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Escrito por Nilton Bruno Tomelin   
Sáb, 29 de Agosto de 2009 20:14

Uma das obras mais importantes de Anísio Teixeira e da literatura educacional brasileira tem como título “Educação não é privilégio”. Nela o autor analisa, nas décadas de 50 e 60 do século passado, o comportamento quantitativo e qualitativo da educação oferecida aos brasileiros, considerando que o modelo de então, não supria as reais demandas evidenciadas. Cerca de 50 anos depois nos deparamos com discussões semelhantes e constata-se que o chamado sistema não se encontra preparado para universalizar o acesso, e menos ainda o sucesso escolar. Há um aparente inchaço, onde há um excedente para o qual ainda não se encontrou um lugar e por isso, o comprometimento da qualidade da educação oferecido a todos.

 

 

Em outras palavras deseja-se a inclusão, mas efetivamente não se organiza o espaço para abrigar mais e melhor as pessoas. Quando milhares de pessoas não tinham acesso à escola e não havia uma preocupação e/ou obrigação em oferecer-lhe nela algum espaço, tudo isto era uma discussão romantizada acerca do compromisso social da educação. Certamente poucos souberam compreender os dizeres de Anísio Teixeira e outros pensadores como Darcy Ribeiro e Paulo Freire que sensíveis ao problema vislumbravam discussões e apontavam caminhos que trouxessem a educação brasileira ao futuro.

 

Este futuro chegou, e sem a devida atenção, estes pensadores tornam-se absolutamente atuais. Constata-se diante disto que perdemos este meio século por absoluta desatenção ao que é um tanto óbvio. Analisando a escola pública, por exemplo, é elementar que por ser pública, pertence a todos e deve ser freqüentada por todos. Mas a resistência a esta obviedade vem consumindo cérebros, dignidade e esperanças. A aparente inclusão tem provocado uma espécie de seleção natural entre os que ocupam o mesmo espaço, lançando uma grande maioria a uma certa forma de subserviência imobilizadora.

 

Os que não desejam formar a chamada ‘massa trabalhadora’ acendem a níveis mais elevados de estudos e aos condenados a pertencer a esta massa é oferecida formação técnica suficiente para desempenhar certas funções laborais. A estas pessoas não é oferecida qualquer esperança de libertação de sua condição, mas ao contrário é oferecida uma educação conformista em relação a hipótese de poder sobreviver em meio a tantos percalços onde muitos sequer aventam tal hipótese. Assim, pode-se dizer, que neste início de século é um privilégio aprender um oficio e privilégio ainda maior libertar-se de certas alienações (tal qual ocorria na idade média).

 

A discussão em torno da educação tal qual temos hoje, leva-nos a compreender que ela própria gera o que mais condena: a exclusão. Compreende-se assim, pois se verifica a consolidação de privilégios, através dos quais alguns escolhidos pelas circunstâncias ascendem e outros simplesmente perdem o rumo do seu próprio futuro. Neste sentido TEIXEIRA (1977, p. 22) afirma que “passar pela escola, entre nós, corresponde a especializar-nos para a classe média ou superior. E aí está a grande atração. Ser educado escolarmente significa, no Brasil, não ser operário, não ser membro das classes trabalhadoras”. Esta constatação determina uma nova preocupação em relação a formação do trabalhador: fazê-lo um profissional intelectualizado capaz de renovar sua esperança.

 

Esta poderá ser uma grande revolução que finalmente fará surgir uma nova educação, que possa privilegiar a todos e a todas (trans)formando-os e (trans)formando-as em sujeitos de sua própria existência. Esta revolução, preconizada por Anísio Teixeira e por muitos, não é recente mas ainda perambula pelos campos da utopia. Distancia-se da realidade a medida em que privilegia-se uma verdadeira dessecação sócio-intelectual estabelecendo-se um ritual de seleção de pessoas. Mais grave ainda é o fato de que cristalizou-se este processo, conformando os excluídos de sua condição e convencendo os privilegiados da necessidade de consolidar a sua. Tudo isso demandará uma ruptura conflitante típica de uma revolução.

 

Para isso é preciso coragem, determinação e solidariedade para fazer dos meninos e meninas que estão nos bancos escolares, verdadeiros revolucionários. Revolucionários dispostos a partilhar sua existência e construir uma dignidade coletiva onde aos diferentes, sejam garantidas iguais condições de simplesmente ser!

 

Prof. Nilton Bruno Tomelin*

 

Referências bibliográficas

 

TEIXEIRA, Anísio Spínola. Educação não é privilégio. 4ª edição. São Paulo. Editora Nacional, 1977.

 

*Mestre em educação pela Universidade Regional de Blumenau – SC (FURB). Endereço eletrônico: Este endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo.

 

 
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