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Revista
179 Excelência Organizacional (Empresarial) nas Instituições de Ensino Superior
| Excelência Organizacional (Empresarial) nas Instituições de Ensino Superior |
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| Escrito por Carlos Alberto Portella |
| Ter, 25 de Novembro de 2003 21:00 |
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A questão pode até não ser nova. Mas que, a cada dia, o dilema que envolve a profissionalização empresarial nas instituições de ensino cresce em gravidade e em grau de urgência. Disso ninguém duvida. Com a elevação da oferta de novos cursos e de novas Instituições de Ensino Superior, ocorrida nos últimos anos, o setor começa a tornar-se um dos segmentos de mercado de maior competitividade. Isto tudo significa que a sobrevivência está em jogo. E mais, que a sobrevivência não depende apenas da qualidade do ensino ofertado, ou do completo domÃnio dos aspectos acadêmicos. Entra em cena, ou já deveria ter entrado, a competência empresarial. É bom destacar que a competência, ou competitividade empresarial não está apenas ligada a como tratar o negócio no seu ambiente externo. Esta é uma parte importante. Entretanto, não podemos perder de vista as questões internas. Não tem como tratar bem as questões externas se, internamente, a Instituição estiver doente ou debilitada. Vejamos algumas situações e reflitamos: cenas como as que se seguem acontecem na sua Instituição de Ensino? " Idéias florescem aos borbotões, como capim em terra boa e bem aguada ... mas a implementação, o fazer acontecer, fica a desejar; " Os cursos são bons, o Projeto Pedagógico é motivo de orgulho, o corpo docente é bem titulado e experiente ... mas o conflito com os alunos tem gerado um clima ruim dentro da instituição; " Fala-se muito em democracia ... mas o que vemos são feudos, e não raro nepotismo na sua mais nociva concepção; " As discussões nos órgãos colegiados, principalmente quando envolvem áreas distintas do conhecimento, mais parecem guerras, onde aflora uma certa "arrogância intelectual" destrutiva, que nada agrega de prático e de construtivo; " A crescente inadimplência assusta ... mas a única ação concreta consiste na desgastante negociação com os alunos à época da matrÃcula; " O marketing se restringe à publicidade à época do vestibular e, mesmo assim, muito caro e com baixo retorno em termos de candidatos; " O investimento na biblioteca esta caminhando ... mas está onerando significativamente a Instituição; " Informatização - todos a requerem ... mas não a utilizam em todo o seu potencial, ou, em outros casos, está muito tÃmida, gerando reclamações de todos os lados; " A procura pelo vestibular está caindo relativamente ao dispêndio com publicidade, a despeito da boa letra nas avaliações do MEC e da oferta de cursos novos e mais atraentes; " Pós-graduação - os concorrentes estão avançando e na mesma direção da nossa Escola; " O MEC lançou uma nova resolução ... porém não ficamos sabendo e agora somos surpreendidos por não a estarmos atendendo; " Montamos um belo PDI ... mas não temos um Plano Estratégico, ou seja, não temos claro qual é o nosso mapa de rota; " Trabalhamos arduamente e temos o sentimento que estamos atuando com eficácia e eficiência ... mas os nossos resultados empresariais vão de mal a pior; " Etc, etc, etc ... O que acham? Estamos exagerando? Várias são as naturezas dos problemas que as Instituições de Ensino Superior estão enfrentando. E, muito importante, estão passando por estas situações instituições públicas, privadas, com e sem fins lucrativos, grandes, pequenas e médias, ou seja, o cenário não está escolhendo o perfil de IES. Com certeza a sua Instituição já viveu ou está vivendo algum desses dilemas. Se não, parabéns! ... Ao que tudo indica vocês estão no caminho certo. Viver os dilemas ora relatados não significa que a sua IES é um poço de incompetências. Estes são dilemas comuns à maioria das Instituições e retratam o momento de transição pelo qual estão passando. O certo é que o redirecionamento rumo à profissionalização organizacional, rumo ao que denominamos "excelência empresarial" é um caminho sem volta. Profissionaliza-se empresarialmente ou o futuro não é nada promissor. O mercado em que as IES estão inseridas é o mesmo, não existindo diferença no foco competitivo. E mais, a qualidade do ensino e a observância dos princÃpios éticos e profissionais que regem este segmento têm que estar garantidos. Não podemos esquecer que este é um negócio que tem na sua essência uma finalidade puramente social. Para buscar a tão almejada excelência empresarial muitas IES estão lançando mão dos mais variados tipos de programas, consultorias, treinamentos e outras medidas. Entretanto, pregamos que a excelência empresarial deve ser buscada de forma racional e lógica. Isto mesmo, a excelência empresarial tem um caminho ideal, um processo ideal. É certo que algumas instituições, pela situação de momento, pela prioridade frente à importância que determinadas intervenções são requeridas, não têm como seguir o processo ideal de mudança que a busca da excelência empresarial requer. Para essas deve ser traçado um plano de intervenção emergencial que indique as ações prioritárias e o real momento em que será possÃvel colocá-la no trilho do processo ideal de busca da excelência empresarial. O processo ideal de busca da excelência empresarial denominado Modelo 4C - adaptado para a realidade das Instituições de Ensino Superior - desenvolvido pela QUINTZO Consultoria, identificou quatro grandes dimensões, de naturezas distintas, mas intrinsecamente dependentes, que afetam diretamente a excelência empresarial. São elas: " Cultura Organizacional " Curso Estratégico " Capital Intelectual " Capital Tecnológico Vejamos o significado de cada uma dessas quatro dimensões no enfoque do Modelo 4C: CULTURA ORGANIZACIONAL Várias são as definições (ou indefinições) para o termo cultura, encontradas na bibliografia disponÃvel que trata do campo organizacional. No Modelo 4C, vamos entender cultura como o comportamento da organização em seu cotidiano, como o "estilo" da organização para planejar, gerenciar e operar seu negócio. Temos que ter claro que comportamento é algo inerente, natural, afeto à s pessoas. Por tudo isto, a cultura organizacional é o conjunto dos comportamentos predominantes, caracterÃsticos que determinam o estilo de atuar da organização. Para exemplificar, no mundo das escolas, existem aquelas mais inovadoras e as mais conservadoras; as que são mais agressivas e as que são menos; as centralizadoras e as descentralizadoras; as que decidem rapidamente e as que protelam; as que administram e as que alimentam os conflitos; as que aprofundam nas causas dos problemas e as que não o fazem; as que produzem conhecimento e as que apenas transmitem; as democráticas e as autocráticas; as que diversificam áreas do conhecimento e as que concentram, dentre várias outras caracterÃsticas determinantes. CURSO ESTRATÉGICO Estar ou não no Curso, no direcionamento correto faz toda a diferença. Alguns poderiam tentar entender o que dizemos aqui como Planejamento Estratégico ou Gestão Estratégica. As técnicas para determinar o curso podem até ser estas. Entretanto, estar ou não no curso correto, no curso do sucesso, independe do simples fato de se ter um planejamento. Ou em outras palavras, o Planejamento não garante o curso correto, pelo simples fato de que pode estar errado. Pior ainda é não ter nenhum rumo!... Todo cuidado é pouco no momento do planejamento, para que ele efetivamente coloque a escola no curso correto. Uma retomada de curso, no caso de uma escola, pode ser mais complexo e doloroso do que se pode imaginar a princÃpio, principalmente dependendo da distância que ela já percorreu no caminho errado. Um bom exemplo disso é a opção por graduações sem aderência com o perfil histórico da escola, sem apelo para as carências regionais; pesquisas cientÃficas sem aderência com os conhecimentos a serem produzidos, dentre vários outros. O Curso, para o 4C, significa: "estou indo na direção correta, estou trilhando o caminho correto!". CAPITAL INTELECTUAL Esta dimensão contempla todo o conhecimento "encefálico" da escola. Aqui reside a fonte de grande parcela do sucesso das IES, pois a qualidade dos cursos e de outros atributos da Instituição estão diretamente ligados ao conhecimento existente e ao produzido. Da mesma forma, a gestão de qualquer negócio exige profundo conhecimento das particularidades do setor. Com escola não é e nem poderia ser diferente. Dotar a escola de recursos humanos (próprios e terceirizados) adequados à s suas necessidades, seja para atuação na área acadêmica ou gestão do negócio; promover seu desenvolvimento permanente no que diz respeito ao "saber fazer", principalmente, no que se refere ao domÃnio do conhecimento genérico institucional e especÃfico da função - é um grande desafio. CAPITAL TECNOLÓGICO O Modelo 4C entende como Capital Tecnológico todos os processos; toda a estrutura orgânica; todo o conhecimento registrado e todos os recursos não humanos disponÃveis na organização. Exemplificando: PDI's, Projetos Pedagógicos, laboratórios, acervo bibliográfico, softwares, modelos de gestão, recursos financeiros, processo no sentido mais amplo, constitui o Capital Tecnológico da IES, no entendimento do Modelo 4C. A excelência no sentido mais avançado deve estar nos 4C's - Cultura Organizacional, Curso Estratégico, Capital Intelectual e Capital Tecnológico. O processo para dotar cada um dos C's de excelência pode ser mais ou menos longo e mais ou menos penoso. O Modelo 4C prega que existe, como afirmamos, um processo ideal, representado no diagrama abaixo.  O processo ideal passa pela Cultura Organizacional, Capital Intelectual, Curso Estratégico e Capital Tecnológico, nesta ordem. Demonstra mais, a cultura é o canal que interliga todas as demais dimensões na busca da excelência. O ponto chave é a seqüência. Para melhor compreendermos a lógica do Modelo 4C, somente a partir de um Capital Intelectual em condições de excelência, atuando com o suporte de uma Cultura de excelência, será possÃvel atingir a excelência plena quanto ao Curso Estratégico e ao Capital Tecnológico. A cultura é, portanto, o núcleo ponto central de todo o processo ideal do Modelo 4C, pois dela derivarão a plenitude da excelência das demais dimensões organizacionais. Vejamos, a tÃtulo ilustrativo, o gráfico abaixo:  O 1º estágio indica os ganhos pela absorção do primeiro C da excelência, a Cultura Organizacional. O 2º estágio, aditivamente aos ganhos permitidos pela Cultura, são incorporados aqueles oriundos do segundo C, o do Capital Intelectual. No 3º estágio incorpora-se aos outros dois o avanço permitido pelo Curso Estratégico. Por fim, no 4º estágio, o da plena excelência, é quando está incorporado o quarto C, o do Capital Tecnológico.Muitos programas de mudanças e ou de modernização não seguem a seqüência proposta por este processo. É um equÃvoco. Alterações nesta seqüência podem acarretar situações indesejáveis, tais como: desperdÃcios e perdas financeiras, de tempo, de competitividade, enfim, de eficácia e eficiência, além do agravamento dos conflitos internos e perda de sinergia. São sensÃveis e imediatos os ganhos com a adoção do processo proposto pelo Modelo, já que aborda-se, prioritariamente, as reais causas dos problemas e situações elencadas no inÃcio deste texto. É mister reconhecer têm condições de adotar o processo ideal de pronto. Algumas poderão exigir tratamentos emergenciais, priorizando intervenções em algumas dimensões em detrimento de outras que seguiriam o processo ideal. O certo é que, tão logo o emergencial tenha sido tratado, o processo definido pelo Modelo 4C, tem que ser adotado. Nada disto é novo, quando visto isoladamente. A proposta do Modelo 4C, com seu processo ideal, seja qual for o estágio e prioridades da Instituição de Ensino, é o diferencial que possibilita efetivamente o caminho rumo a excelência empresarial. |
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