Login

Sugestões

Faça o login e visualize as sugestões

Usuários on line

Nós temos 2750 webespectadores online

Revista

Gestão Universitária

Edições Anteriores 144 Educar, o que é isto?
Educar, o que é isto? PDF Imprimir E-mail
Avaliação do Usuário: / 1
PiorMelhor 
Escrito por Oziris Alves Guimarães   
Qua, 24 de Outubro de 2007 21:00
Educar, o que é isto?
Profs. MSc. Oziris Alves Guimarães e Verno José Gustavo Weiss


[...] o menos que um escritor... pode fazer, numa época de atrocidade e injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz à realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos.Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e do horror.Se não tivermos uma lâmpada elétrica, acendemos nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como sinal de que não desertamos nosso posto.

Érico Veríssimo

(Solo de Clarineta)


[...] ao pensar-se em aprendizagem organizacional é necessário atentar para a relevância do aprendizado individual para a eficiência da formação do conhecimento organizacional. A aprendizagem individual e, conseqüentemente, a organizacional precisa estar conectada à origem da palavra educação, que vem do latim educare e significa extrair de dentro de si. Em decorrência disso, o alvo da aprendizagem está em proporcionar condições para que o indivíduo extraia o conhecimento de si próprio (FREIRE, p.1, 2004).

Nunca, como nos tempos presentes, se discutiu tanto acerca da educação; por isso se multiplicam os mestres de novas teorias pedagógicas, se excogitam, se propõem e discutem métodos e meios, não só para facilitar, mas também para criar uma nova educação de infalível eficácia que possa preparar as novas gerações para a suspirada felicidade terrena.

O que é educar?

O grego Platão definia a educação como arte de erguer a criança, no corpo e na alma, à perfeição de que é susceptível pela sua natureza. Mme. Necker de Saussure, por sua vez, diz que educar é instruir e colocar a criança em condições de preencher, da melhor maneira, o destino de sua vida. De Bonald, em "Éducation dans la Société", afirma: educar é fazer passar o homem, do estado de ignorância e fraqueza, ao de conhecimento e ação. Henry Joly, em "Notion de Pedagogie", diz: educação é o conjunto de esforços que visam a dar ao homem a posse completa e o bom uso de suas faculdades (ARAUJO, 1968, p.15).

Como essas, muitas outras definições poderiam ser encontradas. Todas falham em um ponto: ensinam a viver para o tempo, mas não para a eternidade. Formam para o mundo e para a Terra e não para o bem comum, seu único fim, para a humanização, seu verdadeiro destino e sua pátria.

Educar é, na pena autorizada de Dupanloup, a arte de favorecer, na criança, o desabrochar completo e harmonioso de todas as faculdades físicas, intelectuais, morais, éticas e espirituais, que constituem a natureza e a dignidade humana, e realizar, tanto quanto possível, o tipo de homem criado à imagem e semelhança da própria humanidade.

Educar é, em primeiro lugar, aclarar a inteligência, dizer qual o fim do homem, os valores perenes, a necessidade de evitar o mal pela necessidade do bem.

Educar é formar a vontade, dar senso de independência, formando o juízo da criança. Antes de ser virtuoso e capaz, é preciso ser homem. Ora, não há homem onde não há razão. O juízo é um dom natural e que não se dá, mas se permite maturar.

O valor da educação configura-se na perenidade do homem. Como o mar se alimenta das águas dos rios, assim cresce a sociedade com o contingente das crianças que saem das escolas. A educação é a forma pela qual a sociedade é modelada, isto é, seu espírito e seus princípios, sendo acertada a citação de um antigo: a educação é tudo; é o homem, a sociedade, a cultura; todo bem nasce dela como o rio emana da fonte e a árvore da semente.

A educação é para a criança o que a cultura é para a terra, a poda para a árvore frutífera, o guia para o viajante inexperiente, o piloto para o navio, os alicerces para o edifício, o canal para a água, a semente para a terra. Colhe-se o que se semeia. A vida do homem depende, normalmente, da educação recebida. Soprem os ventos das paixões, levem mesmo as flores, quebrem alguns galhos, o tronco desejado sobreviverá firme nas raízes e receberá a seiva conservadora que, no momento oportuno, fará brotar novos galhos, produzir novos frutos. Assim a educação.

Dionísio, o tirano, tendo em seu poder o filho de Dion, seu inimigo, idealizou uma vingança bem singular e tanto mais cruel quanto mais suave parecia. Ao invés de mandar matar o menino ou colocá-lo numa cadeia, preferiu inutilizar-lhe as qualidades da alma, e, para tanto, deixou-o sem educação, entregue a seu bel-prazer e com ordem para que jamais fosse contrariado. Dominado pelas paixões deu-se o jovem a todos os vícios. Quando notou o tirano que havia realizado seu diabólico desejo, devolveu-o ao pai que o entregou aos mestres mais célebres e preceptores mais sábios e virtuosos, para transformá-lo. Tudo em vão. O jovem príncipe lançou-se do alto da casa paterna e terminou tragicamente a vida.

A grandeza da educação está em humanizar a humanidade. É algo tão grande e nobre, a tal ponto que a função do educador é magistratura e paternidade. E no opinar de São Crisóstomo, sobrepuja a civil na proporção em que o Céu se eleva acima da Terra. Os magistrados julgam os criminosos e condenam os crimes públicos, mas não esclarecem, não penetram o âmago da consciência, a raiz do pensamento, a primeira solicitação do vício, no que se esmera o educador.

Os magistrados castigam o mal. O educador vai mais longe: previne-o, sufoca-o no nascedouro, no primeiro germe. Os magistrados castigam, quase sempre sem corrigir. O educador que se preza de o ser, corrige, quase sempre, sem castigar. Deve a pátria reconhecimento aos magistrados que a libertam dos elementos perniciosos, deve-o mais ainda ao educador que lhe prepara bons cidadãos.

Afirma Dupanloup que o educador é também um magistrado, e a magistratura que reveste, tanto quanto a missão que lhe está confiada, figuram em primeiro plano, na sociedade. O educador é igualmente pai, participando, essencialmente, no que há de mais nobre na paternidade divina.

Lembrem-se moços, dizia um filósofo antigo, de que os mestres são os pais, não dos corpos, mas das almas. Alexandre dizia não dever menos a Aristóteles que a Filipe, porque, se a este devia o viver, àquele o saber fazê-lo honradamente.

Que um sapateiro, afirma Platão, seja mau operário ou o venha a ser por sua culpa, que se apresente como bom sem o ser, nenhum prejuízo advirá ao estado; apenas os atenienses não se hão de calçar tão bem. Mas que os mestres da sociedade só o sejam no nome e preencham imperfeitamente seu mister, as conseqüências são bem diferentes. A obra imperfeita que sai das suas oficinas são gerações ignorantes e viciadas que põem em jogo o futuro da pátria (ARAUJO,1968,p.23).

O fim maior da educação é humanizar o homem para ser feliz com os Outros. Educar é potencializar a obra da criação. Saber Matemática, Geografia, Física, Química, Português, Filosofia, é coisa secundária, sob certo aspecto. O que é imprescindível é que todo homem seja um homem de bem. Não é forçoso que todo cidadão seja um sábio ou um ilustrado, mas é forçoso que seja uma pessoa de caráter, para que não passe de um homem incompleto.

Conta a História, que Venício, ao encontrar-se com Pedro, o chefe dos Apóstolos, na Via Ápia, afirmou: A Grécia trouxe ao mundo a graça e a arte. Esparta, a força. Roma, o Direito. E vós, cristãos, que trazeis?

- Nós, respondeu Pedro, trazemos o amor.

Parodiando o Apóstolo, podem dizer os educadores: Nós trazemos ao mundo a esperança esperante, a mudança constante, a disciplina e a virtude. As duas primeiras para plasmar o coração dos aprendentes. A disciplina para formar-lhes a vontade e a virtude para torná-los humanos.

Formar o homem todo no seu complexo, como a natureza o pensou e como deve ser: eis a aspiração do educador. O homem de esperança ardente que concebe a vida como uma missão, como doação feita e confirmada, dia após dia, da sua personalidade amalgamada sob a regra sublime e admirável das bem-aventuranças.

Eis o homem que a sociedade apodrecida está a necessitar, e que o educador deve forjar, isto é, o humano pertencente a uma sociedade de humanos, que não conhece espaço nem distâncias, que tem como herança o pensar, como irmão o sentir, como mãe, o realizar.

Referências

CECCON, Claudius et al. A vida na escola e a escola da vida. 15 ed.Petrópolis: Vozes:Instituto de Ação Cultural(IDAC),1986.
CINEL, Nora Cecília L.Bocaccio. Afinal, o que é educação? Revista do professor, junho a setembro de 1988, p.50.
FREIRE, Patrícia. O papel da comunicação impressa e das novas tecnologias para a aprendizagem organizacional. Comunicação apresentada ao NP de Relações Públicas e Comunicação Organizacional da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares - INTERCOM, no XXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, realizado em Campo Grande-MS, em 2001, (CD-ROM)
PILETTI, Claudino. Didática geral. São Paulo: Ática, 1990.
SIGER, Paul. Poder, política e educação. XVIII Reunião da ANPED. São Paulo: Revista Brasileira de Educação, 1995.

Sobre os autores:

Prof.MSc Oziris Alves Guimarães
Filósofo (Ucb) e Mestre em Educação pela UFAM, Prof. na Pós-graduação em Educação Ambiental - Disciplina: Metodologia da Pesquisa e Diretor da Universidade do Estado do Amazonas - UEA / Tabatinga/AM

Prof. Verno José Gustavo Weiss
Professor especialista em Língua Portuguesa e professor de Português, Latim e Literatura Latina na Universidade do Estado do Amazonas - UEA / Tabatinga/AM

 

Autor deste artigo: Oziris Alves Guimarães - participante desde Qua, 04 de Maio de 2005.

Veja outros artigos deste autor:

Please register or login to add your comments to this article.

Copyright © 2013 REDEMEBOX - Todos os direitos reservados

eXTReMe Tracker