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Novas tecnologias de aprendizagem: relato de uma experiência que vem dando certo há 10 anos PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Manoel Jose Fonseca Rocha e Wanderley Renato Ortúnio   
Qua, 06 de Outubro de 2010 00:00

INTRODUÇÃO: É frequente ouvir de alunos e colegas professores que para exercer as atividades docentes é preciso ter apenas o diploma, no entanto isso não é, em seu todo, uma verdade. Se assim o fosse, não haveriam professores estressados com as realidades vividas no seu cotidiano escolar e, tampouco, alunos desgostosos com práticas pedagógicas que não atendem suas necessidades.



A bem da verdade, faz-se necessário que o professor assuma a responsabilidade de desenvolver novas tecnologias de aprendizagem, que deem conta dessas dificuldades. Ao aluno, cabe também a responsabilidade de cumprir o seu papel.

Este artigo tem o objetivo de realizar um breve relato de uma tecnologia de aprendizagem que vem dando certo há 10 anos e, para melhor atingir esse objetivo, dividimos o artigo em três partes. Na primeira, estaremos descrevendo o histórico e os objetivos que levaram a sua criação. Na segunda, apresentaremos relatos de alunos que vivenciaram a experiência. Por fim, nossas considerações finais.

GINCANA CULTURAL GUERRA DOS SEXOS: SOCIALIZANDO UMA HISTÓRIA

Os dois meses  correspondentes ao final do Ano Letivo, são geralmente, muito cansativos e exaustivos para alunos  e professores, sobretudo para os alunos do TERCEIRÃO. As provas e os conteúdos colaboram para aumentar as expectativas e as tensões às vésperas do vestibular. A partir dessa problemática, os professores Manoel José F. Rocha (História) e Wanderley Renato Ortunio (Química), da Escola Técnica do Vale do Itajaí (Blumenau - SC), entenderam ser interessante organizar um evento que viabilizasse momentos de descontração e, ao mesmo tempo, de construção de conhecimento. Surgiu a  “Gincana Cultural Guerra dos Sexos”. Um evento que reúne os alunos do terceirão, no mês de outubro, divididos por sexo, formando dois grandes grupos num mesmo ambiente. Os objetivos são estimular a integração entre os alunos do sistema terceirão da Escola Técnica do Vale do Itajaí (ETEVI), despertar a importância da organização em trabalhos de equipe (característica indispensável para viver no mundo atual), revisar os conteúdos trabalhados durante o ano para reforçar os conhecimentos adquiridos/construídos, proporcionando aos alunos e professores momentos de descontração pedagógica.

O grande desafio foi organizar os mecanismos didáticos que permitissem atingir os objetivos do evento. A palavra Didática vem do grego Didaktiké, e quer dizer a arte de ensinar. Para Nérici (1993, p 49), [...] a didática é um conjunto de recursos técnicos que tem em mira dirigir a aprendizagem do educando, tendo em vista levá-lo a atingir um estado de maturidade que lhe permita encontrar-se com a realidade e na mesma poder atuar de maneira consciente, eficiente e responsável.

Por ser o espaço escolar, dinâmico e heterogêneo, a didática, ao longo dos 10 anos, foi sofrendo alterações, mas o alicerce que sustenta o cumprimento dos objetivos permaneceu. Brevemente pontuaremos a didática que envolve a gincana:

  1. Todos aos alunos do terceirão ficam reunidos e separados por sexo, num mesmo espaço, por um período de quatro manhãs (durante os 10 anos a média foi de 120 alunos);
  2. Cada equipe responde, aproximadamente, 7 questões de cada uma das nove disciplinas do terceirão e  mais 4 questões de extras (atualidades).
  3. A cada questão, são informadas, para ambas as equipes, o tema da  questão a ser respondida.
  4. As equipes têm 5 minutos para rever, estudar e discutir o respectivo tema (Os alunos poderão utilizar material de consulta).
  5. Em seguida, serão sorteados 2 alunos de cada equipe para responder a questão. Cada aluno só poderá ser sorteado duas vezes por manhã, uma antes e outra após o intervalo.
  6. Um terceiro aluno de cada equipe será voluntário para responder a questão – (O aluno só poderá ser voluntário 1 vez em cada dia de competição). Os líderes deverão controlar os voluntários diários da sua equipe e da equipe adversária para evitar que alguém seja voluntário mais de uma vez.
  7. Os três alunos de cada equipe terão três minutos para responder, individualmente, a questão.
  8. Em seguida, o professor da respectiva disciplina, resolverá e corrigirá, de forma expositiva, a questão.  Durante este momento, as equipes deverão manter-se em silêncio absoluto(aqui o objetivo é rever o conteúdo).
  9. Cada resposta correta vale 1 ponto, podendo a equipe somar três pontos por questão.
  10. 10.  É declarada vencedora, a equipe que no final dos quatro dias de competição, somar a maior pontuação.

 

Em alguns momentos, são sorteados livros, canetas, réguas, camisetas etc. Para descontrair, alguns professores e alunos contam “causos” engraçados, cantam e os líderes das equipes, através de gritos de guerra, incentivam à vitória. Convidamos você, professor-leitor, a visitar a página www.furb.br/guerradossexos, para conhecer de forma pormenorizada a Gincana Cultural Guerra dos Sexos.

O QUE OS ALUNOS DIZEM A RESPEITO DO EVENTO?

No nosso entendimento, a escola tem o papel de desenvolver uma educação voltada às questões planetárias, sobretudo as que envolvem as discussões ambientais, preocupação do século XXI. Deve, portanto, estar associada ao cotidiano. Para Aranha (1989), a educação, de forma geral, não deve estar separada da vida, nem preparar para a vida, mas deve ser a própria vida. Um dos objetivos do evento é desenvolver o espírito de grupo, característica indispensável para se viver no século XXI. Como forma de saber se os objetivos estão sendo atingidos, entendemos ser indispensável ouvir os atores envolvidos. A seguir, apresentaremos três depoimentos que vivenciaram o evento (descrição literal).

Para a aluna X: “Durante a Gincana observei uma impressionante integração entre todos os alunos, inclusive entre membros de "equipes adversárias". Como sou "nova" no colégio posso dizer que entrei em contato com mais pessoas nessas duas semanas do que no ano inteiro. Também foi interessante observar o número de vezes ouvi: "Uhum, eu lembro dessa aula..." ou " Ah, é aquele negócio que o professor falou..." etc. Provas de que aprendemos muito esse ano, e talvez não percebêssemos isso se não houvesse essa "super" revisão. Sem contar que a explicação que vem após as questões é muito boa para relembrar[...]Por fim, parabenizo a Organização da Gincana pela maneira como ela é realizada, pelas questões elaboradas, pela dinâmica aplicada e acima de tudo pelo envolvimento com as equipes”.

Para a aluna Y: “Minha vida na ETEVI foi no todo maravilhosa, mas a época mais memorável e emocionante foi a semana da Gincana Cultural Guerra dos Sexos.O que para muitos do meu ano foi uma oportunidade para sair do sufoco das notas, para mim e tantos outros foi uma chance de revisar a matéria, aprender mais, tomar conhecimento de assuntos não tão entendidos e fazer novos amigos. A Guerra dos Sexos é uma gincana que já tem fama de ser boa pela ETEVI e outra escolas de Blumenau. Por que será isso? Posso lhes dize que é pela maneira que ela é organizada, pelo corpo docente que a integra e pelos estudantes que dela participam. Essa semana foi muito importante para a minha vida[...]”.

Para a aluna Z: “Momento de descontração. Um bom motivo para acordar cedo e ir para a ETEVI. Posso dizer que aprendi muito mais nos quatro dias de gincana do que em algumas (muitas) aulas. Uma ótima revisão para o vestibular e uma oportunidade de conhecer melhor certas pessoas com quem não temos muito contato durante três anos. Quatro dias de integração, de aprendizagem, de diversão, de expectativa... e no final até de um pouquinho de choro. Um dos momentos mais inesquecíveis e perfeitos do terceirão. OBS.: Garotas, mostrem para os gurizinhos quem manda (como neste ano  \o/)” 

Para a Professora de Língua Portuguesa, Rosely Tomasi, “a Gincana Cultural Guerra dos Sexos é um momento especial para todos os professores, pois além de prepararem as questões e respondê-las aos alunos é um espaço de muita confraternização, onde todos se envolvem num único objetivo que é desenvolver o espírito de grupo, como também revisar os conhecimentos adquiridos durante o ano letivo. É um momento maravilhoso e cada ano é diferente essa magia”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo destes 10 anos, a Gincana Cultural Guerra dos Sexos, enquanto uma tecnologia de aprendizagem inovadora vem mostrando que é possível aprender e construir conhecimento fora da sala de aula. Sobretudo, vem mostrando que, no espaço escolar, é possível amenizar as rivalidades que permeiam os jovens. Como diria Paulo Freire, não devemos aprender apenas para nos adaptar, mas, sobretudo para transformar a realidade, intervir nela. Consideramos também, que os alunos manifestam não haver preconceitos de gênero, ao contrário, divertem-se  com o fato dos sexos se enfrentarem numa disputa saudável, onde o que está em questão é o espírito de equipe, a construção do conhecimento e a solidariedade.

Por fim, é possível argumentar que Gincana Cultural Guerra dos Sexos se consolidou como uma tecnologia de aprendizagem que observa a importância do trabalho em equipe e, ao mesmo tempo, demonstra que é possível revisar conteúdos e construir conhecimentos de forma séria, mas num ambiente lúdico.

REFERÊNCIAS
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. São Paulo: Moderna, 1989.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários a prática educativa, São Paulo: Paz e Terra, 1996 (Coleção leitura)
NÉRICE, Imideo G. Didática do Ensino Superior.São Paulo: IBRASA, 1993.

Informações dos autores

Manoel Jose Fonseca Rocha: Licenciado em Estudos Sociais e História pela Universidade Federal de Pelotas, Especialista em Metodologia do Ensino Superior e Mestre em Educação pela Universidade Regional de Blumenau. Professor da Escola Técnica do Vale do Itajaí, escola de Ensino Médio da Fundação Universidade Regional de Blumenau. Pesquisador da FAPESC nas áreas de Estudos da América Latina e Educação. Experiência docente nas Áreas de Sociologia, História, Economia, Didática e Metodologia em Instituições de Ensino Superior de Blumenau e Região. Tutor e orientador de EAD-PÓS. Este endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo.

Wanderley Renato Ortúnio: Licenciado e Bacharel em Química. Mestrando em Química. Experiência como docente de Nível Médio e Fundamental e Coordenação Geral de Ensino Médio da Escola Técnica do Vale do Itajaí, Ensino Médio da Furb – ETEVI-FURB Este endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo.

 
Autor deste artigo: Manoel Jose Fonseca Rocha e Wanderley Renato Ortúnio

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