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BREVÍSSIMO COMENTÁRIO ACERCA DAS TEORIAS SAUSSUREANAS PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Marinho Celestino de Souza Filho   
Seg, 22 de Outubro de 2012 00:00

BREVÍSSIMO COMENTÁRIO ACERCA DAS TEORIAS SAUSSUREANAS

BRIEFEST COMMENT ABOUT THE SAUSSUREANAS THEORIES

Marinho Celestino de Souza Filho[1]

Marco Venicio da Silva Pereira[2]

Marcelo Lazaretti Rodrigues do Prado[3]

Cidaleia Cristina Dalpra Lima[4]

RESUMO: Nesse breve ensaio, pretendemos mostrar como as contribuições de Saussure são imprescindíveis para estudar cientificamente a Linguagem Humana.

 

PALAVRAS-CHAVE: Contribuições. Saussure. Ciência. Linguagem Humana.

ABSTRACT: In this brief essay, we intend to show how the contributions of Saussure are essential to scientifically study human language.

KEY WORDS: Contributions. Saussure. Science. Human Language.

  1. INTRODUÇÃO

 

Nesse brevíssimo ensaio, tentaremos tratar de um dos mais importantes linguistas que o mundo já conheceu: Ferdinand Saussure, considerado o pai da Linguística, ciência que com método próprio pretende descrever o funcionamento de todas as línguas, cujo número aproximado, hoje, seria em torno de doze mil.

Logo, esse objetivo traçado pela Linguística parece impossível de ser realizado e um tanto quanto utópico. Mas, por ora, voltemos a Saussure, que com apenas 21 anos, publica em 1878 em Leipzig, uma obra muito importante para a História da Linguagem Humana: Mémoire sur le système primitif des voyelles indo-européennes. De Acordo com Ramanzini (1990), Saussure procurou, nesse trabalho, descrever o funcionamento das Vogais Indo-Européias, como se comportavam, semelhanças e diferenças, realizando um estudo histórico-comparativo. Dois anos depois, apresenta sua tese de doutorado com o título de De I’emploi du genitif absolu en sanskrit.

Assim, após vermos brevemente parte da trajetória acadêmica de Saussure, trataremos de sua Teoria acerca da Linguagem Humana.

 

  1. CONCEITO DE ESTRUTURA E DICOTOMIAS SAUSSUEREANAS

 

De acordo com Ramanzini (1990), uma das maiores contribuições do cientista anteriormente referido para a Linguística foi a introdução do conceito de Estrutura, conceito básico para o desenvolvimento do pensamento sobre a Linguagem Humana e ainda para as ciências sociais.

Esta idéia de Saussure propagou-se e ficou conhecida, até hoje, como Estruturalismo. E em que consiste o Estruturalismo? Consiste num sistema onde as partes devem se manter solidárias com o todo.

Esta e outras idéias de Saussure só foram conhecidas por todo ocidente graças à publicação de um livro: Curso de Linguística Geral. Publicação esta feita por Charles Bally e Albert Sechehaye, alunos do Linguista anteriormente citado, que, disseminaram parte de sua teoria com base em anotações feitas após três cursos de Linguística ministrados na Universidade de Genebra por Ferdinand Saussure.

Dessa forma, dentre as teorias do Linguista anteriormente citado, a que mais interessa para este trabalho são as Dicotomias Saussureanas: Língua X Fala, Significante X Significado, Diacronia X Sincronia, Sintagma X Paradigma as quais serão retomadas abaixo com mais detalhes.

Nesse aspecto, segundo Saussure (1969), a Língua é fator social, ou seja, exterior ao indivíduo e ao indivíduo não cabe criá-la, modificá-la, pois, a aprendizagem de uma língua seria realizada de uma maneira bastante lenta, inclusive de acordo com a teoria do linguista acima assinalado, nem a criança poderia modificar, criar dentro de sua própria língua, todavia, a criança pode desempenhar apenas o papel de aprendiz do funcionamento de uma língua. Porque, conforme o mestre genebriano, a Língua é estabelecida a partir de um contrato social, exterior ao falante/ouvinte, por isso, na visão de Saussure (1969), a Língua não pode ser modificada.

Já a Fala é individual e estaria imanentemente ligada à fonação, isto é, o que interessa descrever na Fala, seria o seu aspecto psicofísico, ou seja, descrever levando em conta os tipos de sons que são produzidos pelo aparelho fonador, como são produzidos e por que são produzidos.

Ao pai da Linguística, também devemos a elucidação da relação entre a língua falada e a escrita, apesar de estabelecer primazia da segunda sobre a primeira. Desse modo, após tratarmos, ainda que brevemente sobre a primeira Dicotomia Saussureana, trataremos a seguir das outras anteriormente mencionadas.

 

 

  1. SIGNIFICANTE X SIGNIFICADO

 

Antes de tratarmos da Dicotomia mencionada acima, trataremos do signo linguístico que conforme Saussure (1969) consistiria numa operação de adição, ou seja, significante + significado= signo linguístico.

Nessa perspectiva, de acordo com Orlandi (1986, p.10-11), signo seria:

 

Os sinais que o homem produz quando fala ou escreve são chamados signos. Ao produzir signos os homens estão produzindo a própria vida: com eles, o homem se comunica, representa seus pensamentos, exerce seu poder, elabora sua cultura e sua identidade etc.

 

Dessa citação, devemos depreender o seguinte: todos os sinais produzidos pelo homem no intuito de se comunicar são signos, gestos humanos, sinais luminosos contidos nos semáforos, uma placa em um hospital indicando silêncio, alguns sinais de fumaça emitidos por algumas tribos indígenas para avisar sobre festividades, reuniões, perigo, além, ainda, dos sons de tambor tocados por estas mesmas tribos podendo estar sinalizando para uma guerra iminente.

Além disso, as placas utilizadas no trânsito são signos, algumas indicam quebra-molas, outras velocidade permitida, restaurante próximo, etc.

É bom frisar que há signos universais, como por exemplo: as cores do semáforo, o verde indica siga, o amarelo atenção e, o vermelho pare. É pertinente observar ainda que os signos tanto da linguagem verbal quanto da não-verbal são estudados por uma ciência conhecida como Semiologia.

Logo, a Semiologia é a ciência que estuda os signos em geral. E quanto ao signo linguístico? Ele é estudado pela Linguística que como já mencionamos anteriormente, de acordo com Saussure (1969), a Linguística seria uma das ciências humanas que se dedica, a priori, ao estudo do signo linguístico e à descrição do funcionamento de todas as línguas existentes, apesar do caráter científico desta ciência, é necessário ressaltar o caráter também utópico, porque, temos, de acordo com Ramanzini (1990), aproximadamente, 4 mil línguas e a Linguística, até agora, conseguiu descrever mais ou menos 3 mil delas.

Portanto, embora haja boa intenção, boa vontade no que tange à descrição do funcionamento de todas as línguas, pensamos ser (quase) impossível à Linguística descrevê-las.

Não vamos entrar, agora, no mérito dessa questão, importa sim, neste, momento; conceituarmos o signo linguístico.

Como, dissemos antes, o signo linguístico é uma reunião do significante com o significado.

Consoante Saussure (1969), o significante seria uma espécie de imagem acústica, já o significado, o conceito, a representação material, física dessa imagem.

Para tentarmos simplificar estes conceitos altamente complexos, diríamos que o signo linguístico não une um objeto a uma palavra, mas, vincula um conceito a uma imagem acústica.

Por conseguinte, o conceito se caracteriza pelo teor abstrato, já a imagem acústica representa a natureza material, sensorial e física, embora não lhe falte caráter psíquico, por isso é fundamental não confundir a imagem acústica com o som das palavras ou a grafia delas, porque, a ela, atribuímos à representação psíquica e não física, sendo, basicamente, o conjunto de imagens que fazemos do som ou da grafia das palavras em nosso cérebro.

É preciso frisar, ainda, que, conforme Orlandi (1986), o signo linguístico é imotivado e arbitrário, isto é, não há motivos lógicos para chamarmos cão de cão e gato de gato. Por quê?

Porque estabelecidos os nomes, tornam-se padronizados, o que muda são, apenas, os idiomas, as línguas, ou seja, as palavras dessa língua, como por exemplo no inglês: cão é dog e gato é cat.

Assim, tratamos ainda que superficialmente da questão do Significante e do Significado, por isso, trataremos agora de outra Dicotomia Saussureana, ou melhor, falaremos sobre Diacronia X Sincronia.

 

 

  1. DIACRONIA X SINCRONIA

 

Antes de iniciar o estudo profundo de uma língua, torna-se necessário estipular critérios técnicos, científicos que, segundo Ferrarezi e Souza Filho (2010) determinem os parâmetros de estudo e definam um método a ser seguido, de forma que os resultados do estudo feito possam ser comparados a resultados de estudos de outras línguas realizados nos mesmos moldes.

Assim ainda, de acordo com Ferrarezi e Souza Filho (2010) um dos primeiros linguistas a definir parâmetros de estudo bem claros para as línguas naturais foi Ferdinand Saussure, famoso linguista franco-suíço, considerado o pai da ciência que estuda a linguagem humana, a Linguística. Saussure (1969) deixou claro que os estudos linguísticos poderiam ser realizados em duas perspectivas distintas, a saber, a diacrônica e a sincrônica, que Ramanzini: (1990, p.30), considera como dois tipos de Linguísticas, assim conceituadas:

 

[...] a Linguística sincrônica (do grego sin = conjunto, simultaneidade+ chronos = tempo), também chamada de estática ou descritiva, e a Linguística diacrônica (do grego dia = através + chronos = tempo), também chamada de evolutiva ou histórica.

 

De acordo com essa citação, vemos que a Linguística sincrônica procuraria fazer um recorte na linguagem e estudá-la em uma determinada época. Já a Linguística diacrônica é o estudo da linguagem durante o transcorrer do tempo, isto é, a perspectiva diacrônica determina um estudo histórico da linguagem, no transcorrer de distintas épocas, visando à descrição da evolução linguística.

Nesse aspecto, Ferrarezi e Souza Filho (2010), afirmam que essas duas perspectivas existiam antes de Saussure, mas não sistematizadas como ele as apresentou a seus alunos. Hoje, elas definem os programas de estudos dos cientistas da linguagem, marcados em dois grandes “troncos de pesquisa”: a sincrônica e a diacrônica.

Assim, a título de exemplo, vamos supor que quiséssemos estudar a evolução da palavra “você” no transcorrer do tempo, como procederíamos diacronicamente falando? Primeiramente, procuraríamos estabelecer duas ou mais épocas distintas para estudar a evolução desta palavra (você), ou melhor, faríamos um recorte no tempo; imaginemos que a palavra “você” foi utilizada no Brasil em 1560, mas não era conhecida com este nome, e sim, designada pelo seguinte vocábulo: “vossa mercê”, logo veríamos o que aconteceu com esta palavra de 1560 a 1900, ou seja, supondo que com o frequente uso “vossa mercê” por volta de de1800, transformou-se em “vossmincê” e aproximadamente em 1900, “vossmincê” evoluiu para “você”, dessa forma estaríamos fazendo um estudo diacrônico no que tange à linguagem, ou seja, um estudo histórico comparativo sobre a linguagem.
Porém, se fizéssemos um estudo sincrônico deste mesmo vocábulo (você), perceberíamos outra abordagem, isto é, suponhamos que faríamos um estudo sincrônico do já mencionado vocábulo,  imaginemos ainda uma época para estudar tão referido vocábulo, o ano seria o de 1999 e o mês janeiro, vamos supor que neste referido mês, falássemos “você”, todavia em maio deste mesmo ano esta mesma palavra evoluísse para “ocê” e finalmente (tudo isso no campo da suposição) em dezembro de 1999, esta palavra evoluiu e transformou-se no vocábulo “cê”. Utilizado, inclusive, até hoje nas falas de muitas pessoas.

Entretanto, acreditamos que esse vocábulo “cê”, nunca será utilizado como “ê”, porque, sabemos que a língua evolui com certa lógica, aliás, é imprescindível saber que a língua não evolui, é o falante dessa língua que a faz evoluir, quando a utiliza no seu dia a dia para as diversas funções que a língua se presta, tais como: informar, interpelar, expressar o pensamento, integrar-se socialmente, comunicar-se, convencer, ou ser convencido, declarar, afirmar, concordar, discordar, enfim, mostrar a sua identidade, sua cultura e, inclusive, revelar a sua personalidade e ainda a dos outros que o cercam, já que “a priori” ninguém fala sozinho, apesar de sabermos que existem pessoas as quais falam com elas mesmas. É óbvio que isso não é um problema, desde que o ato de falar consigo mesmo não seja considerado patológico.
Do exposto anteriormente, pensamos ser necessário adotar, escolher uma postura, isto é, um método para se estudar uma língua, por isso recomendamos que o estudo da língua seja feito através do método sincrônico. Por quê?

Porque, conforme vimos neste trabalho, um estudo diacrônico da língua, seria um estudo histórico, evolutivo, desse modo, para este tipo de estudo teríamos que ter acesso a uma série de documentos e fatos históricos ocorridos no transcorrer do tempo, o que talvez se tornaria uma árdua tarefa estudar a língua pelo método acima mencionado, já que somos cônscios de que primeiro a humanidade falou e depois escreveu, isto é, a fala surgiu muito antes da escrita, e, inclusive muitas das grandes obras literárias foram antes faladas, ou seja, transmitidas de geração em geração em forma de versos, poemas, para que fossem, assim, preservadas, dentre elas: “A Ilíada” e “A Odisséia”, ambas obras atribuídas ao grande poeta grego, Homero.
Como se isso não bastasse, Kehdi (2000, p.7), mostra-nos que: [...] Não julguemos, todavia que a utilização de uma ou de outra postura seja uma mera questão de escolha; sincronia e diacronia podem contrapor-se quanto a métodos e resultados.

Por isso, insistimos no caráter sincrônico como forma de estudar a Linguagem Humana, devido a muitas dificuldades que podem surgir, principalmente, se precisarmos recolher documentos históricos escritos antigos para estudar esse tipo de linguagem.

Nesse aspecto, o ato de recolher ou de pesquisar fontes históricas bastante antigas, pode tornar o estudo de uma língua algo extremamente complicado, difícil e, praticamente, impossível, uma vez que muitos desses documentos podem ter se perdido no tempo ou se deteriorado com o passar dos anos, e ainda em se tratando de sincronia e diacronia, de acordo Kehdi (2000, p.7), devemos optar pelo método de estudo alicerçado na sincronia, porque:

 

De um ponto de vista metodológico, é aconselhável, portanto, que se separem as duas posições. Adotaremos, ao longo de nossa exposição, uma postura sincrônica com relação a alguns aspectos da morfologia portuguesa, porque acreditamos que o conhecimento dos mecanismos de funcionamento de um idioma no seu “aqui e agora” deve anteceder as explicações de caráter histórico, indiscutivelmente necessárias e esclarecedoras, mas que devem ser invocadas num segundo momento.

 

Do exposto, pensamos que se torna muito mais vantajoso estudar os fatos linguísticos, considerando-os sob o prisma da Linguística Sincrônica, já que, pelos motivos anteriormente expostos e ainda especialmente, porque de acordo com Ferrarezi e Souza Filho (2010), a escola deve optar por uma perspectiva sincrônica, pois, adotando-a, a escola proporcionaria aos alunos da educação básica uma visão mais ampla, mais completa dos fatos linguísticos que o cercam, dessa forma, eles poderiam se tornar mais eficientes no que tange ao uso adequado da linguagem em quaisquer situações de interação social por que passem.

Em consequência, isso contribuiria para desenvolver melhor a competência e a habilidade sócio-comunicativa que o aluno já possui, desde tenra idade, porque, segundo Chomsky (1971), nascemos com capacidades fisiológicas, biológicas e psicológicas para falar determinada língua. Assim, Ferrarezi e Souza Filho (2010), ratificam que a perspectiva sincrônica é a mais adequada para o ensino-aprendizagem de nossa língua materna nas escolas brasileiras, apesar de que a perspectiva diacrônica poderia aparecer, mas, só apareceria raramente, a título de incremento cultural do aluno sobre sua própria língua.

Sendo assim, encerrada por ora a questão da Diacronia e da Sincronia, comentaremos agora a última Dicotomia Saussureana: Sintagma X Paradigma.

 

  1. SINTAGMA X PARADIGMA

 

Foi Ferdinand Saussure, franco-suíço, quem criou o termo Sintagma.     Saussure (1969) ao criar o termo Sintagma criou também o conceito de Paradigma.  Sintagma seriam todos os constituintes de uma oração, ou melhor, os Constituintes imediatos[5] e os Constituintes Oracionais.

Tanto os constituintes Imediatos quanto os Oracionais, segundo Saussure (1969), participam do eixo da combinação, ou seja, quando combinamos as palavras para formar frases ou orações estamos utilizando o que o autor, acima referido, chamou de Sintagma. Vejamos como isto funciona na prática:

a)    mulheres As     Belo Horizonte         do              são         lindas.

1                     2                       3                 4              5

Combinando as palavras, acima, teríamos:

b)    As mulheres de Belo Horizonte são lindas.

Logo, esta frase da Língua Portuguesa contém 5 sintagmas diferentes, porém, relacionados, semanticamente, entre si. Os Constituintes Imediatos da Oração seriam respectivamente:

c) 1, 2, 3, 4, 5 que combinados, como vimos, gera uma frase da Língua Portuguesa.

Já os Constituintes Oracionais seriam, apenas, os dois termos considerados essenciais da oração, por exemplo:

d) (As mulheres de Belo Horizonte) (são charmosas)

I                                      II

Assim, temos em (I) – Sintagma Nominal, conhecido pela Gramática Normativa ou Escolar como Sujeito e em (II) – Sintagma Verbal, também conhecido pela Gramática Normativa ou Escolar como Predicado.

Quanto ao Paradigma pertenceria ao eixo da seleção, da escolha, ou seja, o falante/ouvinte de qualquer língua para formar frases dessa língua, utiliza duas operações, a saber; a Paradigmática e a Sintagmática, porque, primeiro, selecionamos as palavras ou termos que desejamos utilizar para gerar a frase de uma determinada língua, por isso, vamos supor que quiséssemos gerar a seguinte frase de nossa língua materna:

I                                                    II

e) (As mulheres de Belo Horizonte)      (são elegantes)

I e II seriam os Sintagmas Oracionais: Sintagma Nominal – Sujeito e Sintagma Verbal – Predicado.

Apesar de Saussure (1969) ter criado os conceitos de Sintagma e Paradigma, quem desenvolveu uma gramática cujo arcabouço teórico fez uso dos Sintagmas foi Avram Noam Chomsky. E o que seria esta gramática que é conhecida como Gramática Sintagmática? Quais algumas de suas vantagens?

É o que tentaremos responder no decorrer deste trabalho. A Gramática Sintagmática como o próprio nome diz, procura descrever a estrutura sintática de uma língua, utilizando como suporte, base à teoria dos Sintagmas, elementos fundamentais, para a construção de sentenças, frases, pois, como vimos anteriormente neste trabalho para formamos frases de uma determinada língua, podemos utilizar tanto os Sintagmas Nominais quanto os Verbais, apesar de as Gramáticas Normativas ou Escolares pregarem que os termos essenciais da oração seriam o Sujeito e o Predicado, e depois elas mesmas postularem no bojo de sua teoria sintática Orações Sem Sujeito e orações cujo Sujeito é Indeterminado, ou seja, não se pode determinar, saber quem é o Sujeito, por isso, acreditamos que o único termo, realmente, essencial à oração seria o Predicado.

Diante do exposto, resta-nos mostrar algumas vantagens de se descrever os termos sintáticos e morfológicos de uma língua tomando como base tanto os Sintagmas Verbais, quanto os Nominais para este tipo de descrição; a saber, a Gramática Sintagmática.

Primeiramente, ao invés de termos um número grande de Classes e Funções, isto é, Sujeito, Predicado, Objeto Direto, Substantivo, Adjetivo, Pronome, Numeral, Artigo etc. Teríamos apenas duas classes, a saber, a dos Sintagmas Nominais e a dos Sintagmas Verbais, os quais desempenhariam também todas as funções descritas pela teoria tradicional, por isso, com esta visão, economizaríamos e simplificaríamos a descrição sintática e morfológica de uma determinada língua, especificamente, no que tange à Língua Portuguesa.

Além disso, frases de nossa língua materna que a Gramática Normativa, abreviada por G.N., questão de economia linguística, não consegue descrever, sintaticamente, como por exemplo:

“Falamos de Sônia ao diretor da escola.” A Gramática Sintagmática descreve. Por que a G.N. não consegue escrever tal oração? Porque, a dita oração possui dois Objetos Indiretos e a G.N. não descreve orações deste tipo.

Verbos considerados, tradicionalmente, como Verbos Intransitivos: morrer, viver, etc. Na Gramática Sintagmática podemos postular complementos para estes tipos de verbos, como por exemplo, em Rondônia, em alguns municípios é muito comum frases do seguinte tipo: “Fulano morreu de morte matada.” E ainda: “Fulano morreu de morte morrida.” Além de percebemos a existência de complementos verbais nas frases anteriores, apesar de os verbos serem considerados Intransitivos na doutrina tradicional, também notamos algo extremamente importante, ou seja, as diferenças semânticas que o falante/ouvinte quer marcar, ao enunciar a primeira frase este mesmo falante/ouvinte da Língua Portuguesa quer dizer que uma determinada pessoa foi assassinada, não morreu de “causa natural”,  já na segunda frase o mesmo falante/ouvinte pretende dizer que um determinado indivíduo morreu de “morte natural”, isto é, não foi assassinado.

Já no caso do verbo viver, também considerado Intransitivo pela G.N. é perfeitamente aceitável na Língua Portuguesa frases do tipo: “A mulher viveu uma vida tranquila.” E: “O homem vivia de amarguras”.

Além dos verbos anteriormente assinalados, há ainda outros considerados pela G. N como intransitivos que podemos postular complementos para eles, exemplos: comer, morar, chegar, sair etc.

Desse modo, os exemplos são inumeráveis, para percebemos esse fato, basta verificarmos como as pessoas utilizam a linguagem no dia a dia.

Assim, por ora, encerraremos a nossa exposição sobre as Dicotomias Saussureanas e a seguir teceremos as considerações finais acerca desse trabalho.

 

  1. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Diante do exposto, notamos a importância, a relevância das contribuições de Saussure (1969) para o desenvolvimento de um estudo sério, profícuo, enfim, científico da Linguagem Humana.

 

  1. 7. REFERÊNCIAS

 

CHOMSKY, Noam. Linguagem e pensamento. Petrópolis: Vozes: 1971.

 

FERRAREZI JUNIOR, Celso; SOUZA FILHO; Marinho Celestino de.  Alfabetização e Linguagem: a vida na escola. Revista Gestão Universitária. Belo Horizonte, nº 280, julho de 2011.

 

KOCK, Ingedore Villaça & Souza; SILVA; Maria Cecília Pérez de. (2000). Linguística aplicada ao português: sintaxe. 9 ed. São Paulo: Cortez.

 

 

LOPES, Edward. (1991). Fundamentos da Linguística Contemporânea. São Paulo: Cultrix.

 

ORLANDI, Eni Pulcinelli. (1986). O que é Linguística. 9ed. São Paulo: Editora Brasiliense.

 

RAMANZINI, Aroldo. (1990).  Introdução à Linguística Moderna. São Paulo: Ícone.

 

SAUSSURE, Ferdinand. (1969). Curso de Linguística Geral. São Paulo: Cultrix.

 

 


[1] Professor da Cadeira de Língua Portuguesa no IFRO – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia – Campus Ariquemes. Emeios: Este endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo. e Este endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo.

[2] Professor da Cadeira de Língua Inglesa no IFRO – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia – Campus Ariquemes e Especialista em Metodologia do Ensino Superior.

[3] Professor da Cadeira de História da Escola E. E. E. F. M Francisco Mendes Filho em Ariquemes - RO e Especialista em História e Geografia Ambiental.

[4] Professora da Cadeira de Língua Portuguesa do IFRO – Graduada em Letras Língua Inglesa e Literatura Brasileira e Inglesa.

2 Apesar de algumas teorias tomarem os sintagmas, individualmente, outras o tomam em combinações binárias e até terciárias.

 
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