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Edições Anteriores 283 A intertextualidade entre a música epitáfio e o poema instante, estudada pelo viés da análise do discurso
A intertextualidade entre a música epitáfio e o poema instante, estudada pelo viés da análise do discurso PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Cristiane Venzke Nogueira   
Qua, 27 de Julho de 2011 00:00

1. INTRODUÇÃO: Consideramos que todo discurso se forma a partir de um outro já existente e que, nesse processo, não podemos considerar que haja neutralidade nos discursos produzidos, pois um discurso evoca o outro e constitui-se num signo ideológico que, representando uma Formação Discursiva (FD), define o que pode e o que deve ser dito, no momento em que aquela enunciação, única e irrepetível, se concretizam.



A linguagem, neste sentido, não está desarticulada da sua realidade material. Adoto, para esta análise ainda, o conceito de língua como fato social conforme apresentou Ferdinand Saussure. Essa concepção representa um fazer que não seja individual, mas que resulta do outro. Discutirei, através dos textos apresentados, a posição do sujeito, defendido pela análise do discurso, pois este, ao ser analisado, precisa ser pensado em relação a sua materialidade, no âmbito da sua exterioridade que marca e define as vozes que falam no texto. O discurso, como defende M. Pêcheux, está atrelado a história, é processo e compreendemos que é considerando esses parâmetros que a análise adquire significado e transparência.

Este artigo tem por finalidade analisar a relação entre o poema “Instantes”,  supostamente escrito pelo argentino Jorge Luis Borges e a música “Epitáfio” de Sérgio Brito, interpretada pela  banda brasileira Titãs, considerando o contexto de produção, os aspectos sócio-históricos e ideológicos que proporcionaram a produção desses textos.  Esta análise está pautada nas categorias apresentadas pela análise do discurso, como a heterogeneidade, o dialogismo, a interdiscursividade e a intertextualidade. Consideramos que todo discurso se forma a partir de um outro já existente e que, nesse processo, não podemos considerar que haja neutralidade nos discursos produzidos, pois um discurso evoca o outro e constitui-se num signo ideológico que, representando uma Formação Discursiva, define o que pode e o que deve ser dito, no momento em que aquela enunciação, única e irrepetível, se concretizam.

2. O DIALOGISMO CONSTITUINTE ENTRE OS POEMAS “EPITÁFIO E INSTANTES”

Considero para esta análise os estudos da linguagem realizados por Mikhail Bakhtin, este autor “considera o dialogismo o princípio constitutivo da linguagem e a condição do sentido do discurso” diálogo que acontece entre os sujeitos envolvidos no processo de comunicação e entre os discursos produzidos sócio-historicamente (BARROS. In FARACO; TEZZA; CASTRO 2001, p.33. Para este autor o dialogismo se refere tanto a interação entre dois interlocutores que são sujeitos sociais como a interação entre discursos também produzidos sócio-historicamente. Diana Luz Pessoa de Barros salienta que outro aspecto do dialogismo a ser considerado é o do diálogo entre os muitos textos da cultura, que se instala no interior de cada texto e o define. Esse sentido de dialogismo é mais explorado e conhecido e até mesmo apontado como o princípio que costura o conjunto das investigações de Bakhtin [...] Deve-se observar que a intertextualidade na obra de Bakhtin é, antes de tudo, a intertextualidade “interna” das vozes que falam e polemizam no texto, nele reproduzindo o diálogo com outros textos (BARROS. In BARROS e FIORIN, 2003, p.4).

Para este autor e seus discípulos nenhum texto é absolutamente novo, pois está sempre sustentado em outros textos, outros discursos, outros aspectos ideológicos e assim, sucessivamente. “O conceito de intertextualidade concerne ao processo de construção, reprodução ou transformação do sentido” (FIORIN. In BARROS e FIORIN, 2003, p.28). Um autor ao retomar partes de textos do outro explicitamente, ou não, realiza um diálogo aberto com a obra já produzida, chamando-a ao diálogo, porém introduzindo-lhe novos conceitos, novos significados que se entende pela concepção de Bakhtin, como sendo esses sentidos infinitos, em decorrência das múltiplas possibilidades de comunicação que encontramos. Adail Sobral define o dialogismo como sendo “princípio da produção dos enunciados/discursos, que advém de “diálogos” retrospectivos e prospectivos com outros enunciados/discursos” (SOBRAL. In BRAIT, 2005, p.106) Julia Kristeva, reinterpretando o conceito bakhtiniano de dialogismo apresentará o conceito de intertextualidade, em meio ao estruturalismo francês dos anos 60, citando Bakhtin, ela defende que “todo texto se constrói como mosaico de citações, todo texto é absorção e transformação de um outro texto” (KRISTEVA, 1974, p.64). Na seqüência ela ainda enfatiza “o dialogismo é inerente à própria linguagem” (KRISTEVA, 1974, p.66), o que permite a interpretação do texto literário, especialmente, como um texto construído sempre no diálogo com outros textos.

Laurent Jenny interpretando Kristeva dirá que “Fora da intertextualidade, a obra literária seria muito simplesmente incompreensível” (JENNY, 1979, p. 5). Dominique Maingueneau explica a intertextualidade considerando os conceitos fundantes da análise do discurso como sendo (...) conjunto das relações explícitas ou implícitas que um texto mantém com outros textos. Na primeira acepção ele é uma variante de interdiscursividade. Mas se intertextualidade e interdiscursividade têm um sentido equivalente, não são, contudo, empregados nos mesmos domínios (MAINGUENEAU, 2006, p. 87).

Segundo este autor o termo intertextualidade se refere mais à obra literária e salienta que outros autores atribuem ainda outras nomenclaturas para se referir a esse aspecto da constituição dos textos.  Ainda discutindo este conceito, um outro utilizado para essa finalidade é o de intertexto, entendido como “conjunto dos fragmentos citados num determinado corpus” Nesse sentido a intertextualidade para a análise do discurso seria “as regras implícitas que subentendem esse intertexto, o modo de citação que é julgado legítimo na formação discursiva da qual depende esse corpus” (MAINGUENEAU, 2006, p. 88).

José Luis Fiorin a respeito da intertextualidade e da interdiscursividade afirma que “a intertextualidade é o processo de incorporação de um texto em outro, seja para reproduzir o sentido incorporado, seja para transformá-lo” (FIORIN, In BARROS e FIORIN, 2003, p.30). Já a interdiscursividade para este autor “é o processo em que se incorporam percursos temáticos e/ ou percursos figurativos temas e/ou figuras de um discurso em outro” (FIORIN, In BARROS e FIORIN, 2003, p.32). Nesse sentido entendemos o interdiscurso, assim como a intertextualidade como sendo a representação das vozes, dos textos e discursos que um autor retoma do outro no seu percurso de produção de um novo texto.

Dominique Maingueneau define o interdiscurso como sendo “um conjunto de discursos (de um mesmo campo discursivo ou de campos distintos, de épocas diferentes...) (MAINGUENEAU, 2006, p. 86). É considerando essas categorias ora apresentadas que analisaremos a produção escrita de Jorge Luis Borges e Sérgio Brito. No diálogo entre os textos, além da intertextualidade já discutida neste trabalho, há uma relação implícita que Maingueneau define como interdiscurso. Não se trata, contudo, de absorver os discursos em algum interdiscurso indiferenciado, mas de avançar na reflexão sobre a identidade discursiva ( Maingueneau,2006, p. 111). Segundo o autor "O interdiscurso consiste em um processo de reconfiguração incessante no qual uma formação discursiva e levada (...) a incorporar elementos pré-construidos, produzidos fora dela, com eles provocando sua redefinição e redirecionamento, suscitando, igualmente, o chamamento de seus próprios elementos para organizar sua repetição, mas também provocando, eventualmente, o apagamento, o esquecimento ou mesmo a denegação de determinados elementos. (MAINGUENEAU, 2006, p. 113)

Mas a questão não consiste unicamente em saber como uma formação discursiva constrói seu espaço próprio através das virtualidades da língua; isto também se da sob a pressão do interdiscurso, que força estreitamente esta interação entre o lingüístico e o discursivo.Como bem o sublinha Bakhtin, todo discurso, através de suas palavras, e envolvido no interior de um imenso rumor "dialógico": (MAINGUENEAU, 2006, p. 152)

SÉRGI BRITO, TITÃS-UMA PEQUENA BIOGRAFIA

Sérgio de Britto Álvares Affonso é o único carioca dos Titãs, mas deixou o Rio ainda bebê, logo depois que nasceu no dia 18 de setembro de 1959. Ele e os irmãos, Rui e Gláucia, moravam em Brasília quando em 1964 os militares tomaram o poder e o pai deles, o então deputado federal Almino Afonso, líder do PTB na Câmara e inimigo feroz da ditadura, teve que deixar o Brasil para não ser preso. Um ano depois, quando Fábio, o caçula, já havia nascido, a família toda saiu do país. Durante os nove anos de exílio forçado, Sérgio Britto morou no Chile e acabou sendo alfabetizado em castelhano. Britto cresceu ouvindo Beethoven, Chopin e outros monstros sagrados da música clássica que o pai escutava, mas até os 13 anos seu desejo era um só: ser pintor. Graças à irmã, que tinha aulas de violão, descobriu o disco "Help", dos Beatles, e passou a se interessar por música. Com 14 anos, ao voltar para o Brasil, teve as primeiras aulas de piano. Nessa época ouvia Yes, Emerson, Lake & Palmer, The Who, Led Zepellin, The Beach Boys e muita MPB. Logo depois passou a dedilhar o violão que a irmã deixava encostado num canto.

Titãs é uma banda de rock brasileira formada em São Paulo, na década de 1980. Ativa há mais de 25 anos, tornou-se uma das quatro maiores bandas do BRock, ao lado de Legião Urbana, Os Paralamas do Sucesso, e Barão Vermelho. Um dos mais importantes grupos de rock brasileiro da década de 1980, cujo estilo incorpora punk hardcore, reggae, rock new-wave e jovem guarda, alem de letras concisas e irônicas influenciadas pela poesia concreta. Foi formado em São Paulo SP em 1982, com o nome Titãs do Iê-iê, por Arnaldo Antunes (vocal); Ciro Pessoa (São Paulo 1957), vocal; Paulo Miklos (Paulo Roberto de Sousa Miklos, São Paulo 1959), vocal e saxofone; Marcelo Frommer (São Paulo 1961), guitarra; Sérgio Brito (Sérgio de Brito Alvares Affonso, Rio de Janeiro RJ 1959), teclados; Toni Bellotto (Antônio Carlos Liberatti Bellotto, São Paulo 1960), guitarra; Branco Melo (Joaquim Cláudio dos Reis de Melo Branco, São Paulo 1962), vocal; Nando Reis (José Fernando Gomes dos Reis, São Paulo 1963), contrabaixo; e André Jung (André Jungman, Recife PE 1961), bateria. Arnaldo Antunes e Paulo Miklos vinham do grupo músico-teatral Aguilar e a Banda Performática, com que chegaram a gravar um LP independente em 1982. Ciro Pessoa saiu em 1984 e formou o grupo Cabine C.

ANÁLISE DAS OBRAS

Sempre, sob nossas palavras, “outras palavras” são ditas: é a estrutura material da língua que permite que, na linearidade de uma cadeia, se faça escutar a polifonia não intencional de todo discurso, através da qual a análise pode tentar recuperar os indícios da “pontuação do inconsciente”. (Authier-Revuz, 1990). “Tentando compreender o homem enquanto sujeito, não podemos nos esquecer de sua interação com a própria realidade em que vive.” (Orlandi 1999, p. 15).

É importante ressaltar que esses poemas fazem parte de uma formação discursiva (FD) muito próximas. “Epitafio” escrita em.2001, por Sérgio Brito e “Instantes” acredita-se que fora escrito em 1987, não se sabe ao certo seu autor, diante de tantas buscas, encontrou-se o poeta argentino Jorge Luis Borges, como autor, e também a autora americana Nadine Stair. O mais importante nesse artigo não é discutir a autoria da obra, mas sim compreende-la.

Entende-se por formação discursiva o processo de produção para a formação de sentidos, a partir de uma formação ideológica. Ou seja, segundo Brandão (1992.p. 39) É a FD que permite dar conta do fato de que sujeitos falantes, situados numa determinada conjuntura histórica, possam concordar ou não sobre o sentido a dar às palavras. Sendo assim, em relação aos poetas mencionados, salienta-se que pertencem a uma FD distinta, pois Sérgio Brito é brasileiro e Jorge Luis Borges argentino e Nadine Sair americana. Mas, mesmo pertencentes a uma FD diferente, os poemas dialogam entre si, pois trabalham com temas atemporais, presentes em todas as classes, faixa-etária, etnias, etc. De uma maneira simples, acessível a todos os leitores, pois, a fala, a linguagem social, concentra-se no poema, articula-se e levanta-se. O poema é a linguagem erguida. ( PAZ, 1982, p.43). O poema é a secreção natural da linguagem. (1992.p. 39)

TITÃS

 

Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer...

Queria ter aceitado
As pessoas como elas são

BORGES

 

Se eu pudesse viver novamente a minha vida,
na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser perfeito; relaxaria mais.
Seria mais tolo do que tenho sido; na verdade,
bem poucas coisas levaria a sério.

 

 

 











No nível narrativo os dois poemas possuem estruturas iguais, ou seja, formas verbais em primeira pessoa e a presença de um eu - lírico que se lamenta por não ter feito coisas que gostaria de ter feito. Um eu - lírico que se culpa por ser cauteloso demais, metódico, materialista e não viver despretensiosamente. Ambos possuem uma linguagem simples, fácil de ser compreendida e atualizada em todas as épocas. Segundo Octavio Paz “o poema se nutre da linguagem viva de um comunidade, de seus mitos, seus sonhos e suas  paixões, isto é, suas tendências mas secretas e poderosas. ( Paz 1956, p. 50).

Na obra “Epitáfio” encontra-se um eu - lírico póstumo, que tenta passar aos leitores que se deve aproveitar a vida, “curtir o momento” sem se preocupar com pequenos problemas, pois a vida é curta.  É interessante observar os versos “Queria ter aceitado as pessoas como elas são...”, “Cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração” e “A cada um cabe alegrias e a tristeza que vier” nesses versos apresenta o arrependimento de ter julgado as pessoas, e nos últimos intensifica mais  e revela que todas as pessoas possuem defeitos e estão sujeitas a julgamento. Em fim, o poema tenta convencer o leitor a aproveitar todos os momentos da vida, da melhor maneira. O poema é a mediação entre a sociedade e aquele que a funda (Paz 1956, p.50).  Os verbos utilizados estão no pretérito, o que mostra que não há mais nada o que fazer:

“Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
Até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer”

Enquanto na música “Epitáfio” existe um eu - lírico póstumo, no poema “Instante” o eu–lírico é velho, o que revela no penúltimo verso “Mas vejam, tenho 85 anos“.

Em “Instantes” há o predomínio dos verbos na condicional na simples.

 

Si pudiera vivir nuevamente mi vida,
en la próxima trataría de cometer más errores.
No intentaría ser tan perfecto, me relajaría más.
Sería más tonto de lo que he sido,
de hecho tomaría muy pocas cosas con seriedad.

 

Nesse poema, a maior parte  dos verbos estão na condicional simples, o que representa uma situação irreal, improvável, não se pode voltar no tempo. O eu-lírico, após tanto tempo vivido, reflete sobre seus erros cometidos e se arrepande, “Si pudiera vivir nuevamente mi vida, en la próxima trataría de cometer más errores“, ele,  nesse poema se arrepende de pecar pelo exceso, pois, não valeu apena ser tão “certinho“:

 

Yo fui una de esas personas que vivió sensata
y prolíficamente cada minuto de su vida;


Tanto na música Epitáfio como no poema Instantes, apresentam características de arrependimentos e não se pode voltar no tempo para desfazer os erros, pois um está morto e o outro muito velho.  Enquanto em Epitáfio o eu-lírco acredita em um acaso possa protegê-lo, uma espécie de protetor espiritual no poema Instantes não existe.

 

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar…

Ao comparar os seguintes versos abaixo, é percebida uma espécie paráfrase que segundo Orlandi (2001, p.36) os processos parafrásticos são aqueles pelos quais em todo dizer há sempre algo que se mantém. Dessa forma, pode-se dizer que a paráfrase é o retorno aos mesmos dizeres.

 

EPITÁFIO

 

Devia ter amado mais

Ter chorado mais

Ter visto o sol nascer

Devia ter arriscado mais

E até errado mais...

...................................

 

Devia ter complicado menos

Com problemas pequenos

INSTANTES

 

...correría más riesgos

Haría más viajes

Contemplaría más atardeceres

subiría más montañas, nadaría más ríos

Iría a más lugares adonde  nunca he ido,

………………………………………

Tendría más problemas reales y menos imaginarios

 

É percebida no poema Instante uma grande inspiração pra a letra Epitáfio. Este se baseia na sua sociedade, com os problemas vividos em 2000, enquanto esse, nos problemas reais de sua época. Embora épocas distintas os conflitos existenciais ainda existem.  A condição essencial da subjetividade lírica consiste, portanto, na assimilação total do tema dado. (p. 228- HEGEL 1980). Ambos os poemas servem de instrumento para orientar pessoas menos experientes, pois “o poema é mediação entre a sociedade e aquele que a funda”. (PAZ, 1982, p.50)

ANEXOS

EPITÁFIO- TITÃS

Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer...

Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria
E a dor que traz no coração...

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor...

Queria ter aceitado
A vida como ela é
A cada um cabe alegrias
E a tristeza que vier...

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...(2x)

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr...

INSTANTES

Si pudiera vivir nuevamente mi vida,
en la próxima trataría de cometer más errores.
No intentaría ser tan perfecto, me relajaría más.
Sería más tonto de lo que he sido,
de hecho tomaría muy pocas cosas con seriedad.
Sería menos higiénico.
Correría más riesgos,
haría más viajes,
contemplaría más atardeceres,
subiría más montañas, nadaría más ríos.
Iría a más lugares adonde nunca he ido,
comería más helados y menos habas,
tendría más problemas reales y menos imaginarios.
Yo fui una de esas personas que vivió sensata
y prolíficamente cada minuto de su vida;
claro que tuve momentos de alegría.
Pero si pudiera volver atrás trataría
de tener solamente buenos momentos.
Por si no lo saben, de eso está hecha la vida,
sólo de momentos; no te pierdas el ahora.
Yo era uno de esos que nunca
iban a ninguna parte sin un termómetro,
una bolsa de agua caliente,
un paraguas y un paracaídas;
si pudiera volver a vivir, viajaría más liviano.
Si pudiera volver a vivir
comenzaría a andar descalzo a principios
de la primavera
y seguiría descalzo hasta concluir el otoño.
Daría más vueltas en calesita,
contemplaría más amaneceres,
y jugaría con más niños,
si tuviera otra vez vida por delante.
Pero ya ven, tengo 85 años...
y sé que me estoy muriendo

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AUTHIER-REVUZ, J. Heterogeneidades enunciativas. In: Cadernos de Estudos Lingüísticos, nº 19, p. 25-27. Campinas: Unicamp, 1990.
BARROS, Diana Luz Pessoa de. Dialogismo, polifonia e intertextualidade. In BARROS, Diana L. Pessoa de.; FIORIN, José Luis (org).   Dialogismo, polifonia, intertextualidade. São Paulo: USP, 2003.
BARROS, Diana Luz Pessoa de. Contribuições de Bakhtin às teorias do texto e do discurso In FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristovão; CASTRO, Gilberto de. Diálogos com Bakhtin. Curitiba. UFPR, 2001.
BRANDÃO,  H. Introdução à análise do discurso. Campinas: Unicamp. 1992
BORGES, Jorge Luis. Esse ofício do verso. São Paulo. Companhia das Letras 2000
FIORIN, José Luiz. Polifonia textual e discursiva. In BARROS, Diana L. Pessoa de.; FIORIN, José Luis (org).   Dialogismo, polifonia, intertextualidade. São Paulo: USP, 2003.
JENNY, Lurent. A estratégia da forma. In: POÉTIQUE: revista de teoria e análise literárias.  Intertextualidade. Trad. Clara Crabré Rocha. Coimbra, 1978.
KRISTEVÁ, Julia. Introdução à semanálise. São Paulo, Perspectiva, 1974

 

Autor deste artigo: Cristiane Venzke Nogueira - participante desde Ter, 01 de Fevereiro de 2011.

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