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Gestão Universitária

Monografias e Trabalhos A Trajetória da Universidade Federal de Tocantins: Da Criação Aos Tempos Atuais.
A Trajetória da Universidade Federal de Tocantins: Da Criação Aos Tempos Atuais. PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Enedina Betânia Leite de Lucena Pires Nunes   
Qua, 20 de Maio de 2009 15:52

 

THE TRAJECTORY OF THE FEDERAL UNIVERSITY OF TOCANTINS:

From Its Creation to Current Times.

Enedina Betânia Leite de Lucena Pires Nunes1

RESUMO

O artigo apresenta e discute a trajetória da Universidade Federal do Tocantins (UFT), analisando e refletindo sobre as mudanças em curso desde sua criação e, mais precisamente, a partir de sua implantação, em maio de 2003. Em decorrência da importância do estudo e para uma visão mais estruturada sobre a questão, tornou-se necessário que a abordagem fosse por segmentos e programas em curso, tentando de alguma forma focalizar os aspectos de convergência e integração com as

demandas sociais da sociedade tocantinense. Evidenciou-se o seu crescimento em várias questões relacionadas ao ensino, sua prioridade inicial, como em termos de pesquisa, extensão e infra-estrutura. Grande número de programas foi adotado. Cursos novos, crescimento de número de alunos, professores e técnico-administrativos. Programas de inclusão social e de permanência do aluno na universidade. Bolsas de iniciação a pesquisa, de monitoria e de trabalho tiveram aumento considerável. Pelo perfil dos seus alunos, uma das medidas foi a definição de política de cotas para candidatos indígenas. Pesquisas de várias naturezas estão sendo desenvolvidas, numa demonstração que a universidade não é um mero repassador de conhecimento. O Planejamento Estratégico elaborado com a participação da comunidade acadêmica está sendo efetivado. Os resultados, mesmo com todo esse empenho, ainda não foram efetivamente mensurados em sua plenitude. Por isso, de forma enfática, é importante lembrar que há uma necessidade crescente de que as ações da universidade estejam de acordo com os interesses da sociedade e, assim, todos os seus passos devem levar em conta as demandas sociais.

Palavras-chave: trajetória, Universidade, criação, implantação, programas sociais.

ABSTRACT

The article presents and discusses the trajectory of the Federal University of Tocantins (UFT), analyzing and reflecting on the changes underway since its creation, and more specifically since its implementation in May 2003. Due to the importance of the study and for a more structured view on the issue, it became necessary that the approach would be through ongoing programs and segments, trying to somehow focus on the issues of convergence and integration with the social demands of Tocantins’ society. There has been observed a growth in various issues related to education, its initial priority, as well as in terms of research, extension and infrastructure. A large number of programs has been adopted. New courses, growing numbers of students, teachers and staff. Programs of social inclusion and permanence of the student at the university. Research Initiation, monitoring and work Scholarship have increased considerably. From the profile of the students, one of the adopted measures was the establishment of policy of quotas for Indian candidates. Polls of various kinds are being developed, as a demonstration that the university is not simply a sharer of knowledge. The Strategic Planning formulated with the participation of the academic community is being carried out. The results, even with all commitment, have not yet been effectively measured in its fullness. Therefore, in an emphatic way, it is important to remember that there is an increasing need the university's actions to be consistent with the society’s interests and therefore all steps should take into account the social demands.

Keywords: trajectory, University, creation, implementation, social programs.

1 Graduada em Administração, administradora da Universidade Federal do Tocantins. Pós-Graduada em Administração Pública com ênfase em Gestão Universitária. E-mail: Este endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo. / Este endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo.

I. Introdução

Este artigo tem por objetivo analisar, discutir e fazer reflexões sobre as realizações e as contribuições trazidas pela UFT, observadas suas características multicampi, no decorrer de seus cinco anos de criação. Para a realização deste estudo, foram tomadas como base de análise as seguintes fontes de informação: Documentos relacionados à criação da UFT; Documentos originados de seus Conselhos Superiores; Diversos relatórios elaborados por seus diferentes setores; Prospectos elaborados pela universidade; Catálogo de cursos; Diversas informações divulgadas no site institucional; Planejamento Estratégico da Universidade.

A escolha do tema se deve ao fato da importância de mostrar a sociedade

o caminhar da única universidade pública tocantinense, promovendo uma ampla discussão sobre os resultados já alcançados, induzindo a uma profunda reflexão sobre as perspectivas para os próximos anos. É fundamental que o planejamento de sua trajetória seja discutido de uma forma ampla, madura, responsável e com o envolvimento de todos os atores.

A relevância do estudo pode ser visto sob diversos aspectos: 1) à sociedade, uma análise das relações decorrentes do processo de criação, implantação e consolidação de uma universidade federal; o registro da história, estrutura e funcionamento dessa instituição no período da sua criação até os tempos atuais; 2) no institucional, essa investigação permitirá à UFT, por meio da análise crítica e da compreensão de sua própria história redimensionar suas políticas, seus objetivos e redirecionar seu planejamento mediato; 3) no pessoal, permitirá o nosso comprometimento com a educação superior não só do ponto de vista teórico, mas efetivamente vinculado a prática das políticas públicas adotadas na UFT e motivação para prosseguir a pesquisa, a qual poderá possibilitar a realização de um projeto de pesquisa educacional com foco para as políticas públicas e reformas educacionais.

De forma sintetizada apresentamos um breve histórico da criação, bem como a descrição de sua missão e suas realizações até a presente data. O estudo finaliza com as nossas conclusões que, de acordo com diversos documentos os desafios estão sendo superados, apesar das dificuldades enfrentadas no contexto e cenários em que ela se encontra. As principais carências constatadas dizem respeito a inexistência de ambiente para o professor desenvolver suas atividades na instituição, falta de espaço de convivência dos servidores técnico-administrativos e dificuldade em manter seus servidores (docentes e técnico-administrativos) em seu quadro de pessoal. A UFT se mostra preocupada com a formação profissional de seus alunos e, para isso, incentiva a reformulação dos Projetos Pedagógicos dos Cursos ampliação e o seu conhecimento pelos professores e alunos. Na área da pesquisa e de extensão o crescimento de bolsas é significativo. O estudo aponta para um significativo aumento de número e professores mestres e doutores. Um corpo técnico-administrativo qualificado e em processo de qualificação continuada. As políticas afirmativas estão sendo implementadas, com resultados bastante animadores. Enfim, a UFT demonstra estar sintonizada com a comunidade e preocupada em buscar soluções sustentáveis para as suas demandas. Uma das demonstrações desta convergência e integração é a criação do Centro Universitário Integrado de Ciência, Cultura e Arte, no Campus de Palmas, espaço aberto a comunidade em geral para suas mais variadas manifestações artísticas e culturais.

II – PROCEDIMENTOS PARA IMPLANTAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

Para que o processo de implantação da UFT pudesse ser iniciado foram providenciados diversos procedimentos de gestão administrativa, acadêmica e patrimonial.

Na Gestão Administrativa, o Cadastro e Registros da UFT nos seguintes Sistemas Federais: Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ); Sistema Integrado de Administração de Pessoal (SIAPE); Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFE); Sistema Integrado de Dados Orçamentários (SIDOR); Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais (SIASG). Esses registros, sempre gerenciados por servidores da UnB, foram concluídos em setembro de 2002, o que possibilitou a UFT dar seus primeiros passos institucionais.

A UFT, preocupada com a formação do pessoal docente, uma das exigências para que sua implantação estivesse configurada plenamente, porém, sempre pautada no embasamento legal, em 20 de outubro de 2002 firmou contrato com a UnB visando à realização de concurso público, correspondente a 300 cargos liberados pela Portaria MP nº. 234.

Publicado o edital do concurso para o preenchimento de 300 vagas, abrangendo 95 áreas para a classe de Professor Adjunto e 177 áreas para a classe de Professor Assistente, sendo as provas organizadas e aplicadas nos dias 18, 19, 25 e 26 de janeiro de 2003, pelo Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (CESPE) da Universidade de Brasília. À época, a Fundação Universidade do Tocantins (UNITINS) contava com 440 professores contratados.

Publicados os resultados do concurso público, referente às classes de Professor Adjunto e Assistente, a UFT empreendeu novas gestões no sentido de que fossem contratados professores necessários para completar o Quadro da UFT. Numa das frentes foi solicitada ao MEC a efetiva redistribuição dos 100 cargos criados pela Lei n. 10.667/2003 e, em outra, mediante seleção simplificada de Professor Substituto, com base na Lei n. 8.745/1993.

Embora a base legal para formação do pessoal técnico-administrativo foi o Decreto n. 4.279/2002 que atribuiu 245 cargos efetivos de servidores técnico­administrativos para a UFT, até final de julho de 2003 não foi dada a autorização para a contratação de servidores técnico-administrativos. Todavia, essa pendência foi parcialmente solucionada em meados de abril de 2004 com a realização do concurso e posse de 30 técnico-administrativos.

Com a posse e início de atividade dos primeiros servidores concursados, deu­se o desenvolvimento efetivo das atividades administrativas na UFT, possibilitando, assim, estabelecer à migração, para a UFT, dos sistemas federais como SIAFI, SIAPE e SIASG, entre outros, até então administrados pela UnB. Além da migração desses sistemas, foram transferidos todos os processos de compras, suprimento de fundos e diárias, além da pasta funcional dos professores.

Na Gestão Acadêmica, embora o início da implantação tenha ocorrido em maio de 2003 com a posse dos professores concursados, a transferência tanto dos cursos e como dos alunos da Unitins da esfera estadual para a esfera federal levou ainda algum tempo. A UFT não possuía, naquele momento, a infra-estrutura mínima necessária. Os professores estavam em fase de nomeação e posse. Não havia servidores técnico-administrativos concursados, a base física da Reitoria bastante incipiente e em preparação, inclusive a que abrigaria os registros e controles acadêmicos, setor fundamental numa instituição de ensino. A estrutura funcional em construção. Mesmo com todas essas situações adversas, a universidade continuou funcionando em todos os seus campi, com o esforço dos abnegados, homens e mulheres, que abraçaram com determinação a, então, mais nova universidade federal do país.

Na Gestão Patrimonial, foi criado, como nas outras áreas, um grupo de trabalho para fazer levantamento em todos os campi e realizar o inventário patrimonial dos móveis e equipamentos, objetivando possíveis aquisições para o aparelhamento da instituição, de forma que haja condições mínimas de trabalho e atendimento de toda a comunidade universitária.

Para a instalação da Reitoria e toda a sua estrutura administrativa foi autorizado o projeto de engenharia e arquitetura redimensionando o espaço físico do Bloco IV do Campus de Palmas.

Quanto à gestão orçamentária e financeira é importante salientar que o orçamento do ano de 2002 sofreu contingenciamento por parte do Governo Federal, quando da transição da Presidência da República, o que inviabilizou diversos processos de aquisição de bens, previstos no detalhamento das despesas.

III - A UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

Ao elaborar o seu Estatuto e o Regimento, e com sua aprovação pelo Conselho Nacional de Educação, a UFT deu um passo à frente, e estruturou-se voltada para as suas atividades de ensino, pesquisa e extensão. Assim, e já contando com aproximadamente 8.000 alunos, a instituição se tornava de fato e de direito, a Universidade Federal do Tocantins, que pelo seu Estatuto, tinha a sua composição determinada por uma estrutura multi campi.

3.1. Autonomia Universitária

“As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão” (Art. 207, Constituição Federal).

Este dispositivo constitucional vem consagrar os princípios históricos e acadêmicos fundamentais para a organização e funcionamento das universidades brasileiras.

Porém, além da preconizada indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, a universidade também deve observar os preceitos de total liberdade acadêmica e constituir-se em espaço privilegiado da valorização do mérito, de expressão democrática, do livre pensamento científico, da cultura e das artes.

3.2. Missão e Compromisso Social

Apoiados no Planejamento Estratégico 2006-2010, tanto o Projeto Pedagógico Institucional – PPI (2007), como o Plano de Desenvolvimento Institucional -PDI (2007-2011), referenciam a missão da UFT “Produzir e difundir conhecimentos visando à formação de cidadãos e profissionais qualificados, comprometidos com o desenvolvimento sustentável da Amazônia”, ao mesmo tempo em que expressam a visão estratégica da universidade como sendo a de “Consolidar a UFT como um espaço de expressão democrática e cultural, reconhecida pelo ensino de qualidade e pela pesquisa e extensão voltadas para o desenvolvimento regional”.

Os documentos institucionais acima citados expressam que, “com vistas à consecução da missão institucional, todas as atividades de ensino, pesquisa e extensão da UFT, e todos os esforços dos gestores, comunidade docente, discente e administrativa deverão estar voltados para: • o estímulo à produção de conhecimento, à criação cultural e ao desenvolvimento

do espírito científico e reflexivo;

• a formação de profissionais nas diferentes áreas do conhecimento, aptos à inserção em setores profissionais, à participação no desenvolvimento da sociedade brasileira e colaborar para a sua formação contínua;

• o incentivo ao trabalho de pesquisa e investigação científica, visando ao desenvolvimento da ciência, da tecnologia e a criação e difusão da cultura, propiciando o entendimento do ser humano e do meio em que vive;

a promoção da divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem o patrimônio da humanidade comunicando esse saber através do ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação;

a busca permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada geração;

• o estímulo ao conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os

nacionais e regionais; prestar serviços especializados à comunidade e

estabelecer com esta uma relação de reciprocidade;

• a promoção da extensão aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural, da pesquisa científica e tecnológica geradas na Instituição.”

Dessa forma, demonstram claramente que a democratização do acesso à educação passa por políticas de inclusão social, promoção de políticas afirmativas para o ingresso de estudantes oriundos de escolas públicas e os afrodescendentes, além de aumento da oferta de cursos noturnos e expansão de vagas. Tudo isso sem esquecer questões tais como, a organização das carreiras docente e administrativa e a escolha de dirigentes.

3.3. Os Desafios da Consolidação

Um dos grandes desafios assumidos pela universidade nas três esferas basilares -ensino, pesquisa e extensão – trata-se de ações com vistas à formulação e implementação de políticas e programas inovadores que atendam as demandas de seus usuários.

Essas atividades, desenvolvidas por professores, alunos e servidores técnico­administrativos numa construção co-participativa, promovem a integração acadêmica, articulando o ensino de graduação com as atividades da pós-graduação, da pesquisa e extensão. Se por um lado, o ensino é o maior desafio da universidade por constituir-se de um conjunto de atividades que são direcionadas para a formação profissional, por outro, carrega consigo as atividades de pesquisa e extensão. Assim, o professor-pesquisador contribui para o aprimoramento do conhecimento na sua área de atuação e avança na compreensão de si mesmo e do meio em que trabalha. A extensão exige trabalho junto e com a comunidade em que a universidade está situada.

Como toda a construção deve passar pela avaliação, esse processo de forma continuada sempre se constitui um grande desafio. Esse processo foi e está sendo encarado com seriedade e responsabilidade, tomando como base o Plano de Desenvolvimento Institucional, cujos indicadores são a missão institucional, as ações propostas e a gestão acadêmico-administrativa.

Mais recentemente o novo desafio que surge é a Reforma Universitária, com todas as suas motivações, entre elas:

Fortalecimento da Universidade pública, acompanhada da criação de novas universidades públicas, expansão e criação de novas vagas nas IFES;

Democratização do acesso ao ensino superior com a promoção de políticas públicas de inclusão social.

Garantia da qualidade de ensino, tanto do público como da iniciativa privada, que deve buscar qualidade;

Construção de uma gestão democrática, de maneira participativa e que promova o exercício pleno da cidadania.

Além desses pontos referenciados, podemos considerar outros pontos que constituem importantes desafios da UFT. São eles:

A Contratação de novos professores e servidores e o Concurso Vestibular

A UFT vem desenvolvendo ao longo do tempo várias ações junto ao governo federal para viabilizar o ingresso de professores e servidores na Universidade.

O primeiro edital, sob sua gestão, para o Concurso de Professor Adjunto, foi publicado em 20/11/2003, tendo selecionado e empossado 28 professores. Logo em seqüência, foi publicado um novo edital, em 11/02/2004, de seleção para Professor Assistente, tendo ocorrido a posse dos 68 aprovados apenas em 23/09/2004. Antes, porém, em 03/12/2003, foi publicado o edital de inscrições do primeiro Concurso para servidores técnico-administrativos, promovido pelo Centro de Promoção de Eventos (Cespe/UnB), cuja posse coletiva e subseqüente início de atividades de 33 aprovados ocorreu em 03/04/2004.

Com a chegada desses primeiros servidores concursados, a UFT iniciou o desenvolvimento efetivo de suas atividades administrativas. Assim, foi possível se estabelecer à migração, para a UFT, dos sistemas federais, até então administrados pela Universidade de Brasília, como SIAFI, SIAPE e SIASG, entre outros.

O Centro de Seleção e Promoção de Eventos (CESPE), de acordo com a parceria estabelecida entre a UFT e a UnB, realizou em 2004 o primeiro processo seletivo da instituição para ingresso de alunos. Este procedimento permitiu a Comissão Permanente de Seleção da UFT (COPESE) maior experiência com vistas à constituição de um processo seletivo que atenda, cada vez mais, às peculiaridades regionais nos seus aspectos sociais, culturais e educacionais.

O Ensino

Considerado, inicialmente como a maior das prioridades, a UFT buscou normatizar, consolidar e estruturar suas atividades, além de incentivar os cursos a discutirem os Projetos Pedagógicos, com vistas a sua reformulação, adequando-os para atender o cenário que ora se apresenta. O primeiro resultado dessas discussões foi a fusão dos cursos de Normal Superior e de Pedagogia, sendo o novo curso denominado de Pedagogia.

Como todos os processos para sua implementação necessita de pessoas e são elas que podem fazer a diferença, a UFT partiu para capacitar seus servidores da Pró-reitoria de Graduação. Assim, foram enviadas a Belo Horizonte, duas servidoras do setor de Expedição, Registro de Diplomas e Controle Acadêmico para participarem do Seminário sobre Processo e Registro de Certificados e Diplomas das instituições de Ensino Superior.

Outras ações foram desenvolvidas, simultaneamente, objetivando a melhoria da qualidade de ensino. Dessas, podemos citar: Informação da gestão acadêmica, com a implantação do Sistema de Informatizações para o Ensino (SIE); Adesão ao Programa Mobilidade Acadêmica; Regularização dos cursos de graduação junto ao MEC; Elaboração do Regimento Acadêmico; Realização do Censo Educacional; Criação do Catálogo dos Cursos de Graduação; Capacitação dos Secretários Acadêmicos; Instituição do Programa Institucional de Monitoria (PIM); Instituição do Programa Institucional de Monitoria para o Índio (PIMI); Participação no Programa de Educação Tutorial (PET); Organização do I e II Fórum de Ensino, Pesquisa e Extensão (FEPEC); Criação de quatro novos cursos (Medicina, Engenharia Florestal, Ciências Sociais e Ciência Política) e, recentemente, mais quatorze, dentro do Programa de Apoio a Planos de Expansão e Reestruturação das Universidades (REUNI).

O Sistema de Informação para o Ensino (SIE) foi implantado, experimentalmente, para as matrículas no segundo semestre de 2004 em três cursos da instituição. Atualmente, todos os procedimentos acadêmicos, desde o ingresso do aluno na universidade, passando pelas matrículas subseqüentes, até o recebimento de seu diploma, após a conclusão do curso, são feitos via SIE. O mesmo sistema já foi implementado nas bibliotecas de todos os campi.

A adesão ao Programa de Mobilidade Acadêmica proporcionou a oportunidade de alunos cursarem disciplinas, por um determinado período, em outra instituição federal e, ao retornar, as mesmas serem aproveitadas no seu curso de origem. Pelo mesmo programa, alunos de outras instituições federais podem cursar disciplinas na UFT.

Em 2004, os cursos até então pertencentes à UNITINS, portanto sob a égide do Conselho Estadual de Educação, foram regularizados junto ao Conselho Nacional de Educação e, a partir desse procedimento legal, a UFT pode diplomar seus concluintes.

Ainda em 2004, após um período de discussões na comunidade acadêmica, foi aprovado o Regimento Acadêmico da instituição, documento que dispõe sobre todos os procedimentos, de ingresso de alunos a conclusão do curso.

O Censo Educacional é uma determinação legal, de fundamental importância para tomadas de decisão, sejam elas internas ou externas, sendo neste caso determinante para a distribuição orçamentária do governo federal. Sua realização é anual.

Criação e elaboração do Catálogo dos Cursos de Graduação em 2005, seguindo determinação legal. Neste documento constam todas as informações necessárias sobre as condições de ensino, como descrição de sua estrutura acadêmico-institucional, os currículos dos cursos de graduação, a listagem do corpo docente e respectiva titulação, o detalhamento dos laboratórios e demais dispositivos.

O Programa Institucional de Monitoria (PIM) destina-se aos alunos da graduação e propõe incentivar a participação do acadêmico nas atividades universitárias, e assegurar a cooperação entre professores e estudantes no que se refere à orientação acadêmica, científica e ao planejamento de atividades didático­pedagógicas.

O Programa Institucional de Monitoria para o Índio (PIMI), instituído pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão tem como objetivo constituir elo entre professores e alunos, visando ao desenvolvimento dos conhecimentos e habilidades necessárias para o sucesso acadêmico dos alunos indígenas.

O Programa de Educação Tutorial (PET) consiste de um conjunto de atividades acadêmicas desenvolvidas, em padrões de qualidade e excelência, mediante grupos de aprendizagem tutorial de natureza coletiva e interdisciplinar, por grupos de estudantes da graduação, orientados pelo princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, com a tutoria de um docente da Instituição.

O Fórum de Ensino, Pesquisa e Extensão (FEPEC), realizado a cada dois anos, é o evento onde as questões da universidade são discutidas amplamente por toda a comunidade acadêmica.

Para atender demandas da comunidade tocantinense, em 2006, foram criados os cursos de Medicina, Engenharia Florestal, Ciências Sociais e Serviço Social, para serem implantados, a partir do segundo semestre de 2007, respectivamente, nos campus de Palmas, Gurupi, Tocantinópolis e Miracema.

A UFT aprovou em 2006, após um longo debate, Educação a Distância na Instituição, que efetivamente ocorreu em 2007, com a criação do Curso de Licenciatura em Biologia à Distância.

Recentemente, a UFT aderiu ao Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – REUNI, criado pelo governo federal por meio do Decreto nº. 6.096/2007. O REUNI tem como finalidade imediata o aumento das vagas de ingresso e a redução das taxas de evasão nos cursos presenciais de graduação. É um plano focado numa formação mais humana, observando a interdisciplinaridade, flexibilidade e mobilidade acadêmica.

De imediato a UFT criou 14 novos cursos, com implantação prevista para 2009/2, cujos Projetos Pedagógicos seguem as orientações do REUNI.

Para os próximos anos, a UFT reserva transformações ainda maiores, como a ampliação da pós-graduação, contratação de professores e técnicos administrativos, reformulações pedagógicas, construção de novos prédios, além de investimentos na atual estrutura.

A Pesquisa e a Pós-Graduação

A pesquisa é indispensável para a vida universitária. É fundamental que a Universidade defina suas linhas de pesquisa em consonância com as necessidades da sociedade, estabelecendo parcerias com o poder público e a iniciativa privada, tanto no que tange a execução dos projetos como na formação de pesquisadores.

De acordo com o Catálogo das Condições de Oferta de Ensino dos Cursos de Graduação, algumas temáticas regionais consideradas prioritárias têm motivado as pesquisas da UFT, a destacar:

-As diversas formas de territorialidade no Tocantins – estudos são desenvolvidos para conhecimento das ocupações espaciais pelos indígenas, afro­descendentes, entre outros grupos, bem como identificando as múltiplas identidades e as diferentes manifestações culturais presentes na realidade do Tocantins e, ainda, estudos das questões da territorialidade como princípio para um ideal de integração e desenvolvimento local.

-Desenvolvimento de novas tecnologias na agropecuária – a grande atração dos investidores pelos grãos e frutas cultivados no Tocantins, bem como a expansão do mercado de carne impulsionam a UFT a buscar novas tecnologias que permitam a melhoria da qualidade de vida da população, especialmente da população rural.

-A riqueza e a diversidade natural da Região Amazônica – grupos de pesquisa estão viabilizando estudos sobre a biodiversidade e as mudanças climáticas, focada na preservação dos ecossistemas locais e das regiões de transição entre grandes ecossistemas brasileiros presentes no Tocantins -cerrado, floresta amazônica, pantanal e caatinga -que caracterizam o estado como uma região de ecótonos.

-Inclusão social – A UFT, compromissada com a melhoria do nível de escolaridade no estado, considerando a heterogeneidade da população tocantinense, desenvolve ações voltadas para a educação indígena, educação de jovens e adultos e educação rural.

-Fontes alternativas de energia – Com o constante aumento do preço do petróleo e diante da perspectiva de sua escassez em poucas décadas, os governos têm incentivado a busca por “fontes alternativas de energias socialmente justas, economicamente viáveis e ecologicamente corretas”. A UFT assume este desafio e desenvolve pesquisas nas áreas de energia renovável.

Vale salientar que em todos os campi da Instituição, professores mestres e doutores estão inseridos em algum projeto de pesquisa, cursos de pós-graduação ou participam de eventos científicos com o apoio da universidade.

Em 2003, a universidade contava apenas com um único curso de pós­graduação stricto sensu (Mestrado em Ciências do Ambiente), em 2008, esse número passou para nove, sendo dois minters. Quando de sua implantação em 2003, a UFT não possuía nenhum curso de doutorado. Atualmente conta com três cursos de doutorado interinstitucional e teve aprovado, em agosto de 2008, pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), seu primeiro doutorado (Ciência Animal Tropical), no Campus Universitário de Araguaína. Esse é o primeiro doutorado na área em toda a Região Norte, e entre os estados que compõem a Amazônia Legal.

As bolsas de iniciação científica que em 2003 eram apenas oito, hoje totalizam 105, patrocinadas pelo PIBIC/UFT/CNPq/FAPTO.

A Extensão

No atendimento ao estabelecido em sua missão, a UFT definiu as diretrizes visando uma ampla discussão com a comunidade, a partir da qual formulou programas e projetos de extensão no sentido de sua integração permanente ao ensino e à pesquisa. Nas rotineiras discussões sobre a participação dos estudantes em programas de inclusão social, tem priorizado com bastante ênfase a erradicação do analfabetismo, o combate à fome e o desenvolvimento local.

No âmbito interno, são organizados frequentemente eventos que têm como público alvo tanto a comunidade interna como externa.

A Universidade participa de programas sociais: ‘Fome Zero’, do Governo Federal, promovendo a formação de Agentes de Segurança Alimentar; ‘Por um Brasil Alfabetizado’, atendendo jovens e adultos; ‘Segurança Alimentar’, destacando a implantação do Consórcio de Segurança Alimentar e Desenvolvimento Local (Consad) na região norte do Estado, conhecida como Bico de Papagaio; ainda no Bico do Papagaio, a implantação da ‘Agenda 21’, programa que busca o desenvolvimento conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica com base nas potencialidades regionais”.

Em levantamento realizado pela Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (PROEX) em 2004, constatou-se o seguinte: 80% de seus alunos cursaram integralmente ou parcialmente o ensino médio em escolas públicas; mais de 60% se autodenominaram pardos e pretos, portanto, afrodescendentes; e uma população estudantil de 3% de origem indígena. Essa constatação definiu a política de cotas da UFT visando o acesso de alunos por Vestibular em 2005. Do total de vagas oferecidas para os dois semestres do ano seguinte, 5% foram destinadas aos candidatos indígenas, uma vez que tal população ainda é incipiente numa instituição localizada em um Estado que abriga oito etnias.

Aglutinando diferentes setores da comunidade universitária, a UFT criou a Comissão Especial para a Promoção de Políticas da Igualdade Racial visando aprofundar discussões acerca do acesso e permanência à Instituição, numa perspectiva social, cultural e étnico-racial.

IV – CONSIDERAÇÕES FINAIS

A sociedade precisa não apenas de uma grande, mas de uma excelente instituição de ensino superior que tenha uma nova postura, baseada em valores humanitários, que promova a formação profissional cidadã, com uma cidadania ativa e participativa. Esta postura ativa, não mais deve ser baseada na percepção dos gestores, mas uma postura com mais engajamento, identificação e ação.

Entendemos que a UFT está cada vez mais empenhada em se afirmar como uma universidade com perfil moderno e, assim, proporcionando uma integração crescente com a comunidade na qual está inserida.

Apresentamos e discutimos a trajetória da recém-criada Universidade Federal do Tocantins e apresentamos alguns resultados mais significativos alcançados neste curto período de sua existência. Nossa meta foi trazer esta discussão visando suscitar reflexões no âmbito da comunidade em geral, evidenciando as constatações no que diz respeito à necessidade de atendimento às demandas emanadas tanto do público interno como do externo. Estamos convencidos, pelas crescentes demandas que vêm sendo registradas, os diversos programas implementados pela UFT, que ela vem atendendo as necessidades sociais. A cota para alunos indígenas, o programa institucional de monitoria, o programa institucional de monitoria indígena, o programa de bolsa-estágio, os programas de iniciação científica, o programa de educação tutorial, os programas de intercâmbio interinstitucionais e o programa de mobilidade acadêmica, dentre outros, têm proporcionado uma melhor qualidade de vida, tanto profissional como pessoal aos alunos. Aos docentes, a qualificação instituída na universidade já permitiu que dezenas de professores se afastassem para melhorar sua titulação. Para os técnico-administrativos, a UFT tem promovido capacitação funcional, com vistas a melhoria do desempenho, com educação

continuada para fins de progressão.

O estudo nos leva a concluir que a UFT tem uma clara visão do que

representa para a sociedade tocantinense e uma demonstração de todo o seu

empenho para suprir as carências da população, dentro da sua área de atuação, o

que exige uma personalidade organizacional forte e dinâmica para assumir essa

liderança.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Reforma da Educação Superior. Cinco razões. Disponível em: Acesso em: 22 abril 2008.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Plano de Desenvolvimento da Educação. 2007. . Acesso em 21 setembro 2008.

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA. Relatório de Implantação da Fundação Universidade Federal do Tocantins. Brasília, 2004.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS. Plano de Desenvolvimento Institucional (2007-2011). Palmas, 2007.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS. Planejamento Estratégico 2006-2010. Por uma universidade consolidada e democrática, inserida na Amazônia. Palmas, 2006.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS. Projeto Pedagógico Institucional. Palmas, 2007.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS. Caminhos para a cidadania e o desenvolvimento (Prospecto). Palmas, 2008.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS. Relatório de Gestão 2004. Palmas, 2004.

 

Autor deste artigo: Enedina Betânia Leite de Lucena Pires Nunes - participante desde Qua, 10 de Dezembro de 2008.

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