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Edições Anteriores 107 Diversidade e papel da escola
Diversidade e papel da escola PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Ana Maria Leite   
Qua, 09 de Agosto de 2006 21:00

Diversas pesquisas da UNESCO (1) vêm mostrando que além das questões de ordem sócio-econômica, pedagógica ou lingüística, os docentes convivem em seu cotidiano com o agravamento dos conflitos socioculturais na Escola. Estes têm como pano de fundo, por vezes, as dificuldades de seus alunos e do próprio corpo docente em conviver com as diferenças. Principalmente, no instante em que as demandas trazidas pelas organizações de combate ao racismo e à discriminação no país em conjunto com outros segmentos da sociedade civil, argüi o Estado nacional a cerca da garantia de seus direitos.

É neste momento quando a violência simbólica adentra os muros da escola e salas de aula e passam a exigir do professor maior qualificação e atuação capaz de compreender a diversidade e peculiaridades dos diversos sujeitos, suas ambigüidades e convivências sócio-culturais.

Por isso abordar o tema diversidade etno-cultural é, sem dúvida alguma, fornecer aos professores a oportunidade de se pensar enquanto brasileiros e brasileiras em um país marcado por profundas desigualdades sócio-econômicas e que se refletem sob variadas formas, não obstante o mito da democracia racial e o discurso oficial centrado sobre a "igualdade".

Deve-se observar que as últimas décadas, no Brasil, trouxeram para o interior da Escola manifestações e indagações correspondentes às transformações culturais e políticas, processadas tanto no plano nacional quanto internacional. A explicação para isto se deve, dentre outras, à reforma do Capitalismo, a reforma do estado nacional e a conseqüente desregulamentação de leis visando a racionalização da economia dos estados nacionais (Globalização), minimização do tempo-espaço em função das novas tecnologias e dos meios de comunicação de massa e, principalmente, as releituras trazidas pela Antropologia, Psicologia Social, Genética, Sociologia, Semiologia, dentre outras disciplinas, cuja polarização com o Estruturalismo que norteou grande parte da Modernidade, tem resultado nas indagações contemporâneas classificadas em seu conjunto como "Alta-Modernidade" (Anthony Guiden, 1996) ou "Pós-Modernidade" (Hall, 2000).

Também inseridas na pauta da escola na atualidade, podemos citar o descentramento do patriarcalismo com a assunção do feminismo (Gênero), o deslocamento do sujeito histórico (branco europeu), em favor do branco (anglo-americano) e outras questões que permeiam as relações inter-étnicas no mundo e que são assimiladas no cotidiano escolar brasileiro, porém, sendo pouco visível uma vez que é naturalizado o escopo eurocêntrico em relação em prejuízo da pluralidade étnico-racial e multicultural do país.

A verdade é que uma sala de aula reúne alunos com diferentes origens étnicas, classes, crenças etc. e que o mesmo ocorre com relação ao perfil do corpo docente. Assim sendo, concluirmos que cada vez mais se torna fundamental para o professor e a professora disporem de informações, conhecimentos e metodologias capazes de mediar a relação professor/aluno/comunidade extra-escolar/ planeta.

É importante sinalizar que para o professor/a essa interconexão é fundamental para a sua prática, pois, a mesma está interligada com as causas e conseqüências que recaem no âmbito da escola e que têm repercussões diretas no pensar, fazer e na própria vida do docente e dos alunos e alunas.

Enfim, as manifestações de discriminação e preconceito nas escolas conformam um quadro que não deve ser isolado de um panorama mais amplo.

Finalizando, a formação docente requer a ampliação do currículo para além do contexto hegemônico no momento em que se agravam os problemas sociais e a violência se faz presente no interior da escola em sincronia com as diferentes vozes que se auto-enunciam pleiteando o seu lugar social.

Bibliografia BHABHA, Homi. O Lugar da Cultura. Belo Horizonte: UFMG. 1998
BAHIA, Juarez. Jornal, História e Técnica: história da Imprensa Brasileira. São Paulo: Ática. 1990
BAHIA, Juarez. Jornal, História e Técnica do Jornalismo. São Paulo: Ática. 1990
Candau,Vera Maria; Lucinda, Maria da Consolação; Nascimento, Maria das Graças. Escola e Violência. Rio de Janeiro: DP&A,1999.
DEBARBIEUX, Eric (Coord). La Violence à L'école: approches européenes. Revue Française de pedagogie, nº 123- avril, mai-juin,1998.
MARTÍN BARBERO, Jesus. Dos meios às mediações. Comunicação, cultura e hegemonia. Rio de Janeiro. 2003.
GUIBERNAU, Montserrat. Nacionalismos: O estado nacional e o nacionalismo no século XX. Rio de Janeiro: Zahar. 1997.
HALL, Stuart. A Identidade Cultural na Pós-Modernidade. Rio de Janeiro: DP & A editora. 2000.
LESSER, Jeffrey. A negociação da identidade nacional: Imigrantes, minorias e a luta pela etnicidade no Brasil. São Paulo: UNESP. 2001.

Notas: (1) ABRAMOVAY, Mirian; RUA, Maria das Graças. Violência nas Escolas.Brasília;UNESCO; Coordenação DST/AIDS do Ministério da Saúde; Secretaria de Estado dos Direitos Humanos do Ministério da Justiça; CNPq; Instituto Ayrton Senna; UNAIDS; bando Mundial: USAI D; Fundação Ford; CONSED;UNDIME,2002. _______________ Drogas nas Escolas ; UNESCO,2002 Gangues, Galeras, chegados e rappers: juventude, violência e cidadania nas cidades da periferia.Rio de Janeiro: Garamond,1999

 

Autor deste artigo: Ana Maria Leite - participante desde Qui, 13 de Julho de 2006.

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