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Escrito por Marinho Celestino de Souza Filho   
Qua, 06 de Agosto de 2008 21:00

Sobre o Ensino de Nossa Língua Materna

Penso que, atualmente, o ensino-aprendizagem de nossa língua materna está completamente defasado, primeiro: os objetivos não estão bem definidos, segundo: uma metodologia inadequada e terceiro: os critérios também estão inadequados, finalmente, não se tem clara a concepção de linguagem que será trabalhada.
Além disso, como diz Perini (1997: p. 54): "(...) As nossas gramáticas escolares não são organizadas de maneira lógica e como estudar uma disciplina sem lógica? Como gostar ou incentivar o gosto por uma disciplina que foge completamente da lógica?" É por isso que na maioria das vezes os alunos detestam esta disciplina, ficam traumatizados, porque o que tem acontecido nas aulas de Língua Portuguesa em boa parte das escolas brasileiras é isto: dá-se uma enorme lista de prefixos, radicais gregos e latinos pedindo ao aluno que decore depois se faz uma "prova" que somente poucos privilegiados de memória conseguem notas para serem aprovados e os outros? Quanto aos outros alunos, a maioria é reprovada, primeiro: porque não vêem sentido, lógica decorar aquele número enorme de prefixos e radicais, segundo:por não serem privilegiados na "arte do decoreba".

Como se não bastasse isto, o aluno quando entra na escola, entra feliz, encantado, "louco" para estudar e a escola o que faz com ele? Desde a segunda série do ensino fundamental a escola já acaba com a alegria desse aluno, por quê? Porque manda o aluno decorar uma lista enorme de substantivos coletivos e ainda sem lógica alguma ensina as crianças nomenclaturas que seriam mais adequadas para especialistas, estudiosos da linguagem e acadêmicos, principalmente, quando a escola diz para os alunos que "substantivo é a palavra que nomeia os seres?" Que "seres" são esses? De carne e osso? Extraterrestres?

Neste exemplo simples, percebemos a incoerência das gramáticas normativas. O que fazer então? Não se ensina mais gramática normativa? Não muito pelo contrário, deve-se ensinar sim! Mas de que forma? Um ensino de gramática contextualizado, embasado não só na gramática normativa2, porque esta não é o único tipo de gramática que existe.

Em vista disso, além de contextualizar o ensino da gramática, deve-se valorizar como diz Paulo Freire: "A bagagem do aluno", isto é, a linguagem que o aluno traz de casa, seus anseios, seus desejos, expectativas frente à vida e, principalmente, o seu "contexto-sócio-histórico-ideológico" , respeitando-o como ser humano independente de pertencer a classe social x ou y.

Além disso, deve-se embasar o ensino da língua portuguesa na análise, "leitura", interpretação de textos, por quê? Porque através dos mais variados tipos de textos possíveis o aluno poderá ter um contato mais íntimo com sua língua e ainda poderá aprender muito mais, como disse anteriormente, sou a favor de um ensino de gramática libertador, contextualizado e não de um ensino opressor que só leva em consideração um único tipo de gramática.

Seria interessante também aplicar o ensino de gramática voltado aos diversos tipos de textos possíveis, mas cuidado! Isto pode ser uma "faca de dois gumes", porque se você pega um texto de Drummond, Luis Fernando Veríssimo, Cecília Meireles, dentre outros, só para ver sujeito, predicado, objeto direto, etc. Cuidado! Além de muitos alunos já detestarem gramática, eles poderão, também detestar textos, sugiro que depois de "viajar", deliciar-se com os textos, aí sim, poderá até ser feito este tipo de trabalho.

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Para se informar melhor sobre a questão do Contexto sócio-histórico-ideológico, ver: TRAVAGLIA, Luiz Carlos. (1996). Gramática e Interação: uma proposta para o ensino de Gramática no 1º e 2º Graus. São Paulo: Cortez.




 
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