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Revista
93 A pedagogia de projeto no contexto da prática pedagógica inovadora
| A pedagogia de projeto no contexto da prática pedagógica inovadora |
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| Escrito por Verginia Aparecida Mariani |
| Qua, 03 de Maio de 2006 21:00 |
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Em face das transformações do mundo contemporâneo e dos processos de reestruturação produtiva, a qualificação para o trabalho deixa de ser compreendida como fruto da aquisição do modo de fazer, passando a ser vista como resultado da articulação de vários elementos, subjetivos e objetivos, tais como: natureza das relações sociais vividas pelos indivÃduos, escolaridade, acesso a informação, a saberes, a manifestações cientificas e culturais, além da duração e da profundidade das experiências vivenciadas, tanto na vida social quanto no mundo do trabalho. A conceituação formulada por Manfredi aprofunda a compreensão a respeito desses elementos e pode ser tomada como uma referência na análise do perfil profissional. Segundo a autora: "o saber fazer - recobre dimensões práticas, técnicas e cientificas adquiridas formalmente (curso/treinamento) e/ou por meio da experiência profissional; o saber ser - inclui traços de personalidade e caráter, que ditam os comportamentos nas relações sociais de trabalho, como capacidade de iniciativa, comunicação, disponibilidade para a inovação e mudança, assimilação de novos valores de qualidade, produtividade e competitividade; o saber agir - é subjacente à exigência de intervenção ou decisão diante de eventos (saber trabalhar em equipe, ser capaz de resolver problemas e realizar trabalhos novos, diversificados)". Qual seria a importância da pedagogia de projeto no contexto da prática pedagógica inovadora? A pedagogia de projeto toma como ponto de partida a idéia de que a melhor maneira de a educação responder à s demandas da atualidade é contribuir para a formação de sujeitos capazes de se orientar numa sociedade complexa e em constante mutação. Para a pedagogia de projetos, aprender exige participação, tomada de posições, escolha de procedimentos para alcançar os objetivos pretendidos; e ensinar é uma tarefa que, mais do que oferecer respostas, implica proporcionar experiências problematizadoras da ação. Os projetos geram necessidades de aprendizagem, mas o fato de essas necessidades existirem não garante, por si só, a aprendizagem. É preciso que os alunos se apropriem dos novos conteúdos; e, para isso, a intervenção do professor é fundamental. É ele o facilitador, quem cria, a partir das atividades propostas em cada módulo, as ações para que essa apropriação seja de fato significativa. O trabalho com projetos envolve três momentos básicos: a problematização, o desenvolvimento e a sÃntese. A etapa da problematização corresponde ao ponto de partida, ao momento detonador do projeto. Inicialmente, os alunos devem expressar seus conhecimentos, suas concepções e suas sobre o problema em questão. Essa expressão é fundamental para todo o desenvolvimento do projeto, uma vez que é o nÃvel de compreensão inicial dos alunos que determina os caminhos a serem seguidos pelo projeto. É nessa fase "que o professor detecta o que os alunos já sabem, e o que ainda não sabem, sobre o tema em questão. É também a partir das questões levantadas nessa etapa que o projeto é organizado pelo grupo". A etapa do desenvolvimento corresponde ao momento em que são elaboradas estratégias para buscar respostas à s questões e hipóteses formuladas na etapa de problematização. Essas estratégias devem incluir situações que obriguem o aluno a agir, constatar a existência de vários pontos de vista e diversos procedimentos profissionais, confrontar-se com conhecimentos técnico-cientÃficos e colocar-se novas questões. Para isso, é necessário propor atividades que se valham de outros ambientes, estimulando o uso de bibliotecas, a freqüência aos locais de trabalho, a visita a outros professores ou profissionais, além da realização de entrevistas, pesquisas, etc. "É nesse processo que os alunos não só utilizam todo o conhecimento que têm sobre o tema, como também passam a se confrontar com inquietação, que os leva a duvidar de suas hipóteses". (Leite, 1994) No momento de sÃntese, os alunos superam suas convicções iniciais, substituindo-as por outras de maior complexidade e de maior fundamentação teórica e prática, construindo novas aprendizagens; e estas, por sua vez, "passam a fazer parte dos esquemas de conhecimento dos alunos e vão servir de conhecimento prévio para outras situações de aprendizagem". " Parte-se de um problema discutido com a turma. " Inicia-se um projeto de pesquisa. " Buscam-se e selecionam-se fontes de informação. " Estabelecem-se critérios de ordenação e de interpretação das fontes. " Recolhem-se novas dúvidas e perguntas. " Estabelecem-se relações com outros problemas. " Representa-se o processo de elaboração do conhecimento que foi seguido. " Recapitula (avalia-se) o que se aprendeu. " Examina-se um novo tema ou problema. É importante ressaltar que esses momentos e passos compõem um processo que nunca é fixo ou estanque, apenas serve de fio condutor à atuação docente. Eles, entretanto, mobilizam saberes e capacitam os indivÃduos para que tenham condições de disponibilizar, durante seu desempenho profissional, os atributos adquiridos nas vidas social, escolar, pessoal e laboral, preparando-os para lidar com a flexibilidade e rapidez na resolução de problemas. A Educação Superior deve, desse modo, propiciar ao aluno "o fomento da criatividade, da iniciativa, da autonomia e da liberdade de expressão, abrindo espaço para incorporação de atributos como o respeito pela vida, a postura ética nas relações humanas e a valorização da convivência em sociedade e nas relações profissionais, contribuindo para a percepção de seu trabalho como uma forma concreta de cidadania". |
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