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Edições Anteriores 283 A proatividade como via de superação profissional e transformação no processo educativo
A proatividade como via de superação profissional e transformação no processo educativo PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Edione Teixeira de Carvalho   
Qua, 27 de Julho de 2011 00:00

1. Introdução

A proatividade é um conceito incipiente no mundo das corporações e trabalho. Acredita-se que as pessoas proativas têm maiores possibilidades de conseguirem resultados e de serem capazes de superarem enfrentamentos do cotidiano. Assim, espera-se através deste artigo, uma reflexão que contribua para uma nova postura e uma leitura do ambiente de trabalho, bem como relacionar a proatividade e sucesso profissional no processo educativo em uma sociedade globalizada. A maneira como se reage a um problema pode determinar os resultados e o ambiente de trabalho.

Essa interpretação já é muito comentada e estudada no mercado de trabalho, porém no âmbito empresarial, comercial, sem uma preocupação e investigação mais precisa no ambiente escolar. Desta forma, torna-se pertinente essa reflexão, haja vista o caótico contexto da educação brasileira, onde o profissional cada vez mais enfrenta as mazelas de um modelo de sociedade incipiente, que prioriza as relações profissionais em detrimento das relações familiares e educacionais. Urge a necessidade de repensar sobre os posicionamentos e enfrentamentos desta profissão, numa perspectiva otimista, que contribua para um processo de superação profissional e pessoal.

Assim, as investigações e difusões de ações proativas constituem-se, efetivamente, em uma via possível de construção de um estilo de vida pautado em perspectivas fundamentadas em sentimentos de esperança e de crenças que sobrepõem os entraves que contribuem para a avalanche de desânimo e descrédito que assolam os profissionais da educação, bem como uma grande leva de educandos.

O termo proatividade está sendo bastante empregado pelas das empresas. Prega-se que os diretores e gerentes devem ser proativos e também que as empresas construam seus resultados pautados nesta perspectiva, mesmo que nem todos coincidem em uma forma de definir proatividade. Porém, apesar de extremamente necessário na postura dos educadores e educadoras, essa reflexão ainda é pouco socializada no meio educacional. Este conceito tem diversos sentidos, como acontece com tantos outros termos que recentemente estão sendo introduzidos no vocabulário do mundo empresarial, mas que não se encontram no dicionário. Vejamos algumas destas definições.

Covey (2009) argumenta que a capacidade de liderar sua própria vida é a essência marcante do proativo, que à margem do que passe a seu redor, a pessoa proativa usa do seu poder único de decisão diante dos estímulos e concentra seus esforços em seu círculo de influência, ou seja, se dedica àquelas coisas com relação as quais se pode fazer algo. Para ele a proatividade não significa apenas ter a iniciativa, mas assumir a responsabilidade de fazer com que as coisas aconteçam; decidir em cada momento o que se quer fazer e como vamos fazer.

Ralf Schwarzer (1999) acredita que o fato de uma pessoa se comportar proativamente é reflexo de sua crença em seu potencial para benefício próprio, de possibilidades de enfrentamento e superação do seu contexto. As pessoas que se orientam por esse comportamento antecipam ou detectam possíveis situações de stress e atuam para evitá-los. Desta forma, pode-se pensar que a proatividade está diretamente relacionada à sensação de controle e auto-eficácia. As pessoas que se consideram eficazes, que pensam que podem controlar a situação e solucionar seus problemas, têm mais facilidade para empreender a ação.

Bateman e Crant, (1993), defendem que o comportamento proativo implica criar mudanças, não apenas antecipá-las. Segundo estes autores, ser proativo não consiste unicamente em ter flexibilidade e condição de adaptação com um futuro incerto, mas que é preciso tomar a iniciativa para melhorar o contexto.

Todos esses antecessores do pensamento proativo coincidem que o comportamento movido por sentimentos positivos, ousados, motivados, remete a um comportamento capaz de submeter os sentimentos aos valores e princípios; que ser proativo é ser responsável, sobretudo, por si mesmo, e que os comportamentos tornam-se resultados de decisões tomadas, e não das condições externas, ou seja, ser proativo é ter iniciativa e responsabilidade suficiente para fazer as coisas acontecerem conforme sua própria decisão e vontade. Portanto, essa condição é extremamente necessária no contexto educacional, haja vista a grande necessidade de reverter um quadro altamente desfavorável, sobretudo quando se refere ao estado emocional, tanto dos educadores e educadoras, quanto dos discentes.

2. Os reflexos da Proatividade no contexto pedagógico

Analisando vários trabalhos publicados sobre proatividade e sucesso profissional, de Bateman e Crant, percebe-se que os distintos estudos em que analisam o comportamento proativo, apresentam como resultado da ação, várias medidas exitosas, liderança, rendimento e resultados de carreira. Estes pesquisadores investigaram um número significativo de banqueiros, vendedores, estudantes de MBA, empreendedores, presidentes de empresas, entre outros, e afirmam que o comportamento proativo tem conseqüências positivas demonstráveis tanto para os empregados quanto para as organizações.

Diante deste contexto, torna-se pertinente as investigações que se propõe a pesquisar sobre a proatividade desde a perspectiva pedagógica. Stephen Covey (2009) defende que todos devem se reeducarem e reinventarem a si próprios constantemente, e que a maneira como vemos o problema é que constitui o problema de muitos. Rubem Alves (1994) sempre defendeu a ideia da grande necessidade de se educar, antes de tudo, os olhos. A visão deve ser a primeira a ser educada, para que, através do olhar de esperança, da pureza e da “boniteza”, como diz Moacir Gadotti (2002), tanto os alunos como os professores sentirão maior prazer no ato de aprender e ensinar.

Analisando o contexto educacional brasileiro, o qual apresenta um relevante quadro de professores “doentes” psicológica e emocionalmente; alunos desinteressados, violência no ambiente escolar, enfim, uma série de problemas que marcam o cenário educacional, justifica a possibilidade de encontrar nas ações orientada pela proatividade uma via possível de minimizar ou quiçá resolver estes problemas.

De acordo com estudos publicados por Bateman e Crant, as características que marcam uma pessoa proativa são as seguintes:

  1. Estão buscando continuamente novas oportunidades.
  2. Marcam objetivos efetivos orientados às mudanças.
  3. Antecipam e prevêem problemas.
  4. Desenvolvem atividades diferentes ou atuam de forma diferente.
  5. Empreendem a ação e se aventuram apesar da incerteza.
  6. São perseverantes e esforçadas.
  7. Conseguem resultados perceptíveis, já que estão orientadas a resultados.

Um profissional da educação que assume estas características em sua missão de educador, com certeza fará a diferença no sentido de motivar para a transformação esperada através do processo ensino aprendizagem. Desta forma, pode-se entender que, assim como indica todos estes estudos, parece que o comportamento proativo é um fator determinante para a sobrevivência e a superação em um ambiente em constante transformação e que apresenta as complexidades e dificuldades como o atual. A educação necessita de pessoas flexíveis, que se adaptem ao inesperado e às mudanças, que saiba questionar as incertezas e, sobretudo, ousem se permitir a experimentar um estilo de trabalho que implica a responsabilidade de gerar novas ações para alterar sua situação e conseguir os resultados que desejam.

Um educador proativo sabe que está sujeito ao erro, porém este não é o fim do processo, se não etapas necessárias para o aperfeiçoamento do êxito. Este entende que o sucesso ou o fracasso não são experiências que ocorrem instantaneamente, mas que são resultados de pequenas ou grandes decisões tomadas ao longo do caminho, portanto, não há fracassos na vida, há resultados, bons ou ruins, entretanto, sempre resultados.

Roger Von Oech, citado por Mason (2007, p. 94) faz a seguinte reflexão:

Lembre-se, o fracasso traz dois benefícios. Em primeiro lugar, se você fracassar, descobre o que não funciona; e, em segundo lugar, o fracasso lhe dá a oportunidade de tentar uma abordagem nova (...) A maioria pensa que sucesso e fracasso são opostos, mas, na verdade, ambos são produtos do mesmo processo.

Arthur Guiterman, também citado por Mason (2007, p. 15) diz que “admitir os erros zera o placar e faz você mais sábio do que antes”. Portanto a ousadia é uma atitude de coragem, entendendo que o erro nem sempre traz resultados negativos no final do processo. Outra declaração interessante sobre o erro é a de Michael Jordan, que diz: “Já errei mais de 9 mil arremessos na minha carreira. Já perdi quase 300 jogos. Vinte e seis vezes me confiaram o arremesso que definiria a vitória no jogo... e eu errei. Já falhei seguidamente na minha vida. E foi por isso que tive êxito” (MASON, 2007, p. 14).

O educador e educadora deve entender, portanto, que são responsáveis pela administração de sua missão e que não devem ficar presos a queixas contra o sistema ou o contexto desfavorável. Ele ou ela deve compreender que a missão do ser educador é deixar as pessoas melhores do que eram antes de sua intervenção pedagógica. Para isso é preciso ousar, o que implica a tomada de decisão, planejamento, criatividade, e, sobretudo, acreditar em suas potencialidades.

No mercado de trabalho, antes de perder o emprego, há pessoas que caem em depressão; por outro lado, outras aproveitam esta situação para montar um negócio próprio e triunfar. Da mesma forma, o profissional da educação não deve se enganar atribuindo a responsabilidade de seus problemas unicamente a agentes externos ou à pressão do ambiente. É preciso ter a responsabilidade de escolher suas próprias respostas diante do que lhe é apresentado e de dirigir a ação de uma maneira inteligente.

3. Considerações Finais

Para superar esse contexto altamente desfavorável pelo que passa os profissionais da educação e obter sucesso em sua missão, é preciso se converter em um agente ativo de mudanças, ter iniciativa e saber enfrentar as incertezas. A pessoa proativa não espera que os demais tomem decisões por ela; atua com determinação, antecipando problemas, vai a campos operacionais e acredita constantemente em novas oportunidades.

Os olhos dos educadores devem ser educados para verem um mundo de possibilidades. É preciso educar os olhos para ver um mundo melhor e mais bonito, essa deveria ser a primeira tarefa da educação. Um educador ou educadora jamais proporcionará um espaço de transformação pessoal, intelectual ou profissional se ele ou ela não conseguirem ver essas possibilidades. Portanto, muitas das mazelas da educação estão no olhar dos profissionais, está no estado emocional e espiritual destes. Rubem Alves é um grande defensor desta ideia, ele defende que as palavras só tem sentido se nos ajudam a ver um mundo melhor, e que aprendemos palavras para melhorar os olhos. Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem e mais, o ato de ver não é um ato natural, precisa ser aprendido.

Proatividade não tem nada a ver com ativismo ou hiperatividade. Ser proativo não significa atuar às pressas, de forma caótica e desorganizada, deixando-se levar pelos impulsos do momento. As pessoas que tem o hábito da proatividade não são agressivas, arrogantes ou insensíveis. Movem-se por valores, sabem do que necessitam e atuam em conseqüência de fé e desejo de criar, de ajudar, de desenvolver e de se relacionar positivamente com seus companheiros, procurando ao máximo contribuir com seu progresso.

Desta forma, a proatividade torna-se uma possibilidade para a promoção de comportamentos proativos orientados a resultados, a um espaço de transformação de expectativas e contextos. Ser proativo não consiste unicamente em propor idéias ou fazer reestruturações cognitivas para perceber a realidade de outra maneira. É muito bom pensar em mudança, mas não é suficiente; tem que ser capaz de transformar idéias em ações para obter resultados.

Entende-se que uma equipe que compreende a necessidade de assumir uma postura proativa e efetivamente se comprometer em estar buscando alternativas para possibilitar um espaço que realmente venha contribuir para um processo de transformação dos discentes, proporcionando a oportunidade destes reescreverem suas histórias, seria o caminho mais óbvio e mais digno para a construção da verdadeira cidadania, através da educação.

4. Referencias Bibliográficas

ALVES, Rubem. A alegria de ensinar. 3 ed. São Paulo: ARS Poética Editora, 1994.
BATEMAN, T. S., & CRANT, J. M. (1993). The proactive component of rganizational behavior: a measure and correlates. Journal of Organizational Behavior, 14, 103-118.
BATEMAN, T. S., & CRANT, J. M. (1999). Proactive Behavior: Meaning, Impact, Recommendations. Business Horizons, may-jun.
COVEY, Stephen R. Os 7 Hábitos das pessoas altamente eficazes. 33ª ed. Rio de Janeiro: Best Seller, 2009.
GADOTTI, M. A boniteza de um sonho: ensinar e aprender com sentidos. São Paulo: Cortez, 2002.
MASON, J. Imitar é Limitar: seja a pessoa única que Deus projetou. São Paulo: Vida, 2007.
SCHWARZER, R. (1999). Proactive Coping Theory. Paper presented at the 20th International Conference of the Stress and Anxiety Research Society (STAR), Cracow, Poland, July 12-14, 1999.


Edione Teixeira de Carvalho –  Este endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo.
Manuel González Herrera –  Este endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo.

 

Autor deste artigo: Edione Teixeira de Carvalho - participante desde Qui, 21 de Julho de 2011.

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