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Edições Anteriores 93 O desafio de oferecer aulas de qualidade
O desafio de oferecer aulas de qualidade PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Sandra Rodrigues da Silva Dias   
Qua, 03 de Maio de 2006 21:00

Ser Coordenador de Curso é antes de qualquer coisa, gerenciar de forma qualitativa as atividades acadêmicas do curso sob sua tutela.

Nesse contexto nada possui maior importância que as aulas ministradas, uma vez que são indubitavelmente a essência, o princípio, a atividade meio e o fim de nossos objetivos.

Embora haja uma tendência a pensarmos que o conjunto bons docentes e recursos didáticos é suficiente para garantir os resultados almejados, acredite que reside nesse ponto nosso maior desafio.

As aulas, como poderíamos dizer numa força de expressão são terceirizadas aos docentes que salvo as exceções, sofrem geralmente de um dos grandes males da humanidade "dificuldade de relacionamento interpessoal".

Os motivos que levam ao fracasso do processo de absorção de conteúdo das aulas ministradas ocasionado pelo docente, são os mais variados. No entanto vale discorrer sobre alguns dos quais já nos habituamos em nosso cotidiano enquanto gestores acadêmicos.

De maneira geral a interação docente discente é fria e insensível, pois falta um componente básico, hoje já bordão na área da saúde, "a humanização". Na arrogância de se portar como o mestre, o superior, falta-lhes a sensibilidade de enxergar nos alunos, pessoas que embora em posição diferente em sala de aula, é simplesmente tão pessoa quanto o "grande professor", embora destituído da empáfia do primeiro.

Por vezes, além ou em lugar dessa superioridade, reside também o destrato de não respeitar as individualidades e singularidades de nosso alunado. Assim o professor entra e sai de sala sem identificar pessoas, nomes, necessidades e por vezes sem prestar-lhes qualquer referência: cumprimentos como um simples bom dia antes de despejar seu conteúdo.

Com uma desenvoltura que beira a insolência, pautada em titulação, idade ou até mesmo numa pretensa "experiência", o mestre condena o discípulo a inércia, pois tão grande é sua preocupação consigo e com seu status, tal são sua arrogância e narcisismo magistral, que deixa a deriva as dúvidas e interesses de seus alunos.

Sua aula, magnífica, não permite interrupções e os questionamentos discentes acabam por vezes criticados, menosprezados e ridicularizados em sala inibindo quem questiona e quem pretendia questionar.

Não obstante, nos deparamos ainda com docentes que dadas as suas necessidades financeiras, abraçam tantos vínculos, que em eterno ritmo frenético de vender aulas, acabam praticando uma pseudo-pedagogia artificializada, corrida, inconsistente.

Dos docentes sem senso de responsabilidade, cujas falhas são constantes e sempre "fundamentadas", surgem junto aos alunos os pactos de mediocridade, onde não se cobra do docente, e no princípio da "ação e reação" este nada cobra do discente. É simples: eu finjo que ensino e vocês fingem que aprendem. Não cobro, não reprovo, e vocês não se incomodam com minhas faltas e atrasos. Mas se não for assim... E os alunos iludidos de que levam vantagens, firmam o acordo.

Mais preocupantes, são aqueles que não se apercebem de que para ser um mestre é necessário ser sempre aluno, produzir o hábito constante e imprescindível de estudar para atualizar seus conhecimentos. Este segue ensinando por vezes o que não mais deveria ser ensinado e ainda sendo surpreendido numa situação constrangedora, mais para os alunos que para si, recebendo em suas aulas, aulas dos seus discentes, daqueles que se preocupam em atualizar-se e "colaboram com o mestre com seus conhecimentos". Não sendo raro que o professor ainda se ofenda com a impertinente colocação do "insolente" aluno.

E quem é que, como Coordenador de Curso, não recebeu queixas do professor terrorista? Aquele que sente um prazer inenarrável de amedrontar seu alunado, de tornar-se seu algoz. Para este o tema central das aulas é exatamente como vai ser sua prova, como ele vai "pegar" os alunos na prova. E a avaliação coitada, deixa der ser uma ferramenta em benefício do processo ensino aprendizagem e se torna uma arma na guerra que o professor criou em sala de aula para satisfazer seu ego ou quem sabe suas fantasias. A avaliação transforma-se em um mero ato autoritário e sem sentido pedagógico.

Por falar em avaliação, esta poderia ser um artigo a parte. Tem docente que como já foi dito, a utiliza para perpetuar o terrorismo que ele implantou em sua sala, outros fazem a prova toda objetiva para não ter trabalho de corrigir, tem os que não aplicam provas difíceis para não ter atrito com os alunos e até o que nem prova aplica pois tem outros interesses e esta vai ser trabalhosa demais. Acreditem, tem até o que pensa que ensina na educação infantil e entrega um questionário para os alunos decorarem e afirma, "estudem, pois a prova está toda aí".

Outra questão são os recursos didáticos, pois enquanto tem docente que só sabe dar aula em Data Show, e se este não funcionar a aula fica pra outro dia, tem o que ainda usa a antiga e velha fichinha didática, que de didática nada tem. Tem sim uma cor amarelada e um conteúdo há muito ultrapassado.

As teorias didático-pedagógicas evoluíram, contudo ainda permeia no espaço acadêmico uma situação que foge a idéia de interação e se coaduna com a valorização do poder.

A animosidade que se observa, que nos chega através dos discentes ávidos por soluções, é muitas das vezes criada, talvez até de forma inconsciente, pelo dito mestre, que não consegue enxergar os indivíduos dentro da classe, mas a classe no seu sentido pejorativo. Ignorando as particularidades, individualidades e singularidades de cada membro da tal classe.

Os problemas são muitos e a verdade dura vivenciada pelos Coordenadores é que os MESTRES, dignos desse nome são cada vez mais raros.

Muitos são os que se dizem mestres e poucos realmente o são, não pelo seu saber e capacidade, mas pelo seu valor como ser humano.

O desafio reside em transpor estes problemas e levar o nosso docente a reflexão de seu papel. Fazer o que parece utopia, tomar corpo e dar corpo a aulas, que realmente transformem, acrescentem e sejam condignas as aspirações que temos como gestores para o resultado didático-pedagógico do contexto de nosso currículo.

É necessário que transformemos nosso quadro docente em um quadro de MESTRES, capazes de sentimentos como: humildade, afeição, doação, comprometimento, responsabilidade e consciência. Homens e mulheres cujo exemplo impõe uma lição de humanidade, pois dão forma humana aos valores. "Aquele que aprende ensinando".

Que nossos docentes tenham se acomodado é uma realidade em muitos casos, entretanto se mantivermos acesa a inquietação de fazer acontecer o melhor em nossas aulas e de possuirmos os "melhores" para efetiva-las seremos capazes, embora que nem sempre com êxito, e numa missão eternamente árdua, de transpormos barreiras e vencermos resistências.

Quem sabe, oferecermos aulas de qualidade, onde o aluno seja o centro do processo ensino-aprendizagem e o professor um eterno aprendiz. Quem sabe, esse professor saiba se tornar aluno de seu aluno, alguém que se esforça para acordar uma consciência ainda ignorante de si mesma, de demonstrar o humano que reside neles e de guiar seu desenvolvimento e o desenvolvimento de seu alunado.
 

Autor deste artigo: Sandra Rodrigues da Silva Dias - participante desde Sáb, 24 de Setembro de 2005.

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