Educação, um processo dinâmico, em construção e social tendo como papel conduzir a sociedade para o conhecimento. Educação brasileira e suas fases: do Império a globalização. Ideologia e educação: O poder ideológico assegura a manutenção do poder repressivo. Educação como aparelho repressivo. Ideologia da felicidade pelo progresso material defendida por Marx. Neste artigo, o estudo sobre as organizações da sociedade será tratado de forma a evidenciar as caracterÃsticas ideológicas, culturais e suas influências na educação brasileira. A evolução educacional nos ensina que a educação é um processo dinâmico, sempre estando em construção, ela é pedagógica, quando ao ensinamento formal, é social quando ao fortalecimento das influências exteriores dos valores assumidos e assimilados como sujeito pensante.
Destaca-se que em todos os momentos históricos da organização de uma sociedade observa-se que em se tratando de educação sempre houve "problemas" e muitas das vezes ela é a "culpada" da inoperância no setor do desenvolvimento do PaÃs. Mas será que de fato a educação é causadora do atraso econômico de uma nação? Uma vez que a sociedade em que vivemos é tendencialmente causadora da exclusão, o papel da educação será permitir que esta sociedade conduza a uma sociedade de conhecimento, onde as competências de cada indivÃduo seja uma ferramenta de trabalho para o desenvolvimento das ideologias exigidas pelo sistema como crescimento pessoal do ser humano capaz de orgulhar-se de sua participação como um todo. Atrelada ao desenvolvimento e à s mudanças importadas a escola está inserida dentro de uma sociedade dividida em classes sociais, portanto a educação vinha sofrendo desde a colonização, influências das mais diversas culturas e interesses, no entanto procurando atender a demanda absoluta da época. A educação saiu das mãos da Igreja para o Estado exercendo todas as obrigações diretrizadas pela nova administração com propósitos difusos e a serviço da elite. A educação renasce as várias Constituições, Leis, Diretrizes, Pareceres, Portarias, Resoluções..., sempre estabelecendo um convÃvio com a modernização e modificação dos ideais do sistema governamental da época, bem como acatando passivamente os interesses da elite. Com o decorrer dos anos, a evolução global exigiu mudanças rÃgidas e, nossa educação, passou a caminhar de mãos dadas com a economia do PaÃs. Posteriormente, na década de 50, com o inÃcio das doutrinas do desenvolvimento passamos a ser chamados de "Pais em Desenvolvimento". Ideologicamente e culturalmente, através dos acordos MEC-USAID a educação aceitou a inserção do capital internacional, ou ainda, a internacionalização do mercado interno efetivando mudanças a nÃveis da elite empresarial as classes médias e as classes baixas, remodelando a educação para um futuro melhor. Acatando ao receituário do Banco Mundial fomos batizados de paÃses em via de desenvolvimento em virtude da prosperidade dos altos nÃveis de vida. Hoje a dinâmica dominante é a globalização da economia, afirma-se que está em progressão material e de elevado nÃveis de vida, reproduzindo atitudes e idéias de paÃses industrializados e desenvolvidos. A educação vive dentro dessa afirmação ideológica de pensamento, esboçado em livros didáticos e legislação própria, no qual a sociedade passou a decretar uma só polÃtica econômica e que somente os critérios do neoliberalismo e do mercado (lucro, produtividade, câmbio livre, concorrência, rentabilidade, etc.) dão à liberdade de uma sociedade continuar a viver sobre essa ideologia. Seja educação formal ou social, induzida ou conduzida, ou ainda, programada ou reforçada, ela sempre foi enxergada como problema e não como processo de transformação, e na verdade, o que não está sendo enxergado é a existência da relação educação-sociedade em dimensões mundiais, acompanhando toda e qualquer transformação polÃtica e pedagógica. Portanto, a educação não pode ser o fator de atraso do desenvolvimento de um PaÃs e sim o sistema na qual ela está atrelada. E o que tem haver a ideologia com a educação? Bom, a gênese do falso desenvolvimento em que está passando o PaÃs está na ideologia da progressão de nossa cultura ocidental. Mas será que está em desenvolvimento? Isso é um outro assunto, contudo essa idéia emerge desde o Século das Luzes, enaltecida pela Revolução Industrial, aprimorada pela tecnologia e os meios de comunicação em massa. A ideologia, é uma representação figurativa da realidade, um tipo de ilusão no qual os homens criam a relação com o mundo, ou ainda, o conjunto organizado e coerente de idéias que servem de parâmetros para a conduta individual ou coletiva onde a educação não pode andar separada dela. Marx apud Iudim , então, denomina a ideologia como: [...] Forma de la conciencia social, conjunto de determinados conceptos, ideas, nociones, representaciones. Formas de ideologia son los conceptos polÃticos, la ciencia, la moral, el arte, la religión, etc. [...] todas la ideologias son un reflejo de la existência social. En la sociedad de clases, la ideologia es de clase. Expresa y defiende los intereses de las clases en lucha. Marx mostrou como em toda sociedade dividida em classes aquela classe que tem autoridade à s demais e faz de tudo para não perder essa condição através da dominação das pessoas pelo convencimento. É no convencimento que entra a ideologia, constituindo um conjunto de idéias arquitetadas pela classe dominante e disseminadas para a população, convencendo-as de que aquela estrutura social é a melhor ou mesmo a única possÃvel, tornando, com o tempo, idéias de todos. Existe aÃ, uma realidade extrÃnseca, vista por grande parcela da sociedade e outra intrÃnseca, relativa aos interesses de determinado grupo social. Toda sociedade é ordenada pela ideologia não conforme a entidade social e sim pela subjetividade do grupo social dominante. A Ideologia deve refletir uma verdade que, ainda que contestável, não deve ser refutada por se mostrar como a justificativa mais plausÃvel em uma dada atitude num certo instante. Ansart entende que em determinadas situações, o poder ideológico assegura a manutenção do poder repressivo pela ocultação do conflito de potenciais entre governantes e governado: neste caso, a manutenção do poder polÃtico só é possÃvel pela detenção do poder ideológico. Cada momento histórico tem sua ideologia que reflete os interesses dominantes, disfarçados em aspirações sociais. Ainda na definição de ideologia por Marx apud Iudim (op. cit.): [...] la ideologia juega un papel enorme en la vida social y en la historia de la sociedad. Surgiendo como reflejo de las condiciones de la vida material de la sociedad y de los intereses determinadas clases, la ideologia ejerce, por su parte, uma activa influência sobre el desarrollo de la sociedad. A unidade de pensamento das teorias de Marx estava apontada para a formação social. Ele pensava nas etapas que trariam a riqueza dos paÃses através da ideologia da felicidade pelo progresso material, atribuÃdo ao fim do feudalismo para o capitalismo e depois desta para o comunismo, no qual termina a história e transforma-se em uma "felicidade eterna" através da evolução industrial, reduzindo aos poucos a pobreza e criando indivÃduos com habilidades de aumento da riqueza de uma nação através da harmonia da produção e educação. Essa justificativa daria uma nova forma de controle social mais apta, o proletariado. Ideologia que traria consigo o desenvolvimento completo do comunismo através do progresso material pelo maquinário da produção social e industrial. Ainda sim, pode-se observar que a ideologia é o reflexo da existência social. Tudo gira em torno dela guiada pela superestrutura estatal que através dos aparelhos repressivos - leis e o Estado - totalizam a relação infra-estrutura e superestrutura ... Aqui a educação entra como um desses aparelhos repressivos, isso posto, devido ao fato de uma ideologia estar sempre ligado aos aparelhos e sua prática, sendo ela responsável pela criação das forças de produção e a relação de produções existentes entre elas. Contudo ela não é a responsável pela desaceleração do crescimento econômico de uma nação, apenas articula com que é dado a ela. Seja na condição natural de criação do homem, seja na convivência com seu meio cultural, ou ainda, seja na formação escolar, o homem sempre foi influenciado pelo exterior através de estÃmulos na busca constante do desenvolvimento autônomo conforme sua própria lei. Não acaba nunca, ela acrescenta, interioriza, adapta e muda num eterno processo de formação que delineia e emerge do próprio conceito de educação. O despertar da ideologia nasce de uma formação educacional que promove o ser individual para um ser social em busca do crescimento e do fortalecimento de seu grupo ou nação. Todo ideal vitorioso passa por uma polÃtica governamental que modifica os conceitos da economia, modificando as exigências da sociedade e por fim estabelecendo normas ou diretrizes que permitirão o controle e a eficácia estabelecida por estes ideais. A educação não é o único fator de atraso, no que diz respeito ao desenvolvimento do PaÃs. A educação acompanha, dentro das limitações disponibilizadas pelo sistema repressor, as constantes mutações da sociedade, da polÃtica e do meio social, procura adaptar-se e transformar-se dentro das ideologias estatuÃdo pelo sistema e daà instituir o novo orador completo ou o novo polÃtico, ideal para carregar a ideologia dominante ou mudar o velho conceito de desenvolvimento ideológico proferido pelo sistema ideológico do poder vigente. Em fim, não está na educação a causa do avanço ou do atraso do desenvolvimento econômico do paÃs e sim no sistema capitalista de articular suas ideologias em prol ao mercado de produção. Cabe apenas a educação, atender a demanda da social, sendo neutra a posições de classe, articulando o homem a corrigir seus rumos e aprimorar-se enquanto pessoa dentro do ideal preconizado pelo sistema a fim de se adequar ou converter a situação a seu favor, é o que torna possÃvel a "modificabilidade humana" e o que o transforma de vilão para o transformador de opiniões. BIBLIOGRAFIA ANSART, Pierre. Ideologias, conflitos e poder. Rio de Janeiro: Zahar, 1978. BARRETO, Alcyrus Vieira Pinto e HONORATO, Cezar Teixeira: Manual de sobrevivência na selva acadêmica. Rio de Janeiro: Objeto Direto, 1998. COMPARATO, Fábio Konder. Educação, Estado e Poder. Educação e PolÃtica no Brasil. Ed. Brasiliense, 1987. FREITAG, Bárbara. Escola, Estado e Sociedade. 6 ed. São Paulo: Mores, 1986. ROMANELLI, OtaÃza de Oliveira. História da educação no Brasil - 1930/1973. 21 ed. Petrópolis, RJ, Vozes, 1998. SANIANI, Demerval. Educação: do senso comum à consciência filosófica. 8 ed. São Paulo: Autores Associados, 1986. SARUP, Madan. Marxismo e educação. Abordagem fenomenológica e marxista da educação. Trad. DUTRA, Waltensir. Rio de Janeiro: Zahar, 1980.
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