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Direito de Ser Médico |
Escrito por Antonio Barbosa de Oliveira Filho |
Sex, 25 de Abril de 2008 21:00 |
Direito de Ser Médico
Ingressar numa Faculdade Pública para cursar medicina, é uma verdadeira batalha medieval. O candidato terá que acertar 95% da prova ou então ficará fora dela. Em geral, os estudantes que conseguiram essa média freqüentaram pelo menos dois anos de cursinho pré-vestibular. O Curso de medicina tem duração de seis anos, sendo que são necessários mais dois ou três anos para a especialização em alguma área da medicina. O jovem com vocação para ser médico tem que estudar, no mÃnimo mais dez anos após concluir o ensino médio, para estar habilitado a exercer a profissão. Caso ele queira abraçar a vida acadêmica, para concluir um mestrado leva aproximadamente dois anos e o doutorado mais quatro anos. Ao final de um perÃodo de dezesseis anos o médico estará seguro e preparado para exercer a medicina e a academia. Os processos seletivos estão se tornando cada vez mais complexos no sentido de dificultar o ingresso do aluno na Faculdade. O exame vestibular deixou de ser um processo que visa apurar a capacidade cognitiva do candidato, mas, sim, um processo regulador e discriminatório, cuja finalidade e justificativa é a falta de vagas nas faculdades para uma grande massa de jovens idealistas, com vontade de ser médico no nosso paÃs. O direito à educação é uma garantia individual e um direito social cuja expressão máxima é a pessoa e o exercÃcio da sua cidadania. Os principais instrumentos internacionais de direitos humanos reafirmam que os processos educativos são a máxima evidência de que "as dimensões da educação estão nos seus fins e na dignidade das pessoas, culturas e povos...(Muñoz)". Porém, alguns polÃticos e membros de grupos representantes de entidades médicas, equivocadamente, entendem a educação como um instrumento disciplinador, isto é, regido pelas leis de mercado e querem interceder politicamente para suspender a autorização de novas escolas médicas no paÃs e a ampliação de vagas nos cursos existentes para os próximos dez anos, sob a alegação da existência de médicos em excesso no Brasil, considerando que a OMS preconiza 1 médico para 1000 habitantes e no Brasil a relação é de 1 médico para 585 habitantes. Na verdade, as entidades de classe querem ocupar cargos de decisões junto à s equipes do INEP, órgão subordinado ao MEC, responsável pela elaboração dos instrumentos de avaliação dos cursos bem como da verificação e constatação do atendimento à s exigências para o credenciamento e/ou renovação de cursos. Além disso querem criar um exame da Ordem dos Médicos do Brasil (OMB), semelhante à OAB (ordem dos advogados do Brasil), com o objetivo de testar a sua capacidade para o exercÃcio da medicina. Esta é mais uma afronta aos direitos humanos à educação superior. É absurda e prepotente a intenção de querer julgar graduados em medicina como incompetentes para o exercÃcio liberal da medicina sob o pretexto de que as escolas não os habilitam adequadamente para trabalhar. Por outro lado, questiona-se a real necessidade social da abertura de escolas médicas. Se quisermos saber se existem ou não razões baseadas nas necessidades sociais para a criação de um Curso de Medicina na comunidade, será preciso ouvi-la - os estudantes, os pais, a sociedade civil em geral - e não marginalizá-la como tradicionalmente se tem feito na elaboração e na implementação das polÃticas educacionais. Devem ter voz igualmente, os professores, principais atores do processo educacional, capazes de mudar o modelo atualmente focado com o fim econômico, para um modelo que transforme o indivÃduo e lhe conceda capacidade e desenvolvimento da dignidade humana e da cidadania comprometida com os direitos das pessoas. O DATA-SUS é um instrumento público de informação digital, que oferece dados estatÃsticos e perfis de nÃveis de complexidade dos serviços de saúde gerados na rede pública (SUS) de cada municÃpio e de sua região de abrangência. O que temos que questionar não é a abertura de novos cursos de medicina, mas sim, o modelo vigente de educação médica. A metodologia de ensino-aprendizagem ultrapassada que vem sendo aplicada na graduação e a postura arrogante e magistral, egoÃsta e vaidosa, que certos docentes insistem em praticar tem sido um retrocesso e um impedimento para o avanço de novos talentos no exercÃcio da profissão e em especial na pós graduação e pesquisa médica. O ensino médico precisa urgente de uma revolução didático-pedagógica. O aprendizado baseado em problemas tem sido postulado nas diretrizes curriculares do Curso de Graduação em Medicina, porque propõe um novo paradigma para a aquisição do conhecimento por parte do estudante, de forma pró-ativa e não passiva como tem sido praticada na metodologia do ensino tradicional. Dr. Antonio Barbosa de Oliveira Filho, Médico urologista, professor doutor em Ciências. Fone: 017-32261199 -email: Este endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo. 21 de fevereiro de 2008 |
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