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Edições Anteriores 320 A REPROVAÇÃO: O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
A REPROVAÇÃO: O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Cassiano Scott Puhl   
Qua, 17 de Abril de 2013 00:00

Cassiano Scott Puhl[1]

Resumo: Neste artigo apresentamos um estudo da causa da inquietação dos alunos, dando ênfase para os repetentes, fazendo com que o docente reflita sobre as possíveis consequências deste fracasso. Nessa perspectiva, a reflexão incide em analisarmos, culturalmente, socialmente e financeiramente, os estudantes que possuímos na sala de aula, tendo em vista a melhora da qualidade docente e discente, no processo de ensino e aprendizagem. Para isto, busco referencial teórico em conceituados autores sobre o assunto: Bossa, Marchesi e Souza, discorrem-se sobre as possíveis causas do fracasso escolar e a consequência da reprovação de uma criança. Portanto, o artigo permite-nos diagnosticar as razões pelas quais os alunos repetentes ficam mais agitados.

 

Palavras-Chave: Análise; Fracasso; Inquietação; Reprovação.

THE REPROBATION: CHILD DEVELOPMENT

Abstract: This article presents a study of the cause of students' unrest, with emphasis on the repeaters, causing the teacher to reflect on the possible consequences of this failure. From this perspective, reflection focuses on analyzing, culturally, socially and financially, we have students in the classroom in order to improve the quality of teachers and students in teaching and learning. For this, I seek in theoretical respected authors on the subject: Bossa, Marchesi and Souza, discourse is about the possible causes of school failure and consequence of failure of a child. Therefore, the article allows us to diagnose the reasons why students are repeating the busiest.

Keywords: Analysis, Failure; Restlessness; Reprobation.

INTRODUÇÃO

A presente ação se faz necessária para melhorar o ambiente na sala de aula, diminuindo as conversas paralelas desenvolvendo um bom processo de construção do conhecimento, principalmente dos alunos que já repetiram a série. Muitos docentes estão tendo dificuldade de lidar com esses alunos, principalmente pelas conversas paralelas e pelo desinteresse apresentado.

Este artigo vem para ajudar os professores que possuem esta dificuldade e também para os acadêmicos de Licenciatura que pretende ou estão realizando estágios. Todo colégio tem alunos repetentes e muitos docentes não sabem como lidar com eles. Assim, a finalidade deste artigo é ajudar nós professores para que conheçamos algumas características desses alunos e porque eles tomam certas atitudes. Tendo a seguinte questão norteadora: Quais são os possíveis fatores da reprovação dos estudantes?

O artigo trata-se desta questão e das consequências que a reprovação causa na criança, levantando algumas hipóteses para a resposta desta pergunta, relacionando com a pesquisa realizada na escola onde relacionamos o referencial teórico com a saída a campo.

REPROVAÇÃO ESCOLAR

O fracasso escolar é um campo novo de pesquisa que os pedagogos, psicanalistas e docentes estão estudando. Mas o que é o “fracasso escolar”? Seriam os alunos que não conseguem entender a matéria? Portanto, a sociedade afirma que eles são fracassados ou seria a escola que não consegue melhorar seus índices? Logo, o Estado considera o colégio um fracasso.

Neste sentido já vemos uma ambiguidade no tema fracasso escolar, o que mostra a complexidade deste assunto, mas neste projeto vamos tratá-lo como sendo as dificuldades que as crianças possuem em aprender em certas épocas de suas vidas, causando a repetência. Os fatores do fracasso escolar são inúmeros, sendo que alguns são extraescolares e outros acontecem na escola. As extracurriculares estão vinculadas a vida dos alunos, a sociedade, a cultura ou até mesmo no ambiente escolar. O estudo sobre o fracasso escolar surgiu a partir do momento que a escola se tornou obrigatória, em função de uma radical mudança na sociedade. Neste período a escola passou a ter o objetivo de formar cidadãos críticos, capazes de interagirem na sociedade para melhorá-la, sendo assim uma educação para todos.

Segundo fonte do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas) em 2011 constatou que os índices de reprovação do Brasil estão elevados comparados com países desenvolvidos. O Brasil possui 6,9% de reprovação no Ensino Fundamental sendo que índices considerados bons é cerca de 3%. Dois fatores fazem com os índices se elevem no Brasil são: a rede pública de ensino que possui uma taxa de 10,6% de reprovação e os estados do Norte e Nordeste que tem os piores índices nacionais. Muitas vezes uma criança reprova seguidamente na mesma série, mas porque isto ocorre?

Um dos possíveis culpados é a própria escola junto com o docente. A escola dita um currículo que deve ser desenvolvido pelos docentes, sendo que as avaliações são as tradicionais provas, todo este sistema é hierárquico e na maioria das vezes, a classe dominante esnoba as mais baixas. Deste modo, alguns professores acabam enxergando os alunos como um mal necessário, onde a criança deve repetir os exercícios ou as atividades ditadas pelos docentes. Neste caso, o professor não está preocupado com os interesses dos alunos, não o conhece e não se preocupa com a aprendizagem significativa do seu aluno. Agora, fica a pergunta: como o professor vai ajudar as crianças com dificuldade na aprendizagem?

Este professor não vai ajudar a criança, ela vai reprovar de ano e o docente pensará que no ano seguinte ela vai conseguir adquirir nota o suficiente para a aprovação. A reprovação não traz uma nova aprendizagem no ano seguinte, somente isto ocorrerá se o professor mudar sua metodologia. Caso, o professor não se preocupe com o psicológico do seu estudante, sem confiar nele e demonstrar essa confiança para o aluno, mostrando que ele é capaz de aprender, nada mudará para que a criança construa uma aprendizagem. Infelizmente são poucos os docentes que fazem isso, e o pior que a maioria dos professores não conhece os efeitos que uma reprovação causa ao aluno.

A reprovação é um fracasso escolar que acaba abalando o psicológico do aluno, pois muitas vezes ele é menosprezado, debochado pelos seus colegas o que acaba marcando-o profundamente. Segundo a terceira lei de Newton, “toda ação tem uma reação”, este aluno repetente tem grandes chances de se tornar aquele aluno complicado de se lidar, principalmente se ele estiver nos anos iniciais do Ensino Fundamental. “O problema do fracasso escolar não é somente um problema educacional. É também um problema com enormes repercussões individuais e sociais.” (Marchesi. GIL, 2004, 18).

Segundo Marchesi e Gil: “uma alta porcentagem de fracasso escolar tem sua origem direta nas carências econômicas, sociais e culturais” (Marchesi. GIL, 2004, 23). Percebemos que o único problema não é o aluno, ele simplesmente é reflexo da sua vida familiar e social. Se ele passa por dificuldade, ele mostra esta inquietação na sala de aula e seu rendimento é inferior. Nesta idade, as crianças já passam por transformações corporais e sentimentais, o que faz com que seu humor varie rapidamente, implicando em problemas afetivos. Num dia, o João está brigando com o Pedro, no outro estão comprando picolé juntos, como aponta Souza (1995), os conflitos emocionais bloqueiam a capacidade intelectual da criança, assim ela não consegue prestar atenção, não compreende as atividades e não aprende. Portanto, não basta a criança ser inteligente para aprender, ela deve estar bem emocionalmente e também já ter um nível de maturidade capaz de compreender a importância do aprender.

Segundo Bossa: “pode-se dizer que o nível de maturação de um indivíduo para a aprendizagem depende do interjogo entre fatores intelectuais e afetivos” (Bossa, 2002, 24). Se este jogo não estiver equilibrado, a criança prejudicará o processo de ensino-aprendizagem da turma, pois ela ficará inquieta sem entender o significado do conteúdo e tirando a atenção dos colegas. Já se ela estiver em equilíbrio, com uma boa atividade e com o auxilio do docente na construção do conhecimento, o estudante terá a oportunidade e a capacidade de aprender significativamente o conteúdo.

Bossa afirma: “o apelo do não-aprender tem na angústia o seu motor” (Bossa, 2002, 60). A angústia pode ser caracterizada como uma insegurança, um sentimento de incapacidade que é sentido pelos estudantes reprovados. Por mais que o aluno fale que ele não se importe com a sua nota, ele esta mascarando o medo de repetir a mesma série novamente, assim ele chama a atenção na sala de aula conversando com outros colegas, contando vantagem sobre os outros e até mesmo debochado. Essa angústia pode ser tratada com ajuda de especialistas ou até mesmo com o incentivo da família e da escola, o que não pode acontecer é deixar a criança se sentir sozinha, pois deixando o jovem sozinho só vai fazer com que ele não goste da escola, consequentemente aumentando a taxa de reprovação e possivelmente no futuro a taxa de evasão.

Com isso podemos perceber que além de estar bem emocionalmente, a criança deve ter um bom ambiente social, familiar na sua casa, pois nesta faixa etária dificilmente a criança tem maturidade suficiente para não trazer estes problemas para a sala de aula. Assim, a sua cabeça esta pensativa nestes problemas e, o aluno acaba muitas vezes repetindo as atitudes dos pais. Por exemplo, se os pais sempre estão brigando em casa, o estudante deve vir para escola agitado, gritando com os seus colegas e consequentemente atrapalhando a aula.

Como saber se o estudante possui maturidade suficiente para aprender? Ou, quando estão passando por problemas afetivos ou emocionais? Isto somente a vivência na sala de aula, o diálogo com os alunos são elementos capazes de responder esta pergunta, pois quanto mais tempo interagirmos com as crianças, mais a conhecermos, sabendo as razões pelas quais o processo de aprendizagem não está avançando.

A criança é reflexo daquilo que ela passa em casa, na sociedade e na escola. Nós professores não podemos criar um pré-conceito sobre os alunos repetentes, pensar que eles não são inteligentes o suficiente para aprender a matéria. Nós temos que dar mais atenção, procurar descobrir se ele esta passando por dificuldades, como é o ambiente familiar, estes são alguns aspectos que podemos utilizar para entender a não aprendizagem deles. Porém, muitos professores não gostam de se misturar com as crianças, se possível querem viver em mundos separados, ignorando-os. Esses professores estão despreocupados com a realidade das crianças, desta maneira é impossível ajudar este tipo de aluno.

Ao trabalhar com alunos, o ideal é se aproximar deles, se possível estabelecer vínculos afetivos, mostrando a sua preocupação com eles. Essa preocupação não deve ser somente nos estudos, mas na sua vida pessoal, pois nós professores, deixamos de formar especialistas e estamos formandos cidadãos humanos, capazes de fazer o bem para a sociedade e para si mesmo. Ser professor é trabalhoso, ser professor de alunos repetentes é mais ainda, mas trabalhando com afeição o processo de ensino-aprendizagem se desenvolverá melhor.

Portanto, vimos que as causas do não aprender são muitas e, contudo, não basta ficarmos de braços cruzados esperando uma melhora do nosso estudante, devemos buscar identificar a causa do não aprender para depois sanar essa dificuldade da melhor forma possível. Para encerrar, uma breve reflexão de Caio Miranda para nós professores, para pensarmos sobre o tipo de docente que querermos ser: os preocupados com nossas crianças ou aqueles que a desprezam. "O verdadeiro sábio avalia claramente o quanto ainda ignora e se torna desde logo humilde e simples, condescendente e solidário, fraternal e honesto".

CONCLUSÃO

Em 2012, na 6ª série A da Escola Estadual de Ensino Médio Bernardo Petry, realizamos uma pesquisa para compreender as possíveis causas da agitação destes estudantes. A turma é composta por 25 alunos, sendo 9 repetentes. Conversando com os alunos constatamos que 3 passam por problemas financeiros, 4 com problemas familiares e 2 não veem futuro nos estudos. Esta conversa serve para conhecer a realidade dos estudantes, procurando entender o que a criança esta passando e assim tenho a possibilidade de ajudá-la.

Com a conversa, consegui ajudar a resolver alguns problemas e dar alguns conselhos para eles. Até hoje os estudantes me procuram para falar sobre os problemas, me deixando alegre, pois isto ajudou a melhorar o ambiente da sala de aula. Já algumas crianças são mais fechadas e minhas sugestões não surgiram efeito, principalmente para aquelas que não veem futuro no estudo. Estes só pensam em trabalhar e se aparecer na sala.

O artigo procura ajudar a compreender as causas da agitação dos alunos repetentes, saber os motivos pelos quais eles conversam tanto e dificultam o processo de ensino-aprendizagem. Dialogando com eles alcançamos um dos objetivos traçados que é melhorar o ambiente da sala de aula. Além de ensinar o conteúdo, a metodologia utilizada pelo docente deve fortalecer os laços humanos, educacionais e afetivos, os pequenos gestos dos educadores fazem uma enorme diferença para os estudantes. Para combater as dificuldades impostas na escola, só pode ser com prazer de ensinar, criando uma felicidade que só o ser professor proporciona.

Concluindo, não basta ter somente conhecimento, recursos didáticos, você deve ter amor no que faz diariamente. Construir, dialogar com os alunos são atitudes que permitem o docente conhecer a realidade das crianças e também deixarão as aulas mais autônomas e algumas vezes mais criativas. Esta luta deve ser aderida por todos os professores para que seja mudado este conceito arcaico que o censo comum tem da matemática.

REFERÊNCIAS

BOSSA, Nadia A. Fracasso Escolar: um olhar psicopedagógico. São Paulo: Artmed, 2002.

Brasil tem maior taxa de reprovação no ensino médio desde 1999. G1. Disponível em: . Acesso em 26 out. 2012.

FIALE, Luciana Amaral. Fracasso Escolar: família, escola e a contribuição da psicopedagogia. Disponível em: . Acesso em 23 out. 2012.

LACERDA, Chislaine Keile Fernandes Ruiz. Repetência e fracasso escolar. Disponível em: . Acesso em 26 out. 2012.

MARCHESI, Álvaro. GIL, Carlos Hernández. Fracasso escolar: uma perspectiva multicultural. Porto Alegre: Artmed, 2004.

SOUZA, A. S. L. Pensando a inibição intelectual: perspectiva psicanalítica à proposta diagnóstica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1995.



[1] Acadêmico do curso de Licenciatura Plena em Matemática na Universidade de Caxias do Sul.

 

Autor deste artigo: Cassiano Scott Puhl - participante desde Seg, 08 de Abril de 2013.

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