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Alfabetização Emocional |
Escrito por Fabiana Guerra Afonso Ala |
Qua, 14 de Abril de 2010 00:00 |
INTRODUÇÃO
Faremos ainda um breve relato dos clássicos Piaget, Vygotsky, Wallon em relação ao papel das emoções. Apesar de algumas divergências em suas teorias, fica claro que no momento das discussões sobre razão/emoção, as teorias são unânimes em ressaltar: não se separa a razão da emoção – elas se completam o tempo todo para proporcionar um equilíbrio mental e corporal. No primeiro capítulo, este estudo nos levará a compreensão de que o ser humano é um ser complexo, portanto, a educação deve repensar suas práticas pedagógicas com intuito de formar os discentes para uma vida em um mundo agitado e em constantes transformações. No segundo capítulo, exploraremos a integração do cérebro, corpo e ambiente, mostrando que o homem é um sistema interativo. Aprofundaremos nossa pesquisa no âmbito biológico para comprovar a influência da emoção/razão no ser humano. Falaremos sobre o papel da empatia nos relacionamentos, sobre o desenvolvimento das emoções (inteligências intra e interpessoais) e da importância das mesmas para uma educação mais reflexiva, possibilitando a formação do intelecto/cognitivo e educando as emoções para uma vida mais feliz, equilibrada e capaz de adequar-se as constantes mudanças em nosso cotidiano.
A educação está em busca de novas alternativas para aprimorar a construção do conhecimento. Há algum tempo a maioria das escolas entendem que o bom aluno não é aquele que obtém notas altas e dominam apenas o raciocínio lógico. Muito se tem falado nas Inteligências Múltiplas, teoria de Howard Gardner, na qual descreve com segurança de pelo menos sete tipos de inteligências diferentes: lingüística, lógico-matemática, corporal-cinestésica, musical, visuo-espacial, interpessoal (em relação aos outros), intrapessoal (em relação a si mesmo). Segundo ele, essas inteligências são sete jeitos diferentes de conhecer o mundo, e a maior ou menor aptidão para cada uma delas define um perfil de cada aluno, de cada pessoa. Neste estudo iremos aprofundar nas Inteligências Interpessoal e intrapessoal, também conhecidas como Inteligência Emocional, teoria descrita por Daniel Goleman (1995), na qual fala da importância de "educar" as emoções e fazer com que os alunos também se tornem aptos a lidar com frustrações, negociar com outros, reconhecerem as próprias angústias e medos, etc. A influência dessa teoria sobre a educação é totalmente positiva, pois chama a atenção para o fato de que as escolas não devem se preocupar apenas com a inteligência de cada aluno, mas também com o desenvolvimento de sua capacidade de se relacionar bem com o outro e consigo mesmo. Goleman (1995) chega a falar em "alfabetização emocional", como uma espécie de nova matéria, e em "lições emocionais". Mesmo que essa idéia tenha o mérito de chamar a atenção para a necessidade de levar em conta, de forma mais consciente, o desenvolvimento emocional dos alunos, ela merece uma ressalva, na medida em que não se aprendem emoções apenas recebendo lições, mas principalmente negociando-se com os outros. Quando se cria rotinas escolares repletas de situações em que os alunos trabalham em equipe, discutem regras de vida, falam sobre suas aflições, etc., podem surgir dificuldades emocionais, e a necessidade de negociar com os outros para superá-las pode fazer as crianças evoluírem.
É imprescindível ressaltar a importância e a influência das emoções em nossas vidas. Por esse motivo, a alfabetização emocional é fundamental para um melhor desenvolvimento do ser humano. Para elevar a importância das emoções, teóricos estudaram a evolução do cérebro com o propósito de identificar e fundamentar o papel da emoção na construção do conhecimento. A emoção não se expressa restritamente no ato de falar, é através da dinâmica corporal que se revela o emocionar de cada um. É o fluir contínuo das emoções que modela o nosso cotidiano e todo o nosso viver, constituindo assim, o fundamento de tudo que realizamos. As emoções, os sentimentos, a linguagem e pensamentos estão todos interligados para coordenar o nosso corpo como um todo.
Todo sistema racional emerge como um sistema de coordenações, tendo como base as emoções vividas no instante em que estamos pensando. A existência humana se realiza na linguagem e no racional a partir do emocional. As emoções são disposições corporais que surgem a partir de mudanças estruturais (químicas, energéticas, neurais, etc.) e que especificam o domínio de ações em que o individuo se encontra. Assim, o pensar, o sentir, e o atuar humano são fenômenos que ocorrem sob o ponto de vista biológico e se manifestam em qualquer situação. (MATURANA apud MORAES, 1995, p. 57)
Todos esses aspectos nos levam a compreender que o sistema racional tem suas bases no emocional. Para maiores comprovações, aprofundaremos na evolução do nosso cérebro.
1.1. Cérebro Humano: sua evolução
Para entender a influência das emoções sobre a razão e por que o sentimento e a razão estão sempre em conflitos, vejamos como o cérebro evoluiu. O cérebro humano pesa em média um quilo de células e humores neurais. Ao logo da evolução, ele cresceu de baixo para cima, os centros superiores desenvolvendo-se como elaboração das partes inferiores, mais antigas. (O crescimento cerebral no embrião humano refaz mais ou menos esse percurso evolucionário). A parte mais primitiva do cérebro é o tronco cerebral em volta do topo da medula espinhal. Esse cérebro-raiz regula funções vitais básicas, como a respiração e o metabolismo dos outros órgãos do corpo, e também controla reações e movimentos estereotipados. Não se pode dizer que esse cérebro primitivo pense ou aprenda; ao contrário, ele se constitui num conjunto de reguladores pré-progamados que mantêm o funcionamento do corpo como deve e reage de modo a assegurar a sobrevivência. Da mais primitiva raiz, o tronco cerebral, surgiu os centros emocionais e após milhões de anos, na evolução dessas áreas emocionais, desenvolveu-se o cérebro pensante, o grande bulbo de tecidos ondulados que forma as camadas externas. O fato de o cérebro pensante ter se desenvolvido a partir das emoções revela muito acerca da relação razão e sentimento; existiu um cérebro emocional muito antes do surgimento do cérebro racional. A mais antiga raiz de nossa vida emocional está no olfato que absorviam e analisavam o cheiro. Do lobo olfativo, começaram a evoluir os antigos centros de emoção, que acabaram tornando-se suficientemente grandes para envolver o topo do tronco cerebral.
Hoje é a Neurociência que defende o levar a sério as emoções. As novas da ciência são encorajadoras. Dizem-nos que, se dermos mais atenção sistemática à Inteligência Emocional – ao aumento da autoconsciência, a lidar mais eficientemente com nossos sentimentos aflitivos, manter o otimismo e a perseverança apesar das frustrações, aumentar a capacidade de empatia e envolvimento, de cooperação e ligação social – o futuro pode ser mais esperançoso. (GOLEMAN apud ANTUNES, p. 27)
Pode parecer prescindível a um professor conhecer esses amplos sistemas, salvo como detalhe de um estudo de neurobiologia, e realmente isso não faz parte das pretensões da Alfabetização Emocional. A importância que existem nesses estudos é o reconhecimento científico de que a identificação do centro de processamento cientifica da emoção é perceptível. O recente avanço da ciência (psiquiatria, psicologia, neurofisiologia) tem demonstrado a importância das emoções nos processos decisórios e no desempenho profissional dos indivíduos ou grupo. Porém a falta de aptidão emocional dos indivíduos pode gerar dificuldades pessoais, familiares, escolares, de interação social e no trabalho. Sendo assim, as escolas estão se alertando para a necessidade de adotarem diretivas que considerem as necessidades de seus alunos em relação a sua formação emocional, que não é apenas uma tarefa para os pais.
1.2. O papel das emoções na educação
A dicotomia emoção/razão aproxima-se da distinção que popularmente é feita entre “coração” e “cabeça”; saber se uma coisa é certa “aqui dentro do coração” é um tipo diferente de convicção - tem um sentido mais profundo, ainda idêntico àquela adquirida através da mente racional. Há uma acentuada gradação na proporção entre controle racional e emocional da mente. Fica claro constatar que temos, então, duas mentes – a que raciocina e a que pensa. Essas duas mentes, a emocional e a racional, operam, na maior parte, em estreita harmonia, entrelaçando seus modos de conhecimentos para que nos orientemos no mundo. Em geral, a emoção alimenta e informa as operações da razão e a razão, quando necessário, veta a entrada das emoções. Vale ressaltar que a razão e a emoção são faculdades semi-independentes, cada uma, refletindo o funcionamento de circuitos diferentes, embora interligados, do cérebro. Aplicando essas idéias à educação, podemos identificar que existem emoções que favorecem ou restringem o campo de operações, facilitando ou inibindo o domínio de ação e de reflexão. Por exemplo, a confiança proporciona descontração, à abertura e ao relaxamento, criando estados emocionais e mentais correspondentes. Já o medo restringe o campo de ação e reflexão ao gerar sensações de impotência, desconforto, desconfiança e mal-estar, sensações que limitam ou impedem as ações e reflexões.
O pensamento é inseparável da atividade elétrica e química no cérebro e no sistema nervoso e de concomitantes tensões e movimentos musculares, o que nos leva a perceber que certos tipos de pensamentos e atos podem modificar a composição neuroquímica do cérebro. (BOHN apud MORAES, 1991 p. 82)
Para tanto, necessitamos compreender o ser humano em sua inteireza, reconhecendo que sua identidade humana surge, realiza-se e conserva-se de maneira complexa. Na vida cotidiana, o ser humano atua como um todo, onde pensamento e sentimento encontram-se unidos, conjugando-se de tal modo que fica difícil saber qual dos dois prevalece sobre o outro. A escola precisa encarar o aluno como um ser total, concreto e ativo e de manter-se com o meio social. No ato de conhecer a realidade, ações e pensamentos estão entrelaçados com as emoções e os sentimentos, com os desejos e os afetos, gerando uma dinâmica processual que expressa a totalidade humana, na qual se revela nas ações e nas múltiplas conversações que o indivíduo estabelece consigo mesmo, com o outro, com a cultura e o contexto. O avanço da ciência, da tecnologia e os efeitos da globalização sobre o nosso mundo indicam que estamos em um processo de rápidas transformações nas formas de viver/conviver, nos modos de fazer e de ser, sinalizando a dificuldade de se prever a curto, médio e longo prazo o que deve ser aprendido e as competências necessárias para habitar neste mundo em constantes mudanças. Tais aspectos, associados à gravidade da problemática educacional, apontam a necessidade de um melhor posicionamento diante dos problemas atuais, em especial a urgência de uma reforma paradigmática nos processos de construção e reorganização do conhecimento.
Como educadores, temos que repensar estas questões se pretendemos educar visando à inteireza humana, educar as inteligências interpessoal e intrapessoal, onde pensamentos, emoções e sentimentos estejam em constante diálogo para a formação de uma pessoa. A cognição precisa ser trabalhada e educada para servir à vida, onde todos nós possamos viver em harmonia. Para que o ser humano diante das adversidades não se deixe abater emocionalmente, por mais que uma situação lhe cause medo, raiva ou aversão, ele saiba controlar as emoções usando a razão para uma melhor tomada de decisão.
Convém, entretanto, lembrar que, as circunstâncias atuam sobre o indivíduo e este atua sobre elas, gerando assim uma história de interações recorrentes aonde a estrutura do indivíduo vai mudando continuamente em função de sua plasticidade com o meio. Isto significa que neste processo de interação ocorrem mudanças estruturais internas de acordo com as circunstâncias presentes, ou melhor, de acordo com a relação organismo/meio, onde um afeta o outro a partir de encontros estruturais entre os componentes que interagem. (MATURANA apud MORAES, 1995 p. 64).
Desta maneira precisamos redimensionar o currículo escolar, utilizando filmes, jogos educativos e imagens como representações do mundo exterior, criadoras de climas favoráveis à expressão de diferentes dimensões do ser humano no sentido de catalisar os processos reflexivos, formativos e transformadores capazes de produzir mudanças de atitudes, valores e novas pautas sociais. Podemos utilizar projetos que estimulem o desenvolvimento de comportamentos, habilidades e atitudes e que incentivem a criatividade e o desenvolvimento da consciência crítica e de autonomia. Cabe, então, reconhecer que os ambientes educacionais são espaços de ação/reflexão fundados na emoção, nos sentimentos gerados na convivência. São ambientes onde nos transformamos e construímos o conhecimento através da convivência com o outro e da mediação da aprendizagem.
1.3. A emoção aos olhos dos clássicos: Piaget, Vygotsky e Wallon
O desenvolvimento humano tem sido foco de muitos estudos. Buscando-se a interação entre as teorias dos clássicos Piaget, Vygotsky e Wallon, estudaremos a seguir parte destas teorias a cerca da influência da emoção no processo do ensino aprendizagem. Para isso, voltaremos um pouco na história para constatar que a discussão emoção/razão não é recente. Filósofos e pensadores supunham uma separação entre razão e emoção. Platão (428-347 a.C.) via como virtude a troca de todas as paixões, valores individuais e prazeres pelo pensamento, este sendo um valor universal. Descartes, que viveu no século XVII (1594 -1650), com a famosa frase "Penso, logo existo", também sugeria a separação entre emoção e razão, deixando claro a superioridade da razão sobre a emoção. No decorrer do século XIX a razão, em suas diversas correntes (racionalista, empirista, iluminista e positivista) tornou-se a explicação para a ciência e a vida, sendo a produtora do conhecimento.
Com o advento do Comportamentalismo de Skinner, a aprendizagem passou a ser dominada por aquilo que podia ser observado. Assim, a emoção sendo mais difícil de observar e documentar foi ignorada por muito tempo no processo da aprendizagem. Por influência destes, entre outros pensamentos, a psicologia, por muito tempo, estudou os processos cognitivos e afetivos de maneira separada.
Jean Piaget foi um dos primeiros teóricos a questionar a separação entre cognição e afetividade. Através de sua obra, ele explicita que afetividade e cognição são diferentes em natureza, porém inseparáveis em todas as ações humanas. Toda ação e pensamento compreendem um aspecto cognitivo, que são as estruturas mentais, e um aspecto afetivo/emocional que serve como uma energia propulsora. De forma geral, a afetividade seria, para Piaget, funcional para a inteligência: ela é a fonte de energia pela qual a cognição funciona.
O dualismo afetividade/razão é fácil de ser compreendido quando os termos são entendidos como complementares: afetividade seria a energia, o que move a ação, enquanto a razão seria o que possibilitaria ao sujeito identificar desejos, sentimentos variados, e obter êxito nas ações. Neste caso, não há conflito entre as duas partes. Porém, pensar a razão contra a afetividade é problemático porque então dever-se-ia, de alguma forma, dotar a razão de algum poder semelhante ao da afetividade, ou seja, reconhecer nela a característica de móvel, de energia. (LA TAILLE, 1992 p.65)
Para Piaget (1932), não existem estados afetivos sem elementos cognitivos, assim como não existem comportamentos puramente cognitivos. Quando discute os papéis da assimilação e da acomodação cognitiva, afirma que esses processos da adaptação também possuem um lado afetivo: na assimilação, o aspecto afetivo é o interesse em assimilar o objeto (o aspecto cognitivo é a compreensão); enquanto na acomodação a afetividade está presente no interesse pelo objeto novo (o aspecto cognitivo está no ajuste dos esquemas de pensamento ao fenômeno). A preocupação central de Jean Piaget foi responder à questão de como se constrói o conhecimento. A partir dos estudos em biologia, o interesse pelo desenvolvimento do pensamento se tornou algo interessante, levando a analogia entre a biologia e a inteligência. Para Piaget (1932), a inteligência é uma forma de adaptação, é uma contínua construção, criando formas cada vez mais complexas e buscando uma equilibração progressiva entre o organismo e o meio. Sua teoria é descrita em etapas, uma teoria que pressupõe que os seres humanos passam por uma série de mudanças ordenadas e previsíveis. A criança é concebida como um ser dinâmico, que interage com a realidade, operando ativamente com objetos e pessoas. Essa interação com o ambiente faz com que construa estruturas mentais e adquira maneiras de fazê-las funcionar. O eixo central, portanto, é a interação organismo-meio e essa interação acontece através de dois processos simultâneos: a organização interna e a adaptação ao meio, funções exercidas pelo organismo ao longo da vida.
Para Piaget (1932), então, o conhecimento deve ser construído pelo sujeito, no qual deve ser visto como um ser ativo e capaz de questionar, criticar e de buscar a autonomia, onde seu lado afetivo necessita ser trabalhado constantemente em conjunto com o cognitivo. Falaremos, agora, brevemente sobre a teoria de Lev Vygotsky acerca das emoções. Ele tematizou as relações entre afeto e cognição, postulando que as emoções integram-se ao funcionamento mental geral, tendo uma participação ativa em sua configuração. Reconhecendo as bases orgânicas sobre as quais as emoções humanas se desenvolvem, Vygotsky (1989) buscou no desenvolvimento da linguagem - sistema simbólico básico de todos os grupos humanos.
(...)A separação do intelecto e do afeto, diz Vygotsky, enquanto objetos de estudo, é uma das principais deficiências da psicologia tradicional, uma vez que esta apresenta o processo de pensamento como fluxo autômono de “pensamentos que pensam a si próprios”, dissociado da plenitude da vida, das necessidades e dos interesses pessoais, das inclinações e dos impulsos daquele que pensa. Esse pensamento dissociado deve ser considerado tanto um epifenômeno sem significado, incapaz de modificar qualquer coisa na vida ou na conduta de uma pessoa(...). (OLIVEIRA, 1992 p. 76-7)
Para Vygotsky (1989), um claro entendimento das relações entre pensamento e língua é necessário para que se entenda o processo de desenvolvimento intelectual. Linguagem não é apenas uma expressão do conhecimento adquirido pela criança. Existe uma inter-relação fundamental entre pensamento e linguagem, um proporcionando recursos ao outro. Desta forma a linguagem tem um papel essencial na formação do pensamento e do caráter do indivíduo. As concepções de Vygotsky estão ligadas a uma idéia central para a compreensão do desenvolvimento humano como processo sócio-histórico, que é a idéia de mediação: ajuda que a criança precisa para alcançar um desenvolvimento que ela ainda não atingiu sozinha. O professor é o mediador da aprendizagem do aluno, facilitando-lhe o domínio e a apropriação dos diferentes instrumentos culturais.
A escola tem, então, para Vygotsky (1989), a função explícita de fornecer instrumentos de interação com o sistema de leitura e escrita e o conhecimento acumulado historicamente pela sociedade. Isto porque a apropriação pelo sujeito da experiência culturalmente acumulada promove um modo mais sofisticado de analisar e generalizar os elementos da realidade: o pensamento conceitual. Conseqüentemente, na medida em que a criança expande seus conhecimentos, modifica sua relação cognitiva com o mundo.
Encerraremos os clássicos, explanando sobre o teórico Henri Wallon, que propõe o estudo integrado do desenvolvimento, ou seja, que este abarque as várias funções nas quais se distribui a atividade infantil (afetividade, motricidade, inteligência). Podemos definir o projeto teórico de Wallon como a elaboração de uma psicogênese da pessoa completa. Para compreender o desenvolvimento infantil, não bastam os dados fornecidos pela psicologia genética, é preciso recorrer a dados provenientes de outros campos de conhecimento: Neurologia, psicopatologia, antropologia e a psicologia infantil, foram os campos de comparação privilegiados por Wallon.
Devido ao seu objeto e à sua abordagem, a psicologia genética de Wallon, traz um campo vasto de implicações educacionais. A opção por estudar o desenvolvimento da pessoa completa e a de basear este estudo numa perspectiva dialética, faz com que sua teoria, abrangente e dinâmica, sirva a múltiplas leituras por parte de quem procura, nela, subsídios para a reflexão pedagógica.
Em suas idéias pedagógicas, Wallon propõe que a escola reflita acerca de suas dimensões sócio-políticas e aproprie-se de seu papel no movimento de transformações da sociedade. (...) Sua psicologia genética, se utilizada como instrumento a serviço da reflexão pedagógica, oferece recursos para construção de uma prática mais adequada às necessidades e possibilidades de cada etapa do desenvolvimento infantil. A abrangência de seu objeto de estudo sugere que a educação deve ter por meta não somente o desenvolvimento intelectual, mas a pessoa como um todo. (GALVÃO, 2004 p. 113-114)
De acordo com Wallon (1988) as emoções têm papel preponderante no desenvolvimento da pessoa. É por meio delas que o aluno exterioriza seus desejos e suas vontades. Em geral são manifestações que expressam um universo importante e perceptível. As transformações fisiológicas de uma criança (ou, nas palavras de Wallon, no seu sistema neurovegetativo) revelam traços importantes de caráter e personalidade. A raiva, a alegria, o medo, a tristeza e os sentimentos mais profundos ganham função relevante na relação da criança com o meio. Além disso, a emoção causa impacto no outro e tende a se propagar no meio social.
Os cinco estágios de desenvolvimento do ser humano, de acordo com Wallon, sucedem-se em fases com predominância afetiva e cognitiva. Impulsivo-emocional: que ocorre no primeiro ano de vida. A predominância da afetividade orienta as primeiras reações do bebê às pessoas, às quais intercediam sua relação com o mundo físico; Sensório-motor e projetivo: que vai até os três anos. A aquisição da marcha da à criança maior autonomia na manipulação de objetos e na exploração dos espaços. Também, nesse estágio, ocorre o desenvolvimento da função simbólica e da linguagem. O termo projetivo refere-se ao fato da ação do pensamento precisar dos gestos para se exteriorizar; Personalismo: ocorre dos três aos seis anos. Nesse estágio desenvolve-se a construção da consciência de si mediante as interações sociais, reorientando o interesse das crianças pelas pessoas; Categorial: os progressos intelectuais dirigem o interesse da criança para as coisas, para o conhecimento e conquista do mundo exterior; Predominância funcional: ocorre nova definição dos contornos da personalidade, desestruturados devido às modificações corporais resultantes da ação hormonal. Questões pessoais, morais e existenciais são trazidas à tona.
Segundo a teoria de Wallon (1988), as emoções dependem fundamentalmente da organização dos espaços para se manifestarem. A motricidade, vista como um "substrato corporal das emoções" tem, portanto, caráter pedagógico tanto pela qualidade do gesto e do movimento quanto por sua representação. Tratando de temas como emoção, movimento, formação da personalidade, linguagem, pensamento e tantos outros, fornecem valioso material para a adequação da prática pedagógica ao desenvolvimento da criança.
1.4 Por que a alfabetização emocional?
Vale ressaltar que nenhuma criança, pobre ou rica, é imune a problemas, isso é universal e ocorre em todos os grupos étnicos, raciais e de renda. Cabe a sociedade, a família e principalmente a educação mudarem este cenário triste que visualizamos: adolescentes grávidas, pedofilia, uso de drogas, violência, evasão escolar, o desrespeito, a falta de ética, o preconceito. Claro que ninguém consegue se portar com um controle absoluto de seus atos. Como vimos anteriormente, o nosso corpo sofre influências da razão e da emoção. Por este motivo é que defendemos a alfabetização emocional. Se desde cedo as crianças são ensinadas a conviver consigo mesma e com o outro, a ter limites, automaticamente elas estarão aprendendo a controlar seus pensamentos e emoções para uma tomada de decisão.
Alfabetizar-se emocionalmente é, assim, produzir experimentos através de jogos e estratégias vivenciadas pelo aluno, que aguçam suas funções cerebrais e abastecem sua memória de informações prontas para serem usadas, caso se pretenda fazê-lo. Acreditamos que a alfabetização Emocional jamais nos tornará menos nós mesmos, mas ampliará os limites de nosso autoconhecimento e de nossas opções para que se trabalhe a empatia, a automotivação e outros processos emocionais. (ANTUNES, 1999 p.19)
O projeto ideal dos programas de alfabetização emocional é começar cedo, ser apropriado à idade, cobrir todo o tempo de escolaridade e entremear os trabalhos na escola, em casa e na comunidade. O ambiente escolar é uma experiência de vida para a infância e a juventude, e nele reflete o relacionamento social e emocional (amor, ódio, competição de colaboração, confiança, medo, raiva, amizade, rivalidade) que influenciam a formação emocional das pessoas. O "princípio da educação emocional" é simples. Devemos ensinar ao indivíduo o senso de respeito, de importância e de responsabilidade. Não apenas falando ou impondo responsabilidades, mas compartilhando responsabilidade com ele. E isto é fácil de conseguir: atividades em equipes, onde todos trabalham igualmente e possuem a responsabilidade de manter a equipe viva. Portanto, se faz necessário que a educação modifique sua base, currículos, e conteúdos programáticos nos processos intelectuais e cognitivos visando à valorização das múltiplas inteligências nos seus diversos aspectos incluindo em seus programas, a alfabetização emocional. Para Goleman apud Antunes (1999), a Inteligência Emocional pode ser expressa através de cinco pontos essenciais:
2. INTERAÇÃO DO CÉREBRO, CORPO HUMANO E AMBIENTE
O cérebro e o corpo humano encontram-se integrados por circuitos bioquímicos e neurais recíprocos dirigidos um para o outro. Segundo Damásio (1996, p. 113), existe duas vias principais de interconexão. A via em que normalmente se pensa primeiro é a constituída por nervos motores e sensoriais periféricos que transportam sinais de todas as partes do corpo para o cérebro, e do cérebro para todas as partes do corpo. A outra via, que vem menos facilmente a mente, embora seja bastante antiga em termos evolutivos, é a corrente sanguínea, na qual transporta sinais químicos, como os hormônios, os neurotransmissores e os neuromoduladores.
Quando afirmo que o corpo e o cérebro formam um organismo indissociável, não estou exagerando. De fato, estou simplificando demais. Considere que o cérebro recebe sinais não apenas do corpo, mas, em alguns setores, de parte de sua própria estrutura, as quais recebem sinais do corpo! O organismo constituído pela parceria cérebro-corpo interage com o ambiente como um conjunto, não sendo só interação do corpo ou só do cérebro. (DAMÁSIO, 1996, p. 114). O organismo do ser humano é dotado de mecanismos automáticos de sobrevivência e ao qual a educação e a aculturação acrescentam um conjunto de estratégias de tomada de decisão socialmente permissíveis e desejáveis, os quais, por sua vez, favorecem a sobrevivência – melhorando a qualidade dela – e servem de base à construção de uma pessoa. Ao nascer o cérebro humano inicia seu desenvolvimento dotado de impulsos e instintos que incluem não apenas sua fisiologia para a regulação do metabolismo, mas também dispositivos básicos para fazer face ao conhecimento e ao comportamento social. Ao terminar o desenvolvimento infantil, o cérebro encontra-se dotado de estratégias para a sobrevivência. A base neurofisiológica dessas estratégias adquiridas encontra-se entrelaçada com a do repertório instintivo, e não só modifica seu uso como amplia seu alcance. Os mecanismos neurais que sustentam o repertório supra-instintivo podem assemelhar-se, na sua concepção formal, aos que regem os impulsos biológicos e ser também restringidos por esses últimos. No entanto, requerem a intervenção da sociedade para se tornarem aquilo em que se tornam, e estão por isso, relacionados com uma determinada cultura como com a neurologia geral. Além disso, fora destas condições, as estratégias supra-instintivas de sobrevivência criam algo estritamente humano: um ponto de vista moral que, quando necessário, pode transcender os interesses do grupo ou até mesmo da própria espécie.
A ação dos impulsos biológicos, dos estados do corpo e das emoções pode ser uma base indispensável para a racionalidade. Os níveis inferiores do edifício neural da razão são os mesmos que regulam o processamento das emoções e sentimentos, juntamente com o das funções globais do corpo, de modo que o organismo consiga sobreviver. Esses níveis inferiores mantêm relações diretas e mútuas com o corpo propriamente dito, integrando-o desse modo na cadeia de operações que permite os mais altos vôos da razão e da criatividade.
2.1. Empatia: capacidade de relacionar do homem
Hoje, com a comprovação científica, entendemos que não se separam corpo e cérebro (mente) e consequentemente a razão da emoção. A neurobiologia pode nos ajudar na compreensão e na compaixão da condição humana, mas que, ao fazê-lo, pode nos ajudar a compreender os conflitos sociais e contribuir para a sua diminuição. O aumento gradual dos conhecimentos sobre os seres humanos pode nos ajudar a encontrar melhores formas de gerir as “coisas” humanas. A essência da arte de relacionar-se é o poder de exercer o controle sobre as emoções do outro. Enviamos sinais emocionais sempre que interagimos, e esses sinais afetam aqueles com quem estamos. Quanto mais hábeis somos nas relações que mantemos com o outro, melhor controlamos os sinais que enviamos; a forma reservada com que se comporta a sociedade educada emocionalmente é, enfim, um meio de assegurar que nenhum vazamento emocional perturbador vai prejudicar os relacionamentos. Todo relacionamento, que é a raiz do envolvimento, vem de uma sintonia emocional, da capacidade de empatia. A empatia é alimentada pelo autoconhecimento; quanto mais consciente estivermos acerca de nossas próprias emoções, mais facilmente poderemos entender o sentimento alheio. Essa capacidade – de saber como o outro se sente – entra em jogo em vários aspectos da vida, quer nas práticas comerciais, na administração, no namoro, na paternidade, no sermos piedosos e na ação política. As emoções das pessoas raramente são postas em palavras; com muito mais freqüência, são expressas sob outras formas. A chave para que possamos entender os sentimentos dos outros está na nossa capacidade de interpretar canais não verbais: o tom de voz, gestos, expressão facial e outros sinais. (GOLEMAN, 2001, p. 110).
A empatia deve ser desenvolvida pelos seres humanos. É na tenra infância que as crianças recebem dos pais, ou das pessoas que “constituem sua família”, os ensinamentos emocionais que levarão para suas vidas. A primeira oportunidade para moldar a inteligência emocional é nos primeiros anos, embora essas aptidões continuem a formar-se durante todo o período escolar. O sucesso na escola não é previsível tanto pelo capital de fatos da criança ou da sua capacidade precoce de ler quanto por medidas emocionais e sociais: ser autoconfiante e interessado; saber qual tipo de comportamento adotar e como frear o impulso para se comportar mal; ser capaz de aguardar a sua vez, seguir orientações e procurar ajuda junto aos professores; e expressar suas necessidades quando em companhia de outras crianças.
A alfabetização emocional começa em casa. Segundo (Goleman, 2001, p. 208), para que uma criança esteja pronta para ir à escola, é necessário que ela já tenha um conhecimento básico: como aprender. O trabalho relaciona sete dos principais ingredientes dessa aptidão fundamental – todos relacionados com a inteligência emocional:
Os três ou quatro primeiros anos de vida são um período em que o cérebro da criança cresce até cerca de dois terços de seu tamanho final, e evolui em capacidade num ritmo que nunca mais voltará a ocorrer. É nesse período, mais do que na vida posterior, que os primeiros tipos de aprendizagem ocorrem mais facilmente – e a aprendizagem emocional é a mais importante. Nessa época, a tensão severa pode prejudicar os centros de aprendizagem do cérebro (e, portanto, o intelecto). Embora mais tarde possa, numa certa medida, ser remediado por experiências da vida ou com terapias, o impacto causado por este primeiro aprendizado é profundo. A criança que não consegue se concentrar, que é mais desconfiada que confiante, mais triste ou zangada do que otimista, mais destrutiva que respeitosa, e muito ansiosa, que vivi preocupada com fantasias assustadoras, e que se sente em geral infeliz – uma criança assim tem, normalmente, pouca oportunidade, quanto mais igual oportunidade, de reivindicar para si as possibilidades que o mundo lhe oferece. (GOLEMAN, 2001, p. 210).
2.3. Alfabetização Emocional: rompendo paradigmas
A alfabetização emocional amplia a visão acerca do que é a escola, explicitando-a como um agente da sociedade encarregado de constatar se as crianças estão obtendo ensinamentos essenciais para a vida – isto significa um retorno ao papel clássico da educação. Esse projeto maior exige, além do currículo, o aproveitamento das oportunidades, dentro e fora das salas de aula, para ajudar os alunos a transformar momentos de crise pessoal em lições de competência emocional. Faz parte deste programa também, o envolvimento dos pais (com tarefas específicas a eles em casa ou na escola) permitindo uma integração entre pais e filhos, em conseqüência, há melhoria no relacionamento dos mesmos.
As intervenções destinadas a tratar dos déficits específicos em aptidões emocionais e sociais que estão por trás de problemas como agressão, uso de drogas, promiscuidade, depressão, entre outros, podem ser altamente eficazes como amortecedores para as crianças. Mas essas intervenções, em geral, têm sido feitas por psicólogos pesquisadores a nível experimental. O próximo passo é aplicar os ensinamentos emocionais e generalizá-los como uma medida preventiva para toda a população escolar, ensinada por professores comuns. Esse novo caminho para levar a alfabetização emocional às escolas insere as emoções e a vida social em seus currículos normais, em vez de tratar essas facetas como instruções irrelevantes, ou, quando levam a explosões, relegando-as a ocasionais visitas disciplinares ao coordenador ou diretor.
Os programas de alfabetização emocional melhoram as notas de aproveitamento “acadêmico” das crianças e o desempenho na escola. Isto não é uma constatação isolada; repete-se muitas vezes nestes estudos. Segundo (Goleman,2001, p. 299), numa época em que um grande número de crianças não é capaz de lidar com suas perturbações, de ouvir, ou de se concentrar, frear um impulso, sentir-se responsável por seu trabalho ou se ligar na aprendizagem, qualquer coisa que reforce essas aptidões ajudará na educação delas. Para uma sociedade melhor é necessário desenvolver o caráter através de uma educação moral – onde as lições são ensinadas às crianças no curso de fatos reais, não apenas como lições abstratas. O desenvolvimento do caráter é uma das bases das sociedades democráticas, pensem como em algumas maneiras como a inteligência emocional as reforça. O princípio fundamental do caráter é a autodisciplina, a vida virtuosa, a capacidade de motivar-se e orientar-se, seja ao fazer o dever de casa, concluir um trabalho, ou levantar-se pela manhã. Alfabetizar-se emocionalmente, para (Goleman, 2001, p. 299), é algo construído e em constante construção que permite às crianças, além de um ótimo desempenho acadêmico, uma maior probabilidade de ser melhores maridos e esposas, amigos, alunos, filhos e filhas, líderes, pais e mães, e principalmente de ser um melhor cidadão.
2.4. É possível mudar uma mente?
Mudar uma mente não é tarefa fácil. Para (Gardner, 2005, p. 16), “mudar mentes” não significa transformá-las de forma trivial, ou seja, nossas mentes mudam a todo o momento, quando estamos acordados, lendo jornal, conversando com o outro, enfim, em tarefas rotineiras. Não é desta simples alteração que Gardner se refere e sim de uma mudança significativa, onde mudar mentes ocorra em situações em que indivíduos ou grupos abandonam seu modo costumeiro de pensar sobre questões importantes e, a partir daí, passam a vê-las de um modo diferente. O autor enfatiza nas mudanças mentais que ocorrem conscientemente, de modo típico, como resultados de forças que podem ser identificadas (e não de manipulação sutil).
Cada vez mais, em países desenvolvidos, as pré-escolas e os jardins de infância ajudam as crianças a se familiarizarem com as interações específicas que ocorrem em uma sala de aula. A mudança mental provocada por esta freqüência à escola é significativa. Nos primeiros anos de vida, as crianças aprendem principalmente observando pessoas mais velhas realizarem atividades diariamente; mas depois que a criança pegou, a “idéia de escola”, ela pode aprender sobre objetos e eventos em um ambiente distante de sua real localização e momento de ocorrência. (GARDNER, 2005, p. 137).
Tudo isso implica que hoje, a tarefa de mudar mentes também está mudando. Se alguém desejar se infiltrar nas mentes dos indivíduos atualmente, precisa saber de que tipo de mente se trata: esse fato vai determinar as formas ótimas de informação, os modos ótimos de informar, os meios ótimos de transformar e os fatores que provavelmente conduzirão a um ponto crítico para a mudança. Quem comanda nosso corpo e nossa mente, salvo algumas exceções, somos nós mesmos conscientes ou não disto. Nossa mente explora continuamente o mundo exterior através dos órgãos dos sentidos colhendo sensações (que podem ser visuais, olfativas, táteis e gustativas). Essas sensações podem ser agradáveis, desagradáveis ou sem importância. Quando aprendemos a conduzir nossos pensamentos podemos controlar nossas emoções. Porém, a grande maioria ainda não aprendeu conduzir o pensamento e se deixa influenciar constantemente pelo ambiente. A influência do meio sobre a formação humana está cada vez maior, principalmente, porque vivemos sobre o impacto da globalização, na qual, descarrega na sociedade o excesso de informações, exigências e mudanças, nas mais diversas áreas (tecnológica, saúde, profissão, vida pessoal, etc.). Defendemos mais uma vez, importância de educar a emoção em conjunto com a razão para que o ser humano consiga sobreviver em um mundo de constantes conflitos. Desta maneira ficaria mais tolerável à mudança da mente, oriunda da auto-reflexão e/ou sobre uma argumentação do outro.
A educação então tem como papel, formar, preparar e conscientizar o homem para viver de acordo com as aspirações do mundo! Para que isto ocorra, o ser humano precisa estar aberto para constantes mudanças, flexível para relacionar-se e preparado para enfrentar situações onde indiscutivelmente temos que equilibrar a razão e a emoção para exercermos a cidadania plena e vivermos de bem com o mundo, com o outro e com nós mesmos!
CONCLUSÃO
A partir dos estudos realizados para a construção desta pesquisa, concluímos que o ser humano é um ser complexo e deve ser visto e interpretado de forma integral, levando em conta suas estruturas corporal, mental e psicológica. Não é possível lidarmos com um homem totalmente racional ou totalmente emocional – isto resultaria no fim da espécie humana. Vimos que a nossa sobrevivência decorreu da evolução de um cérebro emocional para um racional, ou seja, comprovações científicas nos revelaram a existência de sentimentos e posteriormente chegamos à aprendizagem e a memória. Percebemos então, que a emoção há muito tempo esquecida pelas teorias dos últimos tempos ganhou espaço para a pesquisa e aprofundamento de sua influência e importância no comportamento biológico, social e psicológico. Estudos científicos nos provaram que o nosso corpo é estimulado o tempo todo pelas nossas ações, relações, nossos anseios, medos, nossas atitudes e vontades. Vimos que o corpo está em constante interação com o cérebro (mente), sendo impossível analisarmos as funções só do corpo ou só do cérebro. O ser humano é um aparato completo de interação, no qual necessita ser encarado como um todo indissociável. Enxergamos a escola como uma instituição preponderante na construção do ser humano enquanto pessoa e cidadão – os currículos precisam ser repensados para abarcar a construção do conhecimento de forma integral, ou seja, a educação não pode ficar restrita apenas a conteúdos acadêmicos e sim na formação do homem para agir da melhor forma possível no mundo: ter capacidade de relacionar-se bem consigo mesmo, com o meio e com o outro; ter consciência do resultado de suas ações; utilizar o conhecimento cognitivo para solucionar os problemas propostos pela vida; exercer com amor e ética seu papel de homem e cidadão. Enfim, observamos que a alfabetização emocional tem um papel importante na educação do homem, pois possibilita a construção de um ser mais equilibrado e capaz de lidar com as influências do mundo globalizado e com as constantes mudanças que ocorrem em um curto espaço de tempo. A inteligência emocional possibilita que o ser humano esteja preparado para enfrentar os problemas pessoais e sociais de forma mais flexível, empática e ética. Assim, em um mundo tão exigente, pessoas educadas racionalmente e emocionalmente serão capazes de ter mentes abertas e dispostas a assimilar novas idéias transformando-as em possibilidades para alcançar uma vida melhor e mais feliz.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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