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Edições Anteriores 280 A formação do docente: um pequeno intervalo para algumas reflexões
A formação do docente: um pequeno intervalo para algumas reflexões PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Solange Faria Prado   
Qua, 06 de Julho de 2011 00:00

Resumo

O ensaio discute a escola que estamos praticando na atualidade a partir de algumas reflexões referente ao papel do professor. A escola que ainda praticamos é uma instituição sem sentido que não atrai ninguém, muito menos os jovens que possuem veículos de informações muito mais atraentes e eficientes que uma sala de aula, ladeada por quatro paredes, onde todos estão dispostos em fileira e à sua frente um professor ou professora fazendo preleção de coisas que não têm o menor sentido ou significado para eles.



Palavras – chave: Formação de Professores, relação teoria e prática, Escola

Résumé

Cet essai discute de l'école que nous pratiquons aujourd'hui de quelques réflexions sur le rôle de l'enseignant. L'école est une pratique encore un non-sens institution qui n'attire pas n'importe qui, et encore moins aux jeunes des informations veiculier beaucoup plus attrayant et plus efficace qu'une classe, flanqué par quatre murs, où tous sont disposés en ligne et en face d’un enseignant ou une enseignante des conférences de faire des choses qui n’ont pas de sens ou de signification pour eux,

Mots-clés: Formation des Enseignants, Relation entre théorie et pratique, École

O processo de globalização iniciado em fins do século passado acabou por nos impor novas concepções de categorias já velhas conhecidas como trabalho, emprego, cultura, educação, cidadania, etnia e tantas outras que, apagando fronteiras e criando novos paradigmas, temos a possibilidade de ver nascer um mundo melhor. Há quase 20 anos estamos assistindo aqui no Brasil, várias tentativas, algumas com sucesso, de significativamente melhorar a qualidade de ensino e aumentar o número de matrículas na educação básica. A edição da Lei 9394/96, LDBEN, foi um passo largo para tornar concreto um sonho de ver a educação brasileira qualitativamente melhor e preparando homens e mulheres para o exercício pleno da cidadania. A LDBEN, em seus vários artigos, tornou norma uma profunda ressignificação no processo de ensinar e aprender, pois com a edição dos PCN, os conteúdos de ensino deixam de serem importantes por si mesmos e passam a ser entendidos como meio de produção de aprendizagem e de constituição de competências e habilidades nos alunos.

Embora não seja em uníssono, sabemos que todas as mudanças já pontuadas, exigem um professor que tenha uma formação inicial diferente daquela que historicamente se constituiu no Brasil. A dicotomia criada entre licenciatura e bacharelado e, entre o professor polivalente das séries iniciais do nível fundamental e os professores especialistas das séries finais e do ensino médio deram, ao profissional da educação voltado para o magistério, uma identidade vazia de conteúdos didáticos e pedagógicos que, dadas as mudanças em âmbito planetário, são hoje imprescindíveis para dar concretude aos pilares da Educação para Todos, da qual o Brasil é signatário: Aprender a aprender, Aprender a fazer, Aprender a viver e a conviver e Aprender a ser.

A escola que ainda praticamos é uma instituição sem sentido e que não atrai ninguém, muito menos os jovens que possuem veículos de informações muito mais atraentes e eficientes que uma sala de aula, ladeada por quatro paredes, onde todos estão dispostos em fileira e à sua frente – muitas vezes sobre um tablado – um professor ou professora fazendo preleção de coisas que não têm o menor sentido ou significado para eles. Para mudarmos esta escola, um dos pontos fundamentais, é que façamos mudanças na formação inicial do professor. A LDB em, pelo menos cinco de seus artigos pontua que o professor deve desenvolver nos educandos competências e habilidades para lidar com as mais variadas situações do seu dia-a-dia. A atual concepção de professor não é mais aquela em que o mesmo se considerava e, também era considerado, detentor de um grande e inacessível saber e verdade. Depois da era da Informática, esse poder ruiu por terra. E o professor precisa aceitar essa nova condição...

É preciso que esse profissional tenha em sua formação inicial e continuada, a oportunidade de refazer sua trajetória de aprendizagens corrigindo deficiências como, por exemplo, a falta de autonomia de estudos. Quantas vezes encontramos colegas que são incapazes de ir à Biblioteca e dar início a uma pesquisa por mera curiosidade ou vontade de saber mais sobre determinado tema? Ninguém promove aprendizagem daquilo que não domina. Daí ser importante que também aqueles que formam professores mudem sua concepção de Ser professor e que possam dar continuidade à sua formação didático-pedagógica, desconstruindo e construindo seus saberes, dando-lhes novos significados e novos sentidos. É preciso “arejar” o já apreendido...

Dessa maneira, na formação do professor é imprescindível que haja uma relação, desde o início de seu curso, entre teoria e prática de modo a promover uma real significação e aplicação dos conhecimentos em situações reais. Necessário, também, se faz que este professor aprenda avaliar e se auto avaliar qualitativamente, pois, o sucesso de sua prática e a autonomia de seus alunos, serão dependentes dessa habilidade. Num contexto de mundo globalizado em que o capital exige cada vez mais politecnia, criatividade, inovação, respeito e tolerância; é fundamental saber trabalhar em equipe com espírito de cooperação e interdisciplinaridade, e como já disse ZABALA (1998), o contexto educacional exige que haja tarefas em conjunto e trabalho em equipe.

Assim, antes de “ensinar” a aprender a aprender, fazer, viver e conviver, o professor deve aprender a desenvolver em si tais competências e habilidades. Sua prática educativa, sua atuação como mediador deve passar pelo conhecimento didático e pela possibilidade de prever e controlar variáveis no processo de ensino-aprendizagem. Esse conhecimento de fazer tais previsões, se incorporado ao Ser professor, será aplicado em todo o processo, desde o planejamento até a verificação do alcance e cumprimento dos objetivos elencados como meta. Quero dizer com isso, que o planejamento e a avaliação dos processos educacionais são partes inseparáveis da atuação docente e que devem ser executadas com responsabilidade, ética e compromisso político real. Deve ainda fazer parte da atuação docente, a clareza de que os conteúdos não são um fim em si mesmo, mas que são meios de produzir aprendizagens com significados. Durante muito tempo, a escola só se preocupou com o aspecto cognitivo, entendendo por aprendizagem bem sucedida e, portanto, saber “construído”, aquele em que o conteúdo era regurgitado pela memorização de nomes, conceitos, princípios, enunciados e teoremas, que de forma fragmentada e desconectado, não tinham  conexão com a realidade vivida pelo aluno.

Na sua prática, o professor deve ter em mente que por conteúdo entende-se um todo e que a fragmentação é apenas um recurso didático e, sendo um dos objetivos da educação brasileira a formação e desenvolvimento integral do educando, não há razão para se preocupar apenas com o aspecto cognitivo da aprendizagem, mas deve, também, preocupar-se com o aspecto psicomotor, afetivo, ético e moral além, é claro, de buscar desenvolver suas competências no que tange às relações interpessoais para uma melhor inserção social, tornando-o um cidadão ativo e participativo.

Espera-se que ao graduar-se e no seu cotidiano como professor, esse profissional seja reflexivo e que saiba como desenvolver competências e habilidades partindo de sua própria experiência. Acredito que somente conhecendo e compreendendo o processo de aprendizagem, a maneira como esta construção se dá, o professor será capaz de intervir na aprendizagem do aluno de forma eficaz e eficiente. É preciso aprender como se aprende, para melhor ensinar a aprender. Numa perspectiva sócio interacionista, é necessário que o professor construa junto com seus alunos um saber ressignificado e, para isso, não pode economizar meios para uma intervenção pedagógica de qualidade. Ou seja, deve fazer uso de todos os recursos que a tecnologia lhe oferece para que possa alcançar o tão almejado objetivo de promover em seus alunos uma aprendizagem significativa e desenvolver habilidades e competências que sejam úteis à sociedade e a si mesmo.

A  excelência na/da educação deve ser buscada em todos os campos e a sociedade deve estar incluída neste processo. Seja no público ou no privado devemos primar por uma educação de qualidade que possa ser e ter um caráter aglutinador e convergente, para que possamos viver plenamente um Estado Democrático de Direitos, afinal lutamos muito por ele. Para tanto, não se deve melhorar apenas a formação inicial do professor, mas criar e garantir que tenha uma formação continuada para que possa fazer (re)nascer uma escola que possa educar a todos com qualidade, sem distinção ou discriminação de gênero, cor, raça, etnia ou credo.

A preocupação com a formação do professor e com sua prática, só tem sentido quando se pensa em toda a sociedade, independentemente de ricos ou pobres, brancos ou negros. A escola que se pretende, diferente daquela da qual somos oriundos, deve ser uma escola inclusiva, onde todos tenham respeitadas suas diferenças, suas experiências e suas expectativas. Esta reorganização do sistema educacional brasileiro e, por conseguinte, da prática pedagógica na escola, vem exigindo do professor uma reflexão sobre sua prática, sobre seu papel social, político e pedagógico frente à sociedade atual.

Nessa perspectiva, acredita-se que esta escola e os profissionais que nela trabalham, não podem mais serem vistos apenas como reprodutores das relações sociais em que estão inseridos – embora saibamos que para produzir precisamos antes reproduzir – devem procurar transformá-la em instrumento e veículo para profundas mudanças em nossa sociedade onde, produzindo identidades sociais diversas que tenham a clareza de seu papel no mundo, junto ao Outro, junto ao Diferente, possam viver com harmonia e em paz, de maneira cooperativa e respeitosa.

Referências de apoio
ANTUNES, Celso. Como identificar em você e em seus alunos as inteligências múltiplas. Petrópolis: Vozes, 2001.
BRASIL. Lei n. 9.394 – 20 dez. 1996. Lei de diretrizes e bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1998.
BUFFA, Ester, ARROYO, Miguel, NOSELLA, Paolo. Educação e Cidadania: Quem educa o cidadão? 2.ed. São Paulo: Cortez, 1987.
MORETTO, Vasco Pedro. Prova; um momento privilegiado de estudo não um acerto de contas. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.
PARÂMETROS curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1998.
ROSA, Dalva Gonçalves, SOUZA, Vanilton Camilo (Org.). Políticas organizativas e curriculares, educação inclusiva e formação de professores. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.
ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Trad. Ernani F. da F. Rosa. Porto Alegre: ARTMED, 1998.

 
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