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Monografias e Trabalhos Inovações na Escola: Constantes Atualizações, Necessárias Revoluções
Inovações na Escola: Constantes Atualizações, Necessárias Revoluções PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Jurandir Santos   
Qua, 01 de Abril de 2009 00:00

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Resumo

Este artigo discute os novos desafios que a escola da atualidade deve enfrentar e, consequentemente, redefinir o seu papel social, não só na relação ensino-aprendizagem, mas também, no domínio de competências para a formação de pessoas e na reorganização dos saberes para a transformação das relações pedagógicas.

Sugere desenvolver análise crítica na utilização das novas tecnologias, a fim de garantir um conhecimento global, porém, sem perder de vista os valores sociais e o apreço à cidadania. Assim, convida os agentes educacionais para fortalecer a sua visão de mundo e de homem, de ser trabalhador e ser social. Para tanto, apresentamos breve definição de inovação com foco nas relações educacionais. E além da função da escola, destacamos o papel do professor em um processo educacional inovador, caracterizando o seu domínio às novas tecnologias e a sua atuação para um saber reflexivo e da valorização da produção dos novos conhecimentos nos alunos.

 

Palavras-chave: Inovação na escola, tecnologia educacional, projeto pedagógico.

 

INNOVATIONS AT SCHOOL:
CONSTANT UPDATING, NEEDED REVOLUTIONS

Abstract

 

This article discusses the new challenges the current school must face, and thus redifines its social role, not only in the teaching-learning relationship, but also in the competence mastering for the training of people and the reorganization of knowledge for the transformation of pedagogical relations. It suggests developing critical analysis in the use of new technologies in order to ensure a global knowledge, but without losing sight of the social values and the appreciation of citizenship. Thus, it invites educational agents to strengthen their educational vision of world and of man, of worker and social beeing. To do so, we present a brief definition on innovation with educational relation focus. And beyond the function of school, we highlight the role of the teacher in an innovator educational process, characterizing his expertise over the new technologies and his action for a reflective knowledge and for the valorization of student new knowledge production.

 

Keywords: Innovation an School, Educational Technology, Teacher Training

 

Introdução

 

De repente, a vida começou a impor-se,

a desafiar-me com seus pontos de interrogação,

que se desmanchavam para dar lugar a outros;

eu liquidava esses outros e apareciam novos.

(Carlos Drummond de Andrade)

 

Novas formas de pensar, de comunicar e de aprender desafiam as escolas de diferentes graus, complexidades e objetivos, implementando mecanismos alternativos, de flexibilização, compatíveis com as múltiplas e simultâneas funções da educação, nas mais variadas situações que envolvem as relações entre os alunos, os professores, os pesquisadores e os trabalhadores – com as escolas e com as demais instituições relacionadas.

 

Freire pontuou a necessidade da transformação do mundo através do homem:

 

 

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A existência humana, não pode ser muda, silenciosa,
nem tampouco pode nutrir-se de falsas palavras,
mas de palavras verdadeiras, com que os homens transformam
o mundo. Existir, humanamente, é pronunciar o mundo, é modificá-lo.
O mundo pronunciado, por sua vez, se volta problematizado aos
sujeitos pronunciantes, a exigir deles novo pronunciar.
Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra,
no trabalho, na ação-reflexão (1987, p. 78)

 

 

E essas transformações vêm sempre, em forma de inovação. Chega, de ciclo em ciclo, determina que a verdade é o conhecimento acumulado somada às novas tendências e necessidades que o futuro da humanidade necessitará para o domínio das competências que instrumentarão e projetarão o sujeito contemporâneo ao inusitado, ao não conhecido, ao emergente e ao que está por vir.

 

Incluem-se as modernas tecnologias, mas para além delas os aprendizes futuros deverão ser capazes de manipular recursos de maneiras diversas e com estilos próprios de aprendizagem.

 

A formação e a reorganização de saberes da cidadania implicam reflexão sobre características sociais globais e à escola cabe a revisão dos seus papéis na aquisição desses saberes e o repensar do seu próprio papel e as suas metodologias.

 

O objetivo aqui não está direcionado para novas definições da finalidade da educação ou da escola, mas valem alguns lembretes sobre o papel da escola quando direcionada ao processo de inovação.

 

A história da educação parece estar condicionada à própria evolução do ser humano no seu contexto cultural e social. Por vezes, tem ainda a função de provocar tendências, em outras, pode ser um elemento regulador.

 

Como instituição social a escola influencia o meio e este influencia a escola num processo dinâmico de interações e de constantes mutações.

 

O modelo de homem: cidadão, trabalhador e cientista, em grande parte, é projetado de acordo com o planejamento (ou falta deste) de educação. Rodrigues sustenta que

 

a escola tem por função preparar indivíduos para
o exercício da cidadania moderna, para a modernidade.
Isto significa formar o homem capaz de conviver numa sociedade
em que se cruzam interveniências e influências da cultura,
da política, da economia, da ciência e da técnica (1992, p. 55).



Assim, a educação, na função da escola, assume seu papel progressista, na sua época, na medida em que articula os instrumentos de ação das diversas influências que circulam a sociedade, impulsionando o processo de mudança e de progresso daí resultantes, que a todo o momento indaga a realidade da cultura e revê os processos valorativos e normativos a fim de proporcionar maior coesão do grupo ou da comunidade nas diversas reconfigurações que o processo evolutivo requer.

 

A inovação na escola

 

O papel da educação deve ser compreendido, numa perspectiva macro da formação humana, como um caminho de organização de valores e um dos valiosos processos de construção de conhecimentos, desenvolvimento cognitivo, formação de habilidades e integração à cidadania, em busca do bem-estar e da solidariedade.

 

É pela educação que se desenvolve senso crítico, se desafia a pensar e criar, se conquistam direitos e se reinventa o mundo. Mas, fundamental mesmo é que a educação propicie meios para que, no âmbito da resolução de problemas e busca pelo novo, renove no homem a possibilidade de ser cada vez mais pleno e realizado, assim, cada vem mais feliz.

 

Para que isso aconteça, a escola não pode ignorar o que acontece no mundo. Abrir a mente à mudança, está muito além de correr atrás das novas tecnologias disponíveis, significa sim, pensar formas de inovar o sistema educacional para facilitar o caminho que os cidadãos vão trilhar futuramente, pois o mundo moderno projeta um futuro de incertezas e, neste sentido, os alunos deverão ser capazes de pensar soluções profissionais e pessoais com criatividade, auto-estima elevada, sem abrir mão de valores essenciais à dignidade do ser, como ética, cidadania e respeito ao meio ambiente.

 

Influenciados pela globalização, os mercados tornaram-se cada vez mais competitivos. A ordem é produzir mais, em menor tempo e com melhor qualidade. A qualidade, por sua vez, sai de sua gênese para ser emprestada aos processos de produção e gestão administrativa organizacional, permeando todos os segmentos empresariais.

 

Quando se fala de inovação sob influência do neoliberalismo, mecanicamente confunde-se com automação ou reversão aos recursos tecnológicos disponíveis, e às vezes, fica difícil distinguir propostas inovadoras de modismos e estratégias puramente mercantis.

 

Tecnologia faz bem para a evolução e facilitação das operações, mas inovar requer outra compreensão dos processos cognitivos, apreensão do conhecimento e transformação na visão de mundo.

 

Para que aconteça a metamorfose, inovar tem ligação ao preparo de novas respostas que diferentes situações exigem, pois, [...] trata-se de detectar que questões precisam ser resolvidas no âmbito da prática social e, em conseqüência, que conhecimento é necessário dominar (SAVIANI, 1991, p. 80), pois, a sociedade busca por respostas complexas aos problemas que surgem de formas imprevisíveis, em determinadas circunstâncias. E a análise de Cardoso (1992) nos leva a refletir que:

 

[...] o termo inovação nem sempre é utilizado na sua acepção

mais correta. Ele é freqüentemente utilizado como

sinônimo ‘natural’ do sistema. A inovação é, pois, uma

mudança deliberada e conscientemente assumida,

visando uma melhoria contínua da ação educativa.

 

Mas para que haja inovação na escola e nos processos educacionais é preciso entender que a inovação é um veículo que permite colocar o conhecimento a serviço do desenvolvimento. Sem inovação a sociedade tende a perder o seu capital de conhecimento, saberes e experiências, como tende a abrir mão dos seus recursos humanos mais qualificados.

 

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No entanto, compartilhamos com Rasco quando critica que, orientadas de cima para baixo, as inovações se promovem para ser utilizadas pelo sistema escolar e pelas escolas que, como usuários, têm obrigação e responsabilidade de adotá-las e aplicá-las (1999, p. 13). Portanto, a inovação na escola deve ser vista como um espaço para repensar o papel da escola e do homem no tempo.

 

Inovação não é sinônimo de invenção. A primeira não provoca ruptura. Através dela é possível estabelecer novas práticas sem inventar nada absolutamente novo. A inovação não implica em novidade, mas pode redefinir a posição dos elementos. Já a invenção, traz a noção de descoberta de novos princípios, de propriedades e de condições, de trazer à realidade algo efetivamente novo, ainda não utilizado, estabelecendo ruptura com elementos antigos e práticas anteriores.

 

A escola conceitua a problemática do homem contemporâneo, sempre projetando ações que determinarão o futuro. Consiste ainda em gerar a necessidade de novas reformas e inovações, impedindo a acomodação de professores, alunos e demais pessoas envolvidas no processo de ensino-aprendizagem.

 

Isto implica necessariamente romper com os paradigmas tradicionais vigentes. São tendências que aparecem periodicamente e têm a função de revitalizar as relações acadêmicas e escolares, sempre impulsionando para a busca de novidades, que parte da curiosidade natural, inata de cada indivíduo para uma busca coletiva de soluções de problemas estruturais ou descobertas de novas formas para determinadas necessidades, subsidiando a ciência.

 

Inovação é uma reorganização dos saberes, que não despreza a base de formação inicial de conhecimentos, mas sobrepõe e intercala informações para a geração de novas respostas, com redefinição de metodologias, questionamentos e necessidades. E os esforços emancipatórios de inovação devem ter bastante claros a respeito de quais finalidades educativas defendem e onde se pretende chegar.

 

Portanto, acreditamos que a transformação na educação se dará não só na maneira de comunicar, mas também de trabalhar, de decidir e de pensar. O ensino não tem outra finalidade senão a de proporcionar melhorias na qualidade, na constante superação e ressignificação dos seus modelos e dos seus ciclos de existência.

 

A escola se torna um lugar de importantes contradições dialéticas, estando o educador, naturalmente no centro dessas contradições. E para que o docente esteja aliado ao processo inovador, deve se sentir parte deste no planejamento das ações estratégicas da escola.

 

E estando a inovação a frente do processo de mudança social, como ratificada por Wanderley (in GARCIA, 1980) a educação deve ser vista dentro da multidimensionalidade da vida social, sejam econômicas, política ou ideológicas.

 

Para alguns, as escolas estimulam mudanças no campo material e tecnológico, mais impedem transformações mais profundas nas relações sociais, principalmente nos casos das sociedades capitalistas desenvolvidas. Enquanto que para outros, a escola é um lugar privilegiado de reprodução social das formações capitalistas para a propagação da ideologia dominante, de onde partem as desigualdades sociais. Por outro lado, alguns acreditam que os setores governantes, políticos e educadores, objetivam a disseminação, em vasta camada populacional, de encaminhar as propostas educacionais para a edificação de uma nova ordem social, como instrumento de modernização, e a educação estimulando outras forças de mudança social. Esta visão afirma a contribuição da educação em provocar mudança social.

 

Para Wanderley, nas sociedades capitalistas modernas, a ênfase está na diferenciação e no processo de industrialização e de urbanização. E na análise das mudanças globais e das sociedades tradicionais e modernas, cada uma com os seus componentes típicos, com indicadores mais ou menos precisos, o autor destaca três processos de mudança estrutural, que estariam sustentados em: desenvolvimento econômico, modernização social e modernização política.

 

O processo de acumulação pode ser marcado por assincronias dadas pela variação dos ritmos e das seqüências dos processos decorrentes. Dessa forma uma sociedade pode estar em uma etapa industrial moderna, com um sistema econômico avançado e, concomitantemente, pode apresentar um sistema educacional atrasado, representativo da etapa tradicional, necessitando ser modernizado.

 

Entre outros fatores, nas características fundamentais da educação nas sociedades modernas, destacamos a demanda por mão-de-obra requerida para o desenvolvimento econômico, as exigências de novas qualificações e as habilidades utilizadas no processo educativo como meio dos setores dominantes propagarem a sua atuação política e o seu controle social.

 

No entanto, Wanderley sugere que o elenco de indicadores de propostas educacionais para caracterizar um padrão de vida moderna em uma determinada sociedade deve contemplar: a extensão da educação para toda a população; a escola como lugar de igualdade de oportunidades e como principal canal de mobilidade social; expansão crescente da rede escolar, em todos os níveis de ensino; que o sistema escolar esteja ajustado às necessidades do desenvolvimento econômico: com métodos pedagógicos que formem personalidades inovadoras, racionalidade econômica que diminua os custos e aumente os benefícios, infra-estrutura adequada, enfatizar os estudos em ciências exatas e de alta tecnologia; entre outras propostas.

 

Há uma tendência em privilegiar as necessidades da educação a partir da produção como determinante dos fins do ensino e das políticas educacionais. Devemos então, combater uma suposta neutralidade da educação e propor que a escola seja um lugar de críticas ao sistema e de politização dos indivíduos envolvidos.

 

Existem ótimas condições para a inovação, certa flexibilidade e predisposição no tipo orgânico de uma sociedade que se desenvolveu com maior facilidade em novas sociedades. No entanto, conforme critica Wanderley, as resistências às inovações são motivadas por egoísmo e pelo medo pelo apego ao que é habitual,  familiar e seguro.

 

Os agentes da inovação são múltiplos: um indivíduo, uma equipe, um grupo social, frações de classes ou de classes sociais. E podem ser nacionais ou estrangeiros, públicos ou privados. Podem ainda, possuir qualidades de liderança, agir isolada ou coletivamente, com autonomia ou de forma associada. No campo educacional, destacam-se com agentes inovadores: o professor, o pesquisador, o técnico, o aluno, a autoridade, as instituições escolares, o Estado, etc. Mas tradicionalmente, é mais comum enfatizar as inovações que afetam os setores dominantes da sociedade.

 

E, quando se quer melhor qualificar os agentes inovadores, utilizam distintos critérios em função das finalidades pretendidas pelo investigador, que variam desde a visão de homem e de mundo dos agentes, o significado que eles têm de inovação social e educacional, a defesa sobre a função da educação nos processos de mudança social, os padrões culturais e os níveis de formação que possuem suas práticas culturais, etc.

 

Goldberg (In GARCIA, 1980), propõe quatro pressupostos para definir a inovação no sistema educacional: processo de mudança incomum, com poucas possibilidades de ocorrer freqüência; processo de mudança capazes de contribuir para a melhoria do sistema educacional; produção de mudanças que beneficiem um número significativo de indivíduos no sistema; processo planejado e científico para produzir essas mudanças (p. 186).

 

As pressões e reivindicações sociais são abordadas por Werebe (in Garcia, 1980) quando trata das tendências de inovação do ensino, como necessidades urgentes de ajustamento da educação às novas exigências sociais e econômicas da sociedade.

 

Porém, a autora ressalta um aspecto importe que reflete na realidade nas nossas escolas nos dias atuais - que é o fato de que, enquanto a esmagadora maioria das escolas funcionam em condições materiais insatisfatórias, com classes superlotadas e professores mal pagos, mal preparados e desmotivados, ministrando um ensino inadequado; umas poucas instituições renovadas dispõem de instalações convenientes, de recursos materiais e de professores preparados, que ministram – para a minoria de alunos – um ensino de melhor qualidade,  com métodos modernos, com muitos esperam que aconteça. No entanto há muito para ser feito em prol de uma educação inovadora, nas diferentes instituições e realidades educacionais.

 

Em uma pesquisa realizada, Veiga, Resende e Fonseca (2000) concluem que a inovação se faz presente no ensino, ao valorizar a ação reflexiva e a produção do conhecimento novo. Contribuem ainda, com a informação de que o professor, ao reduzir os mecanismos de controle, estimula a iniciativa e a participação do educando (p. 180).

 

Apesar de convencido do inevitável processo de inovação, o professor, diante das grandes e contínuas mudanças no mundo do trabalho e nas tecnologias de comunicação, informação e operação, se vê frente a uma infindável multiplicidade de situações imprevisíveis, necessitando desenvolver novas habilidades e competências que respaldem e revalorizem a sua prática docente. Cabe a ele, então coragem, determinação, ousadia, disponibilidade interna para o novo e muita vontade de dar certo. Ele é o principal agente influenciador, motivador e revitalizador do exercício de ensinar e de aprender.

 

Para estar preparado o profissional precisa de boa formação, complementação pedagógica, educação continuada e espaço e condições propícias para a criatividade.

 

Entre as competências que o educador deve desenvolver, está o domínio ou preparo para as novas tecnologias. A informática, indiscutivelmente, deve adaptar-se aos currículos como disciplina ou como atividade meio a determinadas tarefas. Não só para o planejamento e preparo das aulas, bem como acompanhamento e orientação de alunos. Deve utilizar-se de produção de textos, tabelas, ilustrações de figuras, softwares educativos, pesquisas na internet, troca de mensagens através de e-mail, fórum de discussões e ferramentais de multimídia. São benefícios inovadores que, se bem incorporados à educação, facilitam nas produções, enriquecem os trabalhos, resgatando o prazer de aprender e de criar.

 

Nos argumentos de Oliveira (2001), as tecnologias são produtos da ação humana, historicamente constituída, expressando relações sociais das quais dependem, mas que também são influenciadas por eles. De acordo com este ponto de vista, todos os produtos e processos tecnológicos podem ser considerados como artefatos sociais e culturais; além disso, carregam relações de poder, intenções e interesses diversos.

 

E, nas críticas da autora, as tecnologias desenvolvidas por meio das competências que permeiam a relação entre educação e trabalho mediado pela questão da exigência profissional e diante da nova exigência do setor produtivo, assumem uma posição reducionista quando equacionam as questões educacionais nos limites da modernização econômica e dos interesses empresariais. Outros problemas a serem considerados são os casos de desigualdade ou de exclusão societária, quando não há o domínio do aparato tecnológico pelo aluno.

 

Por sua vez, Gadotti[3] nos lembra que assistimos a grandes mudanças no século XX, tanto no campo social como na economia, na política, na cultura, na ciência e na tecnologia e que as transformações tecnológicas tornaram possível o surgimento da era da informatização. Neste contexto, questiona qual o papel político da educação na atualidade, quais perspectivas podem ser apontadas para a educação no terceiro milênio e para onde estamos caminhando.

 

O final do século XX foi caracterizado pelo fenômeno da globalização, o que impulsionou a idéia de educação igual para todos, não como princípio de justiça social, mas apenas como parâmetro curricular comum.

 

Gadotti enfatiza ainda que os que querem a informatização na educação defendem a necessidade de mudar profundamente os métodos de ensino para reservar ao cérebro humano o que lhe é peculiar, a capacidade de pensar. Assim, nessa era, a função da escola será a de ensinar a pensar criticamente, necessitando, então, dominar mais metodologias e linguagens, inclusive a eletrônica.

 

E a sociedade do conhecimento está voltada para múltiplas oportunidades de aprendizagens que podem ser enriquecidas com parcerias entre o setor público e o privado (famílias, empresas, associações, organizações não governamentais, etc.), avaliações permanentes; para constantes debates, para generalizadas formas de inovação, ou entre outras propostas apresentadas por Gadotti.

 

Dessa forma, os educadores emancipadores têm o sério compromisso de transformar a informação em conhecimento e em consciência crítica para que consiga cumprir o seu objetivo, que é formar pessoas. E, para que isso seja possível, o autor propõe algumas categorias em torno da educação do futuro que indicam temas importantes para esta era: cidadania, planetariedade, sustentabilidade, virtualidade, globalização, transdisciplinaridade e dialogicidade. Mas adverte que a análise dessas categorias não oferece respostas definitivas, mas reabre o debate acerca da pedagogia contemporânea para a construção de programas em torno das perspectivas e das expectativas da atualidade.

 

Sugerimos ainda pensar a construção da sociedade em rede sempre valorizando a tecnologia da informação como recurso includente, dessa forma, sem perder de vista os aspectos humanos e as necessidades sociais, culturais e afetivas, tarefas que a tecnologia não pode dar conta.

 

A inovação tende a ser, então, espaço docente de reestruturação, de mudanças estratégicas de melhoria de ações gestoras nas mais variadas formas de composição da aula. Reorganização da relação teoria e prática, contextualizada em uma perspectiva global, problematizando situações, proporcionando novas formas de pesquisar, incentivando diferentes e inusitadas práticas de exposições, tornando a relação pedagógica professor-aluno como protagonistas.

 

As transformações curriculares de uma aula inovadora com o docente como agente-chave podem direcionar o projeto para a interdisciplinaridade, quando os alunos percebem que uma disciplina interfere e complementa a outra e que o conjunto é identificado na formação que escolheu.

 

Veiga lembra que ao falarmos em inovação e em projeto político-pedagógico, não devemos nos esquecer de que a preocupação do sistema educativo é com a melhoria da qualidade na educação para que todos aprendam mais e melhor. Portanto,

 

desenvolver o cidadão, prepará-lo para o exercício da

cidadania e do trabalho significam a construção de um s

ujeito que domine conhecimentos, dotados de atitudes

necessárias para fazer parte de um sistema político, para

participar dos processos de produção da sobrevivência e para

desenvolver-se pessoal e socialmente (VEIGA, 2003).

Então, considerando a inovação como uma produção humana, ela deve tratar de superar a fragmentação das ciências e das suas implicações para a vida do homem e para o desenvolvimento da sociedade. Assim sendo, objetiva predispor as pessoas e as instituições para a indagação e para a emancipação.

 

Abordamos algumas características propostas pela autora que evidenciam o projeto político-pedagógico como instrumentos para a inovação: trata-se de um movimento democrático da escola e que procura enfrentar o futuro e a buscar por novas possibilidades e novos compromissos, orientado para constantes reflexões e ações; tem foco na inclusão e no entendimento da constituição da escola; tem projeção em incertezas, com vistas ao compromisso com os novos desafios; e a autonomia representa a substância de uma nova organização do trabalho pedagógico.

 

Por sua vez, a avaliação, instrumento de medição de insight e aprendizagem na promoção do aluno, pode ser multifatorial, englobando todas as fases do ensino-aprendizagem, valorizando não somente conteúdo trabalhado, como também, valores de ética, cidadania e cuidados com o planeta. De acordo com esta proposta de inovação a avaliação deve valorizar os mais diversos potenciais do indivíduo, promovendo a sua auto-estima e o seu gosto pelos estudos.

 

Conclusão

 

Os processos educacionais, bem como as relações sociais que se estabelecem na escola não são apenas formadores mais eficientes de novas qualificações ou do desenvolvimento de competências. Eles desempenham a construção de nova cultura, centrada em valores e objetivos da dinâmica de produção e do consumo.

Entretanto, como vimos ao longo deste trabalho, as novas tecnologias criaram novos espaços de conhecimento não somente na escola, mas também na empresa, na residência e no social, que foram transformados em espaços educativos. Cada vez mais pessoas estudam em casa e acessam o ciberespaço da formação e da aprendizagem à distância, através dessa possibilidade de obtenção das informações disponíveis nas redes de computadores interligados. Estamos falando de um espaço potencializado pelas novas tecnologias, que inovam constantemente as metodologias e fazem com que novas oportunidades surjam para os educadores.

Essa nova configuração oferece todos os elementos que possam permitir maior democratização da informação e do conhecimento, o que poderá ser validado com o tempo, com políticas públicas adequadas e com a iniciativa da sociedade, pois conforme discutimos neste artigo, tecnologia somente não basta, é preciso intenso e organizado envolvimento dessas instâncias citadas, pois não resta dúvida de que a sociedade do século XXI tornou-se uma sociedade de redes e de constantes movimentos.

Acrescente-se o fato de que o conhecimento é o grande capital da humanidade, por isso tem que ser disponibilizado para todos. É esta a função das instituições que se dedicam ao conhecimento, com base nos avanços tecnológicos e na inovação.

Portanto, à escola cabe, então, ao valorizar o conhecimento como espaço de realização humana, selecionar e rever criticamente a informação, formular hipóteses, estimular a criatividade, valorizar a curiosidade e incentivar a inovação, construindo e reconstruindo, assim, o conhecimento elaborado, pois a tecnologia por si só muito pouco pode contribuir para a emancipação das pessoas excluídas se não for associada ao exercício da cidadania.

Temos claro que todas as ações alternativas e inovadoras são em si mesmas acontecimentos importantes, mas não estão isentas de enormes dificuldades, cabendo a nós a visão realista da situação, quer seja na estrutura física ou preparo do pessoal, mas se efetivamente quisermos provocar mudanças significativas, não podemos abrir mão de mantermos a possibilidade da utopia, sem a qual a educação não faz o menor sentido.

 

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[1] Publicado na Revista Gestão Universitária, 01 abr 2009.

 

3] GADOTTI, Moacir (2006). Desafios para a era do conhecimento. Texto da coleção Memória da Pedagogia, Revista Viver Mente & Cérebro, publicado com exclusividade na internet pelo Portal Estadão (http://www.estadao.com.br). Disponível em <http://www.estadao.com.br/ext/educacao/desafio.htm>. Acesso em 09 out 2006.

 

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Bibliografia

 

ANDRADE, Carlos Drummond.(1930). Alguma poesia. Belo Horizonte: Edições Pindorama.

 

CARDOSO, Ana Paula (1993). A educação face às exigências inovadoras do presente. Revista Portuguesa de Pedagogia, Ano XXVII, nº 2, 221-232.

 

CARDOSO, Ana Paula (1992). As atitudes do professor e a inovação pedagógica.  Revista portuguesa de pedagogia, Ano XXVI, nº 1, 85-99.

 

CUNHA, Maria Isabel. (2001) Inovações: conceitos e práticas. In: CASTANHO, Sérgio, CASTANHO, Maria Eugênia (orgs) Temas e textos em metodologia do ensino superior, Campinas: Papirus.

 

FREIRE, Paulo (1987). Pedagogia do oprimido. 22. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

 

GARCIA. Walter E (Org.), (1980). Inovação Educacional no Brasil. São Paulo: Cortez; Autores Associados.

 

OLIVEIRA, Maria Rita Neto Sales (2001). Do mito da tecnologia ao paradigma tecnológico: a mediação tecnológica nas práticas didático-pedagógicas. In: Revista Brasileira de Educação, n. 18, p. 101-107, set/out/nov/dez.

 

RASCO, José Félix A. (1999) Inovação, universidade e sociedade. In: Revista de educação da Faculdade de Educação da PUC-Campinas, Ano III, nº 7, 7-28.

 

RODRIGUES, Neidson. (1992) Da mistificação da escola à escola necessária. 6. Ed. São Paulo: Cortez; Autores Associados.

 

SAVIANI, Demerval (1991). Escola e democracia. 24. ed. São Paulo: Cortez; Autores Associados.

 

VEIGA, Ilma Passos A. (2003). Inovações e projeto político-pedagógico: uma relação regulatória ou emancipatória? In: Caderno CEDES, vol. 33, n. 61. Campinas. Dez.

 

VEIGA, Ilma P. A. et al (2000). Aula universitária e inovação. In: VEIGA, Ilma P. A., CASTANHO, Maria Eugênia (orgs) Pedagogia universitária: a aula em foco. Campinas: Papirus.

 

 

 

 



 

 

JURANDIR DOS SANTOS - Mestre em Educação – Pontifícia Universidade Católica de Campinas - PUCC, Pós-graduado em E-Business – Faculdade Senac de Ciência e Tecnologia – SENAC/SP, Psicólogo – Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU. É Gerente (Diretor de acordo com estrutura do Ministério da Educação - MEC) do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC São Carlos, Conselheiro da Fundação Educacional de São Carlos – FESC, do Conselho Municipal de Turismo de São Carlos – COMUNITUR e do Conselho da TV Educativa de São Carlos. Membro da Associação Brasileira de Avaliação Educacional – ABAVE e do Grupo de Pesquisa Qualidade no Ensino – Estudos em Avaliação, da PUC Campinas. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/9179803283558914. E-mail: Este endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo.

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