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Violência x Educação |
Escrito por José Janguiê Bezerra Diniz |
Qua, 07 de Junho de 2006 21:00 |
Muito se advoga, dentro de nossas competências como educadores e administradores de instituições de ensino, que a educação é questão sine-qua-non para o infelizmente utópico advento de uma sociedade igualitária. Isso, sem dúvida, é inequÃvoco. Contudo, sempre me preocupo com certas idéias amplamente divulgadas na imprensa ou nos meios acadêmicos, que tentam, das formas mais tacanhas, dar a educação, responsabilidades mais abrangentes do que esta pode, ou deveria suportar. Um exemplo cabal pode ser observado quando, ao ser questionado sobre a recente onda de violência em São Paulo, o presidente Lula asseverou que tais fatos seriam conseqüências nefastas do abandono e da falta de investimentos para a democratização da educação no paÃs, cometida por seus antecessores, em especial na década de 80. A violência explÃcita seria assim causada por pessoas que tiveram negado a oportunidade de ter um livro e um caderno em suas infâncias. Este tipo de discurso decreta que a solução para a violência se encontra única e exclusivamente em colocar todas as crianças na escola. No entanto, tal ideário merece um olhar critico de caráter epistemológico. A correlação entre violência e ausência de educação é bem antiga e vem quase sempre acompanhada por outra tradição causal, a de violência e situação econômica. Os reducionismos pecam, em primeiro lugar, por infringir uma incipiente regra de estatÃstica: não existe, necessariamente, relação causal entre variáveis que se correlacionam. Podemos verificar, por exemplo, que os celerados inclusos numa cadeia X apresentam um nÃvel de escolaridade baixo e um número significativo de analfabetos. Contudo, a partir do momento que uso esta correlação como causa explicativa, caio automaticamente dentro de outro fosso sofÃstico, a saber: com educação, não se tem violência. Ora, serÃamos nós, graduados de várias estirpes, pessoas incapazes de cometer crimes? Seriam os bandidos do colarinho branco, indivÃduos munidos de "outras" intenções criminosas? As máfias, que tanto dão trabalho aos setores de investigação de nossas polÃcias, não fizeram uso de educação para montar seus esquemas estratégicos e de complexidade Ãmpar? Porque então, quando o Brasil registrava nÃveis de alfabetização da população muito mais pÃfios que o de hoje os Ãndices criminais não chegavam a um décimo dos atualmente apresentados? Poderão alguns dizer que, no caso de criminosos escolarizados, a instituição educacional fez sua parte, e que ela nada tem haver com as atitudes de "alguns". Ademais, existiria nesse caso livre arbÃtrio. Então no caso dos meliantes analfabetos ou pouco escolarizados não existe o livre arbÃtrio? Vê-se ai uma demonstração tácita da problemática cientÃfica acometida nas ciências humanas por conseqüência do eterno debate sobre Agentes versus Estrutura, onde atomistas e holistas discordam sobre o grau em que indivÃduos evidenciam sua habilidade para a Ação ao agirem de forma independente das restrições infligidas pelos sistemas estruturas sociais. É importante salientar que sobre o termo educação compreende-se uma infinidade de variantes. Educação não é só aquilo que aprendemos na escola formal, já que esta é apenas uma das chamadas instituições das quais a sociedade recebe influência. Além da escola existem outras vertentes institucionais que também são fornecedoras de educação moralizante e que também são culpadas por esta patologia social, tais como a famÃlia (desestruturada), a igreja (rebaixada à condição de "ópio do povo"), o Estado (inepto e explorador tributário), a economia (sempre comandada por aventureiros ou por cabeças-de-planilha), tudo definindo o âmago de seu sistema cultural. Assim sendo, não é justo que recaia sobre os professores toda a culpa por um problema, que ao contrário do que imagina o presidente Lula, não passou incólume por todo o amalgama institucional de nosso paÃs. A responsabilidade por uma das mais graves mazelas já observada na história do nosso paÃs não deve ser atribuÃda exclusivamente a esses atores, mas a responsabilidade pela vitória deve ser assumida por todos nós. |
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