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Edições Anteriores 37 Saberes e competências do educador a partir das concepções críticas de educação
Saberes e competências do educador a partir das concepções críticas de educação PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Vera Mariza Regino Casério   
Qua, 03 de Novembro de 2004 21:00
Para que se analise o papel do educador e a sua contribuição para o processo educacional, julgamos necessário apresentar os pressupostos básicos de uma concepção crítica de educação, que possa se constituir em um dos fundamentos tanto para a proposição de finalidades, quanto para a construção de práticas pedagógicas transformadoras.

Utilizaremos neste texto a denominação Histórico-Crítica (Saviani), pois apresenta claramente, o compromisso de enfrentamento da atividade educacional numa perspectiva crítica e contextualizada, possibilitando a compreensão da educação escolar como sendo resultado do processo de transformação histórica.

Entendemos como desenvolvimento histórico a ação do homem sobre a natureza, pois executando o seu trabalho ele vai construindo o mundo histórico, da cultura e o humano, originando-se nesse processo a educação.

Para tal Pedagogia é necessário resgatar a importância da escola e reorganizar o trabalho educativo nela desenvolvido, ligado à questão do conhecimento, sendo seu papel o de socialização do saber elaborado, sistematizado e da cultura erudita.

Mas, é preciso também, que a escola ofereça condições para que o aluno possa dominá-lo, o que chamamos de "saber escolar"e fazer a leitura da realidade concreta de forma crítica, o que Paulo Freire chama de "leitura crítica do mundo."

Um outro pressuposto desta concepção está relacionado aos métodos, que deverão ser eficazes, estimuladores das atividades, criatividade, iniciativas dos alunos e professores; proporcionadores de atitudes dialógicas entre alunos, professores e a cultura; respeitadores dos interesses dos alunos, seus ritmos de aprendizagem, sem perder de vista a sistematização dos conhecimentos.(Saviani)

Quando esta concepção de educação se refere à atuação do professor, define como proposta prioritária a reflexão sobre o tipo de homem que se pretende formar, pois ficará mais clara a orientação sobre que conteúdos e como trabalhá-los, a fim de que venham garantir a assimilação e reconstrução crítica por parte dos alunos.

Ainda, segundo esta concepção, os professores devem deter alguns saberes fundamentais e indispensáveis à sua prática docente, e que a partir deste momento estaremos apontando.

Estes saberes e competências, se referem aos educadores denominados por Giroux (1997) de "intelectuais transformadores", que são aqueles capazes de trabalhar com grupos dispostos a resistir ao desejo de opressão e dominação existentes na sociedade e nas escolas.

E para que isso se concretize é preciso tornar o pedagógico mais político e o político mais pedagógico.

Para este, tornar o pedagógico mais político significa compreender o que é e como se dão as relações de poder na escola.

Desta forma, ação e reflexão críticas são partes do projeto social que ajudará os alunos a acreditarem na luta para superar as "injustiças econômicas, políticas e sociais" e assim, estarão humanizando-se ainda mais.

Por outro lado, tornar o político mais pedagógico significa utilizar "formas de pedagogias" que tratem os educandos como agentes críticos, reflexivos, problematizadores do conhecimento, que participem da construção de um mundo melhor para todos, que dêem autonomia aos alunos e que sejam dialógicas.

Um ponto que parece constituir consenso entre especialistas de diversas tendências é o de respeitar os saberes que os educandos trazem da sua prática comunitária, relacionando-os com o ensino dos novos conteúdos o que torna a aprendizagem significativa, visto que o estudo passa a ter sentido para o educando, considerando suas dimensões pessoais, afetivas e intelectuais.

A prática docente crítica implica o movimento dialético, entre o fazer e o pensar sobre o fazer (reflexão crítica sobre a prática). Pois é pensando criticamente a prática de hoje ou ontem, que se pode melhorar a prática de amanhã.

Nesta perspectiva, deve haver uma mudança tanto da teoria (consciência) quanto da prática do professor, na busca da práxis, que significa uma prática embasada por uma teoria, o que acarreta significado e uma teoria desafiada pelos questões práticas. (Vasconcellos)

Na verdade a mudança da realidade ocorre pela prática consciente e transformadora, o que exige do educador uma nova postura.

É necessário também, o respeito devido à dignidade e autonomia do ser do educando, que é um imperativo ético (Freire), e que passa a criar condições para que os educandos em suas relações com os outros se assumam como ser social e histórico, pensante, criador e transformador.

A relação dialógica (outro ponto fundamental no trabalho docente), se pauta na abertura do professor aos outros e ao mundo.

Vygotsky (1984) enfatiza que o aprendizado não é uma construção individual somente, mas também um processo social e que necessita do diálogo e das diversas funções da linguagem na instrução e no desenvolvimento cognitivo mediado, sendo o professor o mediador do diálogo do educando com o conhecimento.

Tão importante quanto o ato dialógico, é o ato de saber escutar (não simplesmente ouvir), pois é escutando que aprendemos a falar com eles e não para eles. Escutar significa a capacidade de exercer o direito de discordar, de se posicionar.

Este educador democrático, nas suas relações com a liberdade dos alunos deve demonstrar segurança (autoridade docente) em si mesmo, que se apresenta na firmeza com que atua, com que decide, na forma de respeitar seus alunos, nas discussões das suas ações e na possibilidade de revê-las.

Libâneo (2000) afirma que a educação crítica não pode abrir mão de integrar no exercício da docência a dimensão afetiva. A aprendizagem de atitudes, valores, habilidades e conceitos envolve sentimentos, emoções, ligadas à vida do aluno dentro e fora da escola.

Nem sempre o professor percebe o potencial cultural e político do ato de ensinar e nem tem claro que o seu papel é ajudar o aluno a ampliar as dimensões da realidade em que vive, auxiliando-o a assumir uma postura crítica diante do mundo, pois assim ele entenderá que seu mundo se insere num mundo maior e que é preciso se apropriar dele para poder transformá-lo.Conseqüentemente o professor não está no mundo, com o mundo e com os outros, de forma neutra.

É preciso que o educador tenha confiança e compromisso para promover a democratização e a autonomia da escola, para que, juntamente com a população, possa construir uma nova escola. (Mello, 1987).

Mas para que tudo isso ocorra, é necessário investir naquilo que é a própria razão de ser da escola: a formação do professor. É preciso rever os cursos de formação de professores, para que os preparem para atuar na nova realidade da educação básica.

É fundamental que os educadores possam formar-se adequadamente e aperfeiçoar-se continuamente, pois as atividades que cabem a ele (planejamento, metodologia de ensino, avaliação, seleção, contextualização e adaptação de conteúdos, construção do conhecimento, formação da consciência crítica, entre outras) requerem preparo e senso crítico.

Estas são apenas algumas das questões que nos parecem fundamentais enquanto ponto de partida para uma revisão dos cursos de formação de professores. É evidente, que dada a complexidade das questões enunciadas, o propósito não foi o de esgotá-las, mas simplesmente expor com clareza, mas também com uma série de limites, o que nos foi possível construir até o momento em relação aos saberes e competências do educador, que devem estar contempladas no processo de formação inicial e continuada dos professores.
 

Autor deste artigo: Vera Mariza Regino Casério - participante desde Qua, 22 de Setembro de 2004.

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