Encher os bancos das escolas ou oferecer oportunidades de estudos para todos? Imprimir
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Escrito por Angelica Bocca Rossi   
Qua, 13 de Abril de 2011 00:00

A Revista Nova Escola, publicou, recentemente, um artigo intitulado “Criança Pobre não Aprende”, que procura demonstrar as fragilidades da educação no passado e as novas possibilidades de acesso à educação básica. O texto menciona que “Somente na década de 1990, o Brasil conseguiu ultrapassar a marca de 90% da população de 7 a 14 anos no Ensino Fundamental - hoje esse índice é de 97,6%.” Muito bem, os índices aumentaram, o acesso é maior, os números cresceram, mas o que se ensina, o que se aprende? De acordo com os números quase 100% da população entre 7 a 14 anos têm acesso ao Ensino Fundamental, mas em quais bases de formação? Esta é a pergunta que fazemos quando recebemos esta população no ensino superior.



Vejamos o contrassenso. Por um lado, os índices de oferta e permanência na educação básica estão aumentando, por outro as Instituições de Ensino Superior (IES) estão obrigadas a oferecer nivelamento para que todos os alunos estejam no mesmo nível de conhecimento “básico” e assim possam permanecer no ensino superior para serem os profissionais “do futuro”. Pergunto: Que futuro?

Para o povo brasileiro o futuro é agora, se precisarmos de nivelamento, quanto tempo teremos que esperar para estarmos aptos aos postos de trabalho que almejados? Quanto tempo levará nossa formação acadêmica? Quantas IES sobreviverão tendo que fazer o papel que a educação básica pública não faz?

A mesma reportagem cita a seguinte frase “Se o país avançou na ampliação do acesso e estudar é um direito universal, cabe agora ao sistema oferecer um ensino de qualidade, garantindo a permanência de todos nas salas de aula.”(grifo meu). É isso, permanência na sala de aula, números, isso sim é o que importa.

Até quando vamos nos render a estas condições nada HUMANAS, chega de aceitarmos ser apenas mais um número para colaborar com os gráficos apresentados em propagandas de televisão, anúncios de outdoor, revistas e jornais, o importante não é quantos de nós ocupam os bancos escolares da educação básica, especialmente no ensino fundamental, mas, com quais competências e habilidades estamos são formados? Para que situações da nossa vida diária somos preparados? Quais aprendizagens têm sido significativas? O que seremos e o que poderemos fazer pelo país ao sairmos da “escola”.

Se a quantidade é tão importante, que pode render até mesmo um congresso em nível nacional, para discutir as possibilidades de se colocar 10 milhões de estudantes no ensino superior ainda nesta década e com isso formar para o mercado de trabalho excelentes profissionais, então é preciso começar na base, com investimento público sério e predominante na base, no ensino básico (educação infantil, ensino fundamental e ensino nédio), começando pelos docentes, que são os pulmões da escola, porque o coração são as crianças.

Somente encher os bancos das escolas básicas sem qualidade, não fará do Brasil um país com pessoas bem formadas, mas oferecer oportunidade de estudos, com qualidade, comprometimento e empenho, tratando a educação com prioridade, certamente mudará o cenário brasileiro.

 

Autor deste artigo: Angelica Bocca Rossi - participante desde Qui, 17 de Fevereiro de 2011.

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