Tipos de Liderança na Modernidade Líquida – Parte II Imprimir
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Escrito por Paulo Ricardo Silva Ferreira   
Qui, 28 de Junho de 2012 00:00

Há  uma evolução no mundo do trabalho, com certeza influenciada pelos novos benefícios tecnológicos e as metamorfoses ocorridas com os novos padrões sociais.

Conforme André Gorz, em sua obra intitulada Adeus ao Proletariado, desde a metade do século XX, a gênese do trabalho mudou. O visionário Peter Drucker há 38 anos atrás, no seu livro The Landmarks of Tomorrow, sentenciou  que entraríamos na Era do Conhecimento e ao invés de proletariado passou a denominar esse operário de “trabalhador do Conhecimento.

 

Liderança  é um tema de extrema diversidade e com inúmeras considerações, mas de forma geral, os estudiosos do século XX , influenciados ainda por um mundo mais sólido, com menos riscos, onde o trabalhador era um tarefeiro e ainda pouco se exigia de seu espírito empreendedorista, acreditavam que o perfil da liderança deveria estar baseado em paradigmas mais estabilizados. Desta feita, os líderes tinham como missão dar contornos aos seus liderados para que dentro dos limites dos processos desempenhassem suas atividades com qualidade e motivação. Conforme Kets de Vries (1997), os principais autores evidenciam alguns traços comuns, como sendo importantes para os líderes. Entre eles estão a consciência, energia, inteligência, domínio, autocontrole, sociabilidade, abertura a experiências, conhecimento da relevância de tarefas e estabilidade emocional.

Mais ou menos como um professor presencial, o contratempo que existe na liderança sólida em relação aqueles que ele exerce sua influência, diz respeito ao efeito paternalista. Quer dizer, o grupo vai transferindo a responsabilidade do seu desenvolvimento e crescimento profissional para as mãos dele, até que isso se torna uma grande preguiça mental e falta de iniciativa.

Já  em contrapartida, neste momento de mutação, que requer uma nova consciência da empresa e do trabalhador, a Liderança sólida possibilita que configurações como estratégias, valores, missão, negócio, enfim, fiquem mais claras para todos. É importante sublinhar que o trabalhador de conhecimento é mais eficaz quando contrata fisicamente e simbolicamente com as diretrizes  empresariais. Se isso for negado, recusado ou mascarado, provavelmente contribuirá apenas com fragmentos.

Na sociedade do século XX, os líderes conheciam o que deveria ser feito, a pergunta era: como esse trabalho precisa ser executado para que tenhamos o melhor desempenho e mais competitividade? Na Era da sociedade líquida, da incerteza, de que tudo e todos estão em mudanças e a velocidade de atualização é diária, a pergunta é bem diferente: "Qual é a tarefa?", pois o como, teremos que dar um jeito de fazer ou não sobreviveremos. Nesse sentido a Liderança sólida deixa muito a desejar, pois normalmente estende muitos cuidados com o indivíduo, ampliando ainda mais uma característica da sociedade líquida que é o individualismo. Aqueles que já ocupam a incumbência de serem líderes ou que adentram agora para esta função têm que aprender a tomar suas decisões sempre dimensionando que impacto elas causaram no grupo . Temos muito o que aprender ainda em matéria de trabalho em equipe e o primeiro passo é sempre enaltecer o coletivo.

Seres humanos são diferentes, complexos, milagrosos e surpreendentes, nem Freud explica... risos. Liderar é viver com eles e não ao lado deles. Um exercício de envolvimento e desenvolvimento com o próprio grupo.

Na semana que vem vamos refletir sobre o tema “Gerentes na trincheira”.

 
Autor deste artigo: Paulo Ricardo Silva Ferreira

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