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Edições Anteriores 277 Existe vida após o sinal?
Existe vida após o sinal? PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Nilton Bruno Tomelin   
Qui, 16 de Junho de 2011 00:00

Há fatos que provocam e evocam grandes transformações na personalidade das pessoas em seu cotidiano e que se revestem de certo misticismo. Em sala de aula estas transformações ocorrem por meio de um espontaneísmo forçado e determinado por regras, códigos e normas. Chamamos de espontaneísmo pelo fato de que na atual estrutura escolar, procura-se naturalizar a submissão de educandos e educadores. Uma submissão, sem a qual o modelo escolar estruturado efetivamente não consegue se consolidar. A questão que motiva este escrito refere-se a um momento crucial:



o sinal de início das aulas que marca o início de um período em que os seres humanos (educadores e educandos) passam a exercer papéis definidos:
os que sabem e os que não sabem.

Nesta perspectiva, os que sabem trazem conteúdos tórrida e sofridamente aprendidos durante sua formação acadêmica e que precisam ser perpetuados, custe o que custar. Os que nada sabem, trazem do cotidiano coisas sem importância e que podem e devem ser esquecidas. Assim o sinal do início das aulas marca a personificação de personagens que se completam e se estranham.

Se completam pois há uma transferência “natural” de saberes e se estranham pelo fato de que esta transferência não é exatamente natural. Esta visão é sustentada por planejamentos e grades curriculares pré-estabelecidos que não admitem “novidades” ao longo do ano letivo. Assim, cada dia consiste na repetição do anterior estabelecendo rotinas, quase rituais. Estabelece-se uma mecanicidade de processos que caminha para uma desumanização “natural” afim de tornar cada educando um bom depósito de saberes, de alta eficiência em eventos como vestibulares, concursos, etc.

Aos que não se submetem a este ritual, há uma série de riscos e punições como reprovação, pouco prestígio. Chega-se a questionar inclusive, suas habilidades intelectuais e sua sanidade mental. Para estes o sinal de início das aulas é também o início de um martírio. Um conflito interminável diante na necessidade de renunciar a condição humana que há em cada educando. Ao educador cabe o papel de repassar o conteúdo planejado e fiscalizar a eficiência do educando em converter-se num depósito de saberes.

Diante disto é preciso compreender o comportamento da vida e das suas manifestações mais belas. É preciso refletir sobre o quanto se perde de humanidade num processo educativo em que há um conjunto de saberes previamente estabelecido. Os rituais sufocam a possibilidade da vida se fazer presente no dia-a-dia no mais humano fazeres: a aprendizagem. O que se nota é um acentuado privilégio ao ensino em detrimento da aprendizagem. Isto distancia a escola do contexto social em que se insere dada a perda de sentido desta relação. Torna-se um ambiente árido, seletivo, cruel, infeliz e burocrático.

Estas características estimulam poucas perspectivas e distanciam as pessoas de seus sonhos. Distanciam as pessoas da vida e inviabilizam utopias, reduzindo o esplendor vital do ato educativo a um cumprimento formal de um planejamento escolar. A relação com o saber assume uma esterilidade apolítica que o torna ainda mais distante de uma parcela marginal da sociedade. A marginalidade aqui se refere a massa humana desprovida de direitos e de atenção, os que frequentemente são classificados como excluídos.

Mais do que recursos, materiais e teorias, a educação necessita compreender a grandeza da vida humana, suas diferentes formas de manifestação e expressão. O respeito a vida é pois um ato solidário que determinará o início de uma grande revolução. Uma revolução que transformará a sala de aula no palco maior de redenção dos diferentes, dos desiguais que terão igual garantia de acesso a oportunidades e direitos, assim como ao comprometimento em relação ao seu próprio futuro. A vida, portanto, não pode ser suspensa, adiada, transferida! A vida precisa ser celebrada!

 
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