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Edições Anteriores 262 Educação Libertadora: esforço, mérito e punição
Educação Libertadora: esforço, mérito e punição PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Nilton Bruno Tomelin   
Qua, 02 de Março de 2011 00:00

Uma das funções mais belas e humanas da educação é a promoção da libertação de seres humanos. Esta libertação é quase um batismo. Na tradição católica costuma-se dizer que o batismo liberta do pecado original. Torna o sujeito membro de uma comunidade e por ela deverá viver! A educação libertadora surge com o propósito de romper com os grilhões que prendem o ser humano a sua bestialidade. Por bestialidade humana entende-se o caráter competitivo, agressivo, voraz e cruel que herdou-se dos instintos do passado. O final do ano letivo  para muitas crianças e adolescentes, é o momento de ganhar aquele brinquedo, fazer aquela viagem como recompensa pelo êxito de seu “esforço” nas rotinas de todo um ano, ou então de esparramar incontáveis justificativas pelo insucesso, apesar do “esforço”.



Aos contemplados com a “punição” do insucesso a preocupação em justificar. Educadores, famílias e adolescentes, buscando elementos diversos para expressar culpas. Elementos de ordem médica, psicológica, mística surgem para justificar o óbvio. Não houve sintonia entre o que se ensinou, o que se aprendeu e o que realmente deve ser ensinado e aprendido.

O que se ensinou, em verdade se constitui numa repetição de enunciados que já eram conhecidos de nossos avós, com honrosas exceções. Pouco se problematiza, questiona e debate no contexto escolar. É preciso vencer conteúdos! E é bom que se diga que os educadores são induzidos a cometer este erro, por que por mais que se cobre uma educação inovadora, sabe-se que a aprovação em concursos, vestibulares, por exemplo, se dá principalmente pelo domínio dos tais enunciados.

O que se aprendeu, passa a ser materializado através de boletins, relatórios e sente-se que pretendem determinar a qualidade intelectual de crianças e adolescentes. As famílias não imaginam que seus filhos deveriam estar preparados para transformar a sociedade em que vivem, tornando-a includente e cooperativa. Em lugar de enunciados e conteúdos, valores e virtudes poderiam contribuir para a formação de sujeitos para esta nova sociedade. A maioria das crianças e adolescentes, até acreditam que seja possível e necessária esta transformação. Mas como nós educadores e pais também já tivemos este sonho, e este foi reprimido, acreditamos que devemos agir da mesma forma com eles.

Assim, o dito “esforço” corresponde a uma espécie de enquadramento, é “cair na real” como dizem. Diversidade, identidade, solidariedade e compaixão são considerados valores que enfraquecem o potencial competitivo do sujeito. E enfraquecem mesmo, pois estão diretamente ligados a cooperação, jamais a competição. O grande mérito está em ser competitivo, o melhor entre muitos. Haverá, naturalmente, um premiado e muitos punidos! O que assusta é exatamente isso: é natural que haja um vencedor e muitos derrotados!.

O mérito está em ser o maior, e não o melhor! Ser o melhor não exclui, evidentemente a possibilidade de ser também o maior. Mas desta forma, para ser o melhor ( e o maior), é preciso saber partilhar, conviver, acolher e cooperar. É dar oportunidades iguais a quem é diferente. Em tempos em que a grande preocupação é com a sobrevivência do próprio planeta, incutir o espírito competitivo a aprová-los por isso, me parece a maior punição para eles e para o futuro.

O grande e verdadeiro esforço que nos resta empreender é o de libertar as futuras gerações daquilo que poderá aniquilá-las: a competição. A competição a que nos referimos, trata de um esforço em dominar a natureza, devastando florestas, solos e águas e cometendo verdadeiros genocídio contra índios, judeus e negros, para citar alguns exemplos. Mas o que deve ser ensinado e aprendido? Há dúvidas quanto ao ensinar. Soa como se alguém pudesse transferir o que sabe. Mais do que isso, como se este saber, pudesse assumir a condição de verdade absoluta e que deva ser ensinado e aprendido sem qualquer mudança ou transformação. Em relação a aprender, é possível dizer que é um exercício que transcende a simples apreensão de informações. Trata-se de uma construção imersa em valores que permita a compreensão do individual e do coletivo, com duas dimensões que dialoguem entre si, e se forjem dialeticamente.

Assim, educadores, pais e adolescentes necessitam compreender que esforço, mérito e punição são mais do que simples palavras. Não são palavras que se aplicam a alunos em final de ano letivo, mas valores que poderão definir o futuro, inclusive a possibilidade de haver futuro! Parte da libertação que a educação poderá oferecer é a certeza de que é possível haver futuro, através da soma da diversidade de esforços.

 
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