Login

Sugestões

Faça o login e visualize as sugestões

Usuários on line

Nós temos 2625 webespectadores online

Revista

Gestão Universitária

Edições Anteriores 300 BREVE HISTÓRICO DE RONDÔNIA, ARIQUEMES E DO GARIMPO BOM FUTURO
BREVE HISTÓRICO DE RONDÔNIA, ARIQUEMES E DO GARIMPO BOM FUTURO PDF Imprimir E-mail
Avaliação do Usuário: / 1
PiorMelhor 
Escrito por Marinho Celestino de Souza Filho   
Qua, 12 de Junho de 2013 16:27

 

MARINHO CELESTINO DE SOUZA FILHO[1]

MARCELO LAZARETTI RODRIGUES DO PRADO[2]

DJALMA MOREIRA DA SILVA[3]

RESUMO

Nesse trabalho, pretendemos mostrar um breve histórico da História de Rondônia, de Ariquemes e do Garimpo Bom Futuro. Tentaremos mostrar ainda a importância socioeconômica, histórica e política de Rondônia em nível nacional e internacional.

Palavras-Chave: História, Rondônia, Ariquemes, Garimpo Bom Futuro.

 

ABSTRACT

In this work, we intend to show a brief history of History of Rondônia, in Ariquemes and Garimpo Bom Futuro. Still try to show the socioeconomic, historical and political Rondônia nationally and internationally.

 

Keywords: History, Rondônia, Ariquemes, Garimpo Bom Futuro.

 

INTRODUÇÃO

 

Nesse artigo, pretendemos mostrar um breve histórico de Rondônia, de Ariquemes.

Entretanto, o nosso principal objetivo de estudo é o Garimpo Bom Futuro, por isso, trataremos mais detalhadamente desse Garimpo: sua localização, sua densidade demográfica e, especialmente de sua importância econômica para o Estado de Rondônia, em consequência para o Brasil.

 

  1. 1. Breve Comentário da História de Rondônia

 

Antes de tratarmos da História de Rondônia, é indispensável reportamo-nos a dois fatos que antecederam a criação desse Estado, são eles:

  • 1º - A Colonização da Região Amazônica;
  • 2º - A criação da Estrada de Ferro Madeira Mamoré.

Assim, conforme Oliveira (2001, p. 14), o povoamento da Região Amazônica inicia-se pelos:

 

[...] vales do Madeira, Mamoré e Guaporé no período colonial teve influência direta de duas capitanias. Primeiro pela Capitania do Grão-Pará e Maranhão. O governador dessa Capitania solicitou aos padres jesuítas a fundação de missões religiosas com o objetivo de catequizar os índios ao longo do Rio Madeira, ao sargento-mor Francisco de Mello Palheta, o reconhecimento desse rio e, a partir de 1734, ocorreu descoberta de ouro nos afluentes do Guaporé com a fundação da Capitania de Mato Grosso em 1748, o primeiro governador executa uma intensa política de povoamento ao longo dos vales Guaporé, Mamoré e Madeira até a localidade de Santo Antônio.

 

Dessa citação, pode-se inferir que os primeiros povos a chegarem à Amazônia, chegaram pelos vales Guaporé, Mamoré e Madeira.

Nesse sentido, o governador da Capitania do Maranhão envia os jesuítas para catequizar os índios (primeiros habitantes e donos legítimos dessa terra), ao longo do Rio Madeira, solicitando ao sargento-mor Francisco de Mello Palheta que antes procurasse identificar, mapear o Rio Madeira.

Desse modo, em 1734 descobriu-se ouro nos afluentes do Guaporé, por isso, com a fundação da Capitania do Mato Grosso em 1748, o primeiro governador dessa Capitania executa uma imensa política de povoamento ao redor dos vales do Guaporé, Mamoré e Madeira até onde se localiza Santo Antônio.

Nesse aspecto, ainda de acordo com Oliveira (2001), a primeira providência que Portugal toma para conquistar os territórios da Amazônia foi a construção do Forte do Presépio, parte central da futura cidade de Santa Maria de Belém do Grão-Pará.

Assim, sabemos que os primeiros colonizadores portugueses chegam ao Estado de Rondônia no século XVII.

Porém, somente no século XVIII dão a devida importância à região Amazônica, porque, conforme afirmamos anteriormente, os portugueses descobrem ouro em Goiás e Mato Grosso, dessa forma, aumenta o interesse pela região Amazônica que começa a ser colonizada.

2. Ferrovia Madeira Mamoré

A Estrada de Ferro Madeira Mamoré surge, de acordo com Oliveira (2001, p. 43), do seguinte fato:

 

Dom Francisco de Souza Coutinho, governador da Capitania do Grão-Pará, em viagem pelo Madeira, nos idos de 1797, enfrentou um trecho encachoeirado deste rio. Foi naquela época que o governador teve a ideia de construir uma estrada para vencer essa parte inavegável do Rio Madeira. Convém lembrar que a ideia da construção de uma estrada foi idealizada, também, pelo brasileiro João Martins da Silva Coutinho em 1861, quando, em viagem pelo Rio Madeira a serviço do governo da Província do Amazonas. Já o General boliviano Quentin Quevedo, a serviço da Bolívia, no final do século XIX, após realizar a descida pelo Rio Madeira, pensou em duas alternativas para vencer o trecho encachoeirado: canalizar o rio ou construir uma estrada de ferro paralela a ele.

 

De acordo com a citação acima assinalada, percebemos que já havia grande interesse entre o Brasil e a Bolívia de construir uma estrada, porque, havia algumas cachoeiras no Rio Madeira, dessa maneira, nesse trecho era impossível navegar, por isso, surge à ideia tanto da parte do governo brasileiro quanto do governo boliviano de criar um meio de vencer esse obstáculo, a priori; pensaram em canalizar essas cachoeiras do Rio Madeira, depois perceberam a inviabilidade desse projeto.

Dessa maneira, decidem criar uma estrada e essa estrada teria de ser uma estrada de ferro, já que após a independência da Bolívia do Peru, a Bolívia ficou praticamente isolada, não tendo como escoar seus produtos até o Oceano Pacífico, tornando inviável, dessa forma, qualquer tipo de comercialização entre a Amazônia e o Oceano Atlântico.

Assim, surge a Estrada de Ferro Madeira – Mamoré, segundo Ferreira (1972), também alcunhada como a ferrovia do “diabo”, devido a milhares de mortes dos operários que a construíam, durante o período de 1907 a 1912, vitimados por acidentes de trabalho e por doenças tropicais, o principal objetivo da construção dessa estrada de ferro era criar uma passagem sobre o rio Madeira, principalmente depois que o Brasil adquiriu a posse do Estado do Acre, a partir do Tratado de Petrópolis, desse modo, foi estabelecido o projeto “Madeira-Mamoré Railway” cuja finalidade maior seria facilitar a distribuição da borracha amazônica oriunda das matas bolivianas e brasileiras até Porto Velho, que funcionaria como ponto de escoamento dessa mercadoria.

Nesse aspecto, a partir de Porto Velho, a borracha e outras mercadorias provenientes da região Amazônica deveriam seguir por meio dos Rios: Madeira e Amazonas até o oceano Atlântico, porque antes da construção da ferrovia, é notório o fato de que a borracha e outros produtos amazônicos eram transportados através de canoas construídas artesanalmente pelos indígenas.

Dessa forma, de acordo com Ferreira (1972), é sabido ainda que a construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré ainda recebia investimentos provenientes do empresário norte-americano Percival Farquhar.

Assim, a construção da ferrovia foi concluída em 30 de abril de 1912, desse marco histórico surge a fundação da cidade de Guajará-Mirim.

Infelizmente, com a queda da borracha brasileira, cuja causa principal se deu em detrimento do plantio da seringueira na Ásia, a Estrada de Ferro Madeira Mamoré entrou em crise. Por isso, na década de 30, essa estrada de ferro foi parcialmente desativada, sendo destinada ao abandono.

Apesar disso, nos idos de 1950, conforme Ferreira (1972), a ferrovia foi novamente ativada, sua principal função nessa época consistia na distribuição de mercadorias e passageiros, sendo uma das dezoito empresas pertencentes à Rede Ferroviária Federal. Todavia, os prejuízos persistiam, por isso, em 1966, a ferrovia foi completamente desativada pelo então presidente Castelo Branco, uma vez que era totalmente inviável o transporte de mercadorias ou de pessoas por meio dessa ferrovia.

Desse modo, a Estrada de Ferro Madeira Mamoré foi esquecida, sendo substituída pelas construções da BR-425 e da BR-364 que deveriam inteligar Porto Velho a Guajará-Mirim.

Infelizmente, em 1972, a ferrovia foi totalmente abandonada, ainda que em 1981 voltasse a funcionar com finalidade turística, percorrendo apenas sete quilômetros de seu trecho, mesmo assim em 2000 é dessa vez completamente abandonada.

Apesar disso, felizmente, em dez de novembro de 2005, a Estrada de Ferro Madeira Mamoré é considerada parte do patrimônio histórico nacional, por isso, é protegida e tombada pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

3. Breve História da Criação do Estado de Rondônia

De acordo com Oliveira (2001, p. 79), a criação do Estado de Rondônia se deu da seguinte forma:

 

[...] pela Lei Complementar nº 041, assinada pelo então presidente da República João Baptista de Figueiredo, em 22 de dezembro de 1981, e sua instalação, em 4 de janeiro de 1982.

Na época, o Estado estava dividido em 13 municípios, Porto Velho, Guajará-Mirim, Ariquemes, Ji-Paraná, Cacoal, Pimenta Bueno, Vilhena, Colorado do Oeste, Presidente Médici, Ouro Preto do Oeste, Jaru e Costa Marques.

Na atualidade, o Estado de Rondônia está dividido em 52 municípios.

 

Dessa citação, percebemos que através da Lei Complementar nº 041 (sancionada pelo presidente João Baptista Figueiredo, em vinte e dois de dezembro de 1981), cria-se o Estado de Rondônia que já continha em seu bojo treze municípios, apesar de ter sido criado na data acima mencionada, o Estado é de fato oficializado em quatro de janeiro de 1982.

Nessa circunstância, surgem algumas dúvidas quanto a algumas datas comemorativas nesse Estado, por exemplo: comemora-se o aniversário da criação do Estado no dia vinte e dois de dezembro ou no dia quatro de janeiro?

Essa não é a única dúvida no que tange às datas comemorativas do Estado de Rondônia, há outras, como por exemplo, as datas de instalação dos primeiros municípios, tais como: Ariquemes, Ji-Paraná, Cacoal, Pimenta Bueno e Vilhena, que estão completamente erradas e à margem do que reza a Lei Complementar nº 6.448/1977 que os criou.

Apesar disso, o primeiro governador de Rondônia foi o coronel do Exército Jorge Teixeira de Oliveira, nomeado no dia 29 de dezembro de 1981, pelo presidente que promulgou e sancionou a Lei da criação do Estado de Rondônia, mesmo assim, oficialmente a posse do governador e de seus assessores se deu no dia quatro de janeiro de 1982.

Assim, conforme afirmamos anteriormente, no ano de sua criação o Estado de Rondônia era formado por apenas treze municípios: Porto Velho, que é a Capital desse Estado, Guajará-Mirim, Ariquemes, Jaru, Ouro Preto do Oeste, Ji-Paraná, Presidente Médici, Cacoal, Espigão do Oeste, Pimenta Bueno, Vilhena, Colorado do Oeste e Costa Marques.

Nesse contexto, o Estado possui 238.512,8 km2, representando, desse modo, 6,19% da região Norte e 2,80% da região brasileira. Constituindo-se no 3º Estado em extensão territorial da região Norte.

Já em nível de Brasil, ocupa a décima quinta posição em extensão territorial, ocupando ainda a décima terceira posição no que se refere à população brasileira.

Possuindo, assim: 1.379.787 habitantes, desses, 64,11% encontra-se na zorna urbana e 35,89% na zona rural. Entretanto, há predomínio da população masculina sobre a feminina, porque esse primeiro grupo corresponde a 51,32% dos habitantes do Estado de Rondônia, já a população feminina consiste em 48,68% desses mesmos habitantes.

Todavia, a população feminina prevalece sobre a masculina nos seguintes municípios: Porto Velho, Vilhena e Ji-Paraná. Apesar desses dados não serem recentes, pois, foram retirados do censo realizado pelo IBGE em 2000, acreditamos que atualmente prevalece ainda a população masculina sobre a feminina, mesmo assim nas cidades anteriormente citadas parece que continua a mesma realidade constatada em 2000.

Assim, a seguir, citaremos alguns estados e um país com os quais Rondônia faz limite: ao Norte e Nordeste com o Estado do Amazonas; a Leste e Sudeste, Estado do Mato Grosso; a Noroeste, com os Estados do Acre e do Amazonas, ao Sul e a Oeste com a Bolívia.

Nesse aspecto, a extensão fronteiriça de Rondônia com a Bolívia é de 1.342 km2.

Dessa maneira, os municípios rondonienses que fazem fronteira com a Bolívia são: Guajará-Mirim, Nova Mamoré, Costa Marques, Alta Floresta do Oeste, São Francisco do Guaporé, Alto Alegre dos Parecis, Pimenteiras do Oeste e Cabixi.

 

4. Breve Histórico da Criação do Município de Ariquemes-RO

Sabemos que a cidade de Ariquemes está localizada a noroeste do Estado de Rondônia, constituindo-se assim em dos Municípios mais importantes do Brasil.

Nessa perspectiva, o nome Ariquemes seria oriundo dos primeiros habitantes que de fato viveram na cidade de Ariquemes, tribo indígena Arikeme.

Já quanto à língua dessa tribo indígena parece que falavam o txapakura, cuja raiz linguística se encontra arraigada dentro do grupo linguístico tupi-guarani, apesar de essa tribo ter sido extinta, participou da História da cidade de Ariquemes, inclusive batizando-a com o seu nome.

Entretanto, independente disso, foi aproximadamente em 1794 que surgiu o Vale do Jamari, cujo núcleo originou o Município de Ariquemes, conhecido especialmente por ser um solo fértil tanto para o cacau quanto para o látex.

Assim, o Vale do Jamari era habitado exclusivamente por indígenas que extraiam o látex, porque tinham vários seringais, apesar disso, naquele tempo, a Amazônia era praticamente desconhecida.

Por isso, a ocupação do Vale do Jamari ocorreu aproximadamente em 1990. Esse fato se deu exclusivamente durante o primeiro ciclo da borracha, apesar de que sua ocupação de fato sucede-se em 1909, a partir da construção da primeira linha telegráfica de Cuiabá a Santo Antônio no Rio Madeira, onde, atualmente, localiza-se o Município de Porto Velho.

A construção dessa linha telegráfica gerou muito trabalho e foi uma expedição realizada, chefiada pelo Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon que já havia viajado pela Amazônia pela terceira vez.

Assim, em 1915, o Vale do Jamari foi delimitado pela Resolução nº 735, e, em seis de outubro, dessa forma, foi proclamado o Terceiro Distrito do Município de Santo Antônio do Rio Madeira.

Sabe-se que, nessa época, houve uma grande migração, principalmente de nordestinos, que vieram a essas terras à procura de emprego, especialmente para trabalhar na extração do látex da borracha, devido à falta desse produto no Mercado Internacional.

Não obstante, devido à alta produção da borracha da Malásia, que, por isso, vendia essa mercadoria mais barata, era praticamente impossível o Brasil concorrer com os preços e com a qualidade da borracha desse país, por isso, a borracha amazônica, aliás, os seringais amazônicos entram em decadência, entretanto, recuperam-se com o advento da Segunda Guerra Mundial cuja principal consequência foi a perda dos aliados ao acesso dos seringais da Malásia.

Dessa forma, surge o segundo ciclo da borracha, apesar dos conflitos econômicos, sociais causados pelo primeiro ciclo, vieram novamente para a região Amazônica, novos imigrantes nordestinos para garantir e aumentar a produção da borracha amazônica que seria exportada novamente para parte da América do Norte e parte da Europa.

Nesse contexto, no dia treze de setembro de 1943, o governo Vargas através do Decreto Lei nº 5912 cria o Território Federal do Guaporé, desse modo, a região do Vale do Jamari passa a integrar o Município de Porto Velho como Distrito de Ariquemes.

Nessa época, o governo federal incentivou a vinda de migrantes para a região Amazônica, especialmente para o Acre e Rondônia, porque prometiam a eles condições melhores de vida.

Assim, houve um novo fluxo migratório para a Amazônia, esse contingente constituído principalmente por sujeitos oriundos do Nordeste, formou “um verdadeiro exército”, por isso, esses trabalhadores ficaram conhecidos até hoje na região Amazônica como “Soldados da Borracha”.

Todavia, terminada a Segunda Guerra Mundial, a borracha amazônica perde novamente o seu valor de mercado.

Além disso, em 1958 com a descoberta da Cassiterita, segundo João Daniel (2009) esse minério seria a principal e praticamente única matéria prima da qual se origina o estanho, metal utilizado para soldar componentes eletrônicos de todos os aparelhos eletrônicos que se conhece.

Assim, a Cassiterita é tão importante que no Congo há muitos conflitos internos e a principal causa da guerra nesse País é a garimpagem ilegal do minério anteriormente mencionado, porque, a partir do momento em que foram descobertas muitas jazidas de Cassiterita, tanto o governo quanto os rebeldes lutam entre si para dominar essas jazidas, já que dominando-as terão poder, riquezas e, especialmente, domínio político e econômico sobre a população pobre e carente do Congo.

Ainda de acordo com João Daniel (2009), as jazidas mais antigas de Cassiterita encontram-se na Inglaterra, Bolívia, Portugal, Malásia, Tailândia, Indonésia e Rússia.

Apesar de esses países terem as reservas mais antigas de Cassiterita, encontramos também na região Amazônica reservas gigantescas desse mineral.

Por isso, em 1958 com a descoberta da Cassiterita na região Amazônica, assistimos novamente a um grande fluxo migratório de pessoas para essa região, essas pessoas vieram de diversas partes do Brasil.

Assim, esses migrantes agora na condição de garimpeiros procuraram estabelecer suas moradias e criaram estabelecimentos comerciais ao redor de pequenos aeroportos criados superficialmente com o único objetivo de transportar a Cassiterita para outras regiões brasileiras e, inclusive, para fora do país.

Em consequência, no mês de fevereiro de 1960, Juscelino Kubistchek de Oliveira, que, nessa época, era presidente do Brasil, ordenou ao Departamento Nacional de Estradas e Rodagens (DNER), a abertura e construção da estrada que se constituiu em uma das principais partes da BR 364.

E no dia quinze de abril de 1970, o Ministério das Minas e Energia, proibiu a garimpagem manual da Cassiterita, alegando que esse tipo de garimpagem era predatório e poderia destruir o meio ambiente, determinando que a exploração desse minério só deveria ser realizada por meio de mecanização, ou seja, através de empresas, as quais instalariam máquinas para extrair a Cassiterita.

Contudo, sabemos que essa atitude drástica tomada pelo Ministério das Minas e Energia foi arbitrária, desonesta, porque, visava aos interesses do Governo, uma vez que com a instalação de tão referidas empresas, a consequência imediata seria a geração de impostos, que deveriam ser pagos ao Governo.

Dessa forma, essa atitude discriminatória dizimou os pequenos garimpeiros que exploravam a Cassiterita de forma rudimentar, gerando assim, um novo êxodo, ou seja, novamente o enorme número de contingente migratório que havia se instalado na região Amazônica, teve de abandoná-la, porque, já não tinham mais empregos, meios de subsistência, por isso, muitos voltaram para a sua terra natal.

Por isso, Ariquemes, a partir desse momento enfrenta uma nova crise econômica, pois, com a volta dos migrantes para as suas terras de origem ou para outras regiões econômicas, o comércio enfraqueceu e houve uma queda significativa de empregos, principalmente, no que tange a atividade de garimpagem.

Apesar disso, em onze de outubro de 1977, por meio da promulgação da Lei nº 6448, surge oficialmente e, já emancipado politicamente o Município de Ariquemes no dia vinte e um de novembro desse mesmo ano.

5. Breve Comentário sobre a Origem do Garimpo Bom Futuro

Considerado a maior mina a céu aberto do mundo, no ano de 1983 é descoberto o Garimpo Bom Futuro, constituindo-se nesse período na maior reserva de Cassiterita do mundo.

Dessa forma, nessa época, havia lá pelo menos cinco mil garimpeiros, quinhentos requeiros (pessoas que exploram manualmente o material desperdiçado, não aproveitado, perdido pelas máquinas de mecanização de garimpagem) além de mulheres, comerciantes e crianças. Pelo menos 30% dessas pessoas eram analfabetas e os outros 70% nem se quer concluíram o Ensino Médio; o índice de Malária na região era gigantesco; de 1987 a 1989 ocorriam mais de dez homicídios por semana; mais de quatrocentas mulheres se prostituíam no garimpo; o índice de doenças sexualmente transmissíveis e o consumo de drogas eram altíssimos também.

Desse modo, o Garimpo Bom Futuro teve seu auge na década de 1980, inclusive, nesse mesmo período, um grande contingente de migrantes retornou a Rondônia, novamente, a maioria dessas pessoas era oriunda do Nordeste.

Esse fato é ratificado por Oliveira (200,1 p. 67-68):

 

[...] Com a descoberta da cassiterita, um grande contingente de migrantes, principalmente retirantes nordestinos, a partir de 1960, chegou a Rondônia, constituindo uma mão-de-obra numerosa, para trabalhar na extração rudimentar da cassiterita.

 

Nesse aspecto, esse grande fluxo migratório se deu especialmente devido à exploração do minério de Cassiterita no Estado de Rondônia, mais precisamente, no Garimpo Bom Futuro, que se localiza em Ariquemes-RO, na linha C-7 dessa cidade, atualmente, esse garimpo é considerado um Distrito do Município de Ariquemes.

Hoje, o Garimpo de Bom Futuro não é tão importante quanto foi no passado, apesar de abrigar, na contemporaneidade, aproximadamente três mil pessoas, o Garimpo não possui a mesma importância econômica, social e política que possuía há 20 anos.

Apesar disso, podemos dividir a História da extração do minério da Cassiterita em dois ciclos: 1º Ciclo – iniciou-se em 1958 com o processo exploratório em altíssima escala, esse processo era manual e, alterou sobremaneira as bases econômicas, migratórias e políticas do então Território Federal. Dessa forma, conforme mostramos anteriormente, o grande auge da migração pela exploração da Cassiterita se deu na década de 1960.

Já o 2º Ciclo – iniciou-se no final da década de 1960, apesar de a primeira fase do Ciclo da Cassiterita continuar em ascensão, ainda que a exploração desse minério fosse manual, com técnicas e métodos rudimentares, os garimpeiros ou pequenas empresas de garimpo utilizavam-se das seguintes ferramentas: enxadão, picaretas, pás, peneiras etc.

Nesse período, a produção da Cassiterita era maior do que quando realizado com equipamentos e máquinas sofisticados.

Por isso, o preço da Cassiterita baixou, desse modo, o governo cujo regime ainda era militar, resolveu intervir, ou seja, controlar a extração de Cassiterita em Rondônia.

Assim, uma nova prática política e econômica foi implantada, o governo decidiu proibir a extração da Cassiterita realizada via processo manual. Desse jeito, o governo militar com base no Código de Mineração de 1967, deu exclusividade a empresas mineradoras de grande e médio porte, as quais vieram a Rondônia e instalaram-se nesse Estado, iniciando o processo de garimpagem mecanizado.

Nesse Segundo Ciclo, a única forma de escoar a produção da Cassiterita era pela malha rodoviária, pois, nesse período, havia a BR- 029 atualmente, BR- 364, a qual ligava o Território ao Sul do Brasil, viabilizando assim, o escoamento do estanho, que, nessa época, era uma das principais bases econômicas do Território Federal.

Dessa maneira, na década de 1970, Rondônia era um dos sete maiores produtores de Cassiterita do mundo, inclusive a qualidade do estanho rondoniense era melhor do que o produzido na Malásia.

Esse fato é atestado por Oliveira (2001, p. 66):

 

[...] O engenheiro Frederico Hoepken enviou amostras do minério para o Rio de Janeiro com o intuito de confirmar suas suspeitas de que se tratava de cassiterita, bem como testar seu grau de teor. O professor Elysiário Távora, encarregado de examinar o minério, atestou que realmente se tratava da cassiterita e que esta era de teor elevadíssimo, 5 kg de SnO2/m3 .Comparando com a da Malásia (área de maior produção até então), cujo teor era de 0, 350 kg Sn 02/m3, observou que tratava-se de um minério de alto valor no mercado nacional e internacional.

 

Nessa perspectiva, a Cassiterita de Rondônia é superior à da Malásia, desse modo, o Brasil intensifica a produção e, consoante anteriormente asseveramos, o Brasil se torna o sétimo produtor de Cassiterita do mundo, dessa forma, inicia o processo de exportação desse minério, por isso, o Brasil cria em quinze de abril de 1970, um centro de produção de produção de estanho em Rondônia, esse centro ficou conhecido com Província Estanífera de Rondônia.

Portanto, a História do Garimpo de Bom Futuro divide-se basicamente em dois Ciclos, centrados sobre a exploração da Cassiterita, assim divididos: o Primeiro vai de 1958 a 1970 e o Segundo vai de 1970 a 1990.

6. Considerações Finais

 

Do exposto, percebemos a relevância da História de Rondônia, de Ariquemes e do Garimpo Bom futuro para a construção da História do nosso país.

Portanto, Rondônia hoje não só se destaca pela exploração da Cassiterita, ocupando o sétimo lugar do mundo na produção desse minério, como também se destaca pela criação de gado, inclusive exporta carne bovina de qualidade para países como Rússia, China, Chile, dentre outros países asiáticos.

Assim, apesar de muitas tragédias ocorridas ao longo da História de Rondônia: milhares de mortes ocorridas durante a construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, outras mortes também ocorridas no Garimpo Bom Futuro e ainda mais mortes ocasionadas pelas disputas de terras constantes nesse Estado, é imprescindível saber a História do nosso Estado, porque, conhecer a verdadeira História de Rondônia, implica em conhecermos a nós mesmos e, em consequência conhecer a nossa própria pátria.

 

7. Referências

 

BRASIL, IBGE.  Instituto  Brasileiro  de  Geografia e Estatística. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/comercioeservico/pas/pas2000-2001/default.shtm Acesso em 21 e 22 de janeiro de 2012.

 

DANIEL, João Paulo. Cassiterita: pedra da morte. Http://pastorjoaodaniel. blogspot.com.br/2009/12/cassiterita-pedra-da-morte.html. Acesso em 21 e 22 de janeiro de 2012.

 

FONSECA, Dante Ribeiro da & TEIXEIRA, Marco Antônio Domingues. A Ferrovia Madeira Mamoré. Disponível em: http://www.pakaas.net/estr1.htm Acesso em 07 e 08 de janeiro de 2012.

 

FERREIRA, Manoel Rodrigues. Ferrovia do Diabo. São Paulo: Melhoramentos, 1972.

 

MATIAS, Francisco. A História de Rondônia. Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/6926124/A- Historia-de-Rondonia Acesso em 04 e 05 de fevereiro de 2012.

 

NASCIMENTO, Erasmo. Evolução da História. Disponível em: http://www.erasmo.kit.net/ariquemes1.htm Acesso em 03 e 04 de março de 2012.

 

PÓVOAS, Lenine. História Geral de Mato Grosso. Vol. 2. São Paulo: Editora Resenha Ltda, 1995.

 

OLIVEIRA, Ovídio Amélio de. História, Desenvolvimento e Colonização do Estado de Rondônia. Porto Velho: Dinâmica Editora, 2001.

 

 

 

 

 


[1] Mestre em Linguística e Professor da Cadeira de Língua Portuguesa no IFRO – instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia – Campus Ariquemes.

[2] Professor de História na Escola Estadual de E. F. M. Francisco Alves Mendes Filho.

[3] Acadêmico regularmente matriculado no Curso de História da FIAR – Faculdades Integradas de Ariquemes – Rondônia.

 
Please register or login to add your comments to this article.

Copyright © 2013 REDEMEBOX - Todos os direitos reservados

eXTReMe Tracker