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Edições Anteriores 79 O estágio curricular e sua eficácia na Educação Superior
O estágio curricular e sua eficácia na Educação Superior PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Gardênia Feitosa Veras Macatrão Costa   
Qua, 23 de Novembro de 2005 21:00

1. INTRODUÇÃO
O estágio curricular foi criado pela Lei n. 6.494, de 7 de dezembro de 19977 e regulamentado pelo Decreto n. 87.497, de 18 de agosto de 1982, que dispõe sobre o estágio de estudantes de estabelecimento de ensino superior e de 2º grau regular e supletivo. É considerado estágio curricular, para efeitos do referido Decreto
As atividades de aprendizagem social, profissional e cultural, proporcionadas ao estudante pela participação em situações reais de vida e trabalho de seu meio, sendo realizada na comunidade em geral ou junto a pessoas jurídicas de direito público ou privado, sob responsabilidade e coordenação da instituição de ensino.

Não há dúvidas quanto à pertinência da lei. No entanto, questionamos a eficácia da realização de qualquer atividade em educação pela simples justificativa de se cumprir uma obrigação legal. Para que tenha êxito, é necessário que o estágio curricular seja realizado em campo de afinidade do aluno, com uma série de procedimentos preparatórios que assegurem a efetiva aplicabilidade dos conhecimentos teóricos assimilados em sala de aula, possibilitando que a prática do mesmo seja benéfica para a instituição, para o aluno e para a organização que o acolhe.

2. IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO PARA O ALUNO
Independente de ser obrigatório, o estágio curricular constitui-se em oportunidade para que o aluno aprofunde conhecimentos e habilidades em sua área de interesse.
Segundo ROESCH (1999, p. 27), "o conhecimento é algo que se constrói e o aluno, ao levantar situações problemáticas nas organizações, propor sistemas (soluções), avaliar planos ou programas, bem como testar modelos e instrumentos, está também ajudando a construir conhecimento".

A vivência de situações reais do cotidiano da organização escolhida como campo de estágio proporciona ao aluno:

" Uma oportunidade para refletir, sistematizar e testar conhecimentos teóricos e instrumentos discutidos durante o curso;
" Complementar e confrontar ensinamentos teóricos com a realidade, podendo confirmar pensamentos e hipóteses, quebrar paradigmas e reelaborar conhecimentos;
" Confirmar sua inclinação para determinada área de atuação diante das possibilidades apresentadas por sua eminente profissão;
" Experimentar o aprendizado fora do ambiente acadêmico;
" Avaliar o mercado de trabalho;
" Dar início a uma rede de relacionamentos profissionais que será importante quando ingressar no mercado de trabalho;
" Ampliar sua visão acerca do universo de sua profissão;
" Dependendo de seu desempenho, obter uma proposta de efetivação / contratação na organização.
Há situações em que se permite que o aluno realize o estágio curricular em seu próprio ambiente de trabalho. Essa alternativa apresenta vantagens e desvantagens. Dentre as vantagens, podemos destacar:

" O conhecimento prévio do aluno com o ambiente, facilitando sua adaptação; e
" A possibilidade de aumento de sua visibilidade diante de seus superiores e reconhecimento por seus colegas de trabalho.



Como desvantagens, podemos elencar:

" Pelo fato de estar habituado ao ambiente, o aluno compromete sua capacidade de análise crítica e não percebe detalhes facilmente detectados por quem procede de um meio externo;
" O estagiário pode enfrentar resistência por parte dos colegas e superiores, que podem sentir-se intimidados a fornecer informações, por terem insegurança quanto ao seu uso. Para evitar esses aspectos negativos, sugere-se que o aluno realize estágio em um setor diferente do seu.

No processo de finalização do estágio curricular, o aluno elabora o Relatório Final de Estágio, documento em que relata e analisa sua experiência, bem como suas considerações sobre a empresa. Alguns acadêmicos aproveitam a oportunidade para fazerem propostas para solução de problemas detectados na organização, o que pode ser uma forma de contribuição para a mesma.


3. BENEFÍCIOS DO ESTÁGIO CURRICULAR PARA A ORGANIZAÇÃO QUE RECEBE O ESTAGIÁRIO
Ainda é comum encontrar organizações reticentes e até mesmo contrárias à disponibilização de sua estrutura como campo de estágio. Os principais argumentos orbitam no questionamento da contribuição do formando para a empresa, falta de pessoal para acompanhar o trabalho do estagiário, além de restrição em permitir que o aluno tenha acesso a informações estratégicas.

No entanto, é necessário esclarecer que para as empresas há mais vantagens que desvantagens em receber estagiários. Podemos citar:

" Oportunidade de aproximação com o mundo acadêmico, onde são gerados novos conhecimentos e tecnologias;
" Possibilidade de ter à sua disposição mão-de-obra com razoável qualificação, a baixo custo;
" Ampliação de opções para contratação de novos colaboradores, visto que os estagiários já conhecem a dinâmica da organização e já foram avaliados durante a realização do estágio;
" Poder exercer sua função social, contribuindo para a formação profissional em sua área de atuação e, conseqüentemente, colaborando para a melhoria dos serviços prestados ou produzidos em seu setor e, em última instância, para o desenvolvimento econômico e social do país, reforçando, assim, imagem positiva diante da sociedade.

É pertinente ressaltar que, para as instituições de ensino, os contatos com o mercado, através do estagiário, as aproximam da sociedade e comprovam sua importância para a comunidade em que está inserida.


4. ESTRATÉGIAS QUE PODEM SER ADOTADAS PARA GARANTIR A EFICÁCIA DO ESTÁGIO CURRICULAR
Para atingir plenamente os objetivos do estágio curricular e proporcionar a todos os seus atores os benefícios mencionados, é necessário que a instituição de ensino se preocupe inicialmente em preparar e orientar adequadamente o pretendente estagiário para sua tarefa.

Para isso, muitas instituições reservam carga horária específica dedicada ao esclarecimento para o aluno da importância do estágio e sua responsabilidade em representar a instituição e até mesmo sua categoria profissional.

Inicialmente o aluno deve ser orientado a definir o campo de estágio de acordo com sua área de interesse, e elaborar o Projeto ou Plano de Estágio, documento fundamental para o planejamento das atividades a serem desenvolvidas, conhecimentos a serem utilizados, objetivos do estágio naquela determinada organização e resultados a serem alcançados dentro do prazo de execução do estágio. Elaborado o projeto, o mesmo é submetido à apreciação do professor-supervisor e, muitas vezes, do responsável técnico da empresa campo de estágio.

Antes de iniciar o estágio, o aluno deve também receber orientações sobre seu comportamento, apresentação pessoal e postura ética e profissional no contato com a empresa e seus diversos setores, adotando posicionamento discreto e proativo no desenvolvimento de suas tarefas.

De nada adianta preparar o estagiário se a organização que o receberá não reconhecer sua co-responsabilidade no sucesso do estágio. Uma das maiores reclamações dos estagiários se refere à sub-utilização de sua capacidade, através da delegação de atividades limitadas e pouco complexas, que não permitem seu desenvolvimento e empobrecem sua experiência. Para NUNES e LAMB (2003), quando isso ocorre, transforma-se o estágio "no mero desempenho de funções subalternas necessárias à burocracia da organização que está lhe oferecendo a oportunidade. Nestes casos, o estágio, certamente, não está contribuindo, em nada, para a formação do futuro profissional".

Segundo ROESH (1999, p.30), "há aqueles que duvidam da contribuição do aluno, mas que ainda assim aceitam o estagiário como parte da função social da empresa. O problema é que adotar essa atitude nem sempre implica permitir acesso de fato ao estagiário; é um processo em que se aceitam as visitas, mas restringem-se as informações".

Para evitar essa situação, podem ser adotadas as seguintes estratégias:

" Manutenção de um cadastro de empresas que efetivamente compreendem o estágio como atividade pedagógica importante para a formação profissional;
" A realização de encontros com os responsáveis técnicos pelo estágio, esclarecendo-se que a presença do estagiário não se constitui em ameaça, mas em oportunidade de atualização tecnológica da empresa e seus colaboradores. Essa ação poderá contribuir para uma maior receptividade do aluno no campo de estágio;
" Oferecer retorno à empresa campo de estágio, através da divulgação da parceria e casos de resultados exitosos. Isso aumentará a credibilidade da instituição de ensino e elevará o conceito de ambas diante da sociedade;
" Proporcionar um feedback dos resultados obtidos pelo estagiário e das propostas feitas por ele ao final do estágio;
" Consultar a empresa acerca de seu nível de satisfação com os estagiários a ela destinados, para que se defina o perfil mais apropriado e se estabeleçam melhores experiências futuras.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não se pretende, com esse ensaio, apresentar nova teoria acerca do estágio curricular, apenas ratificar sua importância e os cuidados necessários ao implantá-lo não como obrigatoriedade para a graduação do aluno ou cumprimento aos pré-requisitos legais para reconhecimento dos cursos superiores, mas como forma de efetivamente proporcionar ao aluno o aprendizado através da rica experiência, fruto da vivência de situações reais do cotidiano profissional que vão, com o auxílio da teoria estudada, aguçar a visão crítica e capacidade do aluno de elaboração do conhecimento, momento em que culmina o processo de aprendizagem.

Através da realização das estratégias propostas, acreditamos ser possível minimizar as insatisfações e maximizar os resultados positivos para os agentes envolvidos no estágio curricular, convergindo-se esses resultados para a qualidade na formação dos profissionais que estarão a serviço do desenvolvimento econômico e social, da melhoria de condições de vida e da busca pela igualdade social através da produção do saber.


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BIANCHI, A.C.M; ALVARENGA, M.; BIANCHI, R. Orientação para estágio em turismo.São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. p.11-14.
BRASIL. Leis e Decretos. Lei nº 6.494, de 7 de dezembro de 1977. Dispões sobre estágio de estudantes de estabelecimentos de ensino superior e de ensino profissionalizante do 2º Grau e Supletivo e dá outras providências.
__________ . Decreto nº 87.497, de 18 de agosto de 1982. Regulamenta a Lei nº 6.494.
NUNES, D.J. e LAMB, Luís. As distorções do estágio curricular obrigatório. T&C Amazônia, Ano 1, nº 2, Junho de 2003.
ROESCH, Sylvia M.A.; BECKER, Grace Vieira; MELLO, Maria Ivone. Projetos de estágio e de pesquisa em administração: guia para estágios, trabalhos de conclusão, dissertações e estudos de caso. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1999. p. 25-41.


 

Autor deste artigo: Gardênia Feitosa Veras Macatrão Costa - participante desde Qua, 23 de Novembro de 2005.

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