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Ensino de Qualidade ou Qualidade de Ensino PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Samuel José Casarin   
Qua, 08 de Agosto de 2007 21:00
Ensino de Qualidade ou Qualidade de Ensino

O que é ensino de qualidade ou qualidade de ensino? Muitas instituições de ensino superior (IES) alardeiam em suas campanhas publicitárias que oferecem ensino de qualidade, o que, por sua vez, garantiria aos alunos egressos colocação no mercado de trabalho.

Ficar quatro aulas por dia, sentado, assistindo a aulas teórico-expositivas não é, com certeza, uma prática que garanta qualidade de ensino ao aluno. Por outro lado, "flexibilizar" o ensino/aprendizagem, dando maior autonomia ao aluno para que o mesmo busque uma melhor formação também não é a melhor alternativa. É abandonar o aluno que ingressa no curso, já com imensa deficiência trazida dos ensinos fundamental e médio, a própria sorte. Qual seria então o equilíbrio?

Howard Gardner, psicólogo americano, professor da Universidade de Harvard, em entrevista recente a revista Veja atesta que temos escolas atrasadas educando as crianças para o século passado. Junte-se a isso o fato de que o Brasil, dada a falta de recursos (ou pior, a péssima aplicação dos mesmos), há falta de estímulos. À custa de esforço, é possível alcançar bons resultados no aprimoramento da inteligência. Ainda segundo os estudos de Gardner: "é impossível tornar-se genial numa área para a qual não se tem talento natural".

Isso tem um enorme reflexo no ensino superior aqui no Brasil.
O atraso tecnológico que o país vive hoje se deve muito a essa lógica perversa. De acordo com os dados do Censo da Educação Superior , em 2005 foram oferecidas 419.689 vagas para cursos de Administração e 125.743 vagas para cursos de Engenharia, para, respectivamente, 644.798 e 329.795 candidatos inscritos.

Sabe-se que nas engenharias os cursos diferenciam-se em muitas subáreas (antigas habilitações), o contribui para a diluição do número de candidatos inscritos por vagas.

Considerando que ainda prevalece no Brasil a antiga cultura de se valorizar o diploma de curso superior, entre aquelas pessoas oriundas de classes/famílias menos favorecidas, será que esses inscritos para as 419.689 vagas em cursos de Administração possuem talento natural para serem Administradores? Com certeza não. Isso também se aplica aos candidatos às vagas dos cursos de Engenharia.

Mas o que isso tem a ver com ensino de qualidade ou qualidade de ensino?
Se nos basearmos na entrevista de Gardner, essa comparação tem tudo a ver. Primeiramente porque estamos formando profissionais que, por almejarem muito mais um diploma (status) do que uma boa formação acadêmico/profissional, não tem talento nenhum para aquela área profissional que estudaram. Isso vale não só para Administração e Engenharia, como vale também, e muito, para Direito, Medicina, Pedagogia, Arquitetura, Enfermagem etc.

Gardner faz ainda uma comparação interessante: "se você nasce sem grande potencial nas áreas de pensamento espacial e do raciocínio lógico, pode treinar 365 dias por ano, ao longo de uma década, para, enfim, se tornar um bom jogador de futebol. Mas jamais será um Pelé".

que se pode concluir, a priori, é que se o ensino de qualidade existe (onde?) ele fica mascarado e comprometido pela qualidade do aluno, que além de ter péssima formação no ensino fundamental e médio (possivelmente porque, entre outros fatores, estamos também formando péssimos pedagogos e professores que não sabem ensinar) não tem vocação para a profissão que o curso que ele escolheu formará.

Ou seja, o aluno escolheu o curso X por conveniência devido a sobra de vagas (fica fácil de passar no processo seletivo) e não por aptidão àquele curso/profissão.

Por outro lado, há um infeliz oportunismo de muitas IES que, sabendo da deficiência dos alunos ingressantes, pouco faz para oferecer um ensino de qualidade. São fábricas de diplomas e formadoras de péssimos profissionais: não oferecem infra-estrutura adequada (laboratórios, salas de aulas, biblioteca - principalmente) e seu quadro de docentes é pouco comprometido com a IES e com os alunos.
Difícil nesse quadro conseguir qualidade.

Revista Veja, Editora Abril, edição 2018, ano 4, n.29, 25 de julho de 2007.
Informativo do INEP, ano 5, n.159, maio de 2007 (www.inep.gov.br/informativo/2007/ed_159.htm)


Samuel José Casarin

 

Autor deste artigo: Samuel José Casarin - participante desde Qui, 16 de Junho de 2005.

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