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Administração acadêmica: o papel de gestor de um coordenador de curso em uma IES privada |
Qua, 02 de Junho de 2010 15:17 |
Resumo: Em um cenário cada vez mais competitivo, o coordenador de curso de uma Instituição de Ensino Superior (IES) privada é convocado a apresentar resultados acadêmicos e financeiros positivos. Nesse sentido, a crescente cobrança por parte da IES faz com que coordenadores, tradicionalmente ligados apenas à gestão acadêmica, desenvolvam novas habilidades, tais como a de gestão de pessoas e liderança de equipes. Desta forma, o perfil da função deve passar, necessariamente, por uma mudança profunda, muitas vezes afastando o gestor de sua área de formação. Baseando-se em relatórios e números confiáveis, o coordenador de curso passa a propor índices de mérito que facilitem suas ações administrativas e possam orientar a gestão acadêmica. 1. Introdução
Atualmente, a busca de uma Instituição de Ensino Superior (IES) privada por excelência acadêmica se relaciona diretamente com a sua própria sobrevivência no mercado. Embora o termo “mercado” se mostre, às vezes, impróprio para se tratar de uma questão tão nobre e importante como a educação, o atual cenário de alta competitividade no setor de educação superior privado requer a aplicação de um conjunto de técnicas coordenadas que permita a instituição conhecer seus clientes. A busca por objetivos estratégicos alicerçados na avaliação e no reposicionamento de suas ações faz com que as instituições tenham de profissionalizar sua gestão. Coaduna com tal informação a importância da adoção de estratégias eficientes que conciliem objetivos acadêmicos, financeiros e administrativos, cujo comprometimento de gestores e professores se torna essencial para o sucesso da instituição. Nesse contexto, percebe-se a importância do papel do coordenador de curso na condução de suas atividades em uma IES, bem como a necessidade de se tratar do tema formalmente, sendo esse, portanto, o objetivo principal do presente artigo.
2. As atribuições do coordenador de curso em uma IES
Quando havia apenas a preocupação em se administrar a demanda por vagas de cursos de graduação, sem grandes cobranças de organismos reguladores e fiscalizadores, o coordenador concentrava suas ações no desenvolvimento acadêmico do curso e em atender aos documentos institucionais [1],[2]. Atualmente, inserido no cenário de alta competitividade que se evidencia, o coordenador passa a receber novas atribuições inerentes ao papel de gestor administrativo e financeiro. Além de conceitos positivos nas avaliações do Ministério da Educação (MEC), e.g. o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE) [3],[4], requer-se do coordenador resultados menos previsíveis, como baixos índices de evasão, elevado número de ingressantes (calouros e transferências) e baixa ociosidade no curso [2]. Ademais, no campo do relacionamento interpessoal, exige-se do coordenador, também, um elevado desempenho no que diz respeito à integração de seus colegas (professores e demais gestores), bem como a promoção de adequada harmonia entre o colegiado e seu corpo discente. A problemática surge, entretanto, no momento em que cada um traz ao convívio profissional sua própria bagagem de valores e conceitos, que, finalmente, definirá a forma de se relacionar com seu público, muitas vezes, heterogêneo. De forma geral, o coordenador do curso se torna responsável pela identificação das melhores ferramentas de liderança aplicáveis no cotidiano profissional, considerando a manutenção de um corpo docente qualificado e titulado, o pleno desenvolvimento de competências e habilidades dos egressos, sem com isso incentivar a evasão, a garantia de infra-estrutura mínima para a condução das atividades do curso, bem como o cumprimento de metas financeiras ousadas estabelecidas pela IES. Absolutamente, nenhuma tarefa fácil.
3. Avaliações do MEC
Os instrumentos do MEC que definem indicadores de qualidade para os processos de avaliação de cursos são, atualmente, o ENADE e as avaliações in loco realizadas pelas comissões de especialistas [4]. No que diz respeito ao ENADE, entende-se como resultado positivo um conceito acima do referencial mínimo de qualidade estabelecido pelo MEC no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES). O ENADE leva em consideração três aspectos [3],[4], basicamente:
Um elevado conceito traz visibilidade ao curso e, consequentemente, um maior número de potenciais candidatos para o processo seletivo, assunto que será tratado mais adiante. De qualquer forma, o relatório confeccionado com base no ENADE – e encaminhado à instituição pelo MEC – apresenta, especificamente, informações sobre desempenho, perfil socioeconômico e percepção dos estudantes sobre a IES, ou seja, presta informações importantíssimas do curso, como suas forças, fraquezas, oportunidades e ameaças. Cabe ao coordenador de curso, portanto, hierarquizar prioridades e estabelecer um plano de ação para cada uma delas [2]. Tratar das fraquezas de um curso ou explorar suas potencialidades pode se tornar uma tarefa mais simples e objetiva a partir da utilização de ferramentas de análise de cenário, e.g. SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats) [5].
4. Índices acadêmico-financeiros
Entende-se que cada curso, atualmente, é uma unidade estratégica que tem de apresentar resultados positivos. Isso faz com que o coordenador de curso deva, sempre que possível, apoiar-se em relatórios e números confiáveis, os quais, finalmente, resultam em índices de mérito (aqui apresentados como acadêmico-financeiros) que servem de orientação para a gestão acadêmica. São eles aqueles relacionados à relação candidato/vaga, ao número de ingressantes (calouros e transferências), à evasão e à ociosidade no curso. A saúde financeira de um curso está diretamente associada aos índices anteriormente apresentados e representa, atualmente, uma das grandes preocupações de gestores acadêmicos. Sem recursos disponíveis para a ampliação de laboratórios, contratação e manutenção de professores bem qualificados, investimentos em equipamentos de informática etc., não há condições de se manter a qualidade de um curso. O descontentamento por parte dos acadêmicos e professores pode gerar elevados índices de evasão, cujas consequências podem conduzir a um ciclo crônico de falta de recursos para reinvestimentos no curso, i.e. a falência do curso.
De forma geral, a falta de informação a respeito da profissão e do curso faz com que muitos acadêmicos desistam de sua opção, prejudicando a saúde financeira do curso e da instituição. Portanto, sugere-se um relacionamento prévio com potenciais candidatos ao curso, e.g. alunos do ensino médio, em momentos anteriores ao processo seletivo. Isso pode garantir um recuo dos números da evasão no curso.
5. Relacionamento interpessoal
Um dos fatores preponderantes e impulsionadores da carreira profissional, sem dúvida, é a forma de se relacionar com pessoas. Sabe-se, contudo, que a convivência humana é desafiante, o que faz do cotidiano profissional algo singular [7]. Nesse sentido, destaca-se a formação altamente técnica de um coordenador de curso, sem, muitas vezes, haver um paralelo de qualificação na área de gestão de pessoas. Ao passo que se pretende mobilizar o trabalho coletivo, a constante busca por ferramentas de liderança constitui uma das ações indicadas aos gestores acadêmicos.
Os dados apresentados na pesquisa mostram que o grupo de entrevistados possui formação amplamente técnica em detrimento à de gestão de pessoas, bem como evidencia uma lacuna entre o que se exige do coordenador nos instrumentos de avaliação do MEC e o que a IES espera deste profissional. De qualquer forma, fica clara a importância de uma formação mais específica na área de gestão de pessoas para coordenadores de curso, que deve ser incentivada pela IES para sua própria manutenção no mercado.
6. Conclusões
Observou-se nesse artigo a importância do papel de gestor de um coordenador de curso em uma IES privada, bem como a necessidade de se apostar na criação/manutenção de cursos de excelência com base na profissionalização de sua gestão. Destaca-se, também, a importância de o coordenador conhecer os dispositivos legais e a organização didático-pedagógica do curso, além de, obviamente, ter domínio científico da área e habilidades de gestão de pessoas.
7. Referências Bibliográficas [1] SILVA, S. T. da e PEREIRA, A. C., O Papel da Liderança de Equipes na Coordenação de Curso. II Workshop de Educação em Computação e Informática, Anais, Minas Gerais, 2003. Disponível em: . Acesso em 10 set. 2009. [2] CASARIN, S. J., O Coordenador de Curso. Disponível em: . Acesso em 11 set. 2009. [3] BRASIL. Portaria Normativa no. 5, de 22 de fevereiro de 2010. Regulamentação dos procedimentos de avaliação do SINAES. [4] MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES). Disponível em: <http://www.inep.gov.br/superior/SINAES/. Acesso em 16 mar. 2010. [5] CERTO, S. C e PETER, J. P.. Administração estratégica: planejamento e implantação da estratégia. São Paulo: Makron Books, 1993. [6] CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO. Resolução nº 107/2007/ CEE/SC. Normas para o funcionamento da Educação Superior no Sistema Estadual de Educação de Santa Catarina. Disponível em: <http://www.cee.sc.gov.br>. Acesso em 16 mar. 2010. [7] CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 17. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2003.
Sobre o autor Djonny Weinzierl formou-se em Engenharia Elétrica (1999), concluiu seu Doutorado (2004) e seu Pós-Doutorado (2008) em Engenharia Elétrica. Atualmente, encontra-se como professor no Centro Universitário de Jaraguá do Sul e desde 2008 coordena o curso de Engenharia Elétrica na Instituição. Como pesquisador colaborador na UFSC e na USP, atua na área de Eletromagnetismo Aplicado. |