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Gestão Universitária

Edições Anteriores 289 A GESTÃO DA AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS EM JI-PARANÁ
A GESTÃO DA AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS EM JI-PARANÁ PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Marinho Celestino de Souza Filho   
Qua, 09 de Novembro de 2011 00:00

A GESTÃO DA AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS EM JI-PARANÁ-RO

MANAGEMENT ASSESSMENT IN YOUTH AND ADULT EDUCATION IN JI-PARANÁ-RO

MARINHO CELESTINO DE SOUZA FILHO[1]

IZABEL VIEIRA DOS SANTOS[2]

Resumo: Nesse artigo, produzido a partir de pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo e ainda de procedimentos metodológicos oriundos da História Oral, pretendemos tratar sobre o sistema de Avaliação na Educação de Jovens e adultos em Ji-Paraná-RO, especificamente, no CEEJA– Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos “Tereza Mitsuko Tustumi”.

 

Palavras-chave: 1.Educação. 2. Professores. 3. Alunos. 4. Avaliação. 5. Jovens e Adultos.

Abstract: In this paper, produced from literature, field research and also of methodological procedures from Oral History, we want to speak about the Evaluation system in CEEJA – Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos “Tereza Mitsuko Tustumi”.

Key words: 1.Education. 2.Teachers. 3.Students. 4.Evaluation. 5.Young Adults.

 

1. INTRODUÇÃO

Sabemos que, talvez, uma das tarefas mais complexas atualmente, seria a de avaliar.

Principalmente, quando se trata de Avaliação escolar, já que este tipo de Avaliação é um trabalho árduo; complexo que não pode se resumir tão somente à realização de provas e atribuição de notas, por isso, a mensuração apenas oferece dados para serem confrontados e submetidos a um quesito de verificação: apreciação qualitativa.

Entendida dessa forma, a Avaliação escolar cumpre, assim, função pedagógico-didática de diagnosticar e controlar instrumentos adequados, de verificação do rendimento escolar.

Assim, nesse artigo, pretendemos mostrar o sistema de Avaliação adotado no CEEJA– Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos “Tereza Mitsuko Tustumi”, localizado em Ji-Paraná-RO.

Para isso utilizaremos de procedimentos metodológicos oriundos das seguintes áreas do conhecimento: pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo e História Oral.

Nesse sentido, por meio da pesquisa bibliográfica buscaremos as fontes necessárias que tratam da temática em questão: Avaliação. Objetivando, dessa forma, a construir o nosso referencial teórico com as obras mais relevantes e tradicionais que tratam da temática anteriormente mencionada.

Já com a realização da pesquisa de campo, pretendemos mostrar o sistema de Avaliação adotado no CEEJA– Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos “Tereza Mitsuko Tustumi” situado em Ji-Paraná-RO.

É bom frisar que a pesquisa anteriormente mencionada foi realizada em julho de 2002, por isso, atualmente, não sabemos se o sistema de Avaliação e a infraestrutura são os mesmos na Instituição acima assinalada.

É relevante afirmar ainda que a pesquisa de campo se concretizou por meio de entrevistas realizadas através de um questionário dirigido aos colaboradores: alguns alunos e alguns professores do CEEJA– Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos “Tereza Mitsuko Tustumi” situado em Ji-Paraná-RO.

Assim, além da pesquisa de campo, utilizaremos a História Oral para “transcriar” as entrevistas gravadas, por isso, a partir de agora, teceremos alguns comentários sobre essa área do conhecimento tão relevante para quem trabalha com oralidade e memória.

Nesse aspecto, segundo Grudzinski (2001), o uso da História Oral remonta aos anos 50 do século XX, vista como modo de deixar o sujeito excluído falar. Baseando-se para isso em suas memórias, dessa maneira, a História Oral garante ao sujeito o direito de contar outra História diferente da Oficial. Por isso, a História Oral trabalha com gravações de entrevistas cedidas pelos seus colaboradores, essas gravações constituem as narrativas sobre suas vidas, assim, estas narrativas constituem o principal objeto de estudo da História Oral.

Sendo assim, Grudzinski (2001) nos mostra ainda que o pesquisador que trabalha com fontes orais, não pode confiar totalmente no passado, nas lembranças de seus colaboradores, já que os relatos e as narrativas ocorridos não constituem literalmente o passado e nem a realidade; são apenas algumas pistas tanto do passado quanto da realidade. Dessa forma, Paiva (1978) apud Caldas (2001, p. 32) nos orientará quanto aos procedimentos empregados na coleta e no tratamento das informações oriundos da História Oral:

a) é preciso deixar o “depoente” falar livremente da vida e da sua vida, contar o que fez o que deixou de fazer e deixar que ele dê sua interpretação de tudo;

b) manter um tom coloquial, deixando a impressão de estar ouvindo o depoente, criando uma pontuação que mantenha a exata entonação da conversa;

c) deixar, no resultado final, o constante vaivém cronológico;

d) suprimir as perguntas proporcionando ao leitor um texto corrido e fácil de ser lido;

e) juntar os assuntos que se separem no vaivém das perguntas e das respostas.

Além desses procedimentos, devemos transcriar o texto gravado com os colaboradores.

 

Nesse sentido, segundo Meihy (2005), “transcriar” seria dialogar com o texto gravado, recriá-lo.

Assim, adotaremos a metodologia acima proposta por Meihy (2005) para o registro escrito das entrevistas gravadas e realizadas com os alunos e professores, nossos colaboradores do CEEJA– Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos “Tereza Mitsuko Tustumi” em Ji-Paraná-RO.

Em vista disso, é necessário dividir esse trabalho em duas distintas partes, a primeira que tratará da Avaliação escolar de uma forma mais ampla, abordando, “a priori”, os seguintes itens:

a)      A Avaliação na prática da escola;

b)      Caracterização da Avaliação escolar;

c)      Instrumentos de verificação da Avaliação escolar;

d)     Atribuição de notas ou conceitos;

e)      Sugestões para uma prática mais humana e adequada de Avaliação na escola.

Assim, na segunda parte, trataremos da construção da gestão da Avaliação no CEEJA em Ji-Paraná.

 

2. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O CONCEITO DE AVALIAÇÃO ESCOLAR

Sabe-se que, atualmente, a Avaliação escolar tem sido vista de várias formas, mas, neste trabalho, adotaremos a concepção de Avaliação escolar recomendada por Libâneo (1994, p.196), que, assim a vê:

 

Podemos, então, definir a avaliação escolar como um componente do processo de ensino que visa, através da verificação e qualificação dos resultados obtidos, determinar a correspondência destes com os objetivos propostos e, daí, orientar a tomada de decisões em  relação às atividades didáticas seguintes.

 

Da citação anterior, observamos que a Avaliação escolar passa por diversas etapas, dentre elas, gostaríamos de elencar as seguintes:

  1. 1. Verificação - seria a coleta de dados sobre o aproveitamento dos alunos: trabalhos, exercícios de fixação de conteúdos feitos e corrigidos na própria sala de aula e ainda de meios auxiliares; tais como: observação de desempenho, apresentação de trabalhos em grupo, onde os próprios grupos podem se autoavaliarem, entrevistas, etc.
  2. 2. Qualificação – comprovação dos resultados obtidos, isto é, alcançados em relação aos objetivos propostos, podendo, dessa maneira, auferir notas ou conceitos.
  3. 3. Apreciação Qualitativa – a etapa mais importante da Avaliação escolar, porque é nessa etapa que avaliamos os resultados, referindo-se a padrões de desempenho esperados ou desejados.

Essas três etapas devem ser observadas, para que se tenha uma prática adequada de Avaliação nas escolas brasileiras, contudo, se observarmos o cotidiano em muitas escolas brasileiras, ainda que, sumariamente, notamos outra prática de Avaliação, a saber: de um lado o mestre, “sabedor de tudo”, que nunca erra, apenas, se engana, de outro, o aluno, eterna “tábua rasa”, onde se depositam os conhecimentos adquiridos pelo mestre nos seus vários anos de academia, estudos “profícuos, sistemáticos, científicos”.

Desse modo, no atual sistema de Avaliação escolar praticado por várias escolas brasileiras, o aluno não tem vez nem voz, o mestre, detentor do saber, é quem dita as regras do jogo; e nestas “regras” ( se é que podem ser chamadas de regras), o aluno nunca tem oportunidade, ou seja, faz-se prova, decora-se conteúdo e, ao final desta etapa atribui-se uma nota, privilegiando, desse modo, somente os aspectos quantitativos.

Assim, a maioria dos estudantes que não têm facilidade na arte do “decoreba”, são estigmatizados e ainda mal sucedidos.

Como se não bastasse isso, o professor tem o poder de “aprovar” ou “reprovar” seus alunos, por isso, muitas vezes, muitos professores se gabam em dizer: “Na minha matéria só passaram cinco, os outros trinta e cinco ficaram”.

Infelizmente, esta tem sido o modelo de Avaliação praticado em muitas escolas do Brasil.

Nesse processo, o professor deixa de ser alguém com quem os alunos podem contar para não só desenvolver o intelecto, o conhecimento, como também o senso de humanidade, a cidadania, não lhes facultando o direito de serem pessoas felizes, sociáveis, realizadas, por isso, temos de abri os nossos olhos para essa dura realidade: estamos formando meras máquinas, verdadeiros autômatos, já que quase sempre se avalia, na maioria das vezes, apenas para conferir uma nota, e a relação professor/ aluno?  A mudança de atitude frente às injustiças sociais? A formação de cidadãos competentes, honestos, amistosos, sociáveis e sociabilizados, onde fica?

Logo, mais do que auferir notas, ou se gabar, contar vantagens, no que tange, principalmente, ao número de reprovados, precisamos formar cidadãos capazes de ter sensibilidade para os problemas sociais que nos afetam: fome, miséria.

Nesse sentido, para que haja melhores condições de vida nesse país, o professor não pode agir como um algoz, um juiz, que julga inadequadamente seus alunos; aos “quietinhos, “aos bons”, o prêmio, “a absolução dos pecados”: a aprovação, aos “maus”, o castigo, a condenação brutal pelo tribunal da “Santa Inquisição”, isto é, o fogo eterno do inferno: reprovação, porque, conforme nos mostra Luckesi (2002, p.2):

 

[...] – O professor como último elemento da cadeia de profissionais que se relaciona com o educando, representa o poder da sociedade: escolhe os assuntos das provas, elabora as questões, julga se elas são adequadas, aplica-as, corrige, qualifica, aprova ou reprova. Ao educando cabe submeter-se a este ritual e temer a exclusão.

Dessa forma, não há outra alternativa para nós, a não ser que mudemos de atitude e, principalmente, mudemos ainda a forma como a Avaliação tem sido praticada em várias escolas brasileiras, assim, ao invés de privilegiar um único quesito: o aspecto quantitativo, por que não considerar os dois lados: o quantitativo e o qualitativo, estabelecendo um diagnóstico antes, durante e após a Avaliação e não só levar em consideração um único momento de Avaliação: o agora, mas também considerar o momento antes e o depois, além das implicações sociais, familiares que uma Avaliação pode ter durante toda a existência de um aluno.

Assim, devemos estabelecer, nesse momento, as características de uma prática adequada da Avaliação escolar que, segundo Libâneo (1994), são as seguintes:

a) Reflete a unidade de objetivos-conteúdos-métodos – a Avaliação escolar é parte integrante do ensino-aprendizagem, não uma etapa isolada dele; portanto, deve estar interligada, concatenada, relacionada como os objetivos-conteúdos-métodos expressos no plano de ensino e contextualizada de acordo com as necessidades da comunidade escolar;

b) Possibilita a revisão do plano de ensino – se o aluno não aprendeu os objetivos pretendidos no que se refere ao que foi ensinado, logo há necessidade de reformular, rever o plano de ensino e as metas que se desejam alcançar com este plano de ensino;

c) Ajuda a desenvolver capacidades e habilidades – a verdadeira Avaliação deve primar por desenvolver em seus avaliandos capacidades e habilidades de raciocínio lógico, crítico e, sobretudo humanitário, se isto não acontecer, deve-se, novamente, repensar a Avaliação;

d) Voltar-se para a atividade do aluno – não só avaliar o aluno em situações didáticas, como também procurar observá-lo durante situações de intercâmbio social; tais como: sua interação com colegas durante o intervalo, relacionamento com pais, sua aceitação na comunidade onde vive, enfim, sua capacitação de adequação em quaisquer situações sociais de interação por que passe;

e) Ajuda na autopercepção e autoavaliação do professor – a Avaliação também deve ter este lado, ou seja, se o rendimento vai bem é porque a metodologia de ensino do mestre está adequada, por outro lado, se o ensino vai mal, é porque alguma coisa precisa ser mudada, refeita, revista sob outra ótica, metodologia, em suma, se o ensino vai mal, é preciso que o docente tenha coragem de mudar.

Logo, diante das características acima apontadas, que acreditamos serem suficientes para gerar uma Avaliação adequada, falta-nos ainda tratar dos instrumentos que possibilitem esse tipo de Avaliação na maioria das escolas existentes no Brasil.

  1. INSTRUMENTOS POSSIBILITADORES PARA A PRÁTICA ADEQUADA DE AVALIAÇÃO NAS ESCOLAS BRASILEIRAS

Entendendo a Avaliação escolar como um processo contínuo para a verificação da aprendizagem, compreendendo ainda que este processo não pode se centrar tão somente no momento da Avaliação, mas, num diagnóstico que procura verificar não só o momento que está sendo aplicada a Avaliação, mas também o período anterior à Avaliação e o posterior a ela.

Sendo assim, devemos estabelecer alguns critérios para verificar o rendimento escolar, tais como: verificações por meio de instrumentos mais formais: provas escritas, dissertativas, com questões objetivas ou práticas, sem desprezar os procedimentos informais que visam ao acompanhamento dos alunos nas mais diversas situações diárias de interação social, como por exemplo: a observação e a entrevista, por serem de caráter menos formal; não deixam de ser relevantes, porque podem contribuir de maneira muito valorativa na compreensão e apreensão da real aprendizagem do aluno.

Nessa perspectiva, sugerimos a seguir alguns instrumentos que, de acordo com Libâneo (1994), servem para melhor verificar o rendimento escolar:

  1. Prova escrita dissertativa – ajuda a desenvolver o raciocínio lógico e o senso crítico do aluno, criando condições adequadas, para que o aluno possa fundamentar seu argumento de maneira lógica, racional, expor suas ideias, seus desejos, seus anseios;
  2. Prova escrita de questões objetivas – os objetivos desta modalidade de Avaliação não são diferentes dos anteriores. É um tipo de prova onde o professor propõe algumas questões com algumas respostas, ou seja, o mestre formula um teste, e neste teste, propõe para cada questão pelo menos quatro prováveis respostas, o estudante escolhe a que acredita correta; e em seguida, marca-a. Eis algumas das vantagens desse tipo de avaliação: por requerer respostas mais precisas, pressupõe tanto do mestre, quanto do discípulo um grau maior de neutralidade, possibilita uma correção mais veloz, porque, para cada pergunta há uma só resposta correta; porém, também apresenta algumas desvantagens: exige técnica adequada, apropriada de preparação; recursos materiais didático-pedagógicos adequados, tais como: computador, data show, resmas de papel, digitadores, etc. Além disso, favorece a improvisação do professor, por ser mais fácil de elaborar e isto pode levar o estudante a escolher a resposta de forma inadequada, gerando, assim, “o famoso chute que tanto pode ir ao gol, quanto bater na trave, sem que se realize este tão almejado gol”; e isto pode ser de grande valia para o estudante (quando acerta o” chute”); ou pode ocasionar traumas (talvez irreversíveis), quando o aluno erra o “ chute”.    
  3. Questões de certo ou errado (C ou E) – o aluno escolhe entre duas ou mais alternativas. Cada item é uma afirmação que pode está certa ou errada. Mesmo as afirmações erradas, nesse caso, devem ser formuladas de maneira clara e, ainda devem estar contextualizadas, não se recomenda extrair de livros didáticos frases soltas, descontextualizadas da realidade, ou do todo do qual fazem parte, por exemplo: se se tira de um parágrafo apenas a primeira frase, isto pode comprometer o enunciado inteiro;
  4. Questões de lacuna (para completar) – são compostas, geralmente, por frases incompletas, onde se deixa um espaço em branco (lacunas), para que possa ser preenchido com a resposta correta, as questões podem conter mais de um espaço em branco, no meio ou no final da afirmação. Além disso, recomenda-se que a lacuna não apareça no início do teste, e que os espaços a serem preenchidos não sejam preposições, adjetivos, conjunções, excetuando-se, nesse caso, testes de gramática;
  5. Questões de correspondência – são confeccionadas a partir de duas listas de termos ou frases, isto é, na coluna da esquerda (A), colocam-se os itens, conceitos, nomes próprios ou frases, que devem se relacionar de maneira intrínseca, imanente com a coluna da direita (B), através de números na coluna ( A ) se associam frases, conceitos com a coluna ( B ). Na prática, a questão pode ser formulada assim: Coloque na coluna (B) o número que completa corretamente os enunciados da coluna (A):

Coluna A                                                                           Coluna B

(1) Capital de Rondônia.                                                  (3) São Paulo

(2) Livro onde se verifica o significado das palavras.       (2) Dicionário

(3) Capital de São Paulo.                                                  (1) Porto Velho

(4) Ciência que estuda a resolução de cálculos.                 (4) Matemática

(5) A cidade mais populosa de Minas Gerais                     (5) Belo Horizonte

  1. Questões de múltipla escola – são compostas por uma só pergunta, às vezes, uma só resposta correta, ou ainda, várias respostas que culminam com uma só alternativa correta. Veja, agora, algumas recomendações para elaboração de questões de múltipla escolha: a questão deve apresentar pelo menos três ou cinco alternativas, com alternâncias no que tange à resposta correta, ou seja, a resposta correta da primeira questão não pode ser a mesma da segunda, e, assim, sucessivamente. Deve-se ainda evitar que uma das alternativas seja a mesma em todas as afirmações ou que nenhuma das afirmações seja correta, isto é, não se recomenda colocar todas as afirmativas incorretas. Além disso, todas as alternativas devem ser redigidas de modo que o aluno não se confunda na hora de marcar a alternativa correta, e ainda na resposta correta, devemos evitar o uso de palavras ou expressões chaves que constem na questão;
  2. Questões do tipo “teste de respostas curtas” ou de evocação simples – são testes escolares comuns, considerados por alguns autores também como provas objetivas, podendo ser respondidas em forma de dissertação.
  3. Questões de interpretação de texto – são questionamentos feitos a partir de um dado texto lido, geralmente, estes tipos de questões buscam incentivar e desenvolver o raciocínio lógico-hipotético-dedutivo dos alunos, e também a capacidade de criatividade destes estudantes.
  4. Questão de ordenação – neste tipo de teste, apresenta-se ao aluno questões supostamente, sem nexo, para que a ordenem na sequência correta.

5.  Questões de identificação – são questões utilizadas para identificar (quase sempre) parte de um todo, por exemplo: partes do corpo humano, de uma flor, de uma experiência científica que, neste caso, fica mais adequado chamar não de identificação de partes, mas, de passos de um todo que é a experiência científica propriamente dita.

 

4. A CONSTRUÇÃO DA GESTÃO DA AVALIAÇÃO NO CEEJA EM JI-PARANÁ

 

A Avaliação do ensino-aprendizagem dos jovens e adultos não é uma tarefa nada fácil, porque, sabemos que os processos que se desenvolvem dentro do próprio sistema escolar, tais como: distribuição desigual das oportunidades de escolarização para as diferentes classes sociais, reprovação, teoria educacional conservadora, revalorização dos fatores intraescolares. Outros processos que se desenvolvem fora do sistema de ensino, tendo sua origem nas próprias condições de vida material.

Diante do exposto, percebemos que devemos ter conhecimento real sobre os nossos alunos (jovens e adultos), ou seja, um conhecimento amplo, profundo, sobre a realidade que os cercam. E esta realidade implica também na escolha de instrumentos de acordo com a necessidade de compreensão no planejar e numa metodologia eficaz à prática pedagógica.

Utilizando estes elementos, a Avaliação funcionará como um processo de compreensão do ensino e um trabalho pedagógico organizado na escola.

Um dos momentos mais importantes na Avaliação é a reflexão para uma análise crítica à prática pedagógica do planejamento, da metodologia, da seleção de conteúdos, dos recursos utilizados para o ensino aprendizagem.

Nessa visão, analisaremos como se realiza o sistema de Avaliação no CEEJA de Ji-Paraná-RO.

Dessa forma, devemos assumir uma dimensão mais ampla e capaz de articular projetos vinculados aos elementos que os adultos trazem para a sala de aula, a saber, sua experiência no mundo do trabalho, sua prática social e familiar.

Nessa perspectiva, vemos que a Avaliação no centro estadual de Educação de Jovens e Adultos – CEEJA de Ji-Paraná-RO deve ser proposta e construída a partir do projeto político pedagógico dessa Instituição. Construído em conjunto, onde todos tornem-se sujeitos: o professor, os gestores, o aluno trabalhador. Que seja uma proposta numa dialética que leve em consideração as situações históricas e sociais desta comunidade escolar.

Assim sendo, deve-se considerar no CEEJA de Ji-Paraná-RO dois tipos distintos de ensino, a saber, o modular e o curso seriado os quais têm suas características próprias.

Em consequência, teremos, desse modo, dois processos diferentes de Avaliação da aprendizagem nessa Instituição.

Assim, abordaremos primeiramente o curso modular, que é a origem da História do CEEJA, este segmento tem sua carga horária e disciplinas distribuídas em módulos. Nesse sentido, o aluno vem à escola para ser orientado nas disciplinas que tem mais dúvidas, isto acontece, especificamente, na área das ciências exatas; nas outras disciplinas que exigem mais leitura, o aluno faz empréstimo, na pequena biblioteca de módulos, estudando em casa, os módulos, infelizmente, ainda são muito antigos; alguns estão tão desgastados que para não se perder conteúdo é necessário xerocopiá-los. Nesse tipo de ensino, isto é, o modular, só podemos contar com três professores.

O sistema de Avaliação modular é feito através de provas escritas, já vêm formuladas e seus valores determinados e distribuídos em uma tabela para correção dessas provas, visam somente aos resultados habilitados e não habilitados, ou seja, se o aluno está apto para ser promovido para o módulo seguinte ou não, e esses são os únicos resultados finais a que nós e os alunos temos acesso; nesses resultados só se considera habilitado o estudante que atingir oitenta por cento exigidos no sistema de avaliação modular.

Esse processo é um sistema de Avaliação que nos é imposto, por isso, os nossos alunos já se acostumaram com tão referido sistema, esse fato é confirmado por meio dos relatos de suas histórias de vida, como os que se seguem abaixo:

Colaborador 1

Sou caminhoneiro casado. Minha esposa é formada em direito, por esta razão voltei a estudar, parei na sexta série e em 1992, iniciei no modular, mas, devido ao trabalho desisti, voltei neste ano de 2002, e agora estou firme, acredito que os conteúdos dos módulos sejam bons e os professores estão sempre disponíveis para orientar, as avaliações de bom nível (bem explicadas). Os módulos resumidos com os conteúdos eficientes. A matéria que me dedico mais é Matemática; não gosto quando nas avaliações pedem para marcar as respostas incorretas. Penso que as matérias que preciso mais de orientação são História e Geografia. Leio muito durante as horas vagas ( estou no último módulo, sexto de Matemática), vou continuar estudando aqui; farei o ensino médio no curso seriado.

 

Colaborador 2

Fiz o ensino fundamental em 1996. Somente este ano voltei para fazer o ensino médio, trabalho no sindicato dos produtores rurais; há deficiência dos professores para orientar no ensino modular, por isso, preciso muito de força de vontade para estudar e trabalhar. Passo até quinze dias sem vir à escola, mas estou priorizando horário para o estudo, percebe-se que há um companheirismo muito bom nesta escola; eu é que não me envolvo mais com as pessoas devido o meu tempo ser o suficiente para eu receber orientação e fazer as provas.”

 

Desses dois relatos, percebe-se que o sistema de Avaliação do CEEJA vem pronto, sendo imposto, por essa razão pouco ou nada pode-se mudar nesse tipo de avaliação, mas, nota-se a necessidade da mudança, primeiramente nos módulos, porque precisam ser atualizados; de acordo com os conteúdos dos PCNs, pois sabe-se que em outros estados isso já é uma realidade.

Mas também, em se tratando das avaliações que se encontram nos módulos, sugererimos uma entrevista sobre os assuntos contidos nos módulos e, após essa entrevista, o aluno poderá fazer com mais segurança a avaliação escrita do módulo.

Entretanto, acreditamos que o curso modular tem suas vantagens, porque sabemos de alunos que conseguiram ser aprovados no vestibular da maior universidade da América Latina, USP.

Além disso, outros foram aprovados no vestibular da UNIR – Universidade Federal de Rondônia, principalmente no Campus de Ji-Paraná.

Percebemos ainda que no início do curso modular os alunos, a princípio, só vêm em busca de certificados, mas, com o passar do tempo, o estudante acaba sentido gosto pelos estudos.

Já no segundo segmento: curso seriado, dura em média seis meses, composto de aulas presenciais como na escola regular, a diferença é que além de terminar mais rápido o ensino médio ou fundamental, a nossa clientela demonstra muito mais interesse, porque os alunos têm que recuperar o tempo perdido e, isso faz uma grande diferença.

Em vista disso, neste momento, passamos a relatar mais algumas experiências.

Colaboradora 3

Por um acaso uma aluna veio buscar seu certificado, por isso, resolvemos entrevistá-la, esta aluna reprovou por falta, mesmo tendo média, ultrapassou os vinte e cinco por cento de faltas, estudava no período vespertino, vinha à escola todos os dias, mas, ficava na cantina e não assistia às aulas.

Nesse ano de 2002, ela iniciou repetindo o 3º Colegial. Finalizando em julho, em seguida, prestou vestibular em Porto Velho-RO e foi aprovada em Odontologia. Perguntei a ela como foi avaliação em sala de aula e respondeu que tínhamos bons professores, e suas avaliações são por participação, observação, provas orais escritas, apresentações de trabalho. Esta aluna tem 21 anos, funcionária da câmara municipal de Ji-Paraná-RO.

 

Colaborador 4

Estou estudando aqui, porque não ia me sentir bem na escola regular no meio da moçada, gostaria que tivesse mais aulas de Matemática.

Na avaliação, percebi que o professor considera vários aspectos em suas avaliações. Minha deficiência não é culpa da escola, de ninguém, e sim preciso dedicar-me mais para melhorar minha aprendizagem.

 

Colaboradora 5

 

Sou professora do CEEJA, aqui de Ji-Paraná-RO, classifico meu sistema de avaliação (seriado) como Somativa, porque dou oportunidade ao aluno para desenvolver o conhecimento num todo. Faço um acompanhamento para que os alunos aprendam e fiquem no nível que absorvam pelo menos o básico.

Ministrando Língua Portuguesa, nesta primeira fase, trabalhei com vários temas, enfatizando comunicação e economia, convidando para palestrar, um economista, professor da ULBRA, que falou sobre a política e economia brasileira.

Percebi que muitos alunos não conhecem o FMI, a bolsa de valores, a dívida externa e interna. Antes de iniciar as palestras, faço um trabalho durante as aulas, peço aos alunos que tragam fontes que tratam do assunto que será abordado. Preparo ainda perguntas que serão lidas, analisando junto com os alunos, se estas perguntas estão formuladas adequadamente, e no dia da palestra, os alunos já estão preparados para perguntarem sobre o assunto. Em minha opinião, com estas palestras os alunos têm uma noção mais concreta dos problemas por que passam o nosso país.

 

Notamos por meio desses depoimentos que apesar de existir no CEEJA de Ji-Paraná-RO um modelo de Avaliação pronto, muitas pessoas que lá estudaram foram bem sucedidas fora da escola.

Observamos ainda pelo depoimento da Colaboradora 5 que os conteúdos são bem trabalhados, principalmente na disciplina de Língua Portuguesa, onde a professora promove debates com temas atuais e ainda são feitas palestras para fixar e aprofundar o conteúdo.

Assim, parece que o ensino fica mais prazeroso e os alunos aprendem mais através das discussões feitas e, especialmente, porque esses alunos nessa disciplina fazem pesquisas para aprofundar e enriquecer as discussões e os debates.

 

5. CONSIDERAÇÕES

Do exposto, devemos considerar as provas no CEEJA de Ji-Paraná-RO como instrumentos de verificação dos resultados do processo de ensino-aprendizagem, cujo objetivo seria avaliar, mas também, promover para o módulo seguinte, no contexto do ensino modular.

Já no contexto do ensino seriado, também as provas servem para avaliar e ainda visam à promoção para a série seguinte.

Apesar disso, pensamos que a Avaliação não pode se restringir apenas às provas do final de bimestre ou do final do ano letivo, nem devem ser vistas sob o prisma de tão somente atribuir notas.

Dessa forma, o principal objetivo da Avaliação não é aprovar ou reprovar, nem auferir uma nota baixa ou alta, mas sim, gerar a aprendizagem.

Assim, a Avaliação escolar deve ser considerada um processo de acompanhamento sistemático do desempenho escolar dos alunos em relação aos objetivos propostos que ser quer atingir, e ainda ao professor cabe o trabalho de perceber o quanto o aluno progrediu ou não, detectar as dificuldades; e retomar os conteúdos, especialmente; quando se observa que os resultados não são satisfatórios de acordo com os objetivos previamente estabelecidos pelo professor.

Nesse aspecto, a Avaliação escolar no CEEJA – Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos de Ji-Paraná-RO, apresenta ainda algumas peculiaridades que precisam ser melhor analisadas:

  • No ensino modular, processa-se da seguinte forma, as disciplinas são distribuídas através dos módulos, as provas já vêm formuladas com poucas ou nenhuma possibilidade de mudança;
  • No ensino seriado, observamos que não só tem possibilidade de mudança; como também vimos que o sistema de Avaliação é mais aberto com situações em que avaliação é Somativa (conferir depoimento da colaboradora 5) com grande avanço e acompanhando cada vez mais o aluno e sua deficiência na aprendizagem.

Nesse processo, constatamos in loco que, atualmente, esse tipo de curso é o mais procurado, porque, as aulas são de melhor qualidade e o aluno finaliza o ensino médio dentro de um prazo menor que o ensino regular.

Assim, voltando à questão da Avaliação, é imprescindível ratificar que o principal objetivo de avaliar é indubitavelmente gerar a aprendizagem, tendo isso em mente, a prática da Avaliação nas escolas deixará de ser um fado, um peso para os professores e alunos.

Nesse sentido, essa atividade que antes era considerada difícil, áspera, pode se tornar em algo agradável, ameno e prazeroso.

6. REFERÊNCIAS

CALDAS, Alberto Lins. Nas águas do texto: palavra, experiência e leitura em história oral. Porto Velho/RO: EDUFRO, 2001.

DEMO, Pedro. Avaliação Qualitativa. 6 ed. Campinas: Autores Associados, 1999.

______. Mitologias da Avaliação: de como ignorar, em vez de enfrentar. Campinas, Autores Associados, 1999.

GAMA, Zacarias Jaegger. Avaliação na escola de 2º grau. Campinas: Papirus, 1993.

GRUDZINSKI, Ana L. (2001). História oral e memória. Disponível em: http://www.cade.com.br. Acesso em 25 de novembro de 2004.

HADJI, Charles. Avaliação desmistificada. Porto Alegre: ARTMED Editora, 2001.

HAYDT, Regina Célia Cazaux. 6  ed. Avaliação do processo de ensino-aprendizagem. São Paulo: Ática, 2000.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.

LIMA, Adriana de Oliveira. 4 ed. Avaliação escolar: julgamento ou construção? Petrópolis: Vozes, 1994.

LUCHESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 11 ed. São Paulo: Cortez, 2001.

____________. Avaliar não é julgar o aluno. Jornal do Brasil. Brasília, 30 de julho de 2000, caderno educação e trabalho, pg. 1-3.

MEIHY, J.C.S. Manual de História Oral. 5ª Ed. São Paulo: Loyola, 2005.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 22 ed. São Paulo: Cortez, 2002.

____________________________

[1] Mestre em Linguística, professor da Cadeira de Língua Portuguesa do IFRO – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia – Campus Ariquemes.

[2] Graduada em Supervisão e orientação escolar, pós-graduada em Psicopedagogia e Gestão Escolar. Atualmente, supervisora na E. E. E. F. M. Francisco Mendes Alves Filho em Ariquemes-RO.

 
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