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Monografias e Trabalhos Expansão e Interiorização da Educação Superior
Expansão e Interiorização da Educação Superior PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Regina Macedo Boaventura Bese   
Qua, 03 de Outubro de 2007 21:00

Regina Macedo Boaventura Bese


Resumo: O presente estudo, por meio de um apanhado teórico e da análise de dados coletados, procura descrever a significativa expansão e interiorização do Ensino Superior no país. Dessa maneira, pretende-se avaliar tal expansão baseada em aspectos referentes à História da Educação Brasileira que esteve centrada na análise de episódios ocorridos nos grandes centros urbanos.


Palavras - chaves: Educação superior nacional / regional. Triângulo Mineiro. Alto Paranaíba. Expansão da Educação Superior.


1 - Considerações iniciais

O presente artigo tem como objetivo de estudo a expansão e a interiorização da Educação Superior no Brasil, no período de 1950 a 1970, como fórmula encontrada pelo Regime Autoritário para despolitizar o espaço acadêmico, através de um projeto de educação que desse sustentação ideológica ao autoritarismo vigente e as estratégias deste Regime em desmantelar os pólos universitários de produção científica e de resistência. A estratégia era criar faculdades isoladas pelo interior do país
Retrataremos então, aspectos históricos da Educação Superior nos municípios de Araguari, Araxá, Patos de Minas, Patrocínio, Ituiutaba, Uberaba e Uberlândia, para subsidiar o entendimento do processo histórico-educacional que se deu a gênese de várias faculdades na região do Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro, inaugurando a interiorização da Educação Superior na região.
Nesse sentido, este artigo propõe uma incursão nos contextos nacional, regional e local, levando-se em consideração seus aspectos políticos, econômicos e educacionais, pois, em se tratando de uma pesquisa destinada ao exame de uma Instituição de Ensino Superior, deve-se compreendê-la, não de forma isolada, mas inserida no meio sócio-econômico-político-cultural, implicando-a no quadro de evolução de uma comunidade e ou região.


2 - A Educação Superior no Contexto Nacional


O nascimento do ensino superior no Brasil tem muito que ver com Napoleão Bonaparte. Não houvesse ele decretado o bloqueio continental da Europa, o que impedia o acesso às universidades de Coimbra, Bolonha, Paris ou Mont-Pellier dos jovens fidalgos brasileiros, e nem tivesse ele ordenado a invasão de Portugal pelas tropas de Junot, o Colégio Médico-Cirúrgico da Bahia não teria vindo à luz em 18 de fevereiro de 1808.
Assim sendo, o ensino superior no Brasil nasce elitista, apenas para atender os filhos da aristocracia colonial, que não mais tinham acesso em 1808 às academias européias, sendo forçados a cursar estudos superiores aqui mesmo, no Brasil.


Em vez de universidades criou cátedras isoladas de ensino superior para a formação de profissionais, conforme o figurino do país inimigo naquela conjuntura: de Medicina, na Bahia e no Rio de Janeiro, em 1808; de Engenharia, embutidas na Academia Militar, no Rio de Janeiro, dois anos depois. (CUNHA, 2000, p.154)


A natureza pouco universitária desses estudos utilitários (engenharia militar e medicina aplicada) e profissionalizantes, feitos em faculdades divorciadas organizacionalmente entre si, iria marcar fundo o sistema de ensino superior no Brasil.
No século 19, a partir da proclamação da Independência, o Brasil vai assistir ao alargamento da incipiente rede de escolas superiores, sempre no modelo de unidades desconexas entre si e de preferência voltadas para a formação profissional.
Não foram poucas as tentativas de alguns estadistas do Império para instituir a universidade no Brasil. Arnaldo Niskier, na sua obra Educação Brasileira (500 Anos de História), editada em 1989 pela Melhoramentos, arrola nada menos que cinco projetos aparecidos nesse período: o de 1843, criando a Universidade Pedro II; o de Visconde de Goiânia, em 1847; o de Paulino José Soares de Souza, em 1870; o de Homem de Melo, em 1881; o de Antônio Joaquim Ribas, em 1883. Todos frustrados. Na última fala do trono de 1889, o velo Imperador Pedro II ressalta seu interesse em dar ao Brasil uma universidade.
O total de alunos dos cursos superiores de Direito e Medicina, no ano de 1855, alcançava a cifra de 1076, sendo 584 em Direito e o restante em Medicina. A faculdade mais populosa era a de Direito em Recife, com 320 alunos matriculados. (SOUZA, 2001, p.11)
A proclamação da República em 1889 pouca alteração trouxe ao panorama do ensino superior brasileiro. A mudança político-institucional foi fortemente influenciada pela filosofia positivista.
E o positivismo renegava a universidade, para concentrar esforços na educação popular como um meio de difundir as noções científicas capazes de curar o povo de suas superstições religiosas. (SOUZA, 2001, p.11)
No fim do século 19, coube ao Estado de São Paulo sair à frente e dotar o sistema de ensino de novos centros de grau universitário. À exceção do Mackenzie, seriam todas reunidas, anos mais tarde, na futura Universidade de São Paulo (USP).
O século 20 assistiu, ainda em São Paulo, ao nascimento da Faculdade São Bento (1908), particular, e da Faculdade de Medicina (1913), estadual.
Fora de São Paulo, há notícias de algumas iniciativas importantes no campo do ensino superior. Em 1909, inaugurou-se em Manaus, em plena explosão do ciclo da borracha na Amazônia, uma universidade, quiçá a primeira da história do Brasil. Esta durou apenas 17 anos, encerrando suas atividades em 1926, juntamente com o fim da prosperidade apresentado pelo extrativismo.
No Paraná, surgiria uma universidade em 1912, sendo que em 1915 desapareceria sem lançar raízes.
Em 1920, no Rio de Janeiro, criaria-se a primeira universidade brasileira, que efetivamente se consolidaria.


Reunindo dois cursos privados de pouca expressão, a Faculdade Livre de Direito e a Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais, e mais a Escola Politécnica e a Faculdade de Medicina, ambas governamentais, essa universidade veio à luz pelo Decreto nº 14.434, de 7 de setembro de 1920, sendo Presidente da República o Dr. Epitácio Pessoa. (SOUZA, 2001, p. 12)

Silveira (1984, p. 64) afirma ter esta apenas o nome de universidade; porque a estrutura e o conceito tradicional do ensino superior no Brasil não foram alterados; dava-se apenas o rótulo de universidade a um conjunto de instituições de ensino profissional, autônomas, totalmente destituídas do verdadeiro espírito universitário.


Continuava o problema: a universidade não era ainda aspiração consciente e necessidade real da sociedade brasileira; esse fato se refletia na pobreza de sua concepção. E assim terminou o primeiro período da República. (SILVEIRA, 1984, p.65)


Fávero (1977, p. 37) afirma que ao iniciar a segunda República, o Brasil se encontra num momento crítico, no que se refere ao ensino superior, apesar de terem sido criadas mais de vinte escolas desse nível até o final da década de vinte. É um momento de transição da "era da escola superior" para a "era da instituição universitária".
Os anos 30 no Brasil é palco de mudanças históricas como a fundação do Partido Comunista, a revolta do Forte de Copacabana, a Semana da Arte Moderna, a publicação de Os Sertões, de Euclides da Cunha, o centenário dos Cursos Jurídicos, a fundação do Organon e da ABE, as Conferências Nacionais de Educação, a introdução do movimento da Escola Nova.
Durante a Era Vargas (governo revolucionário - 1930 - 1934); governo constitucional - 1934 - 1937 e governo ditatorial - 1937 - 1945) foram construídos os alicerces básicos do Brasil atual. Trata-se de um período complexo, contraditório e de intensos conflitos ideológicos entre correntes políticas de esquerda e de direita.
Inicialmente, uma das primeiras atitudes do governo Vargas, no campo educacional, foi à criação, em 1930, do Ministério de Educação e Saúde Pública que se propunha a assumir, coordenar e reformar o ensino brasileiro. Uma das primeiras ações desse Ministério foi a organização do Estatuto da Universidade Brasileira que, entre outras diretrizes, estabelecia para a sua criação a quantia mínima de três institutos, dentre os quais, Direito, Medicina e Engenharia ou, no lugar de um deles, a Faculdade de Educação, Ciências e Letras.
No entanto, mesmo enfrentando uma série de problemas, principalmente ideológicos e mesmo sob o impacto do populismo, o ensino superior passa por um intenso surto de expansão com o aumento substancial tanto das universidades quanto das instituições isoladas. Essa expansão foi motivada por muitos fatores, inicialmente pelo processo de agregação de escolas profissionalizantes; em seguida, pelo processo de federalização de faculdades estaduais ou particulares; a ascensão social das camadas médias e pela própria ampliação do ensino médio público; e finalmente o alargamento do ingresso à universidade, decorrente do processo de equivalência dos cursos técnicos ao curso secundário


O início dos anos 30 é marcado por uma conscientização maior dos problemas educacionais. A concepção de que a reforma da sociedade se daria pela reforma da educação e do ensino, assim como pelo espírito de 'criação' e de reprodução/modernização das 'elites', herdados da década anterior, adquiriram mais força e ampliaram suas perspectivas. Tais projetos de reconstrução da sociedade, às vezes se desdobraram em conflito de uns com os outros até serem silenciados com o Estado Novo. (FAVERO, 2000, p.39)


Em 11 de abril de 1931, é sancionado o projeto de Reforma do Ensino Superior, mais conhecido na época pelo nome de seu idealizador Francisco Campos, que inicia sua Exposição de Motivos, dizendo que:


O Projeto em que ( a reforma) se consubstancia foi objeto de larga meditação, de demorado exame e de amplos e vivos debates, em que foram ouvidas as autoridades em matéria de ensino, individuais e coletivas, assim como, no seu período de organização, auscultadas todas as correntes e expressões de pensamento, desde as mais radicais às mais conservadoras. (CAMPOS, 191, p. 3)


O caráter de Universidade propriamente dita estava centrado na Faculdade de Educação, Ciências e Letras que era responsável pela formação de professores para os ensinos secundário e normal e pelo desenvolvimento da cultura desinteressada ou a preparação básica para as diversas especializações. (FAVERO, p.42)
A constituição de 1934, sob a influência do amplo debate entre os pioneiros da Educação Nova e a corrente católica, deu à temática educacional um relevante destaque no conjunto das matérias reguladas pelo texto constitucional. A respectiva Constituição determinou que se organizassem, em nível Estadual, Conselhos de Educação com funcionalidade similares às do Conselho Nacional de Educação.
É fundada em 1935, por Anísio Teixeira, a Universidade do Distrito Federal, que posteriormente se fundiu na Universidade do Brasil.
A Constituição de 1937 foi gerada pelo governo de Getúlio Vargas, sob o comando do Ministro Francisco Campos e outorgada ao Brasil como ordenamento legal do Estado Novo. Foi dada ênfase ao ensino cívico, que se confundia com o culto ao regime e à figura de Vargas. A política educacional assumiu um caráter centralizador, em concordância com o centralismo e com o autoritarismo do Estado.
Na constituição de 1946 a educação torna-se direito de todos, dada no lar e na instituição educativa e deveria consubstanciar-se nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana. É determinado também que o ensino dos diferentes níveis seria realizado pelo poder público, porém sendo permitido a iniciativa privada, desde que respeitada a legislação reguladora.
Um dos marcos da saga universitária brasileira foi à criação da Universidade de Brasília no findar de 1961, que consistia num projeto longamente planejado. Promulgada também em 1961, a LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação demonstra claramente a ambivalência dos grupos do poder. Sancionada em 20 de dezembro do referido ano, a Lei 4.024 que estabelecia as Diretrizes e Bases da Educação Brasileira. A LDB não apresentou grandes inovações no que diz respeito ao ensino superior. Há quem diga que, comparada ao Estatuto das Universidades Brasileira de 1931, guardadas as proporções, representa um retrocesso.
Fávero (1977, p. 53) comenta que não há dúvida que essa lei poderia ter contribuído expressivamente para a reforma universitária brasileira, sobretudo tendo presente as conclusões as recomendações dos Seminários promovidos pelos estudantes , Reunião dos Reitores das Universidades Federais, a discussão em torno dos anteprojetos da própria Lei e o projeto de criação da Universidade de Brasília, promulgado cinco dias antes da LDB.
Em relação ao ensino superior, a LDB apresenta-se mais como enumeração de providências particulares, do que como arcabouço consistente para uma reforma em profundidade. Não estabelece princípios a partir dos quais se pudesse questionar o sistema universitário brasileiro, e fazer as necessárias opções. Mais ainda: além de não inovar, estabeleceu diretrizes para o ensino superior apoiada em "clichês" e normas ultrapassadas. (FAVERO, 1977, p. 53)


Os anos 60 encontraram um Brasil mais sofisticado e mais complexo. Surgiam novas necessidades e novos desafios, quase num moto-contínuo em que progresso e diversificação geravam mais diversidade e desenvolvimento.
No Planalto Central, Brasília atraía uma rede de novas estradas. A integração do território se fazia interligando ao redor da capital todas as regiões do país. Mas, se Brasília era o pólo geográfico que dava sentido à interiorização, São Paulo era o pólo econômico em torno do qual se organizava a nova indústria. Cidades da região metropolitana - Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Guarulhos, Osasco - entraram para o mapa econômico e político do Brasil. Grande número de indústrias veio instalar-se ali, primeiro ao longo da Via Anchieta, depois nas regiões circundantes. Ademais, levas de migrantes do interior e de outros estados começaram a chegar e a transformar irreversivelmente a cara e a história de São Paulo.
Concluído o Plano de Metas, o país tivera um impulso industrial significativo, mas alguns setores emergiam desse cenário com capacidade de produção superior à que o mercado interno era capaz de absorver. A própria estrutura financeira do país, na qual predominavam os bancos comercias de crédito a curto prazo, não estava preparada para atender às demandas de financiamento exigidas pelo setor industrial. Algumas áreas se ressentiam da falta de novos investimentos, e dentre elas sobressaíam a indústria de base e a agricultura. Nas zonas rurais, o aumento da produção foi tímido, e as mudanças, mais lentas.
Os primeiros anos da década de 60 herdaram ainda a conta de tantos investimentos a pagar. Havia desequilíbrio na balança de pagamentos, e crescera significativamente o déficit público.
Em 1961, a posse de Jânio Quadros, o novo presidente da República, não trouxe a estabilidade política necessária para que se resolvessem os graves problemas do país. Jânio, político considerado populista, era uma espécie de corpo estranho no cenário partidário nacional. Sete meses após o início de seu governo, renunciou de modo inesperado. A posse do vice, João Goulart, foi cercada de acordos que procuravam evitar o enfrentamento entre as forças político-econômicas em jogo. Mas as posições políticas se radicalizaram. A ruptura ocorreu em 1964, quando os militares assumiram o poder, através de um golpe militar.
É neste contexto histórico que as forças armadas ocuparam o Estado para servir a aspirações que julgam ser as da nação brasileira.
A universidade brasileira foi submetida a reformulações que abalaram as tradições acadêmicas, ampliando quase que desordenadamente as formas de ingresso a fim de atender a crescente demanda das massas, em particular aos integrantes da denominada classe média, cada vez mais numerosa e ávida por ascensão social.
Dessa maneira, o governo militar concedeu a constituição de escolas privadas, especialmente nas cidades interioranas do Brasil, porém sob a intervenção e regulação direta do Estado, objetivando diluir as manifestações de desagrado da sociedade em relação ao ingresso no ensino superior, bem como para atender ao desenvolvimento econômico do Brasil.
O Governo Militar, sob pressão da classe estudantil, forma, em 02 de julho de 1968, um grupo de trabalho denominado Grupo de Trabalho da Reforma Universitária (GTRU) que tinha como meta encontrar uma saída para a crise do ensino.
De acordo com o Decreto que o instituiu, o GTRU tinha como objetivo " (...) estudar a reforma da universidade brasileira, visando à sua eficiência, modernização, flexibilidade administrativa e formação de recursos humanos de alto nível para o desenvolvimento do País" (Decreto nº 62937/68).
Em 28 de novembro de 1968, o então Presidente da República, Ernesto Geisel, assinou a Lei 5. 540, que viria a reorientar o ensino superior no Brasil, seguindo uma linha tecnicista e em concordância com o interesse do Governo Militar; amenizou os protestos sociais. A reforma de 1968 representa, sem dúvida, considerável avanço na modernização da educação superior brasileira, ressalvados os aspectos autocráticos, frutos do regime então vigente, centralizador e ditatorial.
No período de 1969 a 1971 foram instituídos no Brasil 209 cursos de graduação, em estabelecimentos de educação superior recentes já reconhecidos e em outros que estavam sendo criados por meio desses cursos, os quais envolviam 85 instituições particulares.
Foi inserido neste contexto histórico-social, em que o Brasil vivenciava um forte movimento de política educacional por uma reestruturação da universidade brasileira e pela expansão do ensino superior através da abertura de mais vagas na rede particular e tendo o acolhimento da Lei nº 5.540/68 que facilitou assim que, grupos agissem no sentido de criar escolas superiores, principalmente no interior do país e, especificamente neste trabalho passaremos a tratar desta interiorização da educação superior em algumas cidades do Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro.

3- A Educação Superior no Contexto Estadual


Minas Gerais, do ponto de vista econômico, não conseguiu, no início do século XX, projetar-se no cenário nacional, ficando atrás de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Sua geografia, segundo WIRTH (p.45), não favorece uma unidade econômica natural, estabelecendo um modelo de estagnação e crescimento desarticulado. Continuando, diz ele: A tropicalidade de Minas, juntamente com o terreno variado e as dificuldades de comunicações, condicionaram o desenvolvimento agrícola de uma economia predominantemente agropecuária.
Na década de 30, Minas ainda não havia conseguido industrializar-se. Sua matéria prima era toda enviada para São Paulo e Rio de Janeiro a preços baixos e de volta eram trazidos alimentos processados e bens industriais de alto valor. O estado tornou-se dependente economicamente, provocando um desequilíbrio regional.
Porém, o espírito provinciano dos mineiros faz surgir uma sociedade coerente politicamente, sendo as dificuldades financeiras transcendidas.
Com o maior eleitorado do país, em 1937, sua força repousava na unidade política. Porém, Minas não recebia investimentos na área social, caracterizando-se a população, na sua maioria, muito atrasada (Wirth, p. 271).


Em 1927, foi criada a Universidade Estadual que, em 1949, foi federalizada passando a denominar-se: Universidade Federal de Minas Gerais.
Em 1958, foi criada a partir do Seminário Coração Eucarístico, por Dom Cabral e um pequeno grupo de professores, a Pontifícia Universidade Católica. Segundo seus criadores uma instituição comprometida com os valores cristãos.
Citando Wirth, o autor revela que embora tenha havido um crescimento, ele não foi suficiente para energizar a sociedade, que, apesar de mais complexa, permanecia arraigada na velha ordem social. A cultura regional valorizava as raízes das cidades pequenas, as velhas famílias e o passado da mineração. Contudo, de várias maneiras, uma nova sociedade foi se formando, na mudança para a agricultura e a pecuária.


4 - A Educação Superior no Contexto Regional


A mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba é uma das doze mesorregiões do estado brasileiro de Minas Gerais. É formada pela união de 66 municípios agrupados em sete microrregiões, numa área de 90.542,010 Km2 e com uma população de 2.041.703 habitantes de acordo com dados do IBGE de 2005.
O Triângulo Mineiro é considerado como uma das regiões mais desenvolvidas de Minas Gerais. Com cidades modernas, como Uberlândia, Uberaba, Araguari e Ituiutaba e razoavelmente bem estruturadas, impulsionadas pelas indústrias, pelo agronegócio, café, milho, soja e cana-de-açúcar. O comércio atacadista e as empresas de telecomunicações destacam-se nesta região. No aspecto cultural, tem maiores ligações com os estados de São Paulo e Goiás, e por este motivo tenta emancipar-se de Minas Gerais e tornar-se uma unidade federativa autônoma.
O Alto Paranaíba é uma das regiões mais proeminentes de Minas Gerais, com paisagem predominantemente rural. Vem sofrendo modificações em função da crescente industrialização e exploração de sua grande riqueza mineral. A região é riquíssima em recursos hídricos que propiciam o desenvolvimento das lavouras irrigadas, e a pecuária bastante desenvolvida. Com ótima infra-estrutura em termos de rodovias asfaltadas o que favorece o complexo minero-industrial em Araxá e Patos de Minas e ainda o elevado padrão produtivo tecnológico nas áreas como laticínios, a indústria de carne e o café de alta qualidade, do qual é a principal produtora do país.

5- A Educação Superior no Contexto Local


5.1 - Uberaba


Uberaba está localizada na mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, numa área de 9.360,856 Km2, com uma população de 320.963 habitantes, de acordo com dados do IBGE de 2005.
Com a chegada do Sargento-Mor Antônio Eustáquio da Silva e Oliveira, em 1812, vindo para a região colaborar com o Governo em descobertas e conquistas recebendo os títulos de Comandante Regente dos Sertões da farinha Podre e de Curador dos Índios do Distrito, edificou uma casa de morada á margem direita do Córrego das Lajes e outra construção a dois quilômetros acima, para o retiro de seus animais. Pouco a pouco os habitantes das redondezas transferiram-se para o retiro do Major Eustáquio, iniciando ali o povoado. Com ele vieram também numerosos fazendeiros, agricultores, criadores de gado, comerciantes que, rapidamente transformaram Uberaba em Porto do Sertão.
Em 02 de março de 1820, houve a criação de uma paróquia e em 22 de fevereiro de 1836, o Distrito foi elevado a Vila, criando assim, o Município, com autonomia política e administrativa. Deu-se a instalação da Vila com a Câmara Municipal em 07 de janeiro de 1937. E pela Lei n° 759 de 02 de maio de 1856, a Vila foi elevada a Cidade.
Assim diz Mendonça (1974, p.26)


[...] fundada a povoação e correndo a fama da fertilidade das terras, da exuberância das pastagens para a criação de gado, da suavidade do clima, numerosas famílias vindas de Oliveira, Itapecerica, Formiga, Bagagem e de outros pontos, transportaram-se para Uberaba com todos os seus haveres. E pouco a pouco, Uberaba se foi desenvolvendo.


De acordo com Sebastião José de Oliveira, em sua dissertação de Mestrado A criação e a Consolidação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Santo Tomás de Aquino em Uberaba, Minas Gerais: Uma Experiência Singular da Congregação Dominicana no Brasil (1948-1961) relata a chegada dos trilhos da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, em 20 de março de 1889, com a presença do esposo da Princesa Isabel, o Conde D'Eu. Nesse dia, jovens uberabenses fundaram o Clube Republicano 20 de Março, em repúdio ao governo imperial.
Com a chegada da Companhia Mogiana de Estrada de Ferro, Uberaba atinge o auge do seu progresso. Paralelamente à atividade comercial, a pecuária se intensificou, formando os dois pilares econômicos do município.
No plano educacional, propriamente dito, a primeira escola surge com o povoamento, especialmente depois da instalação da paróquia, em 1820, pois, era tarefa precípua dos padres, segundo as leis da época.
O primeiro estabelecimento de ensino secundário de Uberaba - o Colégio Cuiabá, foi criado em 1854, fechado três anos depois. Em 1877, fundou-se o Liceu Uberabense que se transferiu para a cidade de Franca, São Paulo, em 1880. Em 1881, instalou-se a primeira Escola Normal. Em 1889 é instalado o Colégio Uberabense. Em 1899, a professora Salvina barra Pontes fundou o Colégio Santa Filomena, destinado ao ensino primário para os dois sexos e oferece o ensino secundário a partir de 1923, transferindo-se para Araxá em 1925. Em 1903, os Irmãos Maristas fundam o Colégio marista Diocesano.
O ensino superior em Uberaba, de acordo com Oliveira (2003, p.48), inicia-se aos três de agosto de 1894, com a implantação do Instituto Zootécnico, destinado a formação de engenheiros agrônomos. Todavia, quatro anos depois, por divergências políticas, o então governador, Silviano Brandão, fechou a instituição.
Somente na década de 40 irão surgir novas instituições de ensino superior como: Instituto Superior de Cultura, criado em 1944, pelos padres Juvenal Arduíni e Armênio Cruz, com o apoio de Dom Alexandre Gonçalves do Amaral, então bispo da Diocese, sendo tal instituto, em 1949, o germe da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Santo Tomás de Aquino (FAFI); a Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, em 1954; a Faculdade de Ciências Econômicas do Triângulo Mineiro, em 1966; e a Faculdade de Zootecnia de Uberaba, em 1975.


5.2 - Araguari


Araguari está localizada na mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, numa área de 2.730,632 Km2, com uma população de 109.876 habitantes, de acordo com dados do IBGE de 2006.

Está localizado no norte do Triângulo Mineiro, junto do rio Jordão, um afluente do Rio Paranaíba, a uma altitude que varia entre 940 e 1.087 metros. O Município de Araguari tem uma área de 2.744 km², com 54 km² de área urbana e 2.675 km² de zona rural.Com uma população estimada em 2004 de 108.998 habitantes é considerada a quarta mais importante cidade do Triângulo Mineiro, ao lado de Uberlândia, Uberaba e Ituiutaba. (Wikepédia, 2007)


O primeiro documento histórico que menciona a região onde está situada Araguari é o Alvará de 04 de Abril de 1816. Desanexa da Capitania de Goiás os julgados e Freguesias do Araxá e Desemboque, os quais passam a pertencer à Comarca de Paracatu, da Capitania de Minas Gerais e, posteriormente, passa a ser o Triângulo Mineiro.
A região foi desbravada, inicialmente, por Bartolomeu Bueno da Silva, "O Anhanguera", que tinha, por objetivo, chegar a Goiás.
O Triângulo era habitado pelos índios Caiapós; estes preparavam constantes emboscadas aos "brancos invasores", prejudicando, assim, a comunicação da província de Goiás com São Paulo.
Para solucionar tal problema, foi organizada, em 1748, uma grande expedição, composta , em grande maioria, de "índios mansos", para expulsar os caiapós; e foram, posteriormente, alojados em 18 aldeias, ao longo da estrada de Anhanguera (cortava toda região, ligando São Paulo a Goiás).
"Neste contexto todo, a história propriamente dita de Araguari data dos princípios do século XIX, época em que Antônio Resende Costa, o "Major do Córrego Fundo", comissário de Sesmarias da região do Triângulo, demarcou, entre outras, a Sesmaria do Serrote (hoje Fundão) e a da Pedra Preta (hoje Cunhas), início do atual município de Araguari. O major tomou posse, também, de um terreno de sobra, entre as duas Sesmarias, doando-o, mais tarde, à Igreja, como patrimônio da Freguesia que ali se estabeleceu, sob a invocação do Senhor Bom Jesus da Cana Verde do Brejo Alegre ou Ventania. Foi o primeiro passo para a construção do povoado.
A Freguesia do Brejo Alegre foi criada pela Lei Provincial n° 1.847, de 02 de Abril de 1.840.
Ao redor da nova sede paroquial, foram - se concentrando os habitantes de Brejo Alegre. As festas religiosas tradicionais da Igreja foram acontecendo e atraindo romeiros das fazendas próximas.
A Freguesia de Brejo Alegre só passou à categoria de "Villa" em 31 de Março de 1884.
A evolução e desenvolvimento urbano da Vila de Brejo Alegre, como de todas as demais da época, foi lenta, natural e assistemática: as primeiras ruas surgiram da iniciativa particular em 1889. Nesse mesmo período aparecem os primeiros estabelecimentos comerciais onde se vendia de tudo, alguns dos quais se tornando mais poderosos. Ainda nos fins século XIX, segundo consta no ofício de Olimpio F. dos Santos, dirigido ao Secretário Interior, Dr. Wenceslau Braz, "foram criadas por esta municipalidade 12 escolas; sendo urbanas: uma de cada século; distritais do sexo masculino e 2 do sexo feminino; 6 rurais do sexo masculino".
O ideal de emancipação foi, então, crescendo nos habitantes da vila.
O projeto que recebeu o n° 154, de autoria do Deputado Provincial Padre Lafayette de Godoy, tratava da elevação da Vila do Brejo Alegre à categoria da cidade. Só em 20 de junho de 1888, dezoito dias depois que Padre Lafayette o apresentou, é que o projeto entrou em discussão. E foi logo "torpedeado" pelo deputado Sabino Barroso Júnior que tentou impedir sua passagem .
Contudo, as objeções de Sabino Barroso e outros parlamentares solidários a ele não passaram de animosidades pessoais. Tanto assim que, na sessão de 04 de agosto, em primeira votação, o projeto 154 é aprovado pacificamente pela maioria dos deputados, recebendo a seguinte redação:
Na sessão de 5 de agosto, o Deputado Severino de Resende Navarro propôs uma emenda ao decreto, no seguinte teor: "Emenda: onde se diz - à categoria de cidade - Acrescente - se com o nome de cidade de Araguary - e o mais como se acha redigido".
É nessa memorável sessão de 5 de Agosto de 1888 que o projeto do Padre Lafayette foi transformado na Lei n° 3.591, sancionada pelo Barão de Camargos, no dia 28 do mesmo mês.
O tempo passou, a cidade cresceu, progrediu. Nas décadas de 50, 60 e 70 Araguari vive um período economicamente ativo com a produção e industrialização da rizicultura, indústria de banhas, cortiça, macarrão, balas, botinas e tecidos. O comércio evolui com a abertura de mais lojas, armazéns, boutiques e supermercados.
O início dos anos 70 é marcado pela exploração do cerrado para plantio de café e soja, permitindo a penetração de capitais externos, e contribuindo para o desenvolvimento agrícola da região.
Nesse contexto, atendendo a antigos anseios da comunidade e aos movimentos desenvolvidos por entidades locais, entre os quais destacou-se o Centro de Estudos Gerais e Oratória (CEGO), é que o prefeito Miguel Domingos de Oliveira, colocou-se à frente do movimento reivindicatório. Através da Portaria n° 18/65, criou-se um grupo de trabalho destinado a estudar e agilizar os meios para instalação de escolas de 3° grau em Araguari.
O Grupo de Trabalho, assim denominado, era composto de professores e estudantes, sob a orientação direta do Gabinete do Prefeito, e tinha como missão realizar estudos e, em caráter de urgência, conseguir para a cidade uma Faculdade de Filosofia. Para compor esse grupo, foram designados: Ronan Acácio Jacó, Robledo Eurípedes Vieira Resende, João Vasconcelos Montes Júnior, Hélio Montes de Sousa e Teotônio Vieira de Resende.
Feitos os estudos preliminares, parte do grupo para a criação da peça fundamental do plano estabelecido, ou seja, a entidade mantenedora. Surgiu então a Fundação Municipal de Ensino (FUME), legalmente concretizada em 26 de maio de 1966, tendo por primeiro presidente p Dr. Adalcindo de Amorim. Em seguida, cria-se a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araguari (FAFI).
Desfeito o Grupo de Trabalho, o Prefeito Miguel Domingos de Oliveira e o primeiro diretor da FAFI, professor Antônio Marques, realizam ampliações no Grupo Escolar João Pedreiro, local de funcionamento inicial da Faculdade.
Entretanto, as dificuldades para autorização de funcionamento da escola pelo Conselho Estadual de Educação eram imensas e demandavam tempo para serem resolvidas; o prefeito resolve realizar o primeiro vestibular, sem a devida autorização.
Fracassara assim, aparentemente, a tentativa de criação da Faculdade de Araguari; ficou porém, uma frustração para a cidade.
Na ocasião, o candidato a prefeito, Fausto Fernandes de Melo, em campanha eleitoral, assumiu o compromisso de tornar realidade o ensino superior na cidade. Assim que eleito, buscou na cidade de Uberaba o professor Djalma Alvarenga de Oliveira a quem confiou à missão de reestruturar o processo de autorização da faculdade.
Em 1968, pelos Pareceres n° 48 e 99/68, o Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais autorizava a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araguari, com os cursos iniciais de Geografia, História, Letras e Pedagogia.
A maioria dos professores residia em Uberaba e Uberlândia. Os professores Djalma Alvarenga de Oliveira e Teotônio Vieira de Resende foram eleitos diretor e vice-diretor, respectivamente.
A aula inaugural foi proferida no dia 26 de agosto de 1968, pelo professor Morse de Belém Teixeira. As atividades letivas da FAFI iniciaram-se no dia 4 de setembro de 1968, nas dependências do Grupo Escolar João Pedreiro, mas transferiram-se, logo no ano seguinte, para o Colégio Sagrado Coração de Jesus.
Em 1972, logo depois que os Padres dos Sagrados Corações doaram o Regina Pacis à Fundação Municipal de Ensino, a Faculdade passou a funcionar nas dependências do colégio.
O funcionamento em prédio próprio, ou melhor, da entidade mantenedora, muito contribuiu para que a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araguari, fosse reconhecida pelo Conselho Federal de Educação, o que se deu em 1975.
A partir desta data, a FAFI foi só progredindo e se expandindo, formando aos poucos um contingente realmente capaz de exercer a carreira de Magistério de 1° e 2° Graus.


5.3 - Uberlândia


Uberlândia está localizada na mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, numa área de 18.615 Km2, com uma população de 803.615 habitantes, de acordo com dados do IBGE de 2006.
O nome Uberlândia é formado por duas raízes etimológicas, UBER, do latim fértil e LAND de origem germânica, terra.
Uberlândia é a segunda maior cidade do Estado de Minas Gerais.
O território atual do município de Uberlândia faz parte da região outrora denominada Sertão da Farinha Podre, hoje, Triângulo Mineiro. Os primeiros habitantes do município foram os índios Caiapós e o primeiro homem civilizado a andar por essas terras foi o bandeirante paulista Bartolomeu Bueno da Silva, "o Anhanguera", em 1722, que abriu a primeira estrada nessa região.
Na primeira metade do século XIX, uma família conhecida por Carrejo se fixou na terra, ao adquirir de João Pereira Rocha, terras nas áreas dos rios Uberabinha e Araguari. A terra foi dividida entre quatro irmãos, Luís, Antônio, Francisco e Felisberto Alves Carrejo, respectivamente a Fazendas Olhos D' Água, laje, Maribondo e Tenda. Essa última pertencente a Felisberto Alves Carrejo ( o fundador), deu origem a um povoado, o Arraial de Nossa Senhora do Carmo e São Sebastião da Barra de São Pedro.
A trajetória do município, sob o ponto de vista legal, ocorreu da seguinte forma: Pela Lei Provincial n° 602, de 21 de maio de 1852, foi criado o distrito, subordinado ao município de Uberaba, com o nome de São Pedro do Uberabinha, elevado depois à freguesia, pela Lei n° 4.643, de 31 de agosto de 1888. Pela Lei n° 11, de 13 de novembro de 1891, foi criada a Comarca, sendo elevada à categoria de Cidade pela Lei n° 23, de 24 de maio de 1892. Em 19 de outubro de 1929, pela Lei n° 1.128, o nome da cidade que era então São Pedro do Uberabinha, passou a ser Uberlândia.
A interiorização, iniciada em 1875, foi se consolidando, de fato, com a construção da Mogiana, ligando a região do Triângulo Mineiro a Campinas.; com a construção da Ponte Afonso pena sobre as águas do Paranaíba, em 1909, fez-se a ligação de Minas com Goiás; em 1912, com a construção da Companhia Mineira de Autoaviação, fazendo o transporte de passageiros entre Goiás e Minas Gerais. Esses fatores aglutinados proporcionaram o contato de Uberlândia com outras regiões do país.
Na década de 50, a região do Triângulo Mineiro, em espacial a cidade de Uberlândia, passou por um processo de acelerado desenvolvimento, fruto da conjuntura nacional, a qual, tendo à frente a figura do Presidente Juscelino Kubitschek, mineiro, cuja meta básica de governo era desenvolvimento do interior do Brasil.
O favorecimento da região pela construção de Brasília e pela própria política de interiorização do país, Uberlândia se viu muito beneficiada, em uma posição extremamente favorável para novos investimentos e transações comerciais devido, principalmente, à sua posição geográfica estratégica.
O desenvolvimento uniforme dos vários setores da economia uberlandense é fruto, não só da construção de Brasília e da implementação de uma política de interiorização do país, mas, principalmente, resultado do desenvolvimento de projetos de nível político, econômico e cultural, com o intuito de aproveitar positivamente as condições que estavam sendo criadas e que, em última análise, "visavam o crescimento material da cidade".
Uberlândia, na década de 50, já contava com um contingente de alunos que aspiravam à carreira universitária porque muitos não podiam ir para os grandes centros para realizar seus estudos. Havia, portanto, uma carência que o ensino superior deveria suprir.
Vieira Filho (1993), divide o processo do ensino superior em Uberlândia em quatro fases principais: a primeira, de 1957 a 1966, foi a fase de idealização, durante a qual se criou todo movimento pró-escolas superiores em Uberlândia, e nela se insere a criação das faculdades de Direito, de Filosofia Ciências e Letras e de Ciências Econômicas ( e o Conservatório Superior de Música); a segunda fase, de 1966 a 1969, foi a fase da implantação do projeto, já uma experiência no nível de terceiro grau, há uma experiência mais bem definida na direção de se implantar uma universidade. Nessa fase se insere a criação da Escola Federal de Engenharia, Faculdade de Artes (originada do Conservatório Musical de Uberlândia) e Escolas de Medicina e Cirurgia; a terceira fase, de 1969 a 1976, foi a fase da consolidação, na qual houve a unificação das escolas isoladas para formar a Universidade de Uberlândia. O núcleo básico da universidade já estava criado, o que ocorreu, nessa fase, foi o desenvolvimento das escolas e dos cursos existentes e a criação de outros; a quarta fase, de 1976 a 1978, quando a Universidade de Uberlândia foi federalizada.


5.4 - Patos de Minas


Patos de Minas está localizada na mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, numa área de 10.740,388 Km2, com uma população de 273.068 habitantes, de acordo com dados do IBGE de 2005.
Em 1826, Antônio Joaquim da Silva Guerra e sua mulher, Luísa Corrêa de Andrade, doaram ao Padroeiro Santo Antônio as terras que hoje compreendem parte da cidade de Patos de Minas. Assim como Araxá e Patrocínio, Patos também é de origem rural, ou seja, a base do município é a propriedade rural. A partir da necessidade dos habitantes das fazendas se reunirem, surge a capela, depois a escola e o comércio e, aos poucos, forma-se o arraial. O arraial de Santo Antônio de Patos da Beira do Rio Paranaíba pertenceu a Paracatu até 1833, quando o município de Araxá foi instalado e Patos e Patrocínio passaram a pertencer àquele município. Em 1842, o distrito de Patos é incorporado ao emancipado município de Patrocínio, do qual se emancipa em 1866.
Em Patos de Minas, a primeira escola pública foi criada em 1853 pelo governo da província, atendendo a uma solicitação da Câmara Municipal de Patrocínio, a qual Patos pertencia. Em 1932, surgiu a primeira escola de 2º grau e em 1959 foi criado o Colégio Municipal com o objetivo de manter na cidade um curso científico apesar de, nessa época, já existirem três estabelecimentos de ensino secundário na cidade. Muitas outras escolas, entre particulares e públicas, foram surgindo com o desenvolvimento do município, mas faltava uma escola de nível superior.
Em 1963 teve início os primeiros movimentos para a criação da Sociedade Educacional do Alto Paranaíba. Em 1969, decide-se pela criação de uma Faculdade de Filosofia. Em 26 de maio, o Governo do Estado autoriza a instituição Fundação Universitária de Patos de Minas, através da Lei n° 4.776, que em 16 de novembro de 1973, através da Lei n° 6.1833, teve sua denominação mudada para Fundação Educacional de Patos de Minas.
A história da educação superior será apresentada com um grau maior de detalhes históricos no terceiro capítulo, quando iremos retratar a gênese da Fundação Educacional de Patos de Minas (FEPAM), mantenedora do Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM).


5.5 - Ituiutaba


Ituiutaba está localizada na mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, numa área de 8.728,063 Km2, com uma população de 134.831 habitantes, de acordo com dados do IBGE de 2005.
A cidade teve vários nomes no decorrer de sua história: Campanhas do Tejuco, Capela do São José do Rio Tejuco (1833), Distrito de São José do Tejuco (1839), Vila Platina (1901) e, finalmente, Ituiutaba (1915) que, em uma das línguas indígenas locais quer dizer "povoação do rio Tijuco".
A cidade é hoje um Pólo Regional, atendendo com serviços variados, a região do Pontal do Triângulo Mineiro. Referência pode ser feita a cidades de Capinópolis, Santa Vitória, Gurinhatã, Canápolis e Cachoeira Dourada, pela proximidade que ficam dela.
Tem no Agronegócio (agricultura da Soja e Milho e pecuária de Corte e leite) e na prestação de serviços (comércio variado, advocacia, assessoria e consultoria de informática,etc) seus principais elementos e fonte de divisas.
Ponto a destacar também é o setor educacional, que tem boas escolas de ensino fundamental (1ª a 8ª série), ensino médio.
A história da educação superior em Ituiutaba começa em 30 de outubro de 1963, quando a Fundação Educacional de Ituiutaba (FEIT) é criada pela Lei Estadual n° 2914. A unidade de Ituiutaba seria absorvida pelo Estado e integrada a outras unidades para formar a Universidade do Triângulo Mineiro. O prefeito Samir Tannus , por Lei Municipal, faz a doação de uma área de mais de 55 mil metros quadrados para a instalação da Universidade.
Em 29 de maio de 1968 os primeiros Membros do Conselho de Curadores são nomeados pelo Governador José de Magalhães Pinto. No mesmo dia o comerciante Manoel Agostinho é eleito o primeiro presidente da Fundação Educacional de Ituiutaba.
O Conselho de Curadores faz a opção pela instalação de uma Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FAFI). O primeiro vestibular foi realizado em março de 1970, para os cursos de Ciências Biológicas, Matemática, Letras, Pedagogia e História.
Outro marco histórico é a autorização para o funcionamento da FAFI, em 20 de maio de 1970, com a assinatura do decreto pelo presidente Emílio Garrastazu Médici.
Estava consolidado todo um trabalho da Fundação Educacional para que Ituiutaba e região tivessem os primeiros cursos de ensino superior.


5.6 - Patrocínio


Patrocínio está localizada na mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, numa área de 11.980,072 Km2, com uma população de 201.148 mil habitantes, de acordo com dados do IBGE de 2005.
A história de Patrocíno começa em 1772, quando o Conde de Valadares, capitão-geral de Minas Gerais, ordena ao capitão Inácio de Oliveira Campos que se estabeleça no local, com uma fazenda * Fazenda do Brumado dos Pavões * para abastecimento dos viajantes que transitavam de Minas para Goiás. A boa pastagem e as águas salitrizadas que substituíam o sal para o gado atraíram estancieiros que em 1804 ergueram uma igreja sob a proteção de Nossa Senhora do Patrocínio. Em 1807, o lugar é oficialmente chamado de arraial de Nossa Senhora do Patrocínio e, em 1842 é elevado à categoria de município, desmembrando-se de Araxá.
Em Patrocínio, a Lei 1.176 de 15 de dezembro de 1971 criou a Fundação Educacional de Patrocínio por Decreto da Câmara Municipal, sancionada pelo prefeito Olímpio Garcia Brandão. Era uma entidade de direito privado destinada ao desenvolver a região através de instituições de ensino e ou pesquisa. Sua direção foi entregue a um Conselho Diretor, composto de seis membros, designados pelo prefeito, escolhidos entre pessoas ligadas a atividades educacionais e empresariais, portadoras de graduação de nível superior, sendo uma delas representante das classes produtoras.
Na constituição da Assembléia Geral como nas restrições à composição do Conselho Diretor, observa-se uma preocupação em selecionar os nomes que farão parte da Fundação entre a elite local. A convocação foi feita pelo prefeito Olímpio Garcia Brandão que era quem detinha o poder na instituição desde o primeiro momento. A criação da Fundação surge como uma forma de a cidade adquirir status através de uma instituição de ensino superior. Foram convocadas "pessoas gradas" do município, entre elas o sacerdote, um militar (representante do Tiro de Guerra), o delegado, o escrivão de polícia, o magistrado, um veterinário, um agrônomo, um industrial, médicos, dentistas, agrimensores, engenheiros, advogados, bancários, professores, fazendeiros e donas de casa. O próprio prefeito assume a presidência da Assembléia, por indicação dos presentes, e admitem todos como membros dessa Assembléia.

Além das pessoas presentes nessa reunião , também fariam parte da Assembléia Geral aquelas que "fizessem dotações especiais de valores livres à Fundação, bem assim os que a ela fizessem doações de monta", conforme determinação da Ata supra citada. O estatuto da Fundação, que já estava pronto antes da constituição da Assembléia Geral e que foi aprovado em reunião convocada logo após o término da reunião para a constituição da Assembléia Geral, já previa o direito sucessório na Assembléia Geral para aqueles que fizessem doações.
O único registro sobre a criação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Patrocínio encontra-se na Ata da reunião do Conselho Diretor da Fundação Educacional do dia 17 de maio de 1972, convocada exclusivamente para esse fim. Nela consta que houve estudos realizados para a implantação da Faculdade de Filosofia, mas não foram feitos pela Fundação, e sim pelo prefeito, Dr. Olímpio Garcia Brandão.


5.7 - Araxá


Araxá está localizada na mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, numa área de 14.103,802 Km2, com uma população de 183.337 habitantes, de acordo com dados do IBGE de 2005.
A cidade viveu várias épocas de esplendor. Em 1831, quando foi elevada à condição de Vila, "atravessava um período de grande crescimento por causa das suas águas salinas e da terra fértil" (Enciclopédia dos Municípios Mineiros, 1998: 245).
Depois teve um desenvolvimento acentuado nas décadas de 40 e 50 com a inauguração do complexo termal Grande Hotel e Balneário em abril de 1944. A estância hidromineral e o cassino atraíam turistas do Brasil inteiro. Mas, com a proibição do jogo em outubro de 1946 e o conseqüente fechamento dos cassinos em todo o país, inicia-se o declínio do turismo em Araxá. Outro motivo para a decadência foi o esvaziamento sofrido pela crenoterapia (tratamento pelas águas minerais) em todo o mundo. A cidade, como tantas outras estações de água, não soube reciclar o seu turismo e o Grande Hotel e as Termas entraram em decadência, chegando a ser fechados em 1993. Hoje, todo o complexo passa por reformas e, aos poucos, vai sendo colocado em funcionamento. Por volta da década de 70, outro surto desenvolvimentista ocorre, desta vez resultante da descoberta de minério e sua conseqüente exploração.
É nesse contexto que em 1972, a Lei Municipal nº 1.199 de 28 de agosto cria a Fundação Universitária de Araxá cujo nome foi alterado, em 30 de abril de 1973, para Fundação Cultural de Araxá. É uma instituição pública de direito privado e a primeira reunião, em 28 de agosto de 1972, foi presidida pelo prefeito, José Rodrigues Duarte, com o fim de obter fundos e apresentar o Estatuto da instituição, expondo os motivos de criação da Faculdade de Filosofia e designando uma representante da Prefeitura nos atos constitutivos da Fundação. Não há sequer menção a estudos ou projetos anteriores à criação da Faculdade de Filosofia.


Em seguida, pediu à secretária que procedesse a leitura da Lei Municipal nº 1.199, de 28-08-72, criando a Fundação Universitária de Araxá, lesse seus Estatutos e ainda que expusesse os motivos da criação de uma Faculdade de Filosofia, em Araxá, com as seções de Pedagogia, Letras (Português-Inglês) e Estudos Sociais.Com a palavra, novamente, o presidente da mesa falou de outros cursos, que, futuramente poderão ser instalados no município. Em prosseguimento, pediu ao Sr. Luiz Di Mambro, secretário da Prefeitura, que lesse a Portaria nº 1.006, datada de 28 de agosto de 1972, na qual o Chefe do Executivo local designa a Professora Francisca Querina Martins de Oliveira representante da Prefeitura nos atos constitutivos da Fundação Universitária de Araxá. (Ata nº 1 da Fundação Universitária de Araxá, 14/09/72, p.2)


O reconhecimento da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araxá pelo Conselho Estadual de Educação se deu em 27 de agosto de 1973 antes mesmo da primeira reunião do Conselho de Curadores que ocorreu no dia 22 de novembro de 1973.
A representante do prefeito na Fundação Universitária de Araxá, Professora Francisca Querina Martins, é quem dá posse ao Conselho Diretor, ao Presidente e Vice-Presidente do Conselho Diretor. E seu nome é indicado e aprovado pelo mesmo Conselho Diretor para ocupar o cargo de diretora executiva da Fundação.
Coube ao Prefeito do Município de Araxá manter entendimentos quanto à organização da Fundação e a escolha da Faculdade e cursos que iriam ser oferecidos à comunidade e região. O poder do prefeito era tão grande que cabia a ele a indicação dos nomes dos diretores, conforme estabelece o Artigo 35 do Estatuto da Fundação Cultural de Araxá.
Os diretores ou chefes de unidades culturais ou assistenciais serão escolhidos pelo Presidente da Fundação Cultural de Araxá, dentre lista tríplice organizada e apresentada pelo Prefeito Municipal, e deverão ter seus nomes aprovados pelo Conselho Diretor.

6 - Considerações finais

De acordo com o exposto concluímos que as transformações ocorridas no setor educacional nas regiões do Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro a partir da década de 1960, desencadeadas pelo desenvolvimento econômico, fortaleceram a necessidade de instalação de instituições de ensino superior.
A expansão do ensino médio, bem como um significativo contingente de educadores que sem habilitação legal exerciam o magistério, constituíam um expressivo número de candidatos ao ingresso numa escola de terceiro grau.

Referências


CAMPOS, Raymundo Carlos Bandeira. História do Brasil. São Paulo: Atual Editora, 1983.


CUNHA, Luis Antonio. Ensino Superior e universidade do Brasil. In Lopes, Eliane Marta Teixeira, FARIA FILHO, Luciano Mendes & Veiga, Cynthia Greive. 500 anos de educação no Brasil. 2ª edição. Belo Horizonte, 2000, p. 151-204.


SILVEIRA, Maria José. A evolução da concepção de universidade no Brasil. In TUBINO, Manoel José Gomes (org). A universidade ontem e hoje. São Paulo, IBRASA, 1984, p. 53 a 79.


SOUZA, Paulo Nathanael Pereira de. LDB e educação superior: estrutura e funcionamento. 2.ed.rev.ampl. São Paulo: Pioneira Thomsom Learning, 2001.


WIRTH, John D. Minas Gerais na Federação Brasileira 1889 - 1937 - O Fiel da Balança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.



 

Autor deste artigo: Regina Macedo Boaventura Bese - participante desde Qui, 09 de Agosto de 2007.

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