O espaço escolar, sobretudo a sala de aula, para muitos professores, passou a ser um espaço de conflitos e stress. Muitos não entendem o comportamento de seus alunos diante de suas propostas de trabalho. Ficando, os professores, mais preocupados em criar espaços agradáveis do que propriamente em desenvolver as atividades propostas em seu planejamento, legitimados pelos objetivos da Disciplina e pela Filosofia do Curso. Afinal, pedir para prestar atenção na aula pode resultar em agressões físicas ou morais. Realidade comum nos meios educacionais e que preocupa muitos professores.

 

 

 

Objetivamente, intenciona-se aqui, promover uma discussão sobre a importância de o professor planejar suas atividades de ensino, não importando o Grau ou instituição em que se encontre. A discussão é possível para o Ensino Fundamental, Médio, Graduação e Pós-Graduação. Instituições públicas ou privadas.  Entende-se que os conflitos estão presentes em todas, indiscriminadamente.

 

É preciso abandonar a idéia de que a sala de aula é um espaço homogêneo, composta por pessoas dispostas a ouvir e aceitar, tranquilamente tudo que o professor tem a dizer. Os tempos são outros. As pessoas mudam a todo o momento e seus interesses também. Nessa lógica, torna-se necessário entrar em sala de aula com uma proposta clara e objetivamente articulada às realidades ouvintes.  O professor é a pessoa de natureza competente e, portanto, a referência no processo de ensino-aprendizagem. Assim deve ter sensibilidade para perceber não só a sua função, mas a importância da sua função.

 

Dentre todos os personagens que integram uma instituição educacional, o professor fica com papel principal. Cabe-lhe a tarefa crucial de se apresentar várias horas por dia perante uma ou mais platéias heterogêneas é nada fácil de cativar. Os estudantes são crianças, adolescentes ou adultos e nem sempre estão espontaneamente interessados nos temas que são objeto das aulas que têm de assistir. (GIKOVATE, 2001, p. 49)

 

Ser professor é aceitar os desafios constantes de perceber seu público, sensibilizar-se e articular suas práticas de ensino a esse público. Como argumentava Freire (1996), não é possível respeitar o educando sem levar em consideração o seu ser em formação bem como suas condições de existência.

As pessoas são frutos de um mundo que se transforma numa velocidade assustadora, cabe ao professor estar atento e sensível a essas transformações.

Desvelar a diversidade social, política, religiosa e econômica presente na sala de aula pode ser um grande indicador para o professor elaborar um bom Projeto de Ação, também chamado de Planejamento de Ensino. É fundamental que o professor esteja aberto a essa troca e despido de preconceitos

Para Rocha (apud Rocha, 2009) duas etapas são importantes nesse processo do desvelar: a primeira, a necessidade de o professor se apresentar constantemente, expondo sua história de vida, sua trajetória profissional, sua produção científica, sua expectativa com relação à turma. É um bom momento para deixar os alunos a vontade para interagir com o professor. Por isso deve ser o mais descontraído possível, permitindo ao aluno perceber que o professor é alguém que pode contribuir para o seu crescimento pessoal e intelectual. A segunda seria o momento de apresentação dos alunos, onde além do nome e da idade outras informações ganham relevância, como: por que escolheu esse curso, se reside no município, se é casado.  Nessa etapa é possível o professor perceber os alunos mais introvertidos, bem como os mais extrovertidos, os alunos-trabalhadores e até mesmo aqueles que se encontram perdidos diante das propostas do curso em que se encontram.

É importante saber que o Planejamento de Ação não é algo pronto e acabado, mas em constante (re) elaboração. É necessário que o professor tenha consciência de que o seu planejamento está atrelado a outro planejamento e, portanto não podem andar separados. O Planejamento do professor deve ser um reflexo do planejamento do curso. Ter essa clareza é um bom caminho para traçar os objetivos a serem alcançados, caso contrário, a improvisação poderá ser uma constante, e por mais esperto que seja o professor, não será compreendido, logo não será ouvido. Naturalmente o descaso, a indisciplina, o stress e os conflitos virão à luz.

Evidentemente que outros caminhos existem, mas desvelar a pluralidade da sala de aula pode ser um grande passo para o sucesso das aulas, reduzindo os desconfortos dos professores e dos alunos.

 

REFERÊNCIAS

 

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários a prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. (Coleção leitura)

GIKOVATE, Flávio. A arte de educar. Curitiba: Nova Didática, 2001.

ROCHA, Manoel José Fonseca Rocha. Metodologia do Ensino Superior. Centro Universitário Leonardo da Vinci. – Indaial: ASSELVI, 2009.

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Manoel José Fonseca Rocha

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Licenciado em Estudos Sociais e História, Especialista em Metodologia do Ensino Superior e Mestre em Educação. Professor de História da Escola Técnica do Vale do Itajaí, escola de Ensino Médio da Fundação Universidade Regional de Blumenau – ETEVI/FURB, de Sociologia do Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI e de Metodologia do Ensino Superior do Instituto Catarinense de Pós-Graduação – ICPG.