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Edições Anteriores 79 Relato de experiência com um método inovador (PBL)
Relato de experiência com um método inovador (PBL) PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Eleusina Rego Oliveira   
Qua, 23 de Novembro de 2005 21:00

O ensino das profissões de saúde, habitualmente, tem se fundamentado na presunção de que o domínio e transmissão de conhecimento e habilidades, lastreadas nos últimos avanços técnico-científicos, conduzem necessariamente a uma prática profissional adequada. Organizam-se os currículos privilegiando-se a aquisição de bagagem cognitiva, psicomotora e, em menor extensão, afetiva. A concepção hegemônica de assistência à saúde ainda é a centrada no médico e no hospital. Em geral, as práticas a partir das quais são realizados os "treinamentos" constituem simulação do trabalho profissional, pois, apesar de envolver personagens reais (profissionais e pacientes), desenrolam-se em condições e cenários muito distintos daqueles encontrados nas situações de trabalho concretas.

Muitas são as formas de ensinar na história humana. Mais recentemente, entretanto, tem crescido o consenso de que é mais importante possibilitar ao aluno que aprenda por si próprio, fornecendo-lhe meios e ambientes facilitadores, do que ensinar da maneira tradicional, transmitindo conhecimentos. A transferência do centro das ações de ensino para o aluno é um marco da pedagogia atual e um dos pressupostos da metodologia PBL (Problem Based Learning, que significa Aprendizagem Baseada em Problemas). A Aprendizagem Baseada em Problemas firmou-se nas últimas décadas com uma das mais importantes inovações no campo da educação dos profissionais de saúde, tornando-se, em diversos países, um poderoso instrumento para a reflexão e o questionamento acerca da razão de ser, das finalidades da formação profissional e das mudanças que a ela devem ser imprimidas ( Margestson, 1994, Boud & Feletti, 1991; Maudsley, 1999). Essa nova metodologia surgiu nos anos 60, na Universidade de Mcmaster, no Canadá, seguida por outras pioneiras como Maastritcht, na Holanda, e Newcastelle, na Austrália, inicialmente para atender à formação médica, porém, hoje, já é bastante adotada para a educação de profissionais dos mais diversos campos, seja na graduação ou na pós-graduação.

A Aprendizagem Baseada em Problemas é a aprendizagem que resulta de um processo onde os estudantes são auto dirigidos para a construção ativa do seu conhecimento, a partir da compreensão ou resolução de um problema. (Barrows & Tamblyn, 1980,). O PBL apresenta seis componentes centrais: o problema, os grupos tutoriais, o tutor, o estudo individual, a avaliação dos estudantes e os blocos ou módulos através dos quais se estrutura o currículo.

No Brasil, esta experiência é nova, e o UNICEUMA ousou e trouxe para o Maranhão esta nova metodologia de ensino. A implantação do curso de medicina usando o novo método gerou ansiedade e angústia, especialmente para mim, que assumi a responsabilidade de torná-lo uma referência na região. A sociedade maranhense ainda é bastante tradicional, e várias críticas foram registradas antes da implantação e até a conclusão do primeiro semestre do curso. As principais críticas eram de professores e médicos que não acreditavam em aprendizagem sem as tradicionais aulas, disciplinas curriculares e etc. Naquele momento, direcionamos nossa energia à divulgação do método e capacitação docente e discente, no sentido de minimizar as dificuldades daquele primeiro semestre. Embora essa dificuldade não tenha sido sanada completamente, continuamos apostando na mudança de comportamento daquelas pessoas. Hoje, dezoito meses depois, estamos vivenciando um momento muito especial, a aceitação, a credibilidade do curso na sociedade local é algo de extremo destaque, e este, já está entre os dez primeiros na classificação do ENADE.

Este relato nos remete à análise do texto de Pedro Demo a "Aula não é necessariamente aprendizagem", que chama a atenção quanto à formação profissional afirmando: "o estudante não comparece à universidade para escutar aulas copiadas que levam a reproduzir a cópia, mas reconstruir conhecimentos com professores". Dentre outros, este ponto contribui, sobremaneira, para nossa decisão de aceitar o desafio de implantar o curso de medicina usando o método PBL.

O texto do Marco Aurélio Ferreira Viana, Aprendendo a mudar, aponta importantes estratégia que deverão ser usadas em processos de mudanças e nós percebemos isso. Aplicamos e obtivemos resultados bastante positivos, visto que, hoje, nosso maior trabalho é conseguir manter a metodologia somente no curso de medicina, pois agora, alunos de outros cursos desta IES, por exemplo, da Psicologia já nos reivindicam a extensão do método àquele curso.

O curso de medicina conta hoje com uma evasão em torno de 5%, e as pesquisas mostram que não estão associadas à metodologia e sim a questões financeiras. O método prevê inovações como a inserção de alunos em programas de saúde da família a partir do primeiro período, o que possibilita um contato direto com a realidade profissional do médico contemporâneo. Ao final de cada semestre, desde o primeiro, já fazemos uma avaliação que denominamos de TPI (Teste de Progressão Individual) que se constitui de uma prova de residência médica, aplicada a todos os alunos, para avaliarmos o nível de crescimento deles. Dentre todas as inovações que o método propõe esta foi a mais gratificante, visto que os discentes ao perceberem que já detinham ao final do primeiro semestre, conhecimentos que alunos do método tradicional só teriam ao final do terceiro período, sentiram-se seguros e passaram a defender com muito mais ênfase a nova proposta metológica, chegando inclusive a
 

Autor deste artigo: Eleusina Rego Oliveira - participante desde Seg, 21 de Novembro de 2005.

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