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Escrito por Robspierre Miconi Costa   
Qua, 22 de Novembro de 2006 21:00

No mundo da música diz-se daquele que possui grande talento, que domina em alto grau a técnica de um instrumento, posteriormente, o termo foi estendido para as demais formas de arte, denotando excelência, distinção e principalmente a existência de um talento raro.

No final de semana passado ao assistir uma das palestras oferecidas no Fórum Municipal de Cultura de minha cidade, ouvi o palestrante alertar aos presentes que no mundo competitivo de hoje o artista não é exceção e, portanto, deve primar constantemente por seu aprimoramento pessoal e profissional, sob pena de ficar obsoleto.

É por todos sabido que o artista nasce, porém, de uma forma bem humorada o orador disse que o artista tem dois caminhos para o sucesso: ou "corre atrás", se aperfeiçoa e agrega valor a seu talento e técnica, ou, ele pensando que é um virtuose, senta e espera as coisas acontecerem, a segunda hipótese logicamente é equivocada, pois não é reflete a realidade do virtuose, ademais, é rara e ocorre com uma a cada um milhão de pessoas, talvez mais...

Ovirtuose, aliás, acontece precocemente, necessitando de poucos estímulos e quase nenhuma iniciação, realiza em pouco tempo os feitos de grandes mestres naquela arte para a qual já nasceu pronto. Intuitivo possui grande sensibilidade e dedica sua vida inteira para sua arte com a qual se confunde, seu trabalho é dotado de grande sentimento e qualidade interpretativa, distinguindo com a marca da genialidade tudo o que faz.

Para o homem comum, ao contrário, a vida é composta de inúmeras batalhas e parcas vitórias. Ainda pequeno, inicia seus estudos inaugurando uma busca que pode durar o resto de sua existência, a busca por algo com o que ele se identifique e possa obter algum destaque e se realizar pessoal e profissionalmente, porém, é sempre assaltado pela dúvida de que se é aquilo mesmo que ele deseja fazer para o resto de sua vida, não sendo raras as mudanças radicais de opção profissional e estilo de vida.

Neste momento percebi a razão daquela esperança que invade constantemente nosso peito quando concluímos com êxito uma obra, ela é a expectativa, o sonho de termos realizado uma obra prima, algo que irá nos distinguir, transformando-nos em virtuoses, fazendo-nos finalmente alcançar o sucesso e a glória perseguidas a vida inteira.

Infelizmente, não é assim que acontece, todos são virtuose em potencial quando pequenos, promessas latentes, na infância somos todo conquista, beleza e glória, o amor dos pais, as infindáveis vitórias, o universo conspirando em uníssono a nosso favor... ah! São tantas coisas boas, todos são e estão conosco... porém, iniciada a adolescência o ritmo de nossas conquistas vai caindo vertiginosamente, até que na fase adulta elas parecem impossíveis.

Se o sol nasce para todos, a sombra é para poucos, a realidade é esta, pode parecer dura, mas é só a realidade, para nós reles mortais a vida é assim mesmo, muito esforço, muita dedicação e de tempos em tempos, ou ao menos uma vez na vida realizamos algo que nos dignifica deixando vislumbrar ainda que de forma fugaz o gosto maravilhoso do triunfo, do reconhecimento e da glória.

Mas basta ver a biografia dos grandes gênios da humanidade e ver que tudo não foram flores na vida deles, muita turbulência e rompimento com o tradicional são os traços mais comuns, daí no mínimo a dor de ser diferente (aquela que todos sentimos ao menos uma vez na vida quando adolescentes), no mais cada qual possuía suas agruras particulares e como característica mais marcante a vida integralmente dedicada a seu trabalho, a sua arte, sem a menor dúvida do primeiro ao último dia.

Ao virtuosi fica a certeza de que a morte não faz passado àquele eternamente perpetuado por sua obra, a nós mortais fica a esperança de que a cada nova geração, cada filho, cada neto, cada bisneto, cada aluno nosso possa enfim concretizar a promessa que um dia fomos, ou seja, de um jeito ou de outro todos seremos habitantes da mansão do amanhã, senão diretamente, ao menos representados.

 

Autor deste artigo: Robspierre Miconi Costa - participante desde Dom, 23 de Abril de 2006.

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