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Edições Anteriores 108 Invisibilidade social
Invisibilidade social PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Robspierre Miconi Costa   
Qua, 16 de Agosto de 2006 21:00

Lembro-me de há algum tempo atrás ter lido um texto acerca de um fenômeno social moderno, o qual confesso me entristeceu, qual seja, o da "invisibilidade social". Nele o autor chamava nossa atenção para o fato de que nos dias atuais onde mais do que nunca o indivíduo "vale o quanto pesa", pessoas mais humildes, com pouca instrução e desempenhando funções menos qualificadas, são praticamente ignoradas nas grandes corporações e mesmo em nosso dia-a-dia.

Prosseguia o autor dizendo que estes indivíduos estavam sendo cada vez menos notados em seus ambientes profissional e social, concluindo que era como se eles estivessem ficando invisíveis. Mesmo enaltecidos em algumas raras ocasiões como em seus aniversários ou nos natais, como exemplos de pessoas simples e honestas, brasileiros honrados que não se deixam abater ou contaminar, apesar do mar de lama atravessado pelo País, na verdade eles vêm sendo desamparados de tal forma que por diversas vezes se perguntam: será que eu realmente faço parte desta tal "sociedade".

Marginalizados, e formando um contingente cada vez maior, eles começaram a se organizar buscando apoio em seus pares, formando no mais das vezes associações ou organizações com boas finalidades, porém, neste contexto surgiu também o PCC, o qual segundo o Sr. Marco Camacho o Marcola, reputado como um de seus fundadores, em depoimento prestado perante a Comissão Especial de Combate à Violência no Senado Federal em 2001, declarou que esta organização surgiu desta busca dos detentos pelo reconhecimento de sua condição de Cidadãos, ele mesmo narrou uma trajetória difícil de órfão aos 9 anos de idade e que a partir dos 10 passou a morar nas ruas de São Paulo, aqueles "pivetes" ou "trombadinhas" a quem ninguém dá muita importância, mais tarde, acabou preso e nosso sistema penitenciário falido tratou do resto.

E aí começa o problema, pois descobrimos que aquele pobre coitado que passa por todo o tipo de privações sem o devido respaldo do Estado, normalmente calado em seu canto, e que vez por outra se organizam e formam uma ONG ou coisa parecida, nos comovendo e aliviando o peso da culpa que paira sobre os ombros da Sociedade, pode-se também converter em um assassino sem individualidade, o qual onipotente e onipresente não se pode ver ou conter, uma figura sem rosto que age ao mesmo tempo em diversos locais diferentes, executando agentes do Estado, atacando instalações públicas e privadas, e agora seqüestrando repórteres para que a Sociedade ouça sua voz.

A situação é grave e pode se generalizar, em São Paulo há relatos de que durante a primeira onda de atentados, na manhã dos primeiros ataques, alguns policiais adentraram em uma padaria buscando tomar um café talvez para esquentar o peito amargurado pelas notícias das mortes de diversos companheiros, quiçá para espantar o sono de quem passou a noite em frenética vigília na busca por um inimigo que se desconhece e não tem medo de matar, nem tão pouco de morrer, e em poucos minutos o estabelecimento se esvaziou, porém, o que chamou a atenção de um dos policiais para o fato foram as mãos trêmulas do único balconista que sobrou para atendê-los, em uma padaria que há poucos minutos estava apinhada.

Como resolver tamanho problema? São mais de cinco séculos de injustiças sociais e pouco mais de 18 anos de restabelecimento do Regime Democrático em nosso País, o qual vem a todo o momento sendo solapado por escândalos e uma corrupção medonha que parecem não ter fim. O atual Estado Democrático de Direito ainda dá seus primeiros passos, porém, alguns rumores preocupantes vêm tomando forma: pensam já em convocar uma nova Constituinte de maneira açodada, sinalizando que este novel Estado talvez não atinja sua maioridade.

Nossas Leis de maneira geral são boas, nossa Constituição é maravilhosa, o que falta é aplicá-las efetivamente, regulamentar muita coisa séria e urgente, as quais por uma gama de fatores, alguns pouco nobres e que não valem a pena serem comentados neste momento, não deixam que a Justiça se faça, ou seja, falta aplicar a Lei com rigor e isenção em desfavor de quem quer que cometa um delito, independentemente da cor de sua pele, condição social ou econômica, pois enquanto a Lei for para poucos, o prejuízo será de todos!

Estes brasileiros, seres humanos como nós são, ou ficaram em algum momento realmente invisíveis? Ou será que o Estado é míope ou relapso? De qualquer maneira cabe a todos nós neste momento tenebroso fazer o que for possível para melhorar, senão ao menos minorar os efeitos perversos desta negligência, que de uma forma ou outra a Sociedade assistiu passivamente durante anos, sob pena de ver o "Brasil País do Futuro" se tornar um País sem Futuro algum.

 

Autor deste artigo: Robspierre Miconi Costa - participante desde Dom, 23 de Abril de 2006.

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