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CARACTERÍSTICA DOS DOCENTES QUE TRABALHAM COM MATEMÁTICA FINANCEIRA EM CURSOS SUPERIORES DE TECNOLOGIA NO ESPÍRITO SANTO PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Helio Rosetti Junior   
Qua, 14 de Março de 2012 00:00

Helio Rosetti Júnior[1]

Juliano Schimiguel[2]

Resumo

O presente artigo tem a finalidade de discutir importantes características dos professores que ministram disciplinas de matemática financeira, finanças e áreas correlatas, nos cursos superiores de tecnologia, em faculdades da rede particular no estado do Espírito Santo, Brasil. Para o levantamento dos dados, foram feitas pesquisas com docentes de instituições na região metropolitana da grande Vitória. Nota-se que os professores têm meia idade, são experientes no trabalho de ensinar, possuem uma razoável qualificação para o magistério superior e gostariam de conhecer mais sobre finanças e matemática financeira. Uma significativa parcela não se sente preparada para trabalhar aulas de matemática financeira.   

Palavras – chave: Docentes, Matemática Financeira, Ensino de Matemática, Cursos Tecnológicos, Finanças.

Introdução

O ensino de matemática financeira e de finanças tem sido um grande desafio para professores e profissionais de educação no Brasil. Saber lidar com questões relativas ao dinheiro, suas operações quantitativas e seus desdobramentos na vida profissional e social são habilidades e competências requeridas por jovens nas instituições de ensino.

Para tanto, em se tratando da matemática financeira e conhecimentos financeiros básicos, cabe destacar que:

Ao falarmos em matemática financeira estamos considerando contextos onde esteja envolvido dinheiro, podendo, por exemplo, estar ligado a consumo, trabalho, contas, operações bancárias entre outros assuntos.Refletindo sobre a influência que o dinheiro exerce sobre a humanidade temos uma visão de como é importante conhecer a matemática financeira para o pleno exercício da cidadania. (VILLAR, 2005).

O mercado de trabalho tem demandado habilidades financeiras dos estudantes, sinalizando para uma formação acadêmica que inclua o jovem no mundo das operações com ativos de finanças e entendimento dos códigos relacionados às moedas e seus desdobramentos.

Entretanto, essas competências e habilidades requeridas pelo contexto do mercado de trabalho devem ser trabalhadas na perspectiva da construção da cidadania, por uma vivência comunitária edificadora.

Aprender e ensinar fazem parte da existência humana, histórica e social, como dela fazem parte a criação, a invenção, a linguagem, o amor, o ódio, o espanto, o medo, o desejo, a atração pelo risco, a fé, a dúvida, a curiosidade, a arte, a magia, a ciência, a tecnologia. É ensinar e aprender cortando todas estas atividades humanas. (FREIRE, 2001)

Nesse sentido, sobre o aprender e ensinar, merece ser destacado que:

Apreender o sentido dos conteúdos de ensino implica conhecê-los como conhecimentos construídos historicamente e que se constituem, para o trabalhador, em pressupostos a partir dos quais se podem construir novos conhecimentos no processo de investigação e compreensão do real. (RAMOS, 2005, p. 107).

Para tanto, currículos e conteúdos estão sendo discutidos e refeitos. Novas estratégias pedagógicas estão sendo montadas. Novas tecnologias educacionais são estruturadas, tendo em vista essas novas exigências. (ROSETTI, 2010)

A necessidade de envolvimento das instituições de ensino com os conhecimentos sobre finanças e matemática financeira tem requerido dos docentes, sobretudo dos educadores matemáticos, uma nova visão sobre esses conteúdos no cotidiano acadêmico. (ROSETTI, 2010)

Assim, não basta o uso e aplicações diretas de fórmulas, sem que o significado desses modelos matemáticos seja devidamente debatido e refletido em sala-de-aula.

A omissão da escola em relação a noções de comércio, economia, de impostos e de finanças tem uma consequência perversa: a maioria das pessoas, quando adulta, continua ignorando esses assuntos e segue sem instrução financeira e sem habilidade para manejar dinheiro. (MARTINS, 2004, p. 56).

Este artigo tem por objetivo debater e estimular a reflexão acerca de traços característicos significativos dos professores universitários que ensinam as disciplinas de matemática financeira, finanças, economia, contabilidade, custos e algumas áreas correlatas de conhecimento, em cursos superiores de tecnologia ministrados nas faculdades da rede particular no estado do Espírito Santo. Para a obtenção dos dados, foram feitas pesquisas reunindo professores de faculdades tecnológicas na região metropolitana da grande Vitória, estado do Espírito Santo, nas cidades de Guarapari e Vitória, no ano de 2010.

Perfil dos docentes

A grande maioria atua na unidade de Vitória, com 86%. Somente em Guarapari trabalham 6% dos entrevistados. Professores que atuam em ambas as cidades representam 8% dos entrevistados.

A maioria dos docentes é do gênero masculino, com 72%, contra 28% de mulheres. Isso indica na instituição uma predominância de docentes do gênero masculino em áreas de Ciências Exatas, Financeira, Econômica e de Gestão. Quanto ao regime de trabalho e a carga horária, a grande maioria dos professores é horista, com 78%. Com carga horária de 30h formam 3% dos entrevistados. Com 20h, são 8% dos docentes e com 10h, compõem 11% dos entrevistados.

No que se refere ao tempo de docência e a experiência profissional docente, os professores entrevistados em maioria apresentaram serem experientes, com 58% com exercendo atividade docente acima de oito anos. 17% possuem mais que seis e menos que oito anos de experiência. 14% apresentam mais que quatro e menos que seis anos de experiência e 11% têm mais que dois anos e menos que quatro anos de experiência. Quanto à titulação dos docentes, verificou-se que a maioria tem especialização, com 53%, contra 47% dos professores com mestrado e doutorado. Assim, 44% dos professores têm mestrado e 3% grau de doutorado.

A maioria dos professores entrevistados já ministrou especificamente conteúdos de matemática financeira, com 56%, contra uma minoria de 44% que não ministrou. Isso mostra que a maior parte dos professores tem familiaridade com matemática financeira. A grande maioria dos docentes tem muito interesse por conhecimentos financeiros, com 77% do total entrevistado. 17% demonstraram razoável interesse e somente 6% manifestaram raro interesse por conhecimentos financeiros. Isso vem demonstrar a demanda dos docentes por mais conhecimentos financeiros e por mais compreensão das questões de finanças.

No que se refere a sentir-se preparado para trabalhar matemática financeira nos cursos superiores de tecnologia, 42% sentiram-se muito preparados, 33% sentiram-se razoavelmente preparados e 25% pouco preparados. Esse resultado indica que uma maioria de 75% sente-se de razoável a muito preparado para ministrar matemática financeira nos cursos de tecnologia, o que é um quantitativo significativo dadas as características do corpo docente.

No que tange à idade do corpo docente pesquisado, 39% possui idade acima de 40 anos, 19% com mais de 35 anos e menos que 40 anos, 39 com mais de 30 anos e menos que 35 anos e somente 3% tem idade com mais de 25 anos e menos de 30 anos. Esses percentuais mostram que o corpo docente é maduro, sendo que a grande maioria, 97%, tem idade superior a 30 anos.

Quanto à área de conhecimento em que mais leciona nos cursos superiores de tecnologia, a maioria atua em Administração, com 52%. Em seguida vem a área de Finanças, com 14%. A seguir vem Contabilidade e Economia, ambas com 8%. Depois vem Matemática, Estatística e Física com 6%.

Considerações finais

A partir dos dados levantados, a esmagadora maioria dos professores trabalha na unidade de Vitória, apontando para a importância da capital no movimento e quantitativo de alunos das instituições.

Apesar da significativa presença feminina no corpo de professoras, os dados levantados mostram que a maioria dos docentes é do gênero masculino. Com isso, pode-se verificar que o grupo, no ensino tecnológico, tem forte influência masculina, sobretudo em disciplinas ligadas à matemática financeira e finanças.

Quanto à modalidade de trabalho, a grande maioria dos professores é horista. No que tange à formação acadêmica, verificou-se que a maioria tem nível de especialização, equivalente à pós-graduação lato sensu, ficando a minoria com titulação de mestrado ou doutorado. Isso pode propiciar um não aprofundamento científico e tecnológico na formação dos alunos de tecnologia.

No trabalho com matemática e métodos quantitativos, a maioria dos professores entrevistados já ministrou especificamente conteúdos de matemática financeira, o que facilita sobremaneira a compreensão das operações numéricas com finanças.

A Educação Matemática Comercial e Financeira deve levar em conta essa evolução prática do dinheiro, das moedas, das relações comerciais na sociedade, do poder de compra do cidadão para trabalhar modelos matemáticos que contemplem as necessidades concretas dos alunos e das unidades escolares. (ROSETTI, 2011)

Além disso, a grande maioria dos docentes apresenta muito interesse por mais conhecimentos financeiros, apontando para uma contínua necessidade docente de requalificação na área. Na questão da autoconfiança e preparação no campo de matemática financeira, a maioria dos professores, com 75%, sente-se de razoável a muito preparada para ministrar matemática financeira. Isso é um bom indicativo para a qualidade do trabalho em sala-de-aula, tendo em vista que esse sentimento interfere diretamente na disposição para a ação pedagógica.

Os quantitativos levantados mostram que o corpo docente é maduro em se tratando da idade cronológica, sendo que a grande maioria, com 97%, tem idade superior a 30 anos. Isso aponta para a possibilidade de uma atuação mais ponderada dos docentes no cotidiano acadêmico, com maior equilíbrio no enfrentamento das questões de comportamento das turmas. Quanto à área de conhecimento em que mais leciona nos cursos superiores de tecnologia, a maioria atua em Administração, com 52%. Como a maior parte dos cursos superiores de tecnologia pesquisados é da área de Gestão, essa preponderância na atuação docente em Administração apresenta-se adequada ao caráter dos cursos.

Referências

FREIRE, PAULO. Política e educação: ensaios. Cortez: São Paulo, 2001.

MARTINS, JOSÉ PIO. Educação financeira ao alcance de todos. São Paulo: Fundamentos Educacionais, 2004.

RAMOS, MARISE. Ensino Médio Integrado: concepções e contradições / Gaudêncio Frigotto, Maria Ciavatta, Marise Ramos (orgs.). São Paulo: Cortez, 2005.

ROSETTI JUNIOR, HELIO. Educação Matemática e Financeira: um estudo de caso em Cursos Superiores de Tecnologia. 2010. Tese (Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática) - Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2010.

ROSETTI JUNIOR, HELIO. A história do dinheiro e a educação matemática financeira. Do site: http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/a-historia-do-dinheiro-e-a-educacao-matematica-financeira/51112/ . Em 22/08/2011.

VILLAR FIEL, Mercedes. Um olhar para o elo entre educação matemática e cidadania: a matemática financeira sob a perspectiva da etnomatemática. 2005. 165 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino de Matemática) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2005.

 

 


[1] Professor Doutor do Instituto Federal do Espírito Santo (IFES). Este endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo.

[2] Professor Doutor da Universidade Cruzeiro do Sul (UNICSUL). Este endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo.

 

Autor deste artigo: Helio Rosetti Junior - participante desde Ter, 14 de Setembro de 2010.

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