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Avaliação da aprendizagem: realidade e perspectivas |
Escrito por Ademir Basso |
Seg, 02 de Julho de 2007 21:00 |
Avaliação da aprendizagem: realidade e perspectivas Ademir Basso e Nelson Hein O PrincÃpio da Inércia e a Avaliação O PrincÃpio fÃsico da Inércia diz que qualquer corpo permanece em seu estado de repouso ou de movimento retilÃneo uniforme, a menos que seja obrigado a modificar tal estado por forças aplicadas a ele. Em outras palavras, se um corpo está em repouso, sua tendência é continuar em repouso, por outro lado, se um corpo está em movimento, sua tendência é continuar em movimento. Tendo em vista a constatação da inércia [1], quase que geral, instalada no processo avaliativo da escola, o presente artigo tem a intenção de mostrar, além da definição e objetivos, alguns instrumentos, velhos e novos, que estão sendo aplicados e que poderão contribuir para recolher informações a respeito do aprendizado dos alunos e do trabalho do professor em sala de aula. Avaliar é estabelecer uma comparação entre o desejado e o realizado, é comparar o que se propõe nos objetivos com o que se é capaz de realizar. Além dos objetivos é necessário ter sempre em mente a melhora da qualidade do ensino, por isso, é preciso avaliar não somente o produto da aprendizagem, mas também o processo como um todo, ou seja, avaliar no inÃcio de um bloco, um módulo ou ano letivo, avaliar durante o processo e avaliar ao final de um módulo, portanto, avaliar em todos os momentos. A avaliação é uma espécie de "mecanismo" regulador, que mantém uma ligação direta com a sociedade. Além de regular o trabalho em sala de aula, ela é ou deveria ser um "mecanismo" auxiliador no processo de ensino, uma parte dele e não um "juÃzo final" como é vista por muitos alunos em muitas escolas, tanto que em dias de provas, ocorrem faltas, dores de estômago, dores de cabeça, ansiedade, os famosos "brancos" e muitos outros fatos que mostram que a avaliação é tida como um grande obstáculo para muitos alunos. Em recente pesquisa bibliográfica (BASSO e HEIN, 2003), pôde-se observar que a avaliação de modo geral, está estagnada no tempo, ou seja, hoje se avalia a aprendizagem do aluno como se avaliava há décadas, não mudou praticamente nada (inerte). Nesse sentido, PERRENOUD (1999) e CUADRA (2000), dizem que nada se transforma de um dia para o outro no mundo escolar, que a inércia é muito forte, nas estruturas, nos textos e sobretudo nas mentes, para que uma nova idéia possa se impor rapidamente. Além do mais ocorre, freqüentemente, que tentativas de reforma e inovação no ensino tenham pouca ou nenhuma incidência sobre a avaliação, mostrando aà a inércia presente no contexto avaliativo. Portanto, a avaliação da aprendizagem como está colocada na escola, mostra a diferença que um aluno tem em relação a outro no que diz respeito à assimilação de conteúdos, parece que a avaliação não faz outra coisa senão mostrar, certamente com uma margem de erro, desigualdades reais de domÃnio dos programas, assim como um termômetro mede aproximadamente variações bem reais de temperatura. Uma avaliação "forjada" sobre este alicerce não ajuda muito o aluno a aprender, ajuda-o sim, a memorizar os conteúdos para os momentos de avaliação e pouco tempo depois esquecê-los. Dessa forma percebe-se que o sistema avaliativo na escola não tem sofrido mudanças significativas no decorrer do tempo, em outras palavras, o processo avaliativo está em inércia. Essa maneira de avaliar, muitas vezes, deixa o professor e o aluno no mesmo estado inercial, o que significa dizer que o professor permanece em inércia quando avalia e possivelmente quando ensina, e o aluno acostumado com esta maneira de ensino e avaliação, também se mantém em inércia, pois é mais cômodo e mais fácil prosseguir no curso. Algumas alternativas para avaliar Os instrumentos de avaliação são aqueles documentos utilizados pelos professores para a observação sistemática do processo de aprendizagem dos alunos, ou seja, são as maneiras de se ter informações para avaliar e para, se preciso for, promover alterações na maneira de ensinar. Avaliar o aluno não é uma tarefa fácil, pois há muito que avaliar e além do mais são inúmeras as possibilidades que se tem para diagnosticar como o aluno está aprendendo ou como está o trabalho do professor em sala. A maneira ou instrumento mais utilizado, no passado e ainda hoje, é a prova escrita, também chamada de avaliação tradicional. Há várias maneiras de fazer provas escritas, podem ser com: perguntas abertas, com respostas breves, de seleção múltipla, de verdadeiro-falso, de relacionar frases de uma coluna com frases de outra coluna e outras variações. Há também uma maneira de ensinar e avaliar que usa mapas conceituais. Eles requerem sucessivos passos para sua elaboração, os quais implicam em identificar os conceitos, ordená-los começando pelo mais geral até o mais especÃfico, enlaçar, dar exemplos e outros, podem ser construÃdos individualmente ou em pequenos grupos de alunos. Nesse processo, os aspectos que são avaliados são a hierarquia e a interação que o aluno faz com os saberes. Tem-se também a avaliação por portfolios, uma espécie de pasta onde o aluno põe seus relatórios, testes, trabalhos de casa, reflexões, apontamentos, pesquisas, ou seja, toda forma de trabalho efetuado em sala ou fora dela. Busca demonstrar por meio da melhora progressiva, do que são capazes de fazer em uma área ou conteúdo especÃfico. Este instrumento pretende fazer com que o aluno participe mais ativamente de seu processo de avaliação, que reflita sobre a avaliação de seu próprio trabalho e que oriente sua aprendizagem em função disso. Há também as pesquisas, sejam bibliográficas, da Internet ou outras, com posterior apresentação oral, os seminários, onde o aluno expõe o que aprendeu em debate com seus colegas e com o professor. Além destas maneiras de avaliar, pode-se recorrer à s observações em sala de aula, observando enquanto o aluno trabalha, sua integração com seus colegas, suas intervenções em sala, seus acertos, seus erros, suas tentativas, enfim, avaliar o processo do aprender enquanto ocorre, não somente o resultado final. Considerações Os métodos de avaliar devem ser coerentes com a maneira de ensinar. É importante ter presente que o grau de percepção e o tipo de inteligência em uma sala pode ser muito diverso, isso quer dizer que se utilizar somente um tipo de avaliação, determinados estudantes fracassarão sempre. Isso não significa que se deve "abandonar" a avaliação "tradicional", deve-se sim, melhorá-la e usar, além dela, outras formas para auxiliar na coleta de dados sobre o andamento do processo de ensino-aprendizagem, para com isso abranger mais alunos, ou seja, abranger as mais diversas formas de aprender. Dessa forma, para superar este "estado" inercial, é preciso que a escola, aqui compreendida em sua totalidade, queira implementar o seu fazer avaliativo, procurando trabalhar em conjunto, professor e aluno valorizando o que este último traz consigo de conhecimento empÃrico do assunto a ser tratado. Portanto, seja qual for o instrumento ou maneira de avaliar, ele deve apoiar a aprendizagem dos conceitos importantes e além do mais, ministrar informação útil tanto aos professores como para os estudantes. Deve-se usar uma diversidade de métodos de avaliação para valorizar os estudantes individualmente. Todos os aspectos do conhecimento e suas relações devem ser valorizados e utilizados para ajudar ao professor a planejar atividades de ensino e aprendizagem. Por isso, deve-se lembrar que pode-se avaliar, em cada momento e de várias maneiras, o processo de ensino e aprendizagem, em outras palavras, deve-se perceber que se ensina avaliando e se avalia ensinando. [1] PrincÃpio da Inércia: "Qualquer corpo permanece em seu estado de repouso ou de movimento retilÃneo uniforme, a menos que seja obrigado a modificar tal estado por forças aplicadas a ele" (HALLIDAY e RESNICK, 1984). Sobre Ademir Basso Formação: Graduado em Ciências/Matemática e Especialista em Ensino da Matemática (CEFET-PR), Mestre em Educação (FACIPAL-PR) e Doutorando em Educação Matemática (Universidade de Salamanca - Espanha). Histórico: Professor de Matemática e FÃsica do Ensino Médio. Sobre Nelson Hein Formação: Graduado em Matemática (FURB-SC), Mestre e Doutor em Engenharia de produção (UFSC-SC) e Pós-Doutor em Matemática Aplicada (IMPA-RJ). Histórico: Professor de Matemática de Ensino superior e de Pós-Graduação. Referências bibliográficas BASSO, A. & HEIN, N. Vencendo a Inércia na Escola. Palmas - PR: Kaygangue, 2003. CUADRA, F. G.; RICO ROMERO, L. y CANO, A. F. Pensamiento sobre evaluación en profesores de matemáticas de secundaria. Revista de Educación de la Universidad de Granada, Nº 13, 2000. HALLIDAY, D.; RESNICK, R. FÃsica 1. 4. Ed. Rio de Janeiro: LTD, 1984. PERRENOUD, P. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens: entre duas lógicas. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. |
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