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Edições Anteriores 209 A comunicação de crianças com o mundo real através do brincar
A comunicação de crianças com o mundo real através do brincar PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Mara Léa Simões de Paiva   
Qua, 04 de Novembro de 2009 12:45

Mestranda em Comunicação pela Universidade Paulista - UNIP /SP
Professora no curso de Pedagogia da UNIP , SENAC/SP e Diretora
Administrativa da AUNIPEDAG.BR.( associação universitária de
pedagogia do Brasil )

 

Resumo  - Os fabricantes e as lojas de brinquedos a cada dia apresentam mais novidades para que as crianças possam brincar e entrar em um mundo encantado e na  magia dos sonhos. Futuros professores estudam em cursos de Pedagogia, a especificidade de cada brinquedo , principalmente por estarem em contato com  pensadores como Froebel, que em seu tempo, já falava sobre o quanto a criança aprende e se desenvolve através de atividades que proporcionam descobertas e a possibilidade do imaginário. Depois de Froebel , John Dewey trouxe essa discussão que vive até hoje e tem sido fonte de muitos estudos .

 

Este artigo pretende apontar a importância do trabalho de professores junto às brinquedotecas e a nova legislação que prevê brinquedos específicos para crianças com deficiência visual em todos os espaços adequados para brincar . Este artigo se propõe também a demonstrar a importância de atividades práticas nos cursos de Pedagogia e as possibilidades de recreação e vivências neste espaço chamado de brinquedoteca presente em hospitais, escolas, shopping centers , hipermercados, hotéis etc , que proporciona  a comunicação da criança com o mundo imaginário. 

Palavras- chave – brincar , imaginário , comunicação.


1. Como tudo começou


As brinquedotecas surgiram em Los Angeles nos EUA em 1934 em virtude do furto de brinquedos que ocorria nas maravilhosas lojas. Os americanos  tentaram um sistema como o das bibliotecas , de empréstimo de brinquedos,  que não deu certo. Surgiu então esse espaço encantado para que as crianças pudessem , além de brincar, entrar no mundo imaginário que segundo Froebel :

“viver de acordo com sua natureza , tratada corretamente , e deixada  livre , para que use todo o seu poder” . Segundo ele, “a criança precisa aprender desde cedo como encontrar por si mesma o centro de todos os seus poderes e membros, a criança deve ser produtiva e criativa’’.

A partir dos 2 anos e até os 4 anos  , segundo Jean Piaget, a criança começa a entrar no imaginário , faz imitações, representações que complementam o desenvolvimento da fala levando-a às narrativas . Para ele, a criança é capaz de criar histórias e dramatizá-las com riqueza de detalhes. A partir das brincadeiras e atividades espontâneas a criança faz descobertas, aprende regras, possibilidades, aprende a viver em grupo e a resolver problemas.

Afirma Dewey:” é brincando , que a criança fixa os hábitos na  memória.

Se o meio não for bom a criança aprende maus hábitos e maneiras   erradas de julgar – são difíceis de corrigir porque foram fixados e vivenciados em situações de brincadeira”.

 

Nas escolas, muitos são os momentos reservados para brincar e os estímulos freqüentes para que cada criança crie seu espaço dentro dos ‘cantos’ propostos nas brinquedotecas . Professores estão preparados para atuar diante de todas as possibilidades de representação, inclusive aquelas que acabam por revelar momentos vividos que não foram prazerosos como por exemplo : a criança que imita pais violentos, crianças que demonstram situações delicadas vividas em casa etc. Para Vygotsky , esse é  o “jogo sem prazer”  .

Nos hospitais, existem outras exigências além das comuns : 1- os brinquedos devem ser adequados para higiene freqüente e não devem ter componentes que possam causar alergias etc ; 2-deve manter pedagogos para situações de alunos fora da escola para tratamento médico contínuo e que devem ser assistidos pedagogicamente.

Para os deficientes visuais, os brinquedos devem ser ricos em texturas e sons , devem estar ao alcance das mãos e não oferecer riscos.

Em todos os casos, as brincadeiras acontecem e são sempre ricas proporcionando diversas sensações e comunicação com o mundo dos sonhos, o imaginário.     

A dificuldade que os educadores infantis encontram em incluírem a brincadeira na escola infantil sem incorrer na “didatização” ou no abandono do brincar adquire uma configuração original em razão a pendulação histórica entre o ensino dirigido na escola infantil e sua evitação através da defesa da exclusividade do brincar  ( Brougere , apud WAJSKOP , 1995, p.50 ).

2. O aprendizado dos pedagogos

O curso de pedagogia forma , hoje, o pedagogo generalista. Esse profissional pode atuar como professor na Educação Infantil, nos anos iniciais do Ensino Fundamental  , como Orientador Educacional , Coordenador Pedagógico , Gestor ( diretor de escolas ) , em treinamento nas empresas, como recreacionista em hotéis, nas brinquedotecas etc, este profissional cursa em média, sete semestres e tem em sua matriz curricular estágios acadêmicos de observação além das teorias equivalentes . Os estágios de observação são obrigatórios e devem acontecer tanto nas escolas públicas como nas particulares , o que faz com que ele tenha subsídios para comparar e fazer escolhas em  sua atuação.

Este aluno produz muito e tem a prática na proporção adequada para seu futuro desempenho. As escolas particulares contratam com freqüência esses –ainda- alunos para estágios remunerados o que faz com que possam ter mais experiência e mais flexibilidade para atuar futuramente diante de tantos modelos que passam a vivenciar diariamente.

O Brasil ainda tem carência de professores principalmente no interior dos estados e em regiões distantes, precisamos formar muito mais profissionais capacitados para que a educação cresça e passe a ser de boa qualidade.

A profissão de pedagogo ainda não é regulamentada e sofre inúmeras restrições e alterações em sua carga horária por não ter Conselhos Federal e Regionais. Com constância temos visto as mudanças a que o curso de pedagogia é submetido além da fala de senadores e ministros, que colocam esse importante profissional em patamares de desrespeito.

Faz um ano que a revista Veja publicou uma matéria com a antropóloga Eunice Duran, que sem nunca ter vivenciado uma sala de aula com crianças e o pátio de uma escola, colocou os pedagogos como meros acompanhantes de crianças sem gabarito e com carência de prática . Segundo ela, seriam os pedagogos corporativistas mesmo sem um piso salarial maior que um salário mínimo e sem os Conselhos Federam e Regionais !

Mas não é essa a verdade.

Temos formado excelentes profissionais que se destacam em escolas diversas e em todos os cantos do país. Temos visto trabalhos criativos, ricos em vivências e oficinas. O lúdico tem sido explorado com sabedoria e responsabilidade no entanto, essa categoria de profissionais tem sido vítima de ataques , o que jamais deveria acontecer. É preciso respeito, é preciso cuidar das universidades, acolher esses profissionais e crias espaços para que eles possam ocupar cargos e postos que estão com outros profissionais também gabaritados, o caso das brinquedotecas onde, o pedagogo é o profissional mais indicado, é ele quem conhece a especificidade de cada brinquedo, como trabalhar com ele e de que forma observar a criança e avaliar a representação, a comunicação e suas variações.

 

3. A importância da comunicação com o mundo dos sonhos.

A brincadeira favorece a auto-estima das crianças , auxiliando-as a superar , progressivamente , suas aquisições de forma criativa. O brincar portanto, contribui para o crescimento dos modelos do adulto no âmbito de diversos grupos sociais .

Nas brincadeiras , as crianças transformam os conhecimentos que já possuíam com os que passam a conhecer, o que podemos entender como sendo a comunicação com o  “mundo dos sonhos”. A fonte de seus conhecimentos é múltipla ( modelos familiares, em desenhos, filmes ,na escola etc) que ainda se encontram fragmentados, e que entram em contato com o mundo encantado .

A partir da oportunidade de vivenciar brincadeiras imaginativas e criadas por elas mesmas, as crianças podem acionar seus pensamentos para a resolução de problemas que lhes são importantes e significativos.

São várias as categorias que apresentam o ‘brincar’ :o movimento e as mudanças da percepção resultantes da mobilidade física dos que brincam; a relação com objetos e suas propriedades físicas assim como a combinação e associação entre eles ;a linguagem oral e gestual, formas de comunicação que oferecem vários níveis de organização para serem usados nas brincadeiras;conteúdos sociais  como papéis , situações , valores e atitudes que se referem à forma com a qual o universo social se constrói e os limites definidos pelas regras  .

Podemos concluir portanto, que a brincadeira é fundamental no processo de crescimento da criança, ela precisa se sociabilizar, fazer descobertas e entrar em contato com o mundo imaginário que será interpretado e acompanhado pelos seus pais e  professores , aqueles pedagogos aptos a trabalhar com essas crianças e incentivar a comunicação através dessa linguagem simbólica do mundo dos sonhos.

Precisamos de pedagogos e de respeito por eles, precisamos de regulamentação dessa profissão e de Conselhos Federal e Regionais para que os pedagogos passem a ser protegidos e amparados em seu caminho.

Para que nosso país cresça em cultura, precisamos de educação, comunicação e muito respeito pelas nossas crianças.

Referências :

KISHIMOTO ,Tizuko Morchida. O Brincar e suas teorias . São Paulo : Pioneira , 2002.

PIAGET, Jean .A formação do símbolo na criança . Rio de Janeiro : Zahar, 1978.

REGO, Tereza Cristina. Vygotsky :uma perspectiva histórico-político cultural da educação.Petrópolis RJ: Vozes,1995.

 

 
Autor deste artigo: Mara Léa Simões de Paiva

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