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Edições Anteriores 282 A omissão da família
A omissão da família PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Wolmer Ricardo Tavares   
Qua, 20 de Julho de 2011 00:00

Para a educação ser transformadora na vida do educando, faz-se necessário equacionarmos algumas variáveis sendo elas: escola, educadores, qualidade de vida dos profissionais de educação, reconhecimento desses profissionais, política atual, contexto escolar, currículo dos professores, matriz curricular, projeto político pedagógico e a Família. Muitos tem sido os esforços para se equacionar uma educação de qualidade, mas pensa-se nas variáveis de maneira isolada, aplicando o que muitos denominam Refinamento Sucessivo (técnica utilizada por estrategistas e aplicada por alguns profissionais que lidam com gestão).



Essa técnica é usada por muitos estrategistas e tem-se o termo “dividir para conquistar”, ou seja, pega um problema difícil de se resolver e o divide em pequenas partes, e a medida estas forem resolvidas, resolve-se o problema com um todo. Cabe aqui ressaltar que alguns problemas ficam difíceis de ser solucionados, mesmo com um refinamento sucessivo. A família é uma variável que se encaixa no contexto acima, pois a escola não consegue intervir diretamente e com isso, torna-se uma variável de maior complexidade para se equacionar uma educação pública de qualidade, visto que não compete a escola e nem lhe convém intervir diretamente nessa variável.

Ely Chinoy nos esclarece que a família é sem sombra de dúvida a mais importante dentre os grupos sociais que a experiência humana oferece, e afirma que é na família que está a reprodução, manutenção, colocação social e a socialização dos jovens, o que nos faz perceber que será na família o primeiro momento de socialização do indivíduo, pois nela se encontra a responsabilidade de reprodução da espécie, criação e socialização dos filhos, além da transmissão essencial do patrimônio cultural. (SILVA, 1987)

Cabe a família auxiliar na educação escolar do educando, lembrando que é essa família, a principal autora da educação de filhos, o que infelizmente passou a ser uma tarefa empurrada para a escola, que passa a ter um papel mais ativo quanto a educação que era para ser dada pela família. A família inverte os papeis sociais e passa a ser apenas a reprodutora da espécie, cabendo a escola além de educar, formar o caráter do educando e toda a sua base cultural. Isso leva os educandos a perda dessa interação com a família, passando essa a um papel  mais tímido, mais apagado e muitas vezes omisso com seu filho na arte de educar, o que dava força ao dito popular “educação vem do berço”.

Ely Chinoy classifica a família como nuclear, elementar, extensa e composta. Na família  nuclear ou elementar consiste no marido (pai), mulher (mãe) e filhos. A família extensa, muito comum em nossos dias, consiste de pais, filhos casados e solteiros, genros, noras e netos. E nada comum em nossa sociedade, a família composta se baseia no casamento polígamo. Existem relatos de homens que vivem com 2 ou mais mulheres e com dezenas de filhos, mas isso é uma situação atípica em nossa sociedade. A família “é a base de toda a nossa formação, e do nosso caráter”[1] isso implica em dizer que será nela que aprenderemos os valores humanos. Para Elisabete Bukascki a família é o lugar “do reconhecimento da diferença, do aprendizado de unir-se e separar-se, a sede das primeiras trocas afetivo-emocionais, da construção da identidade”, pois será nela as nossas primeiras aprendizagens.

André Larande conceitua a família como um grupo “de indivíduos parentes ou aliados que vivem conjuntamente”, e Ely Chinoy aduz que a família está sempre encaixada no parentesco mais lato. É obvio que não iremos esgotar as definições para o conceito família, pois essa palavra tem um caráter polissêmico. Percebendo da importância dessa variável para equacionar uma educação pública de qualidade, é inadmissível a sua omissão nesse processo de educar, pois é na família que se aprende e desenvolve o afeto, que ocorre a aceitação pessoal acarretando em satisfação e sentimento de utilidade. Ela proporcionará estabilidade e socialização além de impor certa autoridade e sentimento do que é correto. Para  Bruno Bettelheim isso será oferecido somente pelos pais. Em suma, podemos afirmar que a família é a condição impar para a existência da sociedade.

Embora alguns educadores tentem substituir a família omissa, pecam no quesito tempo para se criar vínculos afetivos com os educandos. Ressaltamos aqui que não é essa a função do educador, age erradamente quem assim pensa. É sabido que temos que oferecer o melhor a nossos educandos, como: atenção, carinho, respeito, dignidade, ética, e o bom exemplo, mas não esse lado afetivo que o fará substituir a professora pela mãe ou pai, que são a principais bases de uma família comum.

Considerando o universo humano, é fácil perceber que alguns alunos superam essa deficiência deixada pela omissão da família, mas isso em muitos casos, é exceção, o que não se pode considerar como uma regra, pois é ressaltado por Frank Cody e Silvia Siqueira que uma educação de qualidade será ministrada por uma instituição educacional quando nela estiverem vinculadas a convocação dos pais, comunidade e professores para participarem e interagirem com a vida escolar de seus filhos.

 
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