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Edições Anteriores 171 O Papel do Professor e as Dificuldades de Ensinagem
O Papel do Professor e as Dificuldades de Ensinagem PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Simone Fraga Freitas Antunes   
Qua, 03 de Setembro de 2008 21:00

Simone Fraga Freitas Antunes¹
César Augusto Jungblut²
Resumo

Este artigo trata do tema dificuldade de ensinagem, colocando em foco o papel do professor enquanto o profissional responsável pela educação formal do aluno. O trabalho busca orientar os profissionais no sentido da reflexão da ação pedagógica, para que não se cometa o erro de pensar que as dificuldades de aprendizagem são sempre de ordem do aluno. Ocorrendo as investigações no aprendizado do aluno e esquecendo que elas podem ser geradas pelo professor, quando este profissional não está comprometido no processo de ensino-aprendizagem. São reflexões que devem ocorrer durante todo o processo, o caminhar do aluno dentro das escolas. A dificuldade de ensinagem está aparecendo nas escolas, mas precisa-se o olhar atento dos coordenadores para que sejam diagnosticadas e trabalhadas com os professores, este é o intuito deste tema.

Palavras-chave: Aprendizagem - Ensinagem - Professor - Aluno.

1 INTRODUÇÃO
Sou educadora há mais de onze anos e sempre me deparei com dificuldades de aprendizagem em crianças. Iniciei minha prática pedagógica na educação infantil, onde trabalhei por cinco anos, depois passei a trabalhar com as séries iniciais, contabilizando sete anos.
No decorrer desta trajetória, fiz pós-graduação em Psicopedagogia, área esta que me permitiu elucidar certas dificuldades relacionadas a aprendizagem.
Percebi tais dificuldades no ensino particular onde sempre trabalhei, mas também, no ensino público, onde hoje sou coordenadora pedagógica de um projeto social, trabalhando com uma gama de dificuldades, sendo uma delas o desacordo série - idade. Isto porque, boa parte das crianças apresentam um nível de desenvolvimento e aprendizagem aquém do esperado. Além disso, tem-se ainda as dificuldades na leitura, escrita, pensamento matemático, baixa auto-estima, falta de concentração e compreensão, entre outros.
Porém, descobri também as dificuldades de ensinagem, ou seja, dificuldades geradas pelo professor, muitas vezes inconscientemente, mas que aparecem mediante sua postura, bem como a sua própria falta de compromisso, de conhecimento e afetividade. Que geram na criança algum tipo de dificuldade no processo de ensino-aprendizagem, que se não detectada de início, pode acarretar em dificuldades mais sérias.
Por isso, o objetivo neste artigo, é estudar um pouco mais como estas dificuldades podem ser geradas e quais os caminhos que se tem para tentar combatê-las.

2 Papel do Professor
Sabe-se da importância do papel do professor na aprendizagem das crianças, pois é através dele que acontece a mediação, ou seja, o professor proporcionará um momento onde suas relações produzirão resultados significativos para a aprendizagem, deixando o ensino mais proveitoso, estimulante e por que não, de fácil compreensão.
Para que este processo aconteça, é necessário o olhar atento do professor a todos os alunos, pois através de seus gestos, sua fala, as construções coletivas do conhecimento, considerando que a interação que ele proporciona levará a perceber o processo de aprendizagem do aluno ou as dificuldades geradas por ele. O professor deve ser um amigo, alguém que está na sala de aula por inteiro, percebendo as relações e nelas intervindo quando necessário. Para isso, o professor deve ter conhecimento dos conteúdos a serem trabalhados com os alunos, deve levar a sério à palavra Educador, enfim, que trabalhe com profissionalismo.
Segundo Vygotsky, o professor deve atuar na zona de desenvolvimento proximal (ZDP), levando a criança do nível de conhecimento real (conhecimentos prévios) ao nível de conhecimento potencial (conhecimentos adquiridos com a mediação de outros mais experientes).
ZDP é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes. (Oliveira, 1993, p.60).
A partir desse pensamento pode-se perguntar se os professores têm noção da importância da sua função, se eles percebem a responsabilidade que têm em mãos.
A escola, assim como o professor, contribui no processo de construção do papel do professor quando constrói o Projeto Político Pedagógico. Este documento não deve ser apenas um amontoado de folhas escritas, ele deve ser a linha condutora da construção do conhecimento e apresentar as funções de cada profissional na escola, o que a escola prima. Isto porque o professor não é apenas um mero transmissor de informações, mas sim um colaborador indispensável neste processo de ensino-aprendizagem.
A escola deve olhar o aluno como um ser em desenvolvimento que precisa de atenção, carinho, responsabilidade, deve ter objetivos claros que levem o aluno a um processo de aprendizagem privilegiado.
Seguindo esta linha, tem-se o pensamento de Piaget com relação à escola e professor, que diz:
...o adulto deve, pois, ser um colaborador, e não um mestre, do duplo ponto de vista moral e racional" , "que só concebemos uma disciplina autônoma e interior em uma sala de aula na medida em que o trabalho admita a maior parte de iniciativa e de atividade espontânea por parte da criança.(Carvalho, 2001, p.58)
Este pensamento só reforça a importância do papel do professor, um profissional atento ao seu grupo, as suas aprendizagens e suas dificuldades. Um profissional que mediante uma dificuldade preocupa-se em buscar soluções, em se capacitar para intervir da melhor maneira possível. Por outro lado, este profissional deve estimular a autonomia do aluno, para que tenha capacidade de utilizar os conhecimentos escolares visando assimilar informações e procedimentos, bem como desenvolver o discernimento e a escolha da melhor maneira de resolver seus problemas ou a execução de novas tarefas.
Se na prática isso realmente acontece, o professor estará preparado para auxiliar o aluno a resolver melhor as dificuldades que aparecem no processo da aprendizagem. Assim, Luckesi afirma que
reconhecendo a origem e constituição de um erro, podemos superá-lo, com benefícios significativos para o crescimento. Por exemplo, quando atribuímos uma atividade a um aluno e observamos que este não conseguiu chegar ao resultado esperado, conversamos com ele, verificamos o erro e como ele o cometeu, reorientamos seu entendimento e sua prática.(Luckesi, 2000, p.57)
Quando este procedimento de reorientação acontece entre o professor e o aluno é possível perceber tomando como base um padrão cognitivo ou prático, um ponto de partida para compreensão do erro, identificando-o e levando o aluno a superá-lo.
Luckesi(2000, p.57) afirma que o erro é a manifestação de um conhecimento não aprendido, mas que precisa de atenção para que possa ocorrer o avanço na aprendizagem do aluno e se o professor compreende este desvio, possibilitará a sua correção e automaticamente uma boa aprendizagem.
Por fim, entende-se que o professor não deve culpar ou castigar o aluno por não ter compreendido o conteúdo trabalhado, mas deve saber orientá-lo da melhor maneira possível.

3 Formação Docente e Realidade Escolar
Um dos problemas que se encontra na educação é em relação à formação dos professores, pois a mesma pode se dar de diferentes maneiras: por meio de curso em tempo integral, do ensino à distância, ou ainda através da formação concentrada em alguns dias da semana. Neste sentido questiona-se a própria formação acadêmica, o tempo de estudos, o comprometimento de cada aluno , a sua dedicação entre outros fatores.
Cabe neste momento ressaltar que estes fatores mencionados valem para ambos: professores docentes e alunos em formação.
Com o passar dos anos surgiram inúmeras faculdades, universidades e cursos específicos na área da educação. Porém, há de se questionar a qualidade e não a quantidade. Será realmente que ocorre esta preocupação? O processo de formação destes profissionais deve ser repensado e criticamente analisado.
Sabe-se também a realidade das escolas públicas de hoje, que atendem crianças na sua maioria carentes, cujos pais muitas vezes são analfabetos e não possuem os conhecimentos necessários para auxiliar seus filhos nos deveres escolares. Sendo assim, onde fica o papel das escolas e de seus profissionais neste percurso de conhecimento?
Por outro lado, existem bons profissionais nas escolas, preocupados com os alunos, com sua aprendizagem e mais que isso, com sua construção enquanto cidadão.
Em suma, muitas vezes percebe-se claramente a falta de compromisso de determinados profissionais. Professores sem paciência, sem didática, sem domínio de classe, sem conhecimento da linguagem escrita, professores que não percebem a dificuldade do aluno, não os encaminham para o apoio pedagógico e sobretudo, não comunicam aos pais os problemas identificados.
Estas questões condizem com um pensamento de Paulo Freire que diz:
Não temo em dizer que inexiste validade no ensino de que não resulta um aprendizado em que o aprendiz não se tornou capaz de recriar ou de refazer o ensinado, em que o ensinado que não foi apreendido não pode ser realmente aprendido pelo aprendiz.(Freire, 1996, p.24).
Este pensamento evidencia que, não há aprendizado quando o aluno não consegue utilizá-lo em outras situações do dia a dia. O aprendizado é reconhecido quando o aluno consegue resolver problemas, situações, iniciar uma conversa sobre um tema já estudado, como diria Piaget, a questão da assimilação e acomodação. O aluno precisa saber utilizar os conhecimentos adquiridos em situações rotineiras, do seu cotidiano. Quando isso não acontece, não é porque ele não sabe, esqueceu ou não prestou atenção, mas porque ainda não aprendeu.
Beatriz Scoz(1994, p. 98-111), trabalha algumas questões referente ao professor e o que este profissional deve priorizar no momento do ensino-aprendizagem. Coloca a necessidade de trabalhar com os alunos que demonstram dificuldade na aprendizagem, a questão do recurso afetivo, a valorização dos conhecimentos, a avaliação, desmistificação do erro, mudança de comportamento, exercícios psicomotores, reprodução de textos, reprodução de exercícios.
Estas questões remetem a pensar no trabalho docente, e mais que isso, o que realmente interessa no aprendizado do aluno: a pura repetição ou o aprendizado para vida?
A autora aborda ainda o papel da coordenação pedagógica, em estar avaliando o profissional de sala de aula, saber se ele está realmente acompanhando o aluno no processo. Fala da importância da afetividade, do carinho e da dedicação para com o aluno e os considera fundamental para que o aluno se sinta acolhido, querido e importante.
Ainda assim, a valorização dos conhecimentos adquiridos antes de iniciar o processo escolar é fundamental, uma vez que a criança interage a todo momento com seus pais, familiares e outras pessoas que certamente contribuem diretamente para despertar e estimular o seu aprendizado sobre tudo que o cerca.
Scoz aborda a questão da avaliação, uma questão importante e complexa. Como avaliar? O que avaliar? Para que avaliar? Quem avaliar?
Quando aborda a questão do erro, diz que o aluno pode errar sim, não há problema nisso. O importante é tentar, e é com o erro que se aprende o certo. Muitas vezes as crianças erram, não porque não sabem, mas porque ainda não aprenderam.
A partir do momento que a criança percebe onde "errou", ela produz uma mudança no seu comportamento e torna-se mais segura. O erro passa a ser uma possibilidade, mas não uma limitação a sua iniciativa de participar e questionar suas dúvidas. Em contra partida, o professor deve estar atento e ter um olhar especial para cada aluno. Deve também compreender para que serve o erro e não punir a criança mediante esta situação.
Quando Scoz menciona os exercícios psicomotores, reprodução de textos e de exercícios, coloca que é uma questão delicada e que deve-se estar atento, para não prejudicar a criança achando que está ajudando. Crianças com dificuldade na escrita e na leitura poderão sentir-se isoladas, rejeitadas e até menos capazes. Assim, saber que atividade proporcionar para os alunos é primordial para o professor, pois os alunos não estão todos num mesmo nível de aprendizado.
Estes são pontos importantes para se pensar no papel do professor no processo de aprendizagem e suas competências, pois a realidade das escolas hoje é muito diversa. Há aquelas onde os alunos são de classe média, média alta, que conseguem manter um bom nível de aprendizagem, e aqueles que não conseguem, os pais possuem condição financeira para pagar aulas particulares ou a própria escola possui aulas de apoio pedagógico. Essa é uma realidade.
Mas a outra realidade, aquela formada pelas classes menos favorecidas, onde os pais são analfabetos ou semi-analfabetos, as crianças não estão de acordo série-idade, muitas são repetentes. Muitas escolas não oferecem aulas de apoio pedagógico, e em casa parcela razoável das crianças não terão apoio nas tarefas, trabalhos e pesquisas.

4 Dificuldades de Ensinagem
Ao se abordar sobre as dificuldades de ensinagem, faz-se primeiramente necessário explicar este termo. E, segundo Polity
Este processo e' basicamente relacional, na medida em que parto do princípio de que o conhecimento nos e' viabilizado pelo outro, construído na e pela relação com nosso(s) interlocutor(es), ficando na dependência de que possamos dar-lhe significado por meio da reflexão, ou seja, agregando valor às novas experiências. (2002,pag.30).
Observa-se, desta forma, o papel do professor no processo de aprendizagem, como figura mais experiente, que sabe relacionar, refletir, agir, que está de posse dos conhecimentos científicos, mas que se espera saber (re) construí-los.
Nada está pronto e acabado, mas precisa-se de uma relação adulto-criança, para que se possam construir novos conhecimentos ou como diria Vygotsky, na relação com alguém mais experiente.
Trata-se neste artigo o papel do professor como o adulto mais experiente que tem como fim e objetivo o processo de aprendizagem do seu aluno.
Polity( 2000) se reporta a pessoa do professor, que também precisa ser pensada e não só colocada em foco como alguém que, por vezes, não colabora neste processo.
A respeito do exposto, a autora afirma que
É com disposição que pretendo acolher o sujeito da ensinagem: sem tentar catalogá- lo em compartimentos fechados, mas inserí-lo em um novo paradigma que permita pensá-lo em toda sua complexidade. E que faça sentido no contexto de construção de conhecimento , a partir do qual penso as ambivalências, as incertezas, as insuficiências, reconhecendo ao mesmo tempo seu caráter central e periférico, significante e insignificante.(2002, pag. 34).
Acredita-se ser essa a atual realidade. O cenário da educação no país encontra-se repleto de professores que possuem grande potencial e consciência da sua função de educador e outros que a estabilidade no emprego, a partir do concurso público propiciam a garantia de estar empregado, em muitos casos suficiente para acomodar-se na função exercida.
Há escolas que apresentam um quadro de professores muito comprometidos, mas infelizmente há outras que não apresentam o mesmo quadro de profissionais. Esta e' a situação de muitas escolas hoje. As crianças se sentem abandonadas por ditos profissionais da educação, que deveriam estar empenhados em melhorar as condições da educação pública neste país, mas que em muitos lugares, colaboram com uma sociedade de classes, onde a classe baixa continua sem uma educação de qualidade.
É certo pois, que precisa-se melhorar as condições de trabalho, de infra-estrutura, de números de alunos por sala, de começar a oferecer apoio pedagógico aos alunos com maiores dificuldades, de ter no seu quadro de trabalho orientadores, supervisores, diretores eleitos pela comunidade escolar, salários melhores e mais dignos da profissão. Mas e a contra-partida?
Se reclama muito, mas parece que pouco se faz.
Questiona-se como a educação pública dará um passo à qualidade? Onde estão as políticas públicas em prol de uma educação de qualidade para as classes menos favorecidas?
O aluno também possui suas dificuldades econômicas, mas está lá, na escola. Alguns dizem que é pela merenda.Que seja, mas estão na escola. Cabe ao professor e escola saber argumentar e mostrar outros caminhos na sua vida, e isso se consegue com Educação.
Sabe-se que educar hoje em dia não está nada fácil, alguns argumentos foram citados acima, mas precisa-se fazer algo. A educação no país deveria ser prioridade, o aluno deveria sair da escola com bons conhecimentos e condições de encarar a vida fora da escola com sabedoria. Mas se isso ainda não acontece, precisa-se andar para este caminho. As crianças de escolas particulares, mesmo que tenham professores "ausentes", mas possuem os pais que vão até as escolas e as cobram por um ensino melhor, até porque estão "pagando para isso".
Mas e os alunos das escolas públicas, os quais seus pais são analfabetos ou semi-analfabetos e não possuem condições de questionar e cobrar nada da escola? Alguns pais vão até às escolas, mas com certeza não a grande maioria.
Seguindo esta linha de pensamento, e reportando-se novamente a Polity convém mencionar que,
Dificuldade de Ensinagem é o movimento de ensinar carregado de emoção: ansiedade, por ter de cumprir uma missão, medo e ou frustração por não entender o aluno, fantasias de incompetência que podem gerar muita raiva em determinadas ocasiões. Em outras, pode haver uma ressonância da angústia do aluno, que não consegue aprender, com a do professor, que não consegue ensinar. Ela aparece quando emergem conteúdos emocionais e relacionais que são difíceis de se lidar. O professor se sente como um espelho que reflete a emoção do aluno. Aparece, em alguns casos, a frustração de perceber o aluno diferente do pensado, tendo assim de se lidar com as diferenças e com luto pela perda de uma imagem idealizada. Em sua ânsia que sua aula transcorra como ele a idealizou, o professor submete a relação real ao seu esteriótipo: a repetição dificulta assim a criação. A dificuldade de ensinagem pode ainda acontecer quando o aluno traz hipóteses e perguntas, acionado a falta (de conhecimento, de preparo, de competência), ou ainda, outras faltas de ordem afetiva, levando o professor a se sentir ameaçado e desestabilizado. A dificuldade de ensinagem não diz respeito à competência técnica e sim ao despreparo pessoal". ( 2002, pag. 37).
Esta citação demonstra muito bem como pensar a dificuldade de ensinagem e ter o cuidado de não apenas culpar o professor pelos fracassos dos seus alunos, mas sim de fazê-lo refletir de que ele poderá estar contribuindo para as dificuldades de aprendizagem sem se dar conta.
É neste sentido que este artigo trata este tema, um pensar, refletir e perceber que é preciso a mudança, a consciência de que os educadores necessitam fazer algo por estas crianças e adolescentes. Fazer parte do processo de aprendizagem destas crianças é muito importante e fundamental, para que se possa lutar por uma educação com qualidade.

5 Considerações Finais

O objeto de estudo deste artigo é instigar, gerar reflexão sobre a postura do profissional da educação, diretamente do professor. Diante de tudo que temos presenciado na educação pública e particular, precisa-se ter em mente uma mudança. Esta mudança precisa estar ligada à evolução do aluno enquanto cidadão, sujeito do processo.

Não se está dizendo que o professor é o culpado pela educação que temos hoje, com múltiplas repetências, evasões e tantas outras palavras "feias" que escutamos. Mas que a situação vigente, está levando a educação a patamares muito baixos, que se está contribuindo para a divisão de classes, onde existem pobres e ricos, onde os ricos têm acesso à boa educação e os pobres não. Que cada vez mais, crianças estão passando de ano sem saber ler e escrever, que é o básico. Crianças que chegam a 3ª. e 4ª. série sem saber ler e escrever sozinhas. Isso é educação de qualidade? Onde estão as políticas públicas? É preciso se colocar em prática o que se tem em lei.

Fala-se tanto em sujeito, cidadão, educação voltada para o cotidiano, projetos específicos de um tema. Mas gostaria de saber onde isso tudo é utilizado? Uma educação que deixa seu aluno chegar a 3ª. série do ensino fundamental sem saber ler e escrever é educação voltada para a construção do sujeito? Que perspectivas de futuro terá este sujeito?

Depois se questiona porque tantas crianças e adolescentes deixam as escolas e se entregam ao tráfico, as drogas. Não que a culpa seja da escola, não é essa a questão. Mas se uma criança ou adolescente percebe que é bem aceito na escola, se ele tem um professor interessado, capacitado e pronto para trabalhar com ele, que se preocupa com o seu aprendizado e contribui com sua formação, dificilmente ele deixará a escola. Está formação é extremamente importante, pois conduz a criança e o adolescente a ter uma outra visão de mundo e de futuro. Isso é bom.

Por isso a formação docente e a aprendizagem constante é essencial. O professor precisa estar atualizado para que cada vez mais consiga trabalhar com seus alunos de forma tranqüila e consciente, com domínio dos assuntos e conteúdos programados, utilizando-os para a construção do sujeito efetivamente. Um professor de corpo e alma presente é fundamental neste processo de ensino-aprendizagem. O estar inteiro na relação é que fará a diferença.

O aluno sabe quando o professor está ali porque gosta, porque está interessado no seu aprendizado ou quando está ali somente de corpo presente.
Enfim, se as pessoas que tiverem contato com este artigo se sentirem instigadas a mudança, se conseguir tocá-las um pouco, já estarei feliz.
6 Bibliografia:

COLE, Michael et alli. A Formação Social da Mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 6 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 33ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da Aprendizagem Escolar. 10 ed. São Paulo: Cortez, 2000.
OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: Aprendizado e Desenvolvimento um processo sócio-histórico. São Paulo: Scipione, 1993.
POLITY, Elizabeth. Dificuldade de Ensinagem: Que história é essa...? São Paulo: Vetor, 2002.
SCOZ, Beatriz. Psicopedagogia e Realidade Escolar. 8 ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2000.

 

Autor deste artigo: Simone Fraga Freitas Antunes - participante desde Qui, 13 de Março de 2008.

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