Ressignificando as Etnias por meio da Pesquisa Imprimir
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Escrito por Maria Helena Cuppari Issa   
Qui, 09 de Dezembro de 2004 21:00

As palavras "Ressignificar Etnias" na pauta de um trabalho pedagógico traduz um compromisso de responsabilidade social da escola e transferir essa incumbência para dentro de nossas salas de aulas é um desafio de todo educador que acredita que o homem se humaniza por meio da educação e da conscientização de seu papel como ser humano. A gratificante sensação de que o trabalho pedagógico, por meio da pesquisa, caminha por experiências cada vez mais interdisciplinares conduz nossos alunos a serem sujeitos críticos, autores de sua própria aprendizagem.

Na citação "Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino" (1996, p.29) Paulo Freire, em poucas palavras, traduz objetivamente a Pesquisa como método fundamental de ensino que indaga, provoca, constata, intervem e intervindo conseqüentemente está-se educando e sendo educado.
A pesquisa sobre algumas etnias, trabalho realizado por alunos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio do Colégio
Marista Assunção, fundamenta-se no princípio de que o conhecimento se organiza numa lógica em que práticas e teorias se imbricam fazendo surgir o movimento da curiosidade e da motivação para buscar novos conhecimentos.
Transversalmente podemos assegurar que este método valoriza e aprofunda a criticidade que devemos desenvolver, como escola, nas crianças e jovens preparando-os para um olhar diferenciado e autêntico com relação às tradições étnico-raciais contemplando a história e a cultura afro-brasileira e africana.

Neste prisma, a pesquisa é um preponderante meio de assegurar o respeito aos saberes culturamente construídos e aqueles que se construirão a partir das vivências realizadas.

A escola habitualmente acompanha o momento histórico vivido pela sociedade, cujos princípios sócio-culturais geralmente são definidos pelos interesses da época. Estamos em uma época de mudança paradigmática, importante para o resgate e a preservação da dignidade do ser humano, deixando para trás ranços dos velhos ideais de educação e de políticas sociais.

A sociedade exige, atualmente, uma escola para a diversidade, para o respeito à especificidade do indivíduo e um posicionamento claro e objetivo de suas competências enquanto uma instituição de caráter eminentemente social.

A Escola deve incentivar a Educação para toda a vida, por isso se torna responsável pelo compromisso com a diversidade e a pluralidade como princípios ativos para o enriquecimento cultural e cívico das sociedades contemporâneas.

Para efetivar a participação dos alunos nesta dinâmica social é necessário combater todas as formas de exclusão e privilegiar um trabalho intercultural que será fator de coesão e de paz.

Respeitar as diferenças, mediar um ensino adaptado ao grupo, levar a cada um o poder de ter em mãos seu próprio destino e agir com intencionalidade é tarefa de um educador que prima pela pesquisa como meio de obter uma aprendizagem marcante e significativa para o aluno. Essa marca o aluno carrega para toda sua vida, nas lembranças e nos valores que são incutidos a partir do momento que sente a sua aprendizagem acontecer.

Alguns pressupostos sobre o desafio de educar pela pesquisa são importantes de serem referendados objetivando uma melhor compreensão das razões desta escolha.

Partindo-se da idéia de que a educação por meio da pesquisa é a especificidade mais própria da educação, o questionamento reconstrutivo torna-se o ponto chave do processo. Além de um trabalho específico, a pesquisa deve fazer parte da atitude cotidiana do aluno e também do professor, ou seja, deve ser a sua rotina de trabalho. Por ser o ato de conhecer a forma mais competente de intervir na realidade, a pesquisa incorpora a prática ao lado da teoria fazendo emergir a propriedade educativa escolar que é o próprio questionamento reconstrutivo. (Demo, 2000, p. 7)

Dar ênfase, portanto a este trabalho é reconhecer que ele se torna fonte de possibilidades de transformar a ação educativa a partir da explicação de sua própria ação.

Nesse enfoque, ser pesquisador exige desenvolver essa competência e é objetivo tem como ponto de reflexão a vivência com a cultura e os povos, suas conexões com a nossa cultura, para então ressignificá-las à luz de nossas tradições.
Ir ao encontro do desconhecido suscita um misto de curiosidade, alegria, motivação e incertezas que são minimizadas no momento em que se descobrem os conceitos sobre o tema proposto. Gratificante para nós educadores é sentir o limiar da curiosidade e do descobrimento e registrar as percepções ingênuas que sucedem e estes são os grandes momentos da aprendizagem de vida onde as concepções herdadas são confrontadas com as realidades, onde outras possibilidades são consideradas, enfim, é neste momento que efetivamos nos alunos os valores humanos, sociais, políticos e educativos.

O que se espera desta concepção? A certeza de que as falas e escritas dos alunos serão reais, verdadeiras e contextualizadas. Serão criações próprias e descobertas inéditas de preconceitos já demarcados pela cultura e por tradições antepassadas. Serão ensaios que servirão de base na consolidação de valores humanos e conseqüentemente a escola cumpre seu papel de transversalizar conteúdos com o objetivo de recompor uma cultura acadêmica, que enfatiza apenas os conteúdos mínimos obrigatórios.


Referência Bibliográfica
DEMO, Pedro. Educar pela Pesquisa. Campinas: Autores Associados,2000
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996

 

Autor deste artigo: Maria Helena Cuppari Issa - participante desde Qui, 15 de Abril de 2004.

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