potenciais) que o ambiente oferece e quais as vantagens e as desvantagens que a instituição possui para que possa agir neste ambiente de forma eficaz. Em outras palavras, é preciso que a IES se reconheça e entenda qual sua real posição na sociedade.

OPORTUNIDADES
Não é preciso o apoio de nenhuma teoria ou mesmo o recurso de qualquer estatística para que se perceba o grande negócio que se tornou a educação, basta observar nas ruas a quantidade surpreendente de novas escolas, em todos os níveis, que se abrem. Mais importante é observar também o número daquelas que fecham suas portas. Quem regula esse mercado e atesta competência às IES é a sociedade, antes mesmo do MEC.

"A escola é, na verdade, um grande 'shopping' de serviços onde os educandos procuram satisfazer suas necessidades. A exemplo dos estabelecimentos comerciais, que fazem seus planos de negócios, a escola precisa ter seu plano estratégico para atender seus clientes (alunos)" (IPAE, 2002, p. 10).

Há não muito tempo admitia-se como área de atuação para os educadores somente o ensino. Atualmente habilidades e competências claramente relacionadas à administração são requisitadas, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional sugere, como área de atuação para o profissional da educação, outras cinco além da docência: a administração, o planejamento, a inspeção, a supervisão e a orientação educacional (IPAE, 2002, p. 11).

Num ambiente competitivo, globalizado, "a sociedade atual demanda um profissional comprometido com os problemas da educação brasileira; um profissional crítico, com domínio de conteúdo científico, pedagógico e técnico, com compromisso ético, político e histórico, com responsabilidade social para com a educação." (IPAE, 2002, p. 18)

AMEAÇAS
O modo tecnoburocrático de pensar do Conselho Nacional de Educação, na advertência do IPAE (2002, p. 12) é uma grande ameaça, pois pensa a educação "apenas em currículos, normas, legislação".

O modelo de escola praticado passa por uma crise manifesta. Para o IPAE (2002, p. 13) "o governo perdeu a legitimidade de todas as propostas educacionais porque não usa do consenso para elaborá-las. Ao contrário, utiliza-se da força para impô-las. [...]".

VANTAGENS
Nunca se acreditou tanto na educação. Qualquer pessoa reconhece na sua ausência a origem da maioria das mazelas que assolam o Brasil e cada vez menos se culpa, isoladamente, a escola pelos fracassos da educação, hoje todos os problemas relacionados com a educação são problemas da coletividade.
Fala-se cada vez mais no processo de democratização da escola, a educação já não é vista como responsabilidade exclusiva da escola. (IPAE, 2002, p. 21).

O IPAE (2002, p. 29) assenta a eficácia escolar em quatro pilares:
- a autonomia de gestão da escola;
- a existência de recursos sob controle local;
- a liderança pelo diretor e
- a participação da comunidade.

É preciso ficar claro que autonomia é diferente de auto-suficiência, a escola não pode prescindir do Estado e da sociedade. Autonomia, no contexto da educação, conforme o IPAE (2002, p. 31), "consiste da ampliação do espaço de decisão, voltada para o fortalecimento da escola como organização social comprometida reciprocamente com a sociedade, tendo como objetivo a melhoria da qualidade de ensino. [...] Trata-se de um conceito que se realiza dinamicamente, num continuum fluido [...]".

DESVANTAGENS
Como se vê, neste cenário apresentado, é quase impossível falar de desvantagens relacionadas ao ambiente. O modelo de IES praticado atualmente, entretanto, parece, em alguns casos, remar contra a corrente, parece andar na contra-mão do que se entende modernamente como educação superior.

A superação da dicotomia entre humanismo e tecnologia, como se estes fossem excludentes, é urgente. É preciso rediscutir o papel da tecnologia aplicada à educação utilizando-se a ótica apresentada por Lèvy (1995): a técnica não é alienígena, é um produto humano, esta mesma razão o leva a negar a expressão "impacto tecnológico", não pode haver impacto produzido por algo gerado dentro da própria sociedade, algo que lhe é inerente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Há uma metáfora felizmente superada para a educação: a passagem de "conteúdos" de "continentes cheios" - os professores - para os "continentes vazios" - os alunos (BOTOMÉ, 2000). Hoje a escola é (ou deveria ser) construída conjuntamente com o aluno e deve ter como função principal prepará-lo para lidar com as oportunidades e ameaças que o futuro lhe oferece, para isso precisa dotá-lo de habilidades e competências que lhe permita compreender quais seus pontos fracos e fortes, quais as vantagens e as desvantagens que apresenta em relação ao meio a sua formação pessoal e profissional.

O que importa, afinal, na educação é criar condições para que seja possível transformar o conhecimento adquirido em capacidade de atuar, em competência.

REFERÊNCIAS
BOTOMÉ, Sílvio Paulo (org.) Diretrizes para o ensino de graduação: o projeto pedagógico da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Curitiba: Champagnat, 2000.

DE LUCA, Marly de. O projeto político pedagógico: paradigmas, pressupostos, propostas. [mensagem enviada por Este endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo. ] Mensagem recebida por < Este endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo. > em 02 out. 2002.

INSTITUTO DE PESQUISAS AVANÇADAS EM EDUCAÇÃO. Administração Estratégica na Educação: material de apoio para o Curso de Especialização Profissional através da Educação a Distância. 2002.

LÈVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. São Paulo: 34, 1995.

MOREIRA, Walter. Pensando estrategicamente a Biblioteconomia/Ciência da Informação. Ângulo, Lorena, n. 77, p. 22-29, jan./mar. 1999.

MOTTA, Paulo Roberto. Dimensões gerenciais do Planejamento Organizacional Estratégico. In: VASCONCELOS FILHO, Paulo de; MACHADO, Antonio de Matos Vieira. Planejamento estratégico: formulação, implantação e controle. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1982. p. 6-26


 

Autor deste artigo: Walter Moreira - participante desde Seg, 13 de Setembro de 2004.

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