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Edições Anteriores 265 Liderança na coordenação de cursos de graduação: limites e caminhos para a superação (parte 2)
Liderança na coordenação de cursos de graduação: limites e caminhos para a superação (parte 2) PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Liliane Simara Fernandes   
Qua, 23 de Março de 2011 00:00

Muitos são os desafios a serem superados na coordenação de cursos de graduação, dentre estes, aponto os que me parecem mais pertinentes e presentes no dia a dia do coordenador:

1. A necessidade que existe deste profissional oriundo de áreas de formação diferente, (algumas distantes da pedagogia e da administração que teoricamente deveriam dar sustentação ao perfil do cargo), em perpassar pelas questões do ensino como ferramenta essencial para transformar o mundo, da extensão como ferramenta de aproximação com a comunidade, da pesquisa como instrumento essencial para o desenvolvimento e tendo ainda como pano de fundo o papel maior de administrar pessoas e conflitos.



2. O crescente desinteresse de boa parte dos jovens e de seus pais em entender que a Universidade deve auxiliar não só a formação técnica voltada ao perfil profissional escolhido, mas que também é responsável pela formação de homens mais éticos e responsáveis, culminando cada vez mais com discussões acerca das alterações de matrizes curriculares com conteúdos mais humanistas, bem como com a dificuldade em entender que a graduação deve dar subsídios para este indivíduo conduzir sua vida profissional e de cidadão. Não raro os conflitos em instituições particulares quando a discussão pagamento x aprovação entra em pauta tendo o coordenador um importante papel de mediador deste conflito com pais e ou alunos.

3. A necessidade de um corpo docente coeso e participativo que nem sempre está presente tendo em vista que, nas instituições particulares estes docentes devem desenvolver inúmeras atividades para cumprimento de sua carga horária ou na maioria das vezes são docentes horistas que estão comprometidos com o processo somente na sua hora de sala de aula. Já nas universidades públicas, que requerem docentes com alta titulação e produção científica, o envolvimento com a pesquisa se sobressai em relação às atividades de ensino e extensão. Não tendo muitas vezes o coordenador possibilidade de contar com seu grupo de professores para resolução e enfrentamento dos mais diferentes problemas cotidianos.

4. Aponto ainda, a crescente oferta de vagas no ensino superior que tem tornado a matemática qualidade x custo em uma equação difícil de resolver e que exige do coordenador uma capacidade enorme de gerenciamento.

Um dos pontos chave para tratar dos problemas citados acima está na figura do coordenador. Quem é este profissional? Qual é a sua capacidade de agregar a equipe de professores? Qual é a visão da direção acerca de suas habilidades? Qual é o nível de confiança depositado em sua pessoa pelos alunos?

Como diz Luiz Fernando Gomes Guimarães no texto Gestor ou coordenador, o coordenador de curso atual deve cada dia mais ser um indivíduo com uma boa capacidade política aliada aos conhecimentos técnicos do curso que ele gerencia quanto da legislação em educação. O ideal seria que a coordenação de curso tivesse como pré-requisito a necessidade de uma formação específica para a função, e que não fosse baseada na análise da competência do indivíduo enquanto docente. Nem sempre o bom professor será um bom coordenador.

As demandas no ensino superior são cada vez mais complexas e dizem respeito também a um crescente número de alunos que chegam do ensino médio e, acolhidos no ensino superior, principalmente em escolas particulares, tem com a instituição uma relação de cliente, e que segundo Sidney Coldibelli, a relação cliente e empresa deve ser revista, uma vez que é equivocado pensar que o cliente quer somente promoção e preço baixo. Ele está interessado principalmente em qualidade e este deve ser um dos focos do coordenador de curso enquanto gestor.

A qualidade dos serviços prestados está intimamente ligada a um trabalho de equipe liderado pelo coordenador, mas como menciona Peter Ducker, um líder deve ter algumas competências, dentre elas, saber ouvir, se fazer compreender; não arranjar desculpas para o fracasso e subordinar-se à tarefa a ser executada com autoridade moral e caráter. Desta forma ele poderá conseguir que sua equipe lhe dê o melhor e quem sabe até, será possível uma gestão efetivamente participativa.

Domingos Giroletti afirma que a educação do presente e do futuro deverá ser alicerçada em quatro pilares, que apontam para a necessidade do aprender a conhecer pois esta é a ferramenta para os processos produtivos; o aprender a fazer que tem no trabalho o instrumento de transformação do mundo; o aprender a conviver que trata da importância de se perceber a condição humana dentro do planeta como sendo uma parte apenas de todo um sistema; e, não é possível deixar de aprender a ser, é assim que o homem vai buscar sempre o sentido da vida. Este período de transformação do processo educativo que se volta para os elementos citados acima deve ser primeiramente assimilado pelo coordenador do curso passando pelos docentes até finalmente ser incorporado pelos discentes em sua caminhada acadêmica.

Diante da crescente necessidade de profissionalização das coordenações de curso para vencer os desafios da educação atual, acredito que somente um esforço conjunto entre direção, coordenação, corpo docente e discente serão capazes de caminhar para suprir as  demandas atuais da sociedade. A mudança na forma de escolha dos coordenadores de curso, onde o coordenador seja preparado previamente para a função através de cursos de gestão e quando serão avaliados atributos mínimos exigidos para o cargo pode ser um caminho. O estabelecimento de metas em conjunto (planejamento estratégico do curso) com direção, docentes e discentes, levando em conta as características do curso e de seus acadêmicos também representa um passo importante para o envolvimento de todos nas mudanças. Finalmente, aponto a necessidade de uma reformulação das políticas públicas de educação para que estejam mais comprometidas com a qualidade do ensino desde o básico até o profissionalizante, com uma regulação mais eficiente na abertura de cursos e com o estabelecimento de provas para os graduados poderem exercer efetivamente sua profissão como acontece atualmente para os acadêmicos de direito. Somente assim estaremos mais perto de colocar à disposição do mercado profissionais competentes e comprometidos.

 

Autor deste artigo: Liliane Simara Fernandes - participante desde Seg, 14 de Março de 2011.

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