Login

Sugestões

Faça o login e visualize as sugestões

Usuários on line

Nós temos 2740 webespectadores online

Revista

Gestão Universitária

Edições Anteriores 252 Verdade ou mentira!
Verdade ou mentira! PDF Imprimir E-mail
Avaliação do Usuário: / 3
PiorMelhor 
Escrito por Everaldo da Silva   
Dom, 05 de Setembro de 2010 14:18

Ninguém antes de Hannah Arendt, havia escrito algo sobre a boa fé das virtudes políticas. O ato de mentir sempre foi considerado como um instrumento necessário e legal, não apenas na profissão de político ou de demagogo, mas inclusive na do homem de estado. Se buscarmos a ação política em termos de meios e de fins, podemos concluir, paradoxalmente, que a mentira pode muito bem servir para instalar ou salvaguardar as condições da procura da verdade, ou como e assinalou Hobbes, que "nunca notou que toda a procura da verdade se destruiria ela própria se as suas condições só podem ser garantidas através de mentiras deliberadas".

Então, certamente, toda gente poderia revelar-se mentiroso. Nesse sentido, as mentiras são utilizadas como substitutos, e também podemos considerá-las como inofensivas em relação ao arsenal da ação política. Na passagem da história, aqueles que dizem a verdade e os investigadores sempre estiveram conscientes do risco que corriam, e até que não se misturavam nos negócios do mundo eram tachados de ridículos. Aqueles que procuram livrar os seus concidadãos da falsidade e da ilusão se arriscam com a própria vida: “Se lhe fosse possível pôr a mão num tal homem... matá-lo-iam”, diz Platão na última frase da alegoria da caverna. Isso ocorre também no mundo moderno, geralmente aqueles que tentam dizer a verdade, são ridicularizados ou excluídos da sociedade e do cenário político, tendo que pagar muitas vezes com a sua própria vida.

A mentira organizada, tal como hoje a conhecemos, pode ser uma arma apropriada contra a verdade. Em Platão aquele que diz a verdade põe sua vida em risco, em Hobbes, é ameaçado de ver os seus livros lançados à fogueira; a mentira pura e simples não se torna um problema. A oposição entre a verdade e a opinião foi prolongada por Platão num antagonismo entre a comunicação em forma de “diálogo”, sendo um discurso da verdade filosófica, a comunicação em forma da “retórica”, tendo o demagogo, como nos dias atuais, o poder de persuadir as pessoas.

O mentiroso é um homem de ação, é aquele que diz a verdade, seja ela, racional ou científica, nunca o é. Se o portador da verdade de fato quiser desempenhar um papel político, e ser persuasivo, irá quase sempre buscar caminhos e desvios para explicar por que é que a sua verdade "serve melhor os interesses de qualquer grupo". As mentiras modernas são tão grandes que exigem um completo rearranjo de todo o tecido factual - a construção de uma outra realidade. Quanto mais o mentiroso tem êxito, mais parece verdade que ele mesmo seja vitima das suas próprias invenções.

Para Hannah Arendt, a possibilidade da mentira completa e definitiva, é o perigo que nasce da "manipulação moderna dos fatos". Nessa perspectiva, podemos notar que alguns governos utilizam-se de todo poder que dispõe para enganar as pessoas; e aqueles que dizem a verdade de fato geralmente passam a ser considerados os perigosos, mais hostis, que os verdadeiros perigosos. Infelizmente o mundo ficou tão cruel e frio que estamos criando um mundo fundamentado na mentira.

 

Autor deste artigo: Everaldo da Silva - participante desde Ter, 30 de Junho de 2009.

Veja outros artigos deste autor:

Please register or login to add your comments to this article.

Copyright © 2013 REDEMEBOX - Todos os direitos reservados

eXTReMe Tracker