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Escrito por Olimpio Rudinin Vissoto Leite   
Qua, 13 de Outubro de 2004 21:00

Temos assistido diariamente análises sobre o assunto COTAS nas universidades públicas para estudantes de escola públicas ou negros. Em nosso país, estamos acostumados a enfrentar um problema somente quando está próximo do insolúvel. Aí, surgem políticos, pessoas de cargos indicados ou acadêmicos de plantão que, com argumentações teóricas e baseadas em grandes pensadores, mostram teses difíceis de serem contestadas. E, na prática, o que acontece? Em geral, nada.

Aqueles que se colocam contra as cotas têm um argumento que considero, particularmente como professor de Matemática, quase que óbvio: juntar alunos competentes com outros incompetentes é gerar uma situação altamente desagradável para todos. Cria-se, dessa forma, racismo e preconceito entre pessoas que ainda não tinham tais "virtudes".

Uma solução muito pregada por aqueles que são contra as cotas é que basta melhorar o ensino público e, aí... Obviamente, que desconhecem a trajetória das escolas públicas brasileiras. Não sabem que alguma melhora significativa no ensino público é algo que só podemos almejar para daqui 30 anos, no mínimo. Claro que, isso deve ser encaminhado. Quando isso vai começar, ninguém sabe, pois: os salários dos professores em escolas públicas estão cada vez menores; as condições de trabalho estão piorando; os comandantes do ensino público institucionalizam promoções automáticas, na linha das escolas do 1º mundo, tornando o dia-a-dia nas escolas públicas muito perto do insuportável e, assim por diante.

Então, não há solução?

Penso que, em curto prazo, não há. Tudo que disserem será apenas para aumentar a produção de artigos, discursos, teses etc.

Tenho, entretanto, duas colocações baseadas em mais de 20 anos de experiência no magistério do ensino médio e no superior, além de participar da administração de uma escola particular do ensino médio. São idéias de execução imediata, com resultados a curto prazo, que atenuariam a questão das COTAS e ajudariam a melhorar o ensino básico brasileiro, em geral.

1ª) Criação de Bolsas de Estudos de 100% de desconto, patrocinadas pelas prefeituras, para os melhores alunos das escolas públicas, para cursarem a partir da 5ª série do Ensino Fundamental ou o Ensino Médio, nas melhores escolas particulares. Essa idéia não é inédita. Ela já é aplicada aqui ou ali, dependendo de "verbas" e de "inteligências" nas administrações das prefeituras das cidades brasileiras. Defendo essa idéia por dois motivos. Primeiro, porque em Santos, isso tem sido feito, particularmente, com alunos bolsistas cursando o ensino médio , e temos tido bons resultados, com vários deles indo fazer o curso superior na USP, Unicamp ou Unesp, com as vagas conseguidas pelos méritos próprios. Em segundo lugar, baseio-me na idéia de que amigos de uma pessoa são, em geral, de mesmas condições econômicas ou intelectuais. Assim, juntamos alunos que, embora tenham condições econômicas diferentes, possuem condições intelectuais próximas, o que nos tem mostrado que esses alunos são sempre bem recebidos.

2ª) Criação de um VESTIBULAR ÚNICO, em nosso país. Algo próximo do ENEM. Este argumento também tem sido defendido aqui ou ali, mas há rejeições nas universidades públicas por motivo de autonomia e, em todas universidades, por motivos "econômicos". O de autonomia das universidades é um mal entendido, na minha opinião. Para mim, a autonomia de uma universidade está em seu trabalho interno e não na criação de uma barreira (vestibular) que gera uma orientação para todo o ensino básico brasileiro. Penso que o responsável pela orientação de todo o ensino básico brasileiro é o MEC. Assim, acho que ele deveria assumir a sua função, criando o VESTIBULAR ÚNICO em nosso país. Com isso, em curto prazo, teríamos uma evolução na qualidade do ensino básico brasileiro. Por quê? Muito simples: atualmente há centenas de vestibulares que geram centenas de orientações.
Ninguém sabe o que defender em relação aos conteúdos escolares, quer em relação aos temas envolvidos, quer na profundidade de desenvolvê-los e na forma de cobrá-los. Vivemos, ainda, em pleno século XXI, um ensino voltado para a "decoreba" e muito pouco para a interpretação e compreensão. Como dizia o escritor Lauro de Oliveira Lima: "70% do que aprendemos no Ensino Médio, esquecemos meio depois de entrar na universidade", isto porque trabalhamos com uma aprendizagem não significativa. Um argumento ainda muito usado no Ensino Médio pelos professores para desenvolver determinado assunto é que ele "cai no vestibular". Claro que o MEC produziu, através de equipes teóricas, os PCNs, que estão, na minha opinião, ótimos. Mas, na prática, isto é, nos vestibulares (quais?) ainda não chegaram e são os eles que realmente orientam o Ensino Médio. Assim, enquanto não mexermos nesta coluna o prédio não poderá ser consertado, pois a estrutura é mais fundamental que detalhes. Ou, em outras palavras, cada vestibular segue a orientação do grupo que o realiza. Sobre este assunto ainda acrescento duas "curiosidades": no estado de São Paulo, há 3 vestibulares estaduais que seguem linhas diferentes, tanto na forma das questões, como nos conteúdos exigidos; só para ter-se uma idéia, a lista de "livros obrigatórios" para os vestibulandos lerem são diferentes. Acredite se quiser! E os conteúdos do Ensino Médio de Matemática? São praticamente os mesmos, há mais de 50 anos. Duvida? Então consulte os livros do Ensino Médio de Matemática: de Ary Quintela, Ed. Nacional, 1 951 e de Giovani, Ed. FTD, 2 001.

Procurei colocar idéias objetivas, para que possamos conseguir alguns resultados em benefício de toda a sociedade. Há milhões de coisas que devemos e podemos fazer. Então, que tal começar a se fazer alguma coisa?

 

Autor deste artigo: Olimpio Rudinin Vissoto Leite - participante desde Qui, 07 de Outubro de 2004.

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