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Edições Anteriores 163 O Medo de Ousar e Suas Consequências
O Medo de Ousar e Suas Consequências PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Samuel José Casarin   
Sex, 20 de Junho de 2008 21:00
Samuel José Casarin

Tenho observado que o sucesso ou o fracasso de uma instituição de ensino superior, a exemplo do que ocorre na maioria das organizações empresariais, deve-se, em grande parte, a forma como a mesma é gerida, ou seja, o sucesso ou o fracasso é um resultado imediato da forma de gestão.

Exemplos de empresas/organizações que fracassaram por motivos de gestão incompetente são fartos. No setor aéreo, onde a concorrência é tão acirrada quanto no setor de ensino, embora haja menos empresas aéreas do que IES, casos como os da Varig, VASP, Transbrasil e muitas outras são exemplos típicos onde o sistema de gestão foi falho e causou a bancarrota dessas empresas.

Outros exemplos, em outros setores, também são vastos: Mappim e Mesbla (mega stores), Commind, Nacional e Noroeste (Bancos), Arapuã (comércio varejista) e várias outras.

Muitas vezes as faltas de planejamento e de ousadia também levam empresas ao fracasso. Talvez o exemplo mais atual seja o da KODAK que durante anos reinou na área de imagens (fotografia). Essa mesma KODAK teve a chance de ser a pioneira no lançamento de máquinas fotográficas digitais (sem filmes), mas quando a proposta desse produto foi apresentada à direção da empresa, foi descartada porque dispensava o uso de filme fotográfico (um absurdo, segundo seus diretores, lançar uma máquina fotográfica que não usa nosso principal produto - filme). Atualmente a KODAK agoniza e corre um sério risco de falir, simplesmente porque desprezou uma grande oportunidade, além de ter medo de ousar (não teve visão) e hoje sofre para alcançar empresas que antes da era digital não eram seus concorrentes diretos.

Planejamento e ousadia talvez não seja a receita de sucesso, mas, com certeza, são ingredientes garantidos em uma fórmula de sucesso para qualquer tipo de organização empresarial.

Separadas, essas variáveis (planejamento e ousadia) dificilmente produzem resultados satisfatórios. Só planejar e ter medo de ousar leva a "mesmice" de sempre. Ousar, sem planejar, é um risco grande de fracassar.

Toda essa introdução serve para mostrar que no caso das IES as faltas de planejamento e de ousadia têm dominado grande parte dessas instituições, daí o cenário atual, que tanto assusta os mantenedores, ter essa magnitude. Muitas IES não conseguem acompanhar a concorrência e nos seus processos seletivos não tem sido incomum encontrar cursos que não formam turmas de ingressantes por falta de alunos.

Não vamos tratar aqui da questão do planejamento (que é muito ampla e merece uma reflexão e um artigo a parte), mas sim da questão da ousadia.
Ousar não é simplesmente lançar um novo produto (sem planejamento) e esperar que dê resultados positivos. As coisas não acontecem por acaso (pelo menos a maioria delas).

A legislação educacional do ensino superior, que regula a oferta de cursos superiores, dá às instituições de ensino superior uma boa margem para que as mesmas ousem. Porém, muitas delas não fazem uso dessa possibilidade legal. Trata-se de duas possibilidades:
" usar (até) 20% da carga horária do curso em Estágios e Atividades Complementares e;
" usar (até) 20% da carga horária do curso na modalidade não presencial.
"
Muitos "gestores" alegam que se fizerem uso dessas possibilidades (legais) a qualidade de seus cursos fica comprometida. Eis aí um exemplo claro do medo de ousar.

Quando fazem essa alegação tais "gestores" esquecem que sem planejamento, de fato, a aplicação desses percentuais é fatal tanto para o curso como para a instituição como um todo. Conheço caso de IES que, orientadas por consultorias duvidosas, aplicaram esses percentuais na virada de um semestre letivo para o outro e o resultado foi o mais desastroso possível. Por isso insisto, ousar sem planejar é dar um tiro no próprio pé.

O grande desafio é não perder o "bonde da história", porque enquanto muitos "gestores" insistem que a qualidade de seus cursos fica comprometida com o uso de 20% da carga horária do curso em atividades complementares e em estágios e mais 20% da carga horária na modalidade não presencial, muitas outras IES (públicas e privadas) estão oferecendo cursos que, até então, não se imaginava possível oferecê-los a distância: engenharia, enfermagem e até medicina (disciplinas) .

A qualidade de um curso não é um reflexo da quantidade de horas (aulas) que o aluno assiste em sala de aula, de forma presencial, mas é sim um reflexo de um projeto pedagógico bem elaborado, estruturado, inovador e bem aplicado na rotina diária do curso, com metodologias de ensino/aprendizagem inovadores e estimuladores para os alunos que são de uma geração que não tem tempo para perder.

1 Consultor especialista em Instituições de Ensino Superior
 

Autor deste artigo: Samuel José Casarin - participante desde Qui, 16 de Junho de 2005.

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