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Escrito por Robspierre Miconi Costa   
Qua, 03 de Maio de 2006 21:00

O fenômeno da globalização parece açambarcar hoje bem mais que a busca por uma uniformidade econômica. A estabilização da economia nos países emergentes por meio de fórmulas mágicas, apresentadas sob a forma de pacotes prontos, que ignoram os traços culturais de cada sociedade, vem evidenciar que mesmo nas relações entre países, o que vale hoje é uma atitude paternalista, assistencialista ou quiçá autoritária de dar o peixe, e não de ensinar a pescar, sufocando a capacidade de autodesenvolvimento dos povos.

O mundo moderno gira em velocidade vertiginosa, não havendo tempo a perder na formação de cidadãos conscientes e instruídos, os quais por questionar demais, retardam o andamento dos planos impostos por um capitalismo globalizado que não pode esperar, ademais, o modelo que funciona é o deles, senão porquê estariam eles ricos e nós pobres? Eles em plena evolução e nós apenas em desenvolvimento? Lógica perversa e burra que permite haver ainda em pleno século XXI pessoas morrendo por carências generalizadas.

A "pressa com que o mundo gira" vem comprometendo, dentre outras coisas, a vontade de querer pensar, despender tempo estudando e elaborando teorias, essenciais à formação do conhecimento humano, e neste compasso, verificamos o minimalismo do conhecimento científico. No passado ao efetuarmos uma pesquisa, certas fontes eram sinônimos de segurança e qualidade; consultá-las era algo prazeroso que nos davam um rumo, que podíamos seguir sem medo de errar, pois ao aprofundar nossos estudos verificávamos que o autor, ou autores consultados haviam realizado um trabalho acurado, observando princípios e vertentes do tema, e como sói ocorria, construíam seu próprio entendimento com inteligência e fundamentação.

Estas constatações nos davam prazer em estudar, e mais, instigava-nos a buscar outros caminhos, e construir novos entendimentos acerca do tema pesquisado, aprofundando cada vez mais o conhecimento científico até então produzido. Este trabalho construía uma cultura nacional própria, e não imposta como se vê muito ultimamente, revelando e valorizando gênios e talentos natos.

Hoje com o advento da Internet tudo mudou, basta acessar um sítio de busca para obter material abundante acerca de qualquer assunto que se queira, a qualidade, entretanto, deixa a desejar, porém, como já foi dito, não há tempo a perder com análises e ponderações, aliás, uma das únicas coisas que se admite perder hoje é exatamente a capacidade crítica do ser humano, de mais a mais, se tanta gente já perdeu tempo pensando sobre determinado assunto, porquê eu deveria fazê-lo novamente, é só pegar tudo e fazer uma compilação (sem a preocupação se os conteúdos manipulados são realmente procedentes).

A maior chaga para o conhecimento humano resultante deste mundo virtual são as cópias grosseiras "produzidas" em abundância hoje, o chamado (control c, control v) artifício utilizado pelos alunos desde o ensino fundamental (logicamente os que tenham acesso ao mundo virtual), até os candidatos a mestrado ou doutorado. A comodidade de obter-se uma farta gama de trabalhos prontos, somada a pressa do mundo, resulta nisto: uma geração acomodada que cada vez mais, procura pensar cada vez menos.

Uma pequena pesquisa dentro de nossa área específica de conhecimento, acerca de qualquer tema que seja, nos permite ainda detectar outra chaga ainda mais grave e menos perceptível, o 'achismo científico' onde expoentes do setor premidos pela necessidade de produzir sempre mais conhecimento, e mais uma vez pela pressa do mundo, a certa altura de suas pesquisas ou mesmo em artigos, emitem opiniões contrárias às bases da ciência sem nenhuma fundamentação concreta.

Podemos encontrar artigos ou trabalhos científicos, onde autores e instituições renomadas abusando do grande diferencial do povo brasileiro, a criatividade, partem para um vale-tudo intelectual, ou, citando a atitude politicamente (in)correta do momento de que os fins justificam os meios, avolumam teses e hipótese calcadas unicamente no "achismo" (isto é assim porquê eu acho) relegando ao ostracismo o pensamento construído ao longo dos séculos por Doutrinadores Clássicos, ignorando os princípios mais comezinhos que outrora balizavam o caminho dos noviços.

Ademais, como dito alhures já não há mais tempo nem espaço para pesquisas ou discussões (será mesmo?), sem se falar que se já deu certo antes em algum lugar, porquê não vai funcionar aqui? Vamos tentar, o tempo urge...

Após 500 anos de desmando em nosso País a situação está bem complicada, mas nada justifica o entorpecimento de corações e principalmente mentes, e muito menos a espoliação de funções alheias, como se de repente, todos fossem incapazes de cumprir a parte que lhe toca na construção de uma sociedade realmente justa, formada por indivíduos que saibam e queiram exercer efetivamente sua cidadania.

Vale destacar desde já que não sou um conservador retrógrado, ouso inclusive me incluir entre os integrantes de uma vanguarda em minha área de conhecimento, porém, ao tentar inovar deveremos ter um mínimo de cuidado em manter, ou pelo menos aproveitar a base teórica construída até então, pois alguns conceitos, por mais revolucionárias que sejam as inovações pretendidas, não irão mudar, e às vezes por razões simples, lógicas e óbvias.

Ser ousado, tentar fazer o novo não é pecado, mas a postura adotada por alguns pesquisadores, doutrinadores e até mesmo por instituições sérias, que tentam "reinventar a roda" fundados tão somente em opiniões pessoais, calçadas em "achismos", sem fazer uma pesquisa profunda e criteriosa a respeito do tema é que se torna problemática.

O mais preocupante de tudo isto é que nós outros enquanto pesquisadores, na maioria das vezes não vemos o erro pueril cometido, ou pior, por preguiça de avaliar o novo que se apresenta, e ignorando princípios básicos que antes faziam parte do bê-á-bá de qualquer estudioso engolimos tudo sem mastigar, propagando o erro, e permitindo que a cada dia sejam cometidas as mais negras atrocidades contra o saber em nosso País, em prejuízo de toda a sociedade, e tudo isto com nosso aval, ou ao menos com nossa permissiva omissão.

Vamos tentar encontrar novos caminhos, aperfeiçoar o que já existe, mas com responsabilidade, pois o título de especialista, mestre ou doutor deveria denotar que naquela dada Ciência nós conhecemos ao menos o básico. Cuidado com os falsos profetas do conhecimento, e jamais perca de vista três verdades essenciais ao pesquisador pensador: primeira, ninguém é perfeito, segundo ninguém nasce sabendo (lembra o tanto que você estudou para chegar onde está?) e por fim a pressa é inimiga da perfeição.

 

Autor deste artigo: Robspierre Miconi Costa - participante desde Dom, 23 de Abril de 2006.

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