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Edições Anteriores 315 ENSAIO SOBRE EDUCAÇÃO OU DESABAFOS MESMO!
ENSAIO SOBRE EDUCAÇÃO OU DESABAFOS MESMO! PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Marinho Celestino de Souza Filho   
Sex, 15 de Fevereiro de 2013 00:00

MARINHO CELESTINO DE SOUZA FILHO[1]

No Caminho, com Maiakóvski

(Fragmento)

Tu sabes,

Conheces melhor do que eu

a velha história.

Na primeira noite eles se aproximam

e roubam uma flor

do nosso jardim.

E não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem:

pisam nas flores,

matam nosso cão,

e não dizemos nada.

Até que um dia,

o mais frágil deles

entra sozinho em nossa casa,

rouba-nos a luz, e,

conhecendo nosso medo,

arranca-nos a voz da garganta.

E já não podemos dizer nada.

Esse texto, sobre o ponto de vista de sua construção, não pretende ser científico, aliás, o que seria um texto científico?

Seria um texto embasado na verdade? Na mentira? E o que é a Verdade? O que é a Mentira? Na ABNT? Ou nos critérios textuais previamente estabelecidos pela Linguística Textual: com princípio, meio, fim, coesão, coerência, informatividade, progressão, não-contradição, linguagem objetiva, verbos na terceira pessoa do singular ou do plural ou ainda com uma proposta de intervenção social inserida ao final do texto?

Inclusive essa tal proposta de intervenção que antes não existia numa estrutura de um texto dissertativo, hoje é cobrada e tornou-se moda pelo “famoso” ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio sobre o qual tratarei a posteriori, mas, voltando à proposta desse texto, esse texto não pretende ser científico, pois, não me julgo um cientista, sou apenas mais um professor querendo desabafar, aliás, antes mesmo de eu escolher o título desse texto, me lembrei de Clarice Lispector, A Hora da Estrela, em que essa autora propõe para o título dessa obra mais de uma dezena de títulos possíveis, incluindo A Hora da Estrela, que, talvez, por se tornar mais popular e por que não dizer até mais poético, ficou assim popular e oficialmente  conhecido.

 

Talvez o leitor esteja imaginando, por que esses devaneios, caro professor Marinho? O motivo é simples: às vezes, ou muitas vezes, ou ainda na maioria das vezes, ou sempre, ou quase sempre é difícil escolher um título para um texto, se a Imortal Clarice Lispector teve suas dúvidas, quanto mais nós pobres mortais.

Voltando à construção desse texto, como eu disse antes, ele não tem a pretensão de ser cientifico consiste em um desabafo, não, perdão amigo leitor, consiste na verdade em vários desabafos, de quem está na Educação, leciona há mais de vinte anos.

Assim, vamos agora aos desabafos:

Desabafo 1

Nesses vinte anos de Educação, leciono a mesma disciplina Língua Portuguesa, por isso, acredito que fui muito bem preparado para isso, porque, cursei quatro anos e meio de Letras: Licenciatura – Língua Portuguesa e suas respectivas Literaturas: fiz um ano de pós-graduação latu sensu com especialização em Língua Portuguesa, três anos de pós-graduação strictu sensu, ou seja, Mestrado em Linguística com ênfase em Língua Portuguesa, além disso, muito antes de cursar Letras, eu já lecionava há mais de quatro anos Língua Portuguesa nas Escolas do Município e do Estado. Fora o fato de que a primeira vez que o meu nome foi negativado, foi, porque, eu não consegui pagar a terceira parcela de uma compra de livros que havia feito na data pré-estabelecida e isso não me deixa nada constrangido, pois, prezado leitor, eu estava investindo e continuo na minha profissão, mas, por que, amigo leitor, todas essas explicações antes do primeiro desabafo de fato? Porque muitos, ou a maioria dos colegas, principalmente, de outras áreas me criticam: “como, algumas vezes, não há nenhum aluno para recuperação, exame”?

Isso infelizmente não acontece só com a disciplina de Língua Portuguesa, acontece também com Matemática. Assim, eu pergunto o que os meus colegas de outra área entendem de Língua Portuguesa? Ou ainda, o que sabem sobre Línguística? Praticamente nada! Porque segundo o senso comum, ou melhor, segundo a maioria das pessoas, dos professores de outra área e inclusive da maior parte dos sujeitos que compõem a sociedade brasileira e que não têm uma bagagem ainda que seja superficial em Línguística, esses sujeitos afirmam categoricamente que a Língua Portuguesa é a mais difícil de ensinar desse planeta. Coitados! Desconhecem o funcionamento de sua própria língua e alicerçados em um mito o qual é divulgado pela mídia e a tradição gramatical, acreditam piamente nisto, além desse mito, acabam internalizando ainda outro: o mito do Preconceito Linguístico.

Ora bolas, a Linguística já comprovou que não existe esse negócio de falar certo ou errado, existe a questão do diferente, por isso, que Evanildo Bechara na sua excelentíssima obra: Ensino da Gramática: Opressão? Liberdade? Postula a tese de que devemos ser poliglotas na nossa própria língua. E o que isso significa, amigo leitor? Significa que devemos saber nos comunicar com eficiência em todas as circunstâncias sociais por que passamos, por exemplo: numa palestra para acadêmicos, devemos utilizar uma linguagem técnica, científica, entretanto, num sítio, num mercado, na hora do lazer não devemos nos policiar tanto. Afora o linguista e a obra citada anteriormente, citarei outras obras e outros autores que o ajudarão, caro leitor, a compreender melhor a nossa própria língua, então, vamos a eles:

a)    Mário Alberto Perini: Para uma nova gramática do português, Sofrendo a gramática, Gramática Descritiva do Português e A Língua do Brasil amanhã e outros mistérios;

b)    Celso Ferrarezi Junior: Discutindo Linguagem com professores de português, Gramática do Brasileiro e Ensinar o Brasileiro: respostas a 50 perguntas de professores de língua materna, dentre outras;

c)    Rodolfo Ilari: A linguística e o ensino de língua portuguesa, dentre outras;

d)    Marcos Bagno: Preconceito Linguístico: o que é, como se faz. E A Língua de Eulália: novela sociolinguística, dentre outras;

e)    Luiz Carlos Cagliari: Alfabetização e Linguagem, dentre outras;

f)     E por fim: Luiz Carlos Travaglia: Gramática e Interação: uma proposta para o ensino de gramática no 1º e 2º graus. É claro, considerado leitor, que eu poderia citar ainda muito mais autores e obras que tratam da Linguística e, principalmente da Língua Portuguesa, entretanto, se o amigo leitor escolher apenas uma das obras citadas acima (poderia ser, por exemplo: Sofrendo a gramática de Perini) e lê-la, meditá-la, poderá chegar a seguinte constatação: de que todos sabem e, muito bem a língua que falam e ainda falam-na com propriedade, com regras específicas, intrínsecas, naturais e inerentes a essa língua.

 

Desabafo 2

Toda culpa do fracasso dos alunos nas outras disciplinas recai sobre os ombros dos Professores de Língua Materna, “0s colegas” simplesmente dizem: - Olha aqui, esse menino ou essa menina não sabe escrever, trocou o x pelo ch, o g pelo j, ou s pelo z etc. Assim, eu pergunto o que esses colegas conhecem da Fonética e da Fonologia da Língua Portuguesa para fazerem tais afirmações? Eles desconhecem alguns fatos simples, tais como: que o mesmo fonema pode assumir vários grafemas ao mesmo tempo, exemplo, o fonema /z/, pode, às vezes, ser representado pelas letras S, Z e até pelo grafema X, para confirmar essa afirmativa, observemos: caSa, Zangado e eXame, trocando em miúdos; a relação som/letra não é biunívoca, por isso, muitos alunos e, até, por que não dizer professores “erram” na grafia. Outros fatos fonéticos e fonológicos também importantes devem ser considerados: a mesma letra pode representar mais de um fonema: eXame, Xale, próXimo, seXo. E ainda um único fonema pode ser reprensentado por um grupo de duas letras (dígrafos): maCHado, muLHer, miSSa, caRRo. Além disso, a letra ou grafema X pode representar dois fonemas ao mesmo tempo, ou seja, um fonema dúplice /ks/, /cs/. Exemplos: táXi, fiXo, tóraX, heXacampeão. Mas também, sabemos que tanto o H inicial quanto o M e o N, quando não seguidos de vogal, não representam fonema algum, no caso específico dos fonemas M e do N, eles apenas representam marca de nasalização da vogal anterior, por isso, em canta, temos quatro letras ou grafemas e apenas quatro fonemas /c-ã-t-a/. Logo como se vê, amigo leitor, as coisas não assim tão fáceis como muitos sujeitos imaginam, portanto; no que tange à leitura e a escrita, só lendo, escrevendo, relendo, reescrevendo e pesquisando bastante para escrever bem, pois, a leitura e a escrita constituem-se em um processo: com início, meio, mas nunca fim, aliás, sabe-se que todo processo tem princípio, meio, contudo, nunca apresenta fim, isso ocorre com a escrita, com a leitura. Acredito ainda embasado em alguns autores: Eni Pulcinelli, Ângela Kleiman, Magda Soares, Paulo Freire, entre outros; que a leitura não está ligada diretamente proporcional à escrita, ou seja, tem gente que não lê praticamente nada, mas escreve muito e, tem gente que lê tanto, mas não escreve nada.

 

Desabafo 3

Só é bom professor aquele que aplica prova. Ora bolas! Caríssimos leitores, a Didática e a Pedagogia Moderna também já provaram que a prova é só mais um dos instrumentos que visam à geração da aprendizagem, veja bem, caro leitor, repito, a prova visa à geração da aprendizagem, e não, como muitos colegas, muitas vezes, a veem: instrumento de tortura, de acerto de contas, único instrumento utilizado para auferir notas. Para confirmar essa afirmativa, basta ler alguns autores, tais como: Libâneo, Demo, Saviani, Perrenoud, Luckesi, Manacorda, Freire, Anísio Teixeira, Hoffmann, dentre outros.

 

Desabafo 4

Professor tem que ter domínio de sala. Antes de tudo, ou antes de alguma coisa ou antes de qualquer coisa:  o que quer dizer exatamente domínio de sala? Para tentar responder a essa pergunta, antes, consultarei o Houaiss, um dos dicionários mais utilizados hoje nos meios acadêmicos, para saber o significado da palavra domínio. Vamos nessa viagem comigo, caro leitor, de acordo com o Houaiss, são vários os significados da palavra domínio, dentre eles, os mais relevantes para a construção desse texto são: [...] Supremacia em dirigir em e governar ações de outrem pela imposição da obediência, dominação, império (). 2. Direito geralmente reconhecido de propriedade e supremacia de um indivíduo ou indivíduos sobre outro (s). [...]

Desses conceitos, prezado leitor, o que devemos deduzir? Sei que você, amigo leitor, não é besta, nem muito menos idiota para não perceber que dominar seria o mesmo que escravizar, ter posse sobre alguém e, isto a Constituição Federal proíbe, é um crime qualificado pela legislação vigente. Então como um professor dominaria um aluno? Uma sala? Talvez, “engravatando” um por um, até que eles pedissem arrego e deixassem a toalha cair sobre o chão. Aí o professor não precisaria ser licenciado, bastaria praticar algum tipo de arte marcial. Outra consequência que advém dessa palavra domínio, voltaríamos no mínimo a sermos seres primitivos, levando radicalmente a sério a teoria de Charles Darwin, seleção natural, onde os mais fortes sobrepujariam, ou melhor, dominariam, teriam a posse dos mais fracos, utilizando-os ao seu bel prazer. Será que com essa atitude de dominação e dominadora não estaríamos reinventando um novo tipo de Nazismo? Aliás, nesse momento, cabe aqui uma pergunta: qual é a diferença da sala de aula por uma prisão?

Alguns anos atrás, ouvi de alguns alunos [quando, naquela época eu tinha numa turma de oitava série (atualmente, nono ano, ficou bonitinho, né? Prezados leitores, mas continua a mesma coisa ou até pior do que naquela época) três aulas de Língua Portuguesa seguidas] o seguinte comentário: “a nossa escola não tem nenhuma diferença de uma cadeia”, eu perguntei: “Por quê”? Eles responderam é óbvio professor: lá tem o horário de tomar sol, ou seja, só se sai das celas depois de um sinal ou uma ordem para tomar sol, aqui, na nossa escola, não é diferente, a gente sai na hora do recreio para tomar sol, lá eles fazem também refeições, inclusive há quem diga melhores do que a nossa tão famigerada merenda, eles têm horários fixos para saírem e para entrarem e, na escola, a gente também, lá eles não podem ficar fora da cela, salvo para tomar sol, nós também, só podemos sair na hora do recreio, a gente não pode ficar um pouco que seja fora da sala, lá têm grades para impedir que eles fujam, professor, aqui, a gente tem muros, também para impedir a nossa “fuga”. Fiquei muito triste com essa comparação, mas, fazer o quê, né?

 

Desabafo 5

Professor que sai de sala é um péssimo professor. Em face disso, surge uma pergunta que não quer calar: se o diretor, ou o encarregado de uma obra, ou gerente não estiverem presentes a obra não termina? A empresa não segue em frente? Ora bolas! Quando falamos em formar cidadãos, isso implica em formarmos sujeitos criativos, autônomos que podem e devem tomar decisões sozinhos, que podem e devem errar, porque, filosoficamente falando não existe o “erro”, o que seria o “erro”? Uma ou várias tentativas de acerto, portanto, se o professor já orientou o aluno, por que não deixá-lo aprender com os seus próprios “erros”? A vida funciona assim, aliás, a escola pensa em preto e branco e o mundo, a vida, lá fora, pensam em cores, ou seja, já vi muitos colegas sofrerem perseguição, porque, às vezes passaram um filme ou até mesmo um documentário que em seu bojo continha uma cena sensual, ainda que bastante superficial, a escola chamou atenção dos colegas que haviam exibido esse filme ou esse documentário. Fica outra pergunta: na casa desses alunos, nenhum deles assiste à novela global das oito, ou até mesmo ao programa Malhação que é impregnado de sensualidade? A televisão talvez ainda vá, pois, os pais, algumas vezes, estão presentes também assistindo e quanto à Internet? Muitos conteúdos são extremamente sensuais e, os pais não têm controle, é balela afirmar que a maioria dos pais tem controle sobre todo o conteúdo acessado na internet pelos seus filhos, até porque, hoje; as crianças estão entendendo muito mais de informática do que os próprios pais, aliás, muitos pais, mães, dentre outros indivíduos, são chamados de “analfabetos digitais”, pois, na maioria das vezes, nunca tiveram contato com um computador. Para dizer bem a verdade; muitos sujeitos ainda nunca ligaram e nem sabem ligar um computador.

 

Desabafo 6

O professor é obrigado a repor aulas. O único profissional que é obrigado a repor aula é o professor. Tem que cumprir os duzentos dias letivos; é lei, tá na LDB. Olha a LDB trouxe inegavelmente algumas contribuições para a melhoria da Educação, porém, ela também trouxe inegavelmente prejuízos, por exemplo: carga horária, grade curricular. No caso de carga horária, quem garante que aumentando os dias letivos de 180 para 200 dias, principalmente nas escolas públicas, a aprendizagem melhorou? Olha, amigo leitor, eu tive a oportunidade de estudar sempre em escolas públicas, principalmente, antes de ser sancionada a LDB, na década de 1980, e, a escola pública naquela época tinha bastante qualidade, inclusive em algumas, havia até processo de seleção, muitos pais tinham que dormir nas filas para consegui uma vaga. Naquela época, tínhamos 180 dias letivos e, éramos muito mais felizes, vivíamos muito menos estressados tanto professores quanto alunos. E a Educação indubitavelmente tinha mais qualidade, mas ainda os professores eram também mais respeitados. Hoje vejo com um grande pesar, aliás, isso só acontece nas escolas, alunos e alunas chamarem professores de tios e tias. Prezado leitor, você já percebeu que isso não ocorre em hospitais, fóruns, delegacia, comércios e empresas, qual é o motivo de esse fato apenas ocorrer nas escolas? A resposta é óbvia; falta bastante respeito com o professor. Voltando à questão dos 200 dias letivos, por que não se aumentam “os dias letivos” dos deputados, senadores e vereadores? Será que eles “produziriam” mais? E ainda por que só essa classe pode aumentar os seus salários conforme os seus próprios desejos? Por que não utilizar as redes sociais para realizar um abaixo-assinado, passeatas, protestos em todo país no intuito de diminuir as regalias que essa classe possui desde quando existe? Ora bolas!!! As redes sociais já comprovaram o seu valor, então, por que não utilizá-las novamente para o bem de todos?

Na Educação, por meio das redes sociais, poder-se-iam realizar abaixo-assinados, passeatas pacíficas, debates, encontros para diminuir a carga horária, incluir novamente na grade curricular o Ensino de Literatura, que pelo menos em Rondônia, não precisa mais ser ofertada, capacitar melhor os professores, diminuir a hegemonia do MEC sobre a Educação, principalmente, já que a moda é inclusão, porque não incluir, facilitar o acesso dos professores aos cursos de Mestrado e Doutorado, que, infelizmente, na maioria desses cursos, por causa dos Critérios de Seleção adotados pela Capes, só passam poucos “seres iluminados”. Por fim, por que não utilizar as redes sociais para ter um país melhor?

 

Desabafo 7

Para ser um bom professor, o professor tem que participar do conselho de classe. A maioria dos gestores que conheço, só considera o professor um bom profissional, se ele participar dos famigerados conselhos de classe. Como disse anteriormente, estou a cerca de vinte anos na Educação e, o modus operandis dos famigerados conselhos de classe é o mesmo: pegam-se todas as turmas, das primeiras até as últimas séries, veem-se a nota atribuída em cada disciplina, se o aluno ficou em uma ou até duas disciplinas, apesar de ele ter passado por um processo de exame e “recuperação”. E a recuperação realmente recupera? O que seria recuperar? Por isso, agora, veremos antes o significado de recuperar e depois voltaremos aos conselhos de classe. Consoante o Houaiss, recuperar seria, dentre outras coisas: [...] reentrar na posse, no gozo de, reaver. (r. a fortuna) 2. [...] recobrar (saúde, ânimo etc.), ganhar novas forças. [...] Parece que nenhum dos significados dados pelo Houaiss se encaixa no contexto educacional, apesar de eu ter mostrado só dois, pois, na Educação o aluno não vem para “reentrar na posse, no gozo de, reaver a fortuna” e, muito menos recobrar a saúde, o ânimo, ganhar forças, muito pelo contrário, o aluno que vem para recuperação vem fraco, sem forças, sem ânimo, se sentindo desolado, fracassado. Assim, o que esse aluno recupera, sejamos sinceros, a recuperação infelizmente não recupera, isso é fato, porém desprezado pela sociedade, pelas autoridades. Nesse sentido, hoje a Educação passa por duas linhas que eu vou chamar, se ninguém ainda chamou ou batizou, talvez seja algo inédito: Pedagogia do Fingimento e do Adestramento. A égide da Pedagogia do Fingimento se alicerça justamente sobre a estrutura do fingir: o governo finge que paga, o professor finge que recebe, porque o salário do professor, amigo leitor, dispensa comentários, alguns professores fingem que ensinam, muitos alunos fingem que aprendem, alguns pais fingem que acompanham os filhos nas escolas, alguns filhos fingem que são acompanhados por seus pais, muitos governadores, políticos, gestores fingem que se importam com a Educação que é dada na escola pública, entretanto, muitos deles não colocam seus filhos para estudarem nessa mesma escola. A Pedagogia do Fingimento não para por aí não, está arraigada em toda a sociedade, praticamente em todos os lugares e setores, muitos pais fingem que se preocupam com seus filhos, mas, poucos são capazes de lhes dirigirem uma palavra amiga, perguntar como foi o dia na escola, na casa, na rua ou até mesmo no trabalho de seus filhos, por isso, muitos pais e muitas mães, muitas vezes, tentam suprir essa necessidade de carinho, dando-lhes presentes caríssimos: tabletes, net, notebooks, celulares etc, de última  geração, achando que assim vão suprir as suas necessidades mais especiais, carinho, amor, dedicação, respeito, consideração, nenhuma tecnologia por mais avançada, moderna que seja, pode suprir essas necessidades. Voltando à Pedagogia do Fingimento, muitos chefes, gestores, gerentes, administradores, patrões, empregadores, empresários fingem gostar de seus empregados, colaboradores ou funcionários, seja como os chamam, pois, dessa forma, o funcionário produz mais e melhor. Por outro lado, muitos empregados fingem gostar de seus chefes, diretores, patrões, porque, assim mantêm os seus próprios empregos.

Infelizmente, a constatação é óbvia somos uma geração de hipócritas e fingidos.

Já quanto à Pedagogia do adestramento, ela se constitui em adestrar os alunos para tirarem as melhores notas nos Exames propostos pelo MEC, tais como: ENEM, ENADE, PROVINHA BRASIL etc.

O que essa Pedagogia faz com o aluno? Tira a sua alma, a sua essência, torna esse aluno, muitas vezes, um verdadeiro idiota, imbecil, porque impede-lhe de criar, tira a sua liberdade, o aluno é adestrado, treinado para tirar a melhor e a maior nota nesses tipos de exame, sem contar que esses exames são desumanos, vejamos, especialmente, amigo leitor, o caso do ENEM. Sabemos, prezado leitor, que esse exame se divide em dois dias assim distribuídos, conforme as instruções extraídas das provas disponibilizadas pelo próprio MEC:

  • Primeiro dia: [...] Este CADERNO DE QUESTÕES contém 90 questões numeradas de 1 a 90, dispostas da seguinte maneira:
  • a. as questões de número 1 a 45 são relativas à área de Ciências Humanas e suas Tecnologias;
  • b. as questões de número 46 a 90 são relativas à área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias. [...]
  • O tempo disponível para estas provas é de quatro horas e trinta minutos.

Brincadeira, amigo leitor, veja bem 90 questões, cada uma com cinco proposições diferentes, o que equivaleria a um total de 450 proposições, dessas somente uma estaria correta, como se não bastasse isso, um tempo de 4 horas e trinta minutos para fazê-la, o que equivaleria a 270 minutos, ou seja, o candidato tem 3 minutos para realizar cada questão, além disso, ele ainda tem que transcrever todas as respostas que julga corretas para o cartão-resposta e escrever uma frase besta, idiota, ridícula colocada na prova no cartão de inscrição, conforme orientação contida na própria prova e que a maioria dos candidatos não leem, a desse ano, do segundo dia, no caderno azul foi a seguinte frase: “A leitura é uma arma para cidadania”. O que o MEC PRETENDE COM A APLICAÇÃO DESSE EXAME? Formar idiotas, máquinas, autômatos, androides ou numa nomenclatura mais moderna: cyborgs. Olha, se o aluno mal tem tempo para ler, analisar, interpretar e transcrever as questões no cartão-resposta, que dizer de ele conseguir enxergar uma frase ridícula dessa para transcrever em tão referido cartão? Por que não aplicar esse teste nos autores dele? Vamos ver como eles se saem, amados leitores. Acha pouco, prezado leitor?  Ainda tem mais, o segundo dia, vejamos como funciona o teste no segundo dia:

  • [...] Este CADERNO DE QUESTÕES contém a Proposta de Redação e 90 questões numeradas de 91 a 180, dispostas da seguinte maneira:
  • a. as questões de número 91 a 135 são relativas à área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias;
  • b. as questões de número 136 a 180 são relativas à área de Matemática e suas Tecnologias.
  • ATENÇÃO: as questões de 91 a 95 são relativas à língua estrangeira. Você deverá responder apenas às questões relativas à língua estrangeira (inglês ou espanhol) escolhida no ato de sua inscrição.
  • Confira se o seu CADERNO DE QUESTÕES contém a quantidade de questões e se essas questões estão na ordem mencionada na instrução anterior. Caso o caderno esteja incompleto, tenha qualquer defeito ou apresente divergência, comunique ao aplicador da sala para que ele tome as providências cabíveis.
  • Verifique, no CARTÃO-RESPOSTA e na FOLHA DE REDAÇÃO, que se encontra no verso do CARTÃO-RESPOSTA, se os seus dados estão registrados corretamente. Caso haja alguma divergência, comunique-a imediatamente ao aplicador da sala.
  • [...] O tempo disponível para estas provas é de cinco horas e trinta minutos. [...]
  • ATENÇÃO: após a conferência, escreva e assine seu nome nos

espaços próprios do CARTÃO-RESPOSTA e da FOLHA DE REDAÇÃO com caneta esferográfica de tinta preta.

  • [...] Marque no CARTÃO-RESPOSTA, no espaço apropriado, a

opção correspondente à cor desta capa.  ATENÇÃO: se você assinalar mais de uma opção de cor ou deixar todos os campos em branco, sua prova não será corrigida.

  • Não dobre, não amasse nem rasure o CARTÃO-RESPOSTA,

pois ele não poderá ser substituído.

  • Para cada uma das questões objetivas, são apresentadas 5 opções identificadas com as letras  A,  B,  C,  D e E. Apenas uma responde corretamente à questão.
  • [...] Você poderá deixar o local de prova somente após decorridas duas horas do início da aplicação e poderá levar seu CADERNO DE QUESTÕES ao deixar em definitivo a sala de provas nos últimos 30 minutos que antecedem o término da prova.[...]

Como se vê, caro leitor, no segundo dia, as coisas pioram, pioram e muito. Mas para quem as coisas pioram? Para o pobre estudante que dessa vez tem menos tempo, pois, ele tem de pensar mais, raciocinar mais, vejamos o porquê disso: além das 90 questões, ele tem de escrever uma redação cujo tempo não pode ultrapassar o limite do tempo disponível: dessa vez, 5 horas e trinta minutos, o que equivale em minutos: 330 minutos que divididos pelas 90 questões, sem contar o tempo gasto na redação, o tempo gasto para transcrever aquela frase idiota para o cartão-resposta, o tempo gasto para conferir o cartão-resposta, o discente teria aproximadamente 3 minutos, 6 segundos e 44 centésimos para resolver cada questão objetiva da prova que contém 5 opções e só uma correta. Cá entre nós, amigos leitores, isso é humanamente impossível. Por que os autores desse teste juntamente com o Ministro da Educação não fazem essa prova para ver em qual colocação ficariam ou quantos pontos tirariam?

Como se não bastasse às colocações feitas anteriormente, no Manual de Redação do Enem constam ainda as seguintes informações:

  • [...] Com base na leitura dos textos motivadores seguintes e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua; [...], apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Sejamos sinceros e coerentes, como um candidato que tem em média 4 minutos para resolver uma questão fará uma dissertação, ou melhor, um texto argumentativo com coesão, coerência, obedecendo não só às normas padrões da Língua Portuguesa como também apresentando UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO EM TRINTA LINHAS QUE RESPEITE OS DIREITOS HUMANOS. Ora MEC, autores do ENEM, VÊ SE VOCÊS SE ENXERGAM, venham fazer essa “maravilhosa”  prova. Além desse absurdo, a redação ainda exige uma proposta de intervenção social que não fira os direitos humanos, aí sim, é o cúmulo da idiotice desse tipo de exame, porque, de acordo com que sabemos nem os trabalhos de pós-graduação em nível strictu sensu, tais como; Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado têm uma PROPOSTA DE INTERVENÇÃO SOCIAL QUE RESPEITE OS DIREITOS HUMANOS, porque, muitas vezes, se estuda um problema não para propor uma proposta de intervenção, aliás, a maioria dos pesquisadores depois de concluírem os seus trabalhos, muitas vezes não podem retornar ao local ou à comunidade que pesquisaram por fatores diversos: de ordem econômica, social, política, laboral etc. Outro detalhe; muitas pesquisas não são feitas para resolver os problemas de imediato, aliás, sabemos que existem muitos problemas sem soluções. Então, como o ENEM tem a ousadia de exigir de um candidato de ensino médio numa redação cujo limite máximo não pode ultrapassar trinta linhas com uma proposta de intervenção social que não desvirtue os direitos humanos? Isso não seria uma tremenda idiotice contida nessa prova?

Por ora, as reflexões sobre o ENEM feitas anteriormente já bastam, por isso, agora, voltaremos a falar do conselho de classe.

Assim, para que servem os tão famigerados conselhos de Classe? Servem para aprovar os alunos que não conseguiram notas suficientes na recuperação ou no exame? Caro leitor, talvez o conselho de classe também sirva para isso, ou seja, para gerar estatísticas de aprovação que agradam muito os governantes. Entretanto, por ora, caro leitor, voltemos ao modus operandis dos conselhos de classe, então, como eu explicava antes, geralmente, iniciam-se os conselhos em ordem crescente, da série menor para a maior e aí iniciam-se os trabalhos. Aliás, esses trabalhos na maioria das vezes não tem objetividade alguma, pois, começam assim: o supervisor  geralmente pergunta: fulano de tal, ou número no diário de classe tal, ficou em qual disciplina? Aí os professores reunidos junto com a equipe pedagógica ou até com a equipe gestora, falam sobre cada aluno e de suas dificuldades, como disse, prezado leitor sem objetividade, porque, nesses vinte anos de trabalho, já ouvi cada coisa absurda, inclusive até como a mãe, o pai de um de nossos alunos fazem amor, como a professora morava em casas diferentes, porém, com uma só parede que as dividia, a tal professora afirmou que o aluno X, tinha problemas, porque, sua mãe gritava muito durante a relação sexual. Fala sério, amigo leitor, isso é ou não é o cúmulo do absurdo, já ouvi coisas piores sobre alunos, pais de alunos em conselhos, porém, pouparei o ouvido de vocês, caros leitores. Por essa e outras que não cabe dizer nesse texto é que eu penso que o conselho de classe realizado do modo como é e era há dez, vinte anos  ou até muito tempo atrás não funciona, pois, há um mundo de questões, de problemas para serem debatidos, solucionados em tão pouco tempo. Sem deixar de mencionar o estresse que tal conselho causa, às vezes, a escola tem vinte, trinta turmas, o conselho começa às sete da manhã e muitas vezes termina no outro dia, à meia noite, ou seja, no início de um novo dia. Que ser humano teria um rendimento profícuo num conselho desses? Além disso, muitas vezes se discutem no conselho problemas que não têm nada a ver com os alunos ou com a escola. Isto é, perde-se muito tempo nos conselhos de classe da forma como são realizados. Outro detalhe: na maioria das vezes, o conselho não começa no horário certo. E sejamos sinceros, a finalidade realmente do conselho é aprovar os alunos que ficaram em até 3 disciplinas e, que não conseguiram notas na recuperação e nem no exame. Aliás, para o governo interessam números, estatísticas.

Assim, vamos ao oitavo desabafo.

Desabafo 8

Os projetos pedagógicos, grande parte deles é gestado por pessoas que nunca deram aula. Olha, amigo leitor, como se sabe, na maioria das vezes, os projetos pedagógicos são feitos em gabinetes, as pessoas que os construíram, muitas vezes, nunca entraram em uma sala de aula. Aliás, muitos desses técnicos pedagógicos nem sabem para que serve a sala de aula. Como falar daquilo que você não experimentou, não conhece? Você tem que concordar comigo, caro leitor, é praticamente impossível falar, planejar sobre aquilo que não se conhece, que não se vive. Por isso, a gente vê tanta coisa estranha proposta pelo MEC, especialmente uma cartilha que “ensinava” aos alunos a modalidade dita não-culta da língua que felizmente não chegou à escola, devido a sérias críticas que essa cartilha sofreu. Fala sério, considerado leitor, o aluno vem à escola em busca de aprender a forma dita padrão, culta da língua, porque a dita popular ele domina com muita propriedade no seu cotidiano, é a língua falada por ele aproximadamente 20 horas por dia, seja com o seu coleguinha, seja com sua mãe, ou o seu pai, seja no mercado, seja durante as brincadeiras. Assim, uma proposta dessas feita pelo MEC às escolas brasileiras, vocês hão de convir comigo, caros leitores, que é uma proposta deverasmente indecente. Pois, como afirma Marcos Bagno em várias de suas obras: Dramática da Língua Portuguesa: tradição gramatical, mídia e exclusão social, Novela Sociolinguística: a língua de Eulália, Pesquisa na escola: o que é, como se faz, dentre outras; deixar de ensinar ao aluno a forma dita padrão é uma questão de aviltação dos direitos humanos desse cidadão. Por isso, vamos agora ao último desabafo.

 

Último desabafo

Qualquer pessoa pode ser professor.  Um médico, porque teve aulas de anatomia, a escola, o governo, os políticos e até mesmo a própria sociedade brasileira acham que ele pode ministrar aulas de Ciências e Biologia. Isso se aplica ainda a um advogado, só porque teve aulas de Língua Portuguesa na faculdade, produz memorandos, petições, requerimentos etc, acha que pode ministrar aulas de Língua Portuguesa nos Ensino Fundamental e Médio. Não é diferente o caso de um engenheiro, só porque viu muita Matemática na faculdade, acha que pode ministrar essa disciplina não só no Ensino Fundamental e Médio como também no Superior, principalmente para os calouros do Curso de Licenciatura de Matemática. Todo mundo acha isso normal, perfeito. Porém, de acordo com Mary Kato na obra intitulada: No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística. Esses fatos descritos acima são falsos, porque, segundo essa autora não basta saber certo conteúdo para ensiná-lo, há de se ter uma preparação adequada para ensinar e onde essa preparação deve ocorrer, caro leitor? Consoante essa mesma autora, essa preparação só ocorre nos cursos de Licenciatura, pois, o acadêmico aprende não só Matemática, Língua Portuguesa, Biologia etc. Mas também aprende como essas disciplinas funcionam, ou seja, se ele faz Matemática, tem Didática da Matemática, se faz Letras tem Didática da Língua Portuguesa. Talvez o leitor esteja se perguntando e para que serve essa tal Didática. Segundo José Carlos Libâneo em sua obra intitulada Didática, essa disciplina versa sobre a arte de ensinar e de aprender.

Portanto, os profissionais acima citados não estão preparados adequadamente para ensinar qualquer disciplina. Essa função deve ser atribuída somente aos professores formados nas respectivas disciplinas que vão ministrar, porque, eles sim, passaram por uma licenciatura e aprenderem como funciona a Metodologia e a Didática de suas respectivas disciplinas.

Do exposto, infelizmente, somos “forçados” a concordar com o Pós Doutor Professor Celso Ferrarezi Junior que, atualmente, ocupa a cadeira de Língua Portuguesa da Universidade Federal de Alfenas-MG ( artigo intitulado: Educação sob Controle publicado no site Artefato Cultural e ainda na revista Práxis: Linguagem e Educação Ano VIII, Nº 11, outubro de 2011, produzida em Cacoal em Rondônia)  que afirma o seguinte:

  • [...] A mania de controle parte de duas matrizes principais. Uma é histórica e passa por termos uma educação silenciadora que teve os seus primórdios em uma igreja catequizadora e inquisidora. Em uma igreja dessa, portadora de uma pretensa autoridade divina não há espaço para questionamentos. Afinal, “a Deus não se questiona”, embora a Bíblia diga diferente (cf. Isaías 1:18). Essa educação inquestionável seguiu por um Brasil colônia humilhado e espezinhado, em que “nossos donos” não tinham qualquer interesse em permitir questionamentos e o silêncio continua sendo regra. Então, ela acaba chegando a uma ditadura militar igualmente silenciadora, período final este no qual se educou grande parte dos atuais “medalhões” da educação brasileira. É compreensível que tenham aprendido no silêncio e desejem manter o silêncio como única regra que conhecem. Compreensível, mas não desculpável. Finalmente, hoje temos uma democracia de fachada, e não sabemos bem como lidar com ela. Assim, os conceitos de base da nossa histórica educação silenciadora continuam tão vivos hoje quando na primeira missa de Henrique de Coimbra em terras brasileiras. A segunda fonte, por assim dizer, de nossa atual incapacidade educacional é a pressuposição mais do que disseminada e popularmente aceita da incompetência de nossos docentes. Junte isso com aquilo em uma só panela, em um caldo grosso, e a mania de controle está muito bem alicerçada. Falemos sobre cada uma separadamente em mais detalhes.
  • A historicidade do silêncio em nossas escolas é mais do que estudada e reconhecida. Aluno bom é aluno calado e professor bom é aquele que não dá trabalho nem pro supervisor, nem pro diretor: ele não questiona, não pergunta[...]

 

 

 

 

 

 


[1] Mestre em Linguística e professor da Cadeira de Língua Portuguesa no IFRO – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia – Campus Ariquemes. E-mail: Este endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo.

 
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